Interpretação das profecias de Dn 11: 31-45 e das visões do apóstolo João no livro de Apocalipse com referência aos tempos do fim: a Grande Tribulação, as Bestas, o dragão e a grande Meretriz (Roma).
Interpretation of the prophecies of Dan. 11: 31-45 and the visions of the apostle John in the book of Revelation with reference to the end times: the Great Tribulation, the Beasts, the dragon and the great whore (Rome).
Mesmo que muitos símbolos na bíblia e muitas revelações do livro de Apocalipse estejam ocultos para nós (pois eram compreensíveis para as pessoas daquele tempo), o intuito deste estudo é mostrar o quanto é importante a nossa intimidade com Deus e nos dar a esperança de que num dia preparado por Ele (‘no tempo determinado’, como diz a bíblia) todo o mal que vemos e vivemos no mundo vai ser destruído, e toda a injustiça vai ser vingada, pois é necessário que os homens se arrependam dos seus pecados e reconheçam que só em Jesus há liberdade, justiça, julgamento e vida eterna. No livro de Apocalipse, o apóstolo João não escreve apenas sobre os eventos futuros; ele também escreve para os crentes daquela época (nas sete igrejas na Ásia Menor, passando por perseguições) e menciona de uma forma simbólica as circunstâncias políticas em que ele estava inserido, envolvendo os imperadores romanos, por exemplo, e mostrando que Deus estava agindo e fazendo justiça naquele momento, da mesma forma que fará de uma maneira muito mais abrangente no futuro.
Os animais com aparência terrível, na bíblia, em especial nos livros proféticos de Daniel e João (Apocalipse), simbolizam grandes forças e impérios, uma coligação de nações que tentam usar o poder da Besta (ou Anticristo) para derrotar o verdadeiro poder na pessoa de Jesus. Chifre diz respeito ao poder, e o carneiro simboliza o lado religioso – o animal dócil usado nos sacrifícios a Deus no AT. É óbvio que essa interpretação varia de acordo com o contexto bíblico. Jesus também se referiu ao Seu povo como ovelhas (Mt 10: 16-17) e os ensinou a tomar cuidado com os falsos profetas (Mt 7: 15-23).
Esse poder maligno será visto na pessoa da besta que emerge do mar: um homem, ou melhor, um governante (o mar simboliza as nações gentílicas, em especial, Roma, como João se referiu), e na pessoa de um líder religioso que, com prodígios de mentira, virá a enganar as nações, fazendo-os acreditar na besta como se ela fosse o Messias prometido. Israel, por exemplo, sempre viu o Messias como um líder físico, material, se manifestando com poder no mundo natural, um rei semelhante a Davi, que um dia virá livrá-los do poder opressor dos gentios.
Desde os tempos do início do NT os apóstolos João e Paulo diziam que o espírito do Anticristo já estava no meio deles (figuradamente, na pessoa dos imperadores romanos e dos falsos crentes, e até depois de alguns séculos, na pessoa de líderes políticos e religiosos influentes que levaram milhares de pessoas à morte física e espiritual). Paulo chamava o Anticristo de ‘o homem da iniqüidade’, enquanto João o chamou de ‘Anticristo’ nas suas epístolas, e ‘a Besta’ no livro de Apocalipse.
Vamos começar o nosso estudo colocando primeiro o texto bíblico de Dn 11: 31-45 (ARA, às vezes completada pela NVI).
• Dn 11:
31 Dele sairão forças que profanarão o santuário, a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício diário, estabelecendo a abominação desoladora (NVI: o sacrilégio terrível).
32 Aos violadores da aliança, ele, com lisonjas, perverterá, mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e ativo.
33 Os sábios entre o povo ensinarão a muitos; todavia, cairão pela espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo roubo, por algum tempo.
34 Ao caírem eles, serão ajudados com pequeno socorro; mas muitos se ajuntarão a eles com lisonjas.
35 Alguns dos sábios cairão para serem provados, purificados e embranquecidos, até ao tempo do fim, porque se dará ainda no tempo determinado.
36 Este rei fará segundo a sua vontade, e se levantará, e se engrandecerá sobre todo deus; contra o Deus dos deuses falará coisas incríveis e será próspero, até que se cumpra a indignação; porque aquilo que está determinado será feito.
37 Não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao desejo de mulheres, nem a qualquer deus, porque sobre tudo se engrandecerá.
38 Mas, em lugar dos deuses, honrará o deus das fortalezas; a um deus que seus pais não conheceram, honrará com ouro, com prata, com pedras preciosas e coisas agradáveis.
39 Com o auxílio de um deus estranho, agirá contra as poderosas fortalezas, e aos que o reconhecerem, multiplicar-lhes-á a honra, e fá-los-á reinar sobre muitos, e lhes repartirá a terra por prêmio.
40 No tempo do fim, o rei do Sul lutará com ele, e o rei do Norte arremeterá contra ele com carros, cavaleiros e com muitos navios, e entrará nas suas terras, e as inundará, e passará.
41 Entrará também na terra gloriosa, e muitos sucumbirão, mas do seu poder escaparão estes: Edom, e Moabe, e as primícias dos filhos de Amom.
42 Estenderá a mão também contra as terras, e a terra do Egito não escapará.
43 Apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata e de todas as coisas preciosas do Egito; os líbios e os etíopes o seguirão.
44 Mas, pelos rumores do Oriente e do Norte, será perturbado e sairá com grande furor, para destruir e exterminar a muitos.
45 Armará as suas tendas palacianas entre os mares contra o glorioso monte santo; mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra.
• Dn 11: 31: “Dele sairão forças que profanarão o santuário, a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício diário, estabelecendo a abominação desoladora” (NVI: o sacrilégio terrível). O mesmo ato está descrito de outra forma em Dn 12: 11: “Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias”.
Este trecho, em relação a Antíoco IV, quando cometeu sacrilégio matando um porco (animal imundo) no altar e colocando a estátua de Zeus no templo, já foi explicado no tema anterior: “Revelação de Daniel capítulo 11”. Nós vimos que este sacrilégio se repetiria com a destruição do templo pelos romanos em 70 DC, sob o comando de Tito. Conseqüentemente, há uma relação também com os atos de profanação do templo e da cidade de Jerusalém pelo Anticristo, que veremos mais adiante.
• Dn 11: 32: “Aos violadores da aliança, ele, com lisonjas, perverterá, mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e ativo”.
“Os violadores da aliança” = da mesma forma que alguns judeus incrédulos facilitaram a infiltração de Antíoco Epifânio na Cidade Santa, no futuro, a expressão “Os violadores da aliança” pode se referir àqueles que serão enganados pelo Anticristo no início da Grande Tribulação (Dn 9: 27).
“O povo que conhece ao seu Deus se tornará forte” = nos tempos dos Selêucidas, se refere aos Macabeus; nos dias do Anticristo, será “os remanescentes da Igreja, do Israel espiritual de Deus”, os que ouvirão a voz de Deus e reconhecerão Jesus como o Messias e Filho de Deus, o único capaz de lhes trazer a salvação.
Agora, nós podemos introduzir o texto de Dn 9: 26-27, quando o profeta intercede por si e pelo povo, reconhecendo o seu pecado e, portanto, a causa do cativeiro de setenta anos. Aqui lhe é dada uma revelação através do anjo Gabriel, enviado por Deus a ele, a respeito das setenta semanas que estavam determinadas sobre o povo de Israel (Dn 9: 24-26). As setenta semanas representam um tempo (segundo alguns teólogos, os anos depois da construção dos muros de Jerusalém em 445 AC, mais o período de silêncio de Deus após o profeta Malaquias) que terminaria com a ascensão de Cristo (após Sua ressurreição – 30 DC) e a Grande Tribulação.
Na imagem acima (cf. Dn 9: 25) o anjo separa as sete semanas (quarenta e nove anos, que vai da construção de Jerusalém até o início do Período Intertestamentário, e os outros quatrocentos e trinta e quatro anos, ou seja, sessenta e duas semanas, até a morte e ascensão de Jesus). O espaço com a linha em ziguezague, em branco, corresponde ao período entre a 1ª e a 2ª vinda de Cristo, o período da igreja, onde houve a destruição do templo por Tito em 70 DC. E a última semana (sete anos) no final da figura corresponde à Grande Tribulação e completará as setenta semanas (quatrocentos e noventa anos) descritas pelo profeta em Dn 9: 24. Portanto, essa visão não só diz respeito à primeira vinda de Cristo como também à Sua segunda vinda.
• Dn 9: 26-27:
26 Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido [a primeira vinda de Jesus e Sua morte] e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário [Refere-se a Tito, que destruiu Jerusalém e o templo], e o seu fim [o fim de Jerusalém] será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas [como num dilúvio de sangue derramado em guerra após guerra. Até os tempos do fim, Israel e Jerusalém sofrerão guerras, é o que quer dizer].
27 Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele [NVI: “E numa ala do templo será colocado o sacrilégio terrível, até que chegue sobre ele (ou, no original: ‘sobre isso’) o fim que lhe está decretado”]. No documento original em hebraico, de acordo com a nota de rodapé da NVI, está escrito: “E aquele que causa desolação virá sobre o pináculo do templo abominável, até que o final que está determinado seja derramado sobre a cidade assolada”. Desolação significa: um estado de completo vazio ou destruição.
Quanto ao versículo 26, nós podemos dizer que isso ocorreu na primeira guerra judaico-romana (66-73 DC), às vezes chamada de grande revolta judaica, que foi a primeira de três grandes rebeliões dos judeus da Judéia contra o Império Romano. Começou no ano 66 DC, inicialmente devido a tensões religiosas entre gregos e judeus com protestos anti-taxações e ataques a cidadãos romanos. Depois, as legiões romanas sob o comando de Tito (Tito Flávio Vespasiano Augusto, filho de Tito Flávio Sabino Vespasiano) sitiaram (de 14 de Abril a 8 de Setembro de 70 DC) e destruíram o centro da resistência rebelde em Jerusalém em 01 de agosto de 67 DC, culminando com a destruição do templo em algum momento de agosto de 70 DC, derrotando as restantes forças judaicas [3 ½ anos]. Existe referência a 30 de agosto de 70 DC [Bunson, Matthew (1995). A Dictionary of the Roman Empire. Oxford University Press. p. 212. ISBN 978-0-19-510233-8], mas talvez esteja um pouco desconectada do que os judeus chamam Tisha B’Av (9º dia do mês de ’Abh). Os romanos incendiaram o Templo (há divergências se foi por ordem de Tito ou apenas uma tocha lançada acidentalmente por um soldado). A resistência continuou até setembro, mas finalmente as partes superior e inferior da cidade também foram tomadas e a cidade foi totalmente queimada. O Palácio de Herodes caiu em 7 de setembro e a cidade ficou completamente sob controle romano em 8 de setembro. Tito poupou apenas as três torres da cidadela herodiana como testemunho do antigo poder da cidade. Este ato teve um impacto enorme: muitas pessoas foram mortas e escravizadas e grandes partes da cidade foram destruídas.
Tisha B’Av (9º dia do mês de ’Abh), ou seja, do 5º mês do calendário hebraico correspondente a Jul-Ago no calendário gregoriano, é uma data importante no calendário judaico, cuja origem não é bíblica, mas criada pelos rabinos para lamentar alguns desastres que ocorreram na história de Israel, praticamente depois da destruição do 1º templo por Nabucodonosor em 586 AC (embora os livros judaicos como o Talmude o mencionem desde a antiguidade no AT, mas não está registrado na bíblia).
Um dos últimos atos dessa guerra [os últimos 3 ½ anos] foi a destruição da Fortaleza de Massada em 16/04/73 DC, um planalto escarpado a sudoeste do Mar Morto, uma fortaleza natural construída por Herodes o Grande como seu palácio e como um lugar de refúgio, mas ocupada pelos sicários rebeldes no tempo da sua destruição pelos romanos. Os sicários eram um grupo extremista dentro do partido dos zelotes. Massada, significa ‘lugar seguro’ ou ‘fortaleza’.
A destruição do templo não só foi um marco do cumprimento das profecias de Jesus (Mt 24: 1-2; Mc 13: 1-2), como também foi retratado em forma de relevo no Arco de Tito, em Roma. O Arco de Tito, todo feito de mármore, foi erigido como um triunfo comemorando a conquista de Jerusalém, e construído em 81 DC após a morte do imperador por causa de uma febre. No Arco pode-se ver esculpidos a mesa com os pães da proposição, as trombetas de prata e a Menorá. Nele, pode-se ler a seguinte inscrição:
“SENATVS·POPVLVSQVE·ROMANVS·
DIVO·TITO·DIVI·VESPASIANI·
(FILIO)VESPASIANO·AVGVSTO”, que significa: “O senado e o povo romano [dedicam] ao divino Tito Vespasiano Augusto, filho do divino Vespasiano”.
Houve uma diferença entre a atitude de Pompeu quando entrou em Jerusalém em 63 AC, anexando a província da Judéia à República Romana, e a atitude de Tito, em 70 DC. Pompeu entrou no Santo dos Santos com seus oficiais, o que era um grave insulto para os judeus. Entretanto, por respeito à santidade do templo, ordenou que nada fosse removido ou danificado. Pompeu considerou necessário, talvez, demonstrar seu poder ao entrar no templo, mas mostrou sua disposição de respeitar a fé judaica e deixar seu lugar sagrado inviolado, a não ser que os judeus o forçassem a destruí-lo.
Tito, ao contrário, cercou a cidade com três legiões sobre o lado oeste e uma legião sobre o Monte das Oliveiras, a leste. Ele cortou os alimentos e a água à cidade; permitiu a entrada de alguns judeus para celebrar a Páscoa negando depois sua saída. Após tentativas frustradas de negociação entre judeus e romanos, Tito entrou com as legiões, destruindo a parte exterior das muralhas e crucificando os desertores judeus em torno das muralhas. Os judeus já estavam se rendendo por causa da fome. Os romanos tiraram vantagem desta fragilidade, rompendo as partes internas das muralhas e penetrando na cidade. Eles tomaram a Fortaleza Antônia, que era não somente uma torre forte de vigia, mas também a residência do procurador romano quando estava em Jerusalém. Mais de um milhão de cidadãos (segundo Flávio Josefo), ou noventa e sete mil (segundo outros historiadores), foram assassinados durante o sítio, a maioria deles judeus. Milhares de pessoas foram capturadas e escravizadas. Muitos escaparam para locais próximos do Mediterrâneo. Sob o comando de Tito, os soldados também invadiram o templo, após ser incendiado por uma tocha de fogo lançada contra ele. A cidade foi saqueada e os objetos sagrados levados para Roma. Na muralha sul do templo, os romanos sacrificaram águias aos seus deuses. Assim, Tito também representa uma figura do Anticristo.
Mas no versículo 27 (Dn 9: 26-27) há um comentário interessante:
Nessa frase: “Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares”, nós podemos ver a presença de Antíoco IV Epifânio fazendo a aliança com os infiéis, como já comentamos, e depois proibindo o culto judaico [cf. Dn 11: 31: “Dele sairão forças que profanarão o santuário, a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício diário, estabelecendo a abominação desoladora” (NVI: o sacrilégio terrível) e Dn 12: 11: “Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias”].
Com certeza, nós podemos ver a referência ao falso profeta enganando os homens para ganhar sua confiança e fazê-los acreditar que a Besta é o Messias esperado. Depois, então, virá a segunda parte da Grande Tribulação, quando a violência e a destruição da Besta serão visíveis. Nós podemos perceber sua malícia, engano e arrogância dessa forma: ele tenta repetir um ato de aliança que foi feito pelo Ungido, pelo verdadeiro Messias, Jesus (mencionado no v. 26). Explicando melhor: foi Jesus que veio fazer uma aliança definitiva através do Seu sangue, e assim, confirmou a nova aliança com Seu povo, abolindo (fazendo cessar) os sacrifícios judaicos e o culto Levítico no templo para sempre, pois a antiga aliança foi revogada. Isso aconteceu na primeira metade da semana, ou seja, três anos e meio, o seu tempo de ministério, que simboliza a metade de uma semana de sete anos, ou seja, 3 ½ anos. Este número é o símbolo do poder vitorioso do mundo, ao contrário do número sete, o número da plenitude divina. O mundo se sentiu vitorioso com a morte de Jesus, mas isso era apenas o começo de algo maior. A bíblia diz que Jesus fez uma firme aliança com muitos: Is 42: 6; Is 53: 11; Jr 31: 31-34; Ml 3; 1; Mt 20: 28; Mt 26: 28; Lc 22: 20; Rm 5: 15; Hb 9: 28 etc.
Seguindo o versículo: “sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele” [NVI: “E numa ala do templo será colocado o sacrilégio terrível, até que chegue sobre ele (ou, no original: ‘sobre isso’) o fim que lhe está decretado”]. No documento original em hebraico, de acordo com a nota de rodapé da NVI, está escrito: “E aquele que causa desolação virá sobre o pináculo do templo abominável, até que o final que está determinado seja derramado sobre a cidade assolada”. Como dissemos acima, ‘desolação’ significa: um estado de completo vazio ou destruição.
O evangelho de Cristo foi pregado exclusivamente aos judeus até 33 DC, completando as setenta semanas de Daniel 9: 24-26 (ou melhor, as sessenta e nove semanas), quando surgiram os primeiros mártires como Tiago e Estevão. Depois que Jerusalém foi destruída pelos romanos (Tito), o tempo de aliança de Deus com os Judeus foi consumado e teve início o tempo do reino de Deus para os gentios (Mt 21: 43; Lc 21: 24; Rm 11: 25; Ez 30: 3). Assim, a aliança com Israel só será restaurada na segunda vinda de Cristo, quando através do arrependimento, eles começarem a clamar o nome de Jesus (Mt 23: 39; At 1: 6-7). “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir teus filhos como a galinha ajunta os do seu próprio ninho debaixo das asas, e vós não o quisestes! Eis que a vossa casa vos ficará deserta. E em verdade vos digo que não mais me vereis até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor!” (Lc 13: 34-35) – as últimas sete semanas restantes, correspondentes ao período da Grande Tribulação.
Da mesma forma que Antíoco Epifânio instalou a estátua de Zeus no templo para ser adorado, isso pode se referir também a um ato de sacrilégio da Besta, como está escrito em Dn 11: 36: “Este rei fará segundo a sua vontade, e se levantará, e se engrandecerá sobre todo deus; contra o Deus dos deuses falará coisas incríveis e será próspero, até que se cumpra a indignação; porque aquilo que está determinado será feito”.
Isso pode ser traduzido como um ídolo criado em uma asa ou pináculo do templo (cf. Mt 4: 5) pelo Anticristo (a Besta), estabelecendo o culto a si mesmo ao invés da adoração judaica; ou, então, o Anticristo levantará “um templo abominável” onde ele exigirá adoração. Alguns estudiosos relacionam a expressão ‘a asa das abominações’ com as insígnias romanas (águias) trazidas à porta leste do templo, e águias (aves) sendo sacrificadas na muralha sul pelos soldados de Tito, pois também o colocam como uma figura do Anticristo.
Não importa se a palavra que está escrita é asa ou ala (= extremidade) ou pináculo. Em hebraico, ela é a mesma escrita em Rt 2: 12 (asas), Rt 3: 9 (capa) e 1 Sm 24: 4; 5 (manto), a saber, ‘kanaph’. No hebraico, a palavra kanaph (כנפ) tem vários significados como: capa, manto (1 Sm 24: 4; 5 – quando Davi corta a borda do manto de Saul), asa ou asas, alado (pássaro), extremidade (de uma ave ou um braço), borda, canto (da veste ou de uma roupa de cama), camisa, bainha (de roupa) aba, ala, um pináculo, cobertura, proteção.
Se pensarmos que ‘asas’ neste texto tem um sentido de ‘proteção’, nós até podemos imaginar (no sentido espiritual) que a frase: ‘sobre a asa das abominações virá o assolador’ significa que o Anticristo virá cobrindo, protegendo e permitindo todo tipo de abominação que possa ser colocada no templo do Senhor, pois também estará debaixo da cobertura do ‘senhor das abominações’ que é Satanás; tudo isso por permissão de Deus, até que o Seu Santo projeto esteja cumprido.
Por causa das abominações cometidas pelas pessoas profanas contra o Santo, o Senhor não só destruirá a cidade e o santuário, como permitirá que a sua desolação continue até o tempo determinado, quando o poder do mundo for julgado e o domínio for dado aos santos do Altíssimo (Dn 7: 26-27).
Assim, no segundo estágio da profecia de Dn 11: 36-45 que se refere aos tempos apocalípticos, fala-se de um rei que agirá segundo a sua própria vontade. Trata-se de um homem que chega ao poder, prospera, cresce em força e, então, investe contra o Deus verdadeiro. Repetirá os feitos de Antíoco IV Epifânio. Esse rei assume o papel de divindade: “o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus” (2 Ts 2: 4). E em Dn 11: 38-39 está escrito: “Mas, em lugar dos deuses, honrará o deus das fortalezas; a um deus que seus pais não conheceram, honrará com ouro, com prata, com pedras preciosas e coisas agradáveis. Com o auxílio de um deus estranho, agirá contra as poderosas fortalezas [as muralhas de Jerusalém e do templo], e aos que o reconhecerem [‘Os violadores da Aliança’ – Dn 11: 32], multiplicar-lhes-á a honra, e fá-los-á reinar sobre muitos, e lhes repartirá a terra por prêmio”.
• Dn 11: 45: “Armará as suas tendas palacianas entre os mares contra o glorioso monte santo; mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra”. A expressão “entre os mares contra o glorioso monte santo” refere-se principalmente ao Mar Mediterrâneo, o Mar Morto e o monte Sião, o lugar do Templo de Deus em Jerusalém. Antíoco IV armou suas tendas em Emaús, perto de Jerusalém, mas Deus o derrotou e ninguém pôde salvá-lo.
Mesmo que o espírito do Anticristo já esteja entre nós (significando: a idéia, a força predominante, a índole, a tendência, o pensamento contrário a Cristo), o Anticristo só será conhecido em forma de um homem na segunda metade da Grande Tribulação, quando ele mostrará seu verdadeiro caráter, como foi dito em Daniel 9: 27:
• Dn 9: 27: “Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele” [ou: “E numa ala do templo será colocado o sacrilégio terrível, até que chegue sobre ele e o fim que lhe está decretado”; ou ainda: “E aquele que causa desolação virá sobre o pináculo do templo abominável, até que o final que está determinado seja derramado sobre a cidade assolada”].
• 1 Jo 2: 22-23: “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho”.
• 1 Jo 4: 2-4: “Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo. Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo”.
• 2 Ts 2: 3: “Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto [ele se refere à segunda vinda de Cristo] não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição [‘filho do pecado’, ou ainda ‘perdição’, em grego: apoleias = ruína ou perda física ou espiritual, danação (condenação ao inferno), destruição, morte, perdição, perecer, caminho pernicioso, desperdício, devastação]”.
• 2 Ts 2: 6-12: “E, agora, sabeis o que o detém [a lei, por isso ele vai aparecer num tempo em que não há mais lei (anomia = sem lei)], para que ele seja revelado somente em ocasião própria. Com efeito, o mistério da iniqüidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém [quem faz a lei acontecer, ou seja, o governo institucionalizado. Por isso, ele surgirá quando não houver lei, quando houver confusão política e social e apostasia religiosa]; então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda. Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder (‘Poder’, em Grego, neste texto: dunamis ou dunamei – δυναμει – Strong #g1411 = habilidade, poder para gerar milagres), e sinais (Grego: semeion = milagre, sinal, maravilha, símbolo, prova), e prodígios (Grego: teras ou terata ou terasin = de afinidade incerta, um prodígio ou presságio, maravilha, um sinal, um símbolo, uma prova) da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça [Deus permite que sejam enganados pelo inimigo, pois não crêem na Sua verdade]”.
A besta que emerge do mar é o Anticristo, que exercerá a função de rei ou governante. Ele irá governar o mundo na segunda metade da Grande Tribulação. O espírito do anticristo significa um sistema de governo, impérios, reis, um estado totalitário oposto à obra de Deus, como foi o poderoso Império Romano, pois o mar representa o mundo, as nações incrédulas:
Ap 13: 1-3: “Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças e, sobre os chifres, dez diademas e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia. A besta que vi era semelhante a leopardo, com pés como de urso e boca como de leão. E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade. Então, vi uma de suas cabeças como golpeada de morte, mas essa ferida mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou, seguindo a besta”.
O animal visto por João corresponde ao quarto animal visto por Daniel (Dn 7: 7), onde os dez chifres são dez reis que sairão desse reino (se referindo a Roma – na visão de Daniel e de João) e representam a última forma de poder mundial anticristão, representado pelos incrédulos, um império de dez reis confederados abrangendo a esfera de autoridade da Roma Antiga. Ap 13: 4-10 se refere diretamente ao imperador, que é a Besta: “e adoraram o dragão porque deu a sua autoridade à besta; também adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem pode pelejar contra ela? Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e blasfêmias e autoridade para agir quarenta e dois meses [3 ½ anos]; e abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o nome e difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu. Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os santos e os vencesse. Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação; e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro (Ap 13: 8; Ap 17: 8; Ap 20: 15; Ap 21: 27) que foi morto desde a fundação do mundo. Se alguém tem ouvidos, ouça. Se alguém leva para cativeiro, para cativeiro vai. Se alguém matar à espada, necessário é que seja morto à espada. Aqui está a perseverança e a fidelidade dos santos”.
O culto imperial, na província da Ásia Menor evidentemente sugeriu algumas de suas características a João.
Portanto, para a época de João, a besta que emerge do mar significa um imperador do poderoso Império Romano. O mar representa o mundo, as nações incrédulas: Ap 17: 15: “Falou-me ainda: As águas que viste, onde a meretriz [a cidade de Roma; a igreja apóstata, prostituída com as abominações mundanas] está assentada, são povos, multidões, nações e línguas”. O termo “besta” vem do grego “thêrion” (= animal perigoso), e é representado por um grande e feroz animal que, dentro do simbolismo bíblico, representa um poderoso reino, um grande império.
Ap 13: 1-2: “Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças, e sobre os chifres, dez diademas e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia. A besta que vi era semelhante a leopardo, com pés como de urso e boca como de leão. E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade”.
Aqui João descreve a besta: semelhante a leopardo, com pés como de urso e boca como de leão. Ela também tinha dez chifres e sete cabeças e, sobre os chifres, dez diademas (NVI, ‘coroas, uma sobre cada chifre’) e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia (cf. Dn 7: 8; 11; 20; 24). Vamos nos lembrar da aparência dos animais vistos por Daniel (Dn 7: 1-28): leão com asas de águia nas costas (Dn 7: 4 = simbolizava a Babilônia); urso com três costelas na boca (simbolizava os reinos da Média e da Pérsia. As três costelas se referem ao Egito, Babilônia e Lídia, apreendidos pelo Império Medo-Persa. Eles eram chamados de ‘costelas’ porque o fortaleceram; e ‘entre os dentes’ porque foram moídos, triturados pelos Medos e Persas); leopardo com quatro asas de ave costas e quatro cabeças (Simboliza a Grécia); e o quarto animal com aparência espantosa e terrível, com grandes dentes de ferro, extremamente forte (Dn 7: 7), devorando tudo ao seu redor e portando em sua cabeça dez chifres (Dn 7: 7; Dn 7: 19; Dn 7: 24 = Roma). Seus chifres são emprestados da quarta fera do livro de Daniel (Dn 7: 7); suas sete cabeças indicam que sua autoridade derivará do dragão (Ap 12: 3; Ap 12: 17). Mais tarde, nós veremos como João interpreta tudo isso.
Os três animais: o leopardo, o urso e o leão (encontrados em Dn 7: 4-6 como símbolos dos impérios que precederam Roma) infundiram todas as suas características nas qualidades do Império Romano: a rapidez de conquista dos macedônios (gregos), a força e a tenacidade (= afinco, constância, obstinação) de propósito dos persas e a voracidade babilônica. Após a sua queda, o Império Romano se transformou em reinos separados, cessando a forma imperial de governo. Mesmo assim, ele continuou a existir. A cabeça golpeada de morte simboliza a falta de um imperador para governá-lo. A profecia de Ap 13: 3 simboliza restauração da forma imperial de governo; mais do que um império confederado, a cabeça cuja ferida mortal foi curada significa que existe um imperador novamente (a Besta), portanto, o império foi restaurado.
Vários personagens na História foram considerados Anticristo: para Daniel, ele foi personificado na pessoa de Antíoco IV Epifânio; Tito Vespasiano foi outro imperador considerado uma figura do anticristo escatológico, pois destruiu Jerusalém e o Templo em 70 DC de forma bastante violenta e perseguiu os cristãos e os judeus. Para João, o Anticristo era Nero, pois supostamente incendiou Roma durante a noite de 18 para 19 de julho de 64, sendo que o incêndio durou 5 a 6 dias, e depois culpou os cristãos. As opiniões divergem quanto a esse evento entre os escritores antigos: Suetônio, Dião Cássio, Tácito e outros. Depois da morte de Nero, surgiu uma lenda de que ele ressuscitaria. Domiciano foi considerado o segundo Nero (Entre muitas atrocidades que cometeu, esse imperador exilou João na ilha de Patmos). No séc. XVI, o Anticristo era a figura do Papa, segundo o reformista João Calvino. A frase que está escrita em letras latinas na mitra do Papa, ‘Vicarivs Filii Dei’, i.e., ‘substituto do Filho de Deus’ inspiraram essa visão entre os reformadores da igreja. Hitler e muitos outros governantes na Era Contemporânea também foram considerados ‘anticristos’, pois infundiram terror e morte, perseguiram a igreja e tentaram destruir o Cristianismo. Mas o Anticristo se levantará mesmo no final dos tempos, na época da segunda vinda de Jesus.
Assim, o Anticristo (A Besta que emerge do mar) exercerá a função de rei ou governante. Ele irá governar o mundo na segunda metade da Grande Tribulação. Na 1ª metade, o Anticristo se mostrará favorável, tentando unificar países e pacificar o mundo e prometerá solução para os problemas mundiais, mas na 2ª metade ele revelará seu verdadeiro caráter. Ele vai unir todas as nações sob o seu poder econômico, político e militar contra a verdadeira Igreja de Cristo, mas o Messias (Jesus) vai derrotá-lo:
• Ap 16: 16: “Então, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom” (‘Armageddon’ é a palavra grega usada no Textus Receptus; em Latim, se fala ‘Harmagedon’; e em Hebraico, o nome é ‘Megiddo’ ou ‘Esdrelon’). Megido = lugar de tropas; Armagedom = monte de Megido, monte do lugar das multidões.
• Ap 17: 7-12: “O anjo, porém, me disse: Por que te admiraste? Dir-te-ei o mistério da mulher e da besta que tem as sete cabeças e os dez chifres e que leva a mulher: a besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição. E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas aparecerá. Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. São também sete reis, dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco. E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete, e caminha para a destruição. Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam reino, mas recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora” – cf. Dn 7: 24: “Os dez chifres correspondem a dez reis que se levantarão daquele mesmo reino; e, depois deles, se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis”.
• Ap 17: 17: “Porque em seu coração incutiu Deus que realizem o seu pensamento, o executem à uma e dêem à besta o reino que possuem, até que se cumpram as palavras de Deus”.
• Ap 19: 17-21: “Então, vi um anjo posto em pé no sol, e clamou com grande voz, falando a todas as aves que voam pelo meio do céu: Vinde, reuni-vos para a grande ceia de Deus, para que comais carnes de reis, carnes de comandantes, carnes de poderosos, carnes de cavalos e seus cavaleiros, carnes de todos, quer livres, quer escravos, tanto pequenos como grandes. E vi a besta e os reis da terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem contra aquele que estava montado no cavalo e contra o seu exército. Mas a besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta que, com os sinais feitos diante dela, seduziu aqueles que receberam a marca da besta e eram os adoradores da sua imagem. Os dois foram lançados vivos dentro do lago de fogo que arde com enxofre. Os restantes foram mortos com a espada que saía da boca daquele que estava montado no cavalo. E todas as aves se fartaram das suas carnes”.
• Ap 20: 1-6: “Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo. Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos”.
A besta que emerge da terra representa a religião apóstata, a saber, o falso profeta:
Ap 13: 11-18: “Vi ainda outra besta emergir da terra; possuía dois chifres, parecendo cordeiro, mas falava como dragão. Exerce toda a autoridade da primeira besta na sua presença. Faz com que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada. Também opera grandes sinais, de maneira que até fogo do céu faz descer à terra, diante dos homens. Seduz os que habitam sobre a terra por causa dos sinais que lhe foi dado executar diante da besta, dizendo aos que habitam sobre a terra que façam uma imagem à besta, àquela que, ferida à espada, sobreviveu; e lhe foi dado comunicar fôlego à imagem da besta, para que não só a imagem falasse, como ainda fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da besta. A todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos, faz que lhes seja dada certa marca sobre a mão direita ou sobre a fronte, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número do seu nome. Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis”.
Isso mostra que o poder dessa Besta é manso, utilizando-se de piedade e persuasão para converter as pessoas. Os dois chifres representam a estrutura de poder religioso que começou em Israel com o sacerdote e com o profeta; neste caso, a falsa profecia e o falso sacerdócio, por isso, Jesus falou sobre os falsos profetas. Enquanto que os chifres da besta que emerge do mar (Ap 13: 1) são políticos (reis), atuando no mundo físico, o poder do falso profeta (A besta que emerge da terra) atua no âmbito espiritual, enganando as pessoas. Pretendendo ser um cordeiro, o falso profeta é, na verdade, um lobo em pele de ovelha, levando o povo a acreditar na Besta (besta que emerge do mar) como se ela fosse o Messias prometido. O Anticristo (a besta que emerge do mar) vai combinar a cultura da Grécia e a glória de Roma (como ocorreu com os imperadores do passado).
Outra coisa que acho importante aqui é a palavra grega usada para terra: ‘ge’ (ou gês), que significa: a forma contraída de uma palavra primitiva com os significados de: solo, conseqüentemente, uma região, ou a parte sólida ou a totalidade do globo terrestre (incluindo seus ocupantes): país, terreno, solo, terra, mundo, a Terra. Por conseguinte, nós podemos dizer aqui que se trata do planeta Terra, de maneira completa; as bestas terão domínio universal.
Assim, a Besta que emerge da terra exercerá as funções de sacerdote e profeta:
1) Falso profeta: Durante a primeira metade da Grande Tribulação vai fazer sinais e prodígios, tudo no engano e mentira, pois ele engana que faz o bem:
• 2 Ts 2: 9: “Ora, o aparecimento do iníquo [aqui se refere ao Anticristo, o poder anti-cristão do mundo, aliado ao falso profeta, o poder anti-cristão do sistema religioso] é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder (Grego: dunamis ou dunamei – δυναμει – Strong #g1411 = habilidade, poder para gerar milagres), e sinais (Grego: semeion = milagre, sinal, maravilha, símbolo, prova), e prodígios (Grego: teras ou terata ou terasin = de afinidade incerta, um prodígio ou presságio, maravilha, um sinal, um símbolo, uma prova) da mentira”.
• Ap 19: 20: “Mas a besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta que, com os sinais feitos diante dela, seduziu aqueles que receberam a marca da besta e eram os adoradores da sua imagem. Os dois foram lançados vivos dentro do lago de fogo que arde com enxofre”.
• Ap 13: 12-15: “Exerce toda a autoridade da primeira besta na sua presença. Faz com que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada. Também opera grandes sinais, de maneira que até fogo do céu faz descer à terra, diante dos homens. Seduz os que habitam sobre a terra por causa dos sinais que lhe foi dado executar diante da besta, dizendo aos que habitam sobre a terra que façam uma imagem à besta, àquela que, ferida à espada, sobreviveu; e lhe foi dado comunicar fôlego à imagem da besta, para que não só a imagem falasse, como ainda fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da besta”.
2) Sacerdote: ele vai unir todas as religiões sob uma mesma doutrina (sincretismo religioso), exigindo que o Anticristo seja adorado como um deus:
• 2 Ts 2: 4: “o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus”.
• Dn 9: 27: “Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele”.
• Dn 11: 31: “Dele sairão forças que profanarão o santuário, a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício diário, estabelecendo a abominação desoladora” (NVI: o sacrilégio terrível).
• Dn 12: 11: “Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias” (3 ½ anos e 30 dias).
O Falso Profeta vai se vestir com uma roupa de religiosidade e, assim, enganar os desavisados de que o Anticristo é Deus. Ele vai fazer de tudo que estiver ao seu alcance para se comparar a Jesus como Sacerdote e Profeta. Já podemos ver hoje esse sincretismo religioso citado acima nas seitas ocultistas misturadas com as doutrinas da igreja, nas seitas orientais se infiltrando no Ocidente, a influência cada dia maior do satanismo, das seitas que se valem da invocação de mortos e no culto dado ao homem (humanismo). O humanismo é uma perspectiva ou sistema de pensamento que atribui importância primordial aos assuntos humanos, e não aos assuntos divinos ou sobrenaturais. As crenças humanistas enfatizam o valor potencial e a bondade dos seres humanos, enfatizam as necessidades humanas comuns e buscam apenas formas racionais de resolver os problemas humanos.
• Ap 11: 7: “Quando tiverem [se refere às duas testemunhas mártires], então, concluído o testemunho que devem dar, a besta que surge do abismo pelejará contra elas, e as vencerá, e matará”.
A besta que surge do abismo (cf. Dn 7: 3; 20-21; 25; Ap 13: 5-7; Ap 17: 8), se a compararmos com essas referências, é o próprio Anticristo (A besta que emerge do mar). O fato de estar escrito ‘abismo’ sugere que seu poder é satânico. Além do que, as referências estão colocadas em seções distintas do livro de Apocalipse:
Ap 11: 7 (3ª seção – Capítulos 8–11)
Ap 13: 1; 5-7 (4ª seção – Capítulos 12–14)
Ap 17: 3; 8 (6ª seção – Capítulos 17–19)
Abismo = os gregos empregavam essa palavra em referência ao submundo dos espíritos, um imenso buraco sem fundo nas profundezas da terra, onde os espíritos maus ficavam presos até o castigo final. A palavra usada para ‘abismo’ é ‘abussos’ ou ‘abussou’, e transmite a idéia de um lugar tão profundo que chega a ser insondável (cf. Lc 8: 31). ‘abussos’ ou ‘abussou’ = sem fundo, incomensuravelmente profundo, infernal, abismo, profundo, poço sem fundo. Eles também usam a palavra ‘phrear’ = poço, cova, um buraco no chão (cavado para obter ou conter água ou outros propósitos), i.e., uma cisterna ou poço; figuradamente, um abismo (como uma prisão), poço, cova, buraco.
A palavra hebraica para abismo pode ser escrita como thowm ou thom ou tehôm, significando um abismo (como uma massa de afluência de água), especialmente a afluência de água profunda (do mar principal ou o abastecimento de água subterrânea), lugar profundo, profundidade.
Em Gn 1: 2, a palavra hebraica tehôm (lugar profundo) foi traduzida como abismo: “A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas”, com referência à idéia primitiva de uma vasta massa de água sobre a qual flutuaria o mundo ou com referência ao mundo inferior (habitação de demônios, o lugar dos mortos, o lugar de tormento – Sheol = inferno).
• Ap 9: 1-2: “O quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela caída do céu na terra. E foi-lhe dada a chave do poço do abismo (em inglês, o texto é mais claro: “a chave foi dada ao anjo e ele abriu o poço do abismo”). Ela abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço como fumaça de grande fornalha, e, com a fumaceira saída do poço, escureceu-se o sol e o ar”.
• Ap 9: 11: “e tinham sobre eles [os gafanhotos, personificação dos demônios liberados para atormentar os homens], como seu rei, o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom”.
Abadom ou Apoliom é o anjo satânico do abismo, cujo nome, em grego, significa ‘Destruidor’. Em hebraico, ’abhaddôn significa: lugar de destruição e é regularmente traduzido como tal em certas versões no AT para denominar a região dos mortos. Esta região era considerada pelos antigos judeus como “inferno”, seol em hebraico, hades e geenna em grego.
O Devorador ou Destruidor (Abadom ou Apoliom, o anjo do abismo ou anjo da morte) é o demônio que foi liberado para matar todos os primogênitos do Egito:
• Êx 12: 12-13: “Porque, naquela noite, passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até aos animais; executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor. O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós praga destruidora, quando eu ferir a terra do Egito”.
• Sl 78: 49: “Lançou contra eles o furor da sua ira: cólera, indignação e calamidade, legião de anjos portadores de males (se referia ao Destruidor e seus demônios)”.
• Êx 12: 23: “Porque o Senhor passará para ferir os egípcios; quando vir, porém, o sangue na verga da porta e em ambas as ombreiras, passará o Senhor aquela porta e em ambas as ombreiras, passará o Senhor aquela porta e não permitirá ao Destruidor que entre em vossas casas, para vos ferir”.
• Ap 17: 1-18: “1 Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas, 2 com quem se prostituíram os reis da terra; e, com o vinho de sua devassidão, foi que se embebedaram os que habitam na terra. 3 Transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto e vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres. 4 Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição. 5 Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: BABILÔNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA. Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus; e, quando a vi, admirei-me com grande espanto. 7 O anjo, porém, me disse: Por que te admiraste? Dir-te-ei o mistério da mulher e da besta que tem as sete cabeças e os dez chifres e que leva a mulher: 8 a besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição. E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas aparecerá. 9 Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. São também sete reis, 10 dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco. 11 E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete, e caminha para a destruição. 12 Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam reino, mas recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora. 13 Têm estes um só pensamento e oferecem à besta o poder e a autoridade que possuem. 14 Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele. 15 Falou-me ainda: As águas que viste, onde a meretriz está assentada, são povos, multidões, nações e línguas. 16 Os dez chifres que viste e a besta, esses odiarão a meretriz, e a farão devastada e despojada, e lhe comerão as carnes, e a consumirão no fogo. 17 Porque em seu coração incutiu Deus que realizem o seu pensamento, o executem à uma e dêem à besta o reino que possuem, até que se cumpram as palavras de Deus. 18 A mulher que viste é a grande cidade que domina sobre os reis da terra”.
O livro de Apocalipse foi escrito por João, o apóstolo de Jesus (90–95 DC), às províncias da Ásia Menor (atual Turquia), durante o governo do imperador Domiciano (81-96 DC), enquanto ele estava prisioneiro na ilha de Patmos (Ap 1: 9). Morreu de morte natural, em Éfeso, 100 ou 103 DC, quando tinha 94 anos, após ter sido solto da prisão no governo de Nerva, imperador romano que sucedeu Domiciano.
• Ap 17: 1-4: “Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas, com quem se prostituíram os reis da terra; e, com o vinho de sua devassidão, foi que se embebedaram os que habitam na terra. Transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto e vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres. Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição”.
A mulher identificada como meretriz é vista no deserto, sentada sobre uma besta de cor escarlate. A descrição da besta de cor escarlate a associa claramente com a besta do mar, o Anticristo (ou a besta do abismo – cf. Dn 7: 3; 20-21; 25; Ap 11: 7; Ap 13: 1; 5-7; Ap 17: 3; 8), enquanto eles perseguem ferozmente o povo de Deus (v.13-14). Como o dragão, esta besta também tem a cor vermelha (Ap 12: 3).
Ela está assentada sobre ‘muitas águas’, o que quer dizer que essa religião apóstata e misturada com o sistema profano anticristão do mundo tem uma influência mundial (cf. v.15: “Falou-me ainda: As águas que viste, onde a meretriz está assentada, são povos, multidões, nações e línguas”).
“Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição” – isso mostra sua riqueza, ostentação, tentando impressionar o mundo e seduzindo as pessoas.
• Ap 17: 5: “Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: BABILÔNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA”. Isso é uma comparação interessante com o costume da Roma antiga, onde as prostitutas carregavam seus nomes na fronte. A religião falsa, ou seja, a adoração a outros deuses, que não apenas ao único e verdadeiro Deus, é chamada por Ele de prostituição espiritual.
• Ap 17: 6: “Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus; e, quando a vi, admirei-me com grande espanto”.
A mulher Babilônia está embriagada com o sangue dos santos e dos mártires cristãos (Mt 24: 21), assim como pelo vinho da sua prostituição (Ap 17: 2). Tanto a violência quanto a prostituição são repugnantes ao Senhor, pois perseguem o povo de Deus. Nesse versículo o ódio da mulher pelo cristianismo fica claro. Estar embriagada com o sangue dos santos indica uma época de um massacre fora do comum. O Império Romano prestava culto aos imperadores. Os cristãos se opuseram; então, veio o martírio. Roma Papal sob o regime da inquisição condenou milhões de fiéis à morte. No século XX, as guerras mundiais, com o Holocausto, conseqüentemente, ‘a cortina de ferro’ e ‘a cortina de bambu’ e os países islâmicos com suas perseguições ao cristianismo levaram milhões de fiéis a Cristo à morte.
• Ap 17: 7-8: “O anjo, porém, me disse: Por que te admiraste? Dir-te-ei o mistério da mulher e da besta que tem as sete cabeças e os dez chifres e que leva a mulher: A besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição. E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas aparecerá”.
Para a época de João, a besta que emerge do mar, ou do abismo (é a mesma entidade), significa o poderoso Império Romano; para as demais épocas, foi representado por muitos impérios pagãos. No caso do Anticristo escatológico, um estado totalitário oposto à obra de Deus. Isso significa que a visão deste texto não é apenas para os dias de João, nem apenas para a Idade Média, por exemplo, mas para toda a história da igreja e para os tempos do fim. Os imperadores romanos incorporaram, por assim dizer, o espírito do anticristo, pois se levantaram contra Deus e Sua doutrina trazida por Jesus (“A besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição”). Mas ainda não se personificou no Anticristo escatológico, que trará a vitória final de Cristo sobre o mal. O Anticristo só terá poder sobre aqueles que não têm seus nomes escritos no Livro da Vida do Cordeiro.
• Ap 17: 9-10 – “Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. São também sete reis, dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco”.
Como vimos anteriormente, ‘bestas’ (animais de aparência terrível) são símbolos de impérios. O anjo lhe disse que as sete cabeças são sete montes e também sete reis.
• ‘Montes’ pode ser uma referência às sete colinas ao longo do rio Tibre, uma designação bem conhecida da cidade de Roma (“nos quais a mulher está sentada”), influenciando povos, multidões, nações e línguas, mas pode se referir também aos sucessivos impérios mundiais, já que montes são símbolos de reinos e impérios da terra (Sl 30: 7; Jr 51: 25; Dn 2: 35; 44-45). O Anticristo se incorporou nos imperadores romanos, mas também pode se referir aos impérios que já passaram (antes do império Romano) e também caíram, e aos que ainda vêm.
• “Caíram cinco” – além dos sete montes se referirem às sete colinas de Roma, sobre a qual a religião corrompida está sentada, as sete cabeças, os sete montes, simbolizam os grandes impérios da História que já passaram: Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia e Grécia.
• “Um existe” significa o Império Romano, no qual João estava inserido e que duraria materialmente até o século XV (1453), mas continuaria a exercer sua influência espiritual.
• “E o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco” – o sétimo rei ou reino. Isso está ligado aos próximos versículos (v.11-12), sobre os dez reis:
• Ap 17: 11-12: “E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete, e caminha para a destruição. Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam reino, mas recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora”.
Significa que o espírito anticristão se materializou em vários governantes ao longo da História, mas ainda não é o personagem real, o 8º rei, que desencadeará a volta de Cristo e a restauração de todas as coisas, ou seja, o Anticristo escatológico. Os dez reis (os dez reis contemporâneos) serão os reinos do mundo (‘o sétimo rei’ ou ‘o sétimo reino’) que darão suporte ao Anticristo escatológico, mas terão pouco tempo de duração (‘Uma hora’) e deles surgirá o Anticristo (‘o 8º rei’), que reivindicará honra e soberania total. Eles todos se reunirão contra o Cordeiro para o Armagedom (v.14), mas serão destruídos, da mesma forma que o Anticristo será morto pela espada que sai da boca de Jesus (“e caminha para a destruição”). Podemos pensar que o sétimo império mundial é uma espécie de império romano revitalizado sobre o qual o Anticristo estabelece a autoridade imperial de um ditador, e se tornará o 8º e último rei exigindo autoridade universal.
• Ap 17: 13-14: “Têm estes um só pensamento e oferecem à besta o poder e a autoridade que possuem. Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele”.
Os dez reis que ainda não receberam a coroa são os dez reis contemporâneos. Quando João escreveu sobre a besta do mar em Ap 13: 3 (“Então, vi uma de suas cabeças como golpeada de morte, mas essa ferida mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou, seguindo a besta”), ele estava dizendo que o poderoso Império Romano (a besta que emerge do mar, na figura de um líder e um império confederado) mesmo depois de dividido e fragmentado entre muitas nações e sem um único imperador para governar (‘a cabeça golpeada de morte’), no futuro encontrará restauração da sua forma imperial de governo, pois terá um imperador novamente (a Besta).
Esses reis receberão o poder por pouco tempo (‘durante uma hora’) e darão suporte ao Anticristo. Vão se unir (Batalha do Armagedom) para pelejar contra o Cordeiro, mas não prevalecerão. Isso significa o mundo em colapso e derrotado na 2ª vinda de Cristo. A igreja acompanha a vitória do Cordeiro (v.14). A igreja são os eleitos de Deus, os fiéis a Ele, os que crêem; que buscam santidade e a vida com Deus; portanto, são irrepreensíveis.
• Ap 17: 15: “Falou-me ainda: As águas que viste, onde a meretriz está assentada, são povos, multidões, nações e línguas”.
Da mesma forma que João usa duas figuras de linguagem para descrever a igreja de Cristo (‘noiva’ e cidade, a ‘nova Jerusalém’), ele também usa duas imagens para descrever a igreja apóstata, corrompida: ‘Babilônia’ e ‘meretriz’. Aqui fica claro que a meretriz é conhecida pela sua influência mundial (“assentada sobre muitas águas”, i.e., nações, povos, multidões e línguas); portanto, ela age no mundo e usa a cultura do mundo; é o sistema eclesiástico de Satanás que fala em nome de Deus, está misturada num sincretismo religioso e político que leva pessoas à apostasia e à falsa salvação. Mas ela não é neutra, ela se opõe a Deus, ela é anticristã. Roma tolerava todos os deuses das nações, mas não tolerou o Cristianismo verdadeiro; por isso perseguiu os cristãos. Prosseguindo na sua descrição da meretriz, João mostra que ela é conhecida também pela riqueza, vaidade, pompa, arrogância, prostituição espiritual, violência, crueldade, sede de conquista, ganância e ostentação de poder e uma ambição sem limites, querendo atingir as multidões e impressionar o mundo pela sua aparência (v.4-5). Nesse ponto, a cidade de Roma no tempo dos imperadores ou a cidade de Babilônia de Nabucodonosor não eram diferentes da cidade de Nínive do tempo dos assírios, descrita por Sofonias e Naum: uma cidade arrogante e muito confiante em si mesma, sanguinária (pois vivia da guerra e de seus despojos), conhecida por sua crueldade, cheia de mentiras e de roubo (Na 3: 1) e de prostituição espiritual pela infinidade de deuses com os quais ela corrompia as outras nações; ‘mestra de feitiçarias’, que desencaminhava muitos povos (Na 3: 4); cidade mercantilista (Na 3: 16), gananciosa e insaciável, que devorava o que via pela frente (Na 3: 17). Da mesma forma que a Babilônia, a cidade de Nínive tinha um grande suprimento de água e uma riqueza muito grande (Na 2: 2-4; 7-9).
• Ap 17: 16-17: “Os dez chifres que viste e a besta, esses odiarão a meretriz, e a farão devastada e despojada, e lhe comerão as carnes, e a consumirão no fogo. Porque em seu coração incutiu Deus que realizem o seu pensamento, o executem à uma e dêem à besta o reino que possuem, até que se cumpram as palavras de Deus”.
Deus provocará uma guerra interna no reino da besta, ou seja, os reis se voltarão contra a meretriz (Ap 17: 16-17) porque Deus incutiu essa idéia nos pensamentos deles (v.17), e eles irão destruí-la totalmente. O Anticristo, o homem da iniqüidade, cujo poder político sempre foi oposto a Deus ao longo dos séculos, e com maior intensidade no final dos tempos, usa a religião de acordo com suas conveniências, mas no fim se voltará contra a religião apóstata e a destruirá. As religiões que apóiam o Anticristo também vão ser destruídas por ele. Ele procurará uma única religião. Ele se posicionará como rei supremo e como um deus (no lugar do Deus verdadeiro – cf. Dn 11: 36; Mt 24-15; 2 Ts 2: 4).
• Ap 17: 16: “Os dez chifres que viste e a besta, esses odiarão a meretriz, e a farão devastada e despojada, e lhe comerão as carnes, e a consumirão no fogo” – Como essa descrição é parecida com a do juízo de Deus sobre a Babilônia (Ap 18: 8), parece que o Senhor usa os exércitos da besta como Seu instrumento de juízo sobre o reino do Anticristo (cap. 18) antes que eles mesmos sejam destruídos (Ap 19: 19-21). Como foi Deus mesmo que incutiu essa divisão, isso prova a Sua soberania. Ele nunca perdeu o controle sobre a História.
• Ap 17: 18: “A mulher que viste é a grande cidade que domina sobre os reis da terra”.
Como já expliquei acima, a mulher na visão de João (v. 1-6) é Roma, símbolo da grande cidade da Babilônia (Ap 16: 19) e também a antiga mãe das prostituições (Ap 17: 5). Dessa forma, a influência Satânica dessa cidade sobre os líderes mundiais continuou desde Babel, através da Babilônia até Roma (v. 9-10), sua clássica manifestação no primeiro século depois de Cristo.
A palavra abismo ainda pode ser encontrada em:
• Ap 20: 1-3: “Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo [grego: abussou] e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo [grego: abussou], fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo”.
A bíblia diz que no final, a vitória vai ser de Jesus:
Ap 20: 10; 14-15: “O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos... Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo”.
Anticristo ainda não é uma pessoa. Anticristo é símbolo de um poder do mal contra tudo que simboliza Cristo (o Espírito de amor de Deus), e que nos dias de hoje se manifesta com um espírito contrário a Jesus (aqui, a palavra ‘espírito’ não se refere a uma entidade espiritual específica, mas significa: a idéia, a força predominante, a índole, a tendência, o pensamento), logicamente debaixo da atuação de Satanás e Principados e Potestades, usando o que está no mundo: a ciência, a tecnologia, o dinheiro, o conhecimento, a fama e governantes que exercem muita influência, e até a religião (líderes religiosos), levando grandes massas de pessoas ao engano, com novas doutrinas, falsos ensinos e falsas profecias; enfim, tudo que tenta mostrar que é mais forte do que o Deus verdadeiro e que se ergue como um deus no espírito e na vida das pessoas, afastando-as da verdade e da simplicidade de Jesus.
João também chamou essa força anticristã de Babilônia, não apenas se referindo à antiga cidade da Caldéia ou a Roma, como também ao sistema mundial confuso, perverso e profano, antagônico ao Reino de Deus, usando não apenas a religião (que se iniciou com o Romanismo no NT), mas igualmente os poderes seculares para oprimir e tentar roubar a fé na palavra de Deus pregada por Jesus.
O Anticristo será realmente manifesto (2 Ts 2: 3; 2 Ts 2: 7-12; Dn 9: 27; Dn 11: 31; Dn 12: 11) na pessoa de um líder político, um governante ímpio (a besta que emerge do mar – Ap 13: 1-10 – simbolizando o Império romano) aliado a dez reis, e auxiliado por um líder religioso, o falso profeta (A besta que emerge da terra – Ap 13: 11-15), na segunda metade da Grande Tribulação (Dn 9: 27; Dn 12: 1-2; Mt 24: 15-31; Mc 13: 3-27; Lc 21: 5-28; Ap 7: 14). Na 1ª metade, o Anticristo se mostrará favorável às nações, mas na 2ª metade ele revelará seu verdadeiro caráter. O poder da Besta que emerge da terra (o falso profeta) é ‘manso’, utilizando-se de piedade e persuasão para convencer as pessoas. O falso profeta usará de prodígios de mentira (2 Ts 2: 9), virá a enganar as pessoas fazendo-os acreditar na besta (a besta do mar ou Anticristo: Ap 13: 1-10) como se ela fosse o Messias prometido. Israel, por exemplo, sempre viu o Messias como um líder físico, material, se manifestando com poder no mundo natural, um rei (semelhante a Davi, por exemplo) que um dia virá livrá-los do poder opressor dos gentios. Mas o falso profeta só vai enganar aqueles que não aceitaram e nem vão aceitar Jesus como o Messias e Filho de Deus (Ap 13: 8, os que não estão inscritos no Livro da Vida do Cordeiro), pois a Igreja verdadeira, fiel a Cristo, aquelas pessoas que O aceitarem e O reconhecerem como Senhor e Salvador resistirão ao falso profeta e à Besta, não apostatarão. Enquanto que os chifres da besta que emerge do mar (Ap 13: 1) são políticos (reis), atuando no mundo físico, o poder do falso profeta (A besta que emerge da terra) atua no âmbito espiritual, enganando as pessoas de toda a Terra (Ap 13: 7). A besta do abismo (cf. Dn 7: 3; 20-21; 25; Ap 11: 7; Ap 13: 1; 5-7; Ap 17: 3; 8) é, na verdade, o próprio Anticristo (a besta que emerge do mar). Ao lado das bestas, a bíblia revela o gerador de tudo isso: Satanás, representado pela figura do dragão, mas todos eles serão derrotados por Jesus, o Rei dos reis e Senhor dos senhores: “O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos... Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo” (Ap 20: 10; 14).
Quanto à identidade real dos futuros dez reis confederados nós ainda não temos certeza. Só se sabe que reis de várias nações se coligarão em Israel para a grande batalha do Armagedom, onde o Anticristo (o último poder anticristão) será derrotado na segunda vinda de Cristo (Ap 19.11-20), junto com a besta e o falso profeta. Esses reis são interpretados por alguns estudiosos como os povos bárbaros que ocuparam a Terra após a queda do Império Romano do Ocidente (476 DC): Alamanos (Alemanha); Francos (França); Burgúndios (Suíça); Anglo-Saxões (Inglaterra); Visigodos (Espanha); Suevos (Portugal); Lombardos (Rússia e divisões); Vândalos (África do Norte; Mediterrâneo); Hérulos (Itália); Ostrogodos (Áustria).
Deus está presente na História vol. 1 (PDF)
Deus está presente na História vol. 2
Deus está presente na História vol. 3
God is present in History vol. 1 (PDF)
God is present in History vol. 2
God is present in History vol. 3
Lista dos imperadores romanos (PDF)
List of Roman Emperors (PDF)
Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti
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