Constantino, o Grande, deu apoio ao Cristianismo, oficialmente legalizado pelo Édito de Tessalônica (380). Os Concílios do Cristianismo, o cristograma (Chi-Rho) e o lábaro de Constantino, o Papado, Édito de Constantino, o título ‘Máximo Pontífice’.

Constantine the Great supported Christianity, officially legalized by the Edict of Thessalonica (380). The Councils of Christianity, the Christogram (Chi-Rho) and the ‘labarum of Constantine’, Papacy, Constantine’s edict, the title ‘Maximum Pontiff.’


Imperador Constantino e o Catolicismo




Não se esqueça que todos esses temas sobre imperadores romanos foram escritos para dar o entendimento da profecia do apóstolo João em Apocalipse sobre Roma, onde Deus a chama de ‘a grande meretriz’.

XI) A Dinastia Constantiniana

A Dinastia Constantiniana (324-364 DC) é composta pelos seguintes imperadores: Constantino, o Grande (r. 324-337), como único imperador / Constantino II (r. 337-340, como Augusto da Hispânia, Gália e Britânia) / Constante (ou Constante I) como Augusto da Itália, Ilírica, África (r. 337-350) / Constâncio II (como Augusto da Ásia e Egito – 337-350, e como único imperador – 350-361) / Juliano (r. 360-363) / Joviano (r. 363-364).


Dinastia Constantiniana – Constantino o Grande Dinastia Constantiniana – Constantino II Dinastia Constantiniana – Constâncio II Dinastia Constantiniana – Constante
Constantino I, Constantino II, Constâncio II, Constante


1) Constantino I (Flávio Valério Aurélio Constantino), também conhecido como Constantino Magno ou Constantino, o Grande – r. 305-337. Reinou como único imperador (324-337). É conhecido como São Constantino (na Igreja Ortodoxa, ‘Igual aos Apóstolos’). ‘Constantino’ significa ‘firme, constante’.
Nome de nascimento: Flávio Valério Aurélio Constantino (Flavius Valerius Aurelius Constantinus)
Nome como Imperador: César Flávio Valério Aurélio Constantino Augusto (306-312 como Augusto do Ocidente; 312-324 em disputa com Licínio, o Augusto do Oriente; 324-337 como imperador do império unificado)

Título: Imperatori Caesari Flavio Constantino Maximo Pio Felici Invicto Augusto Pontifici Maximo, Germanico Maximo III, Sarmatico Maximo, Britannico Maximo, Arabico Maximo, Medico Maximo, Armenico Maximo, Gothico Maximo, tribunicia potestate XIIII, imperatori XIII, consuli IIII, patri patriae, proconsuli, Flavius Terentianus vir perfectissimus praeses provinciae Mauretaniae Sitifensis numini maiestatique eius semper dicatissimus.

Tradução: Imperador César Flávio Constantino Máximo Piedoso Feliz Invencível Augusto, Pontífice Máximo, Germânico Máximo (Guerras Germânicas), Sarmático Máximo (se referindo aos Sármatas, povos de tribos iranianas localizadas na fronteira ocidental da Cítia além do rio Tánais ou Don), Britânico Máximo (se referindo aos bárbaros na Britânia), Arábico Máximo (se referindo aos Árabes; na verdade uma guerra que ele nunca empreendeu), Médico Máximo (se referindo aos Sassânidas, antiga região Medo-Persa; na verdade uma guerra que ele nunca empreendeu. Essa guerra ocorreu no reinado de seu filho Constâncio II e de Juliano – 337-363), Armênio Máximo (se referindo à Armênia, mas a História não faz referência a essa guerra em seu reinado), Gótico Máximo (por derrotar os Godos), Tribunicia Potestate XIIII, imperador XIII, cônsul IIII, Pai da Pátria, Procônsul, Flávio Terenciano um presidente perfeito da província da Mauritânia Sitifence divindade e sua majestade sempre dedicado.

• Flávio Terenciano era provavelmente um prefeito da região, nomeado por Roma. Seu nome é dificílimo de ser encontrado como um personagem da História na época.
• Tribuniciae Potestatis, em latim, é escrito em italiano como Tribunicia potestas ou tribunicia potestate, que significa o poder dado aos tribunos do povo na Roma antiga. Desde a época de César Augusto o título também foi dado a todos os imperadores romanos, e isso se baseava nas sacrossantas implicações do cargo de tribuno. Este título garantia ao imperador a inviolabilidade de seu cargo, bem como lhe dava a oportunidade de legislar livremente.
• Mauritânia Sitifence era a terceira província da Mauritânia (Mauritânia Cesariense, Mauritânia Tingitana e Mauritânia Sitifence, ou Mauritânia Romana) criada no governo de Diocleciano, pela divisão da pequena região de Sitifense da Mauritânia Cesariense para formar a nova Mauritânia Sitifense, com a capital na cidade de Setifis ou Setif, uma pequena cidade da Argélia.


Sármatas – mapa
Região da Cítia, onde vivam os Sármatas

Mauritânia Sitifense
As três regiões da Mauritânia com suas capitais: Setifis ou Setif, Cesaréia e Tingis


• Pai de Constantino: Constâncio Cloro ou Caio Flávio Valério Constâncio (Gaius Flavius Valerius Constantius Herculius Augustus) ou Constâncio I
• Mãe: Helena de Constantinopla. Ela era de origem grega, mas também cristã.
• Esposas: Minervina e Flávia Máxima Fausta (filha de Maximiano), com quem ele se casou por um acordo político em 307 DC, quando ela tinha dezoito anos de idade, mas eles já estavam prometidos desde 293 DC. Constantino tinha 35 anos na época.
• Filhos:
Com Minervina:
• Crispo: Flavius Julius Crispus (morreu em 326, com 20 anos de idade), também conhecido como Flavius Claudius Crispus e Flavius Valerius Crispus. Ele foi proclamado César junto com seu meio-irmão mais novo Constantino II e seu primo de primeiro grau, Licínio Júnior. Como Constantino II tinha apenas um mês de idade no momento deste anúncio, apenas a Crispo assumiu as funções como comandante na Gália. Crispo casou com uma jovem chamada Helena e teve um filho, cujo nome é desconhecido, bem como o seu destino. Crispo era muito amado pelo exército e foi vitorioso sobre os francos. Ele ajudou Constantino na guerra contra Licínio e foi nomeado comandante da frota imperial. Entretanto, em 326, por ordem do seu próprio pai, Crispo foi julgado e condenado à morte, no dia da comemoração do 20º ano do reinado de Constantino em Roma. Logo depois, Fausta também foi morta pelo imperador. Ela morreu com 37 anos de idade, sufocada em um banho superaquecido (326 DC). Alguns historiadores sugerem que isso ocorreu pelo ciúme de Fausta, que temia que Crispo pudesse se tornar herdeiro do trono e conspirou contra ele, mentindo para Constantino. Outras fontes dizem que ela e Crispo tiveram um caso amoroso; por isso, Constantino os assassinou. O banho quente era uma técnica da época para provocar o aborto, o que sugeriria um filho indesejado, provavelmente fruto do adultério. O imperador ordenou um ‘damnatio memoriae’ de sua esposa e do seu filho. Damnatio memoriae, em latim, significa: ‘danação da memória’, no sentido de remover da lembrança. Era uma forma de desonra que podia ser passada pelo senado aos traidores ou outros que trouxessem vergonha ao Estado romano.

Com Flávia Máxima Fausta:
• Constantina (também chamada de Constância e Constantiana) se casou com seu primo Hanibaliano, filho de Flávio Dalmácio, que era meio-irmão de Constantino. Recebeu do pai o título de Augusta e depois de morta, foi venerada como uma santa, Santa Constância (em italiano, Santa Constanza). Não se sabe se seu marido Hanibaliano morreu durante a eliminação em massa da família por Constâncio II em 337 DC, após a morte de Constantino. Então, ela foi dada em casamento a Flávio Cláudio Constâncio Galo (Flavius Claudius Constantius Gallus), primo de primeiro grau de Hanibaliano. Galo tinha 25-26 anos na época, bem mais novo que Constantina. Este casamento lhe deu uma filha chamada Anastácia, cujo nome completo e destino são desconhecidos.
• Constantino II (Flávio Cláudio Constantino): provavelmente não se casou, nem teve filhos. Morreu em disputa com os irmãos, após a morte de Constantino I
• Constâncio II – sua primeira esposa era meia-irmã do imperador Juliano, o apóstata, e filha de Júlio Constâncio, filho de Constâncio Cloro e meio-irmão de Constantino. Constâncio II não teve filhos com esta primeira esposa (nome desconhecido). Casou-se com Flávia Aurélia Eusébia (nascida de uma família grega da Macedônia), e também não teve filhos com ela. De sua terceira esposa Faustina (que deu à luz depois da morte de Constâncio), ele teve uma filha chamada Flávia Máxima Faustina Constância, que mais tarde se casou com o imperador Graciano.
• Constante I, que se casou com Helena, sua irmã, filha de Constantino com Flávia Máxima Fausta
• Helena, que se casou com Constante I, seu irmão, e depois foi esposa do futuro imperador Juliano (seu primo, filho de Júlio Constâncio, meio-irmão de Constantino). Helena não teve filhos com Juliano. Ela morreu no massacre da família, decretado pelo irmão Constâncio II.

• Meio-irmãos:
1) Flávio Dalmácio. Ele se casou com uma mulher de nome desconhecido e teve dois filhos:
• Flávio Hanibaliano, que se casou com Constantina
• Flávio Dalmácio (Dalmácio César), que morreu em 337, deixando os seus territórios para Constante e Constâncio
2) Júlio Constâncio, que se casou com Galla e teve três filhos:
• Flávio Cláudio Constâncio Galo (Flavius Claudius Constantius Gallus), que por sua vez, casou com a prima Constantina (filha de Constantino I), mas não teve filhos com ela
• Um filho desconhecido, que morreu durante o massacre da família em 337
• Uma filha, que se casou com seu primo Constâncio II (nome desconhecido)
Júlio Constâncio também se casou com Basilina e teve um filho, Juliano (Flavius Claudius Julianus), o futuro imperador, Juliano, conhecido como o apóstata.

• Meia-irmãs:
• Anastácia, que se casaria com o senador Bassiano, mas o casamento nunca foi realizado porque Bassiano se envolveu numa trama para matar Constantino I e foi morto.
• Flávia Júlia Constância (esposa do imperador Licínio)
• Eutrópia (esposa de Vírio Nepociano e mãe de Nepociano, um usurpador romano por breve período, governando na cidade de Roma por apenas vinte e oito dias até que Marcelino, o general do também usurpador Magnêncio, acabou com a sua vida).

• Morte: 65 anos de idade (272-337). Constantino I morreu a 22 de maio de 337 DC, quando preparava uma campanha militar contra os sassânidas. O Império Sassânida foi o último Império Persa pré-islâmico, governado pela Dinastia Sassânida (224-651 DC) e sucedeu o império parta, ao leste.

Constantino lutou com sucesso contra os francos e alamanos, os visigodos e os sármatas durante boa parte de seu reinado, mesmo depois do reassentamento de Dácia, que havia sido abandonada durante o século anterior.

Depois de uma série de disputas pelo poder entre os imperadores da tetraquia de Diocleciano, Constantino teve que enfrentar o sogro Maximiano (pai de Fausta). Ele subiu ao trono e foi reconhecido formalmente por Galério como Augusto em 310, mas se solidificou quando derrotou seu cunhado Magêncio, o usurpador, irmão de Fausta, na Batalha da Ponte Mílvia ou Ponte Mílvio, em 28 de outubro de 312, perto de Roma, uma vitória que ele mais tarde atribuiu ao Deus cristão por causa de um sonho que teve na noite anterior à batalha; entretanto, não abandonou sua adoração ao deus Sol Invictus, mantendo sua imagem como símbolo principal em suas moedas até 315. Assim, Constantino entrou para a História como primeiro imperador romano a professar o Cristianismo.


Ponte Mílvia
Esta é a Ponte Mílvia ou Mílvio (2005) sobre o Tibre, ao norte de Roma,
onde Constantino lutou contra Magêncio.


O Arco de Constantino dedicado pelo Senado foi erigido para celebrar esta vitória (a Batalha da Ponte Mílvia). Ela lhe trouxe o título de Augusto Ocidental e ela foi reconhecida por Licínio, o único Augusto Oriental remanescente, após 313 DC. O arco foi cuidadosamente posicionado entre o monte Palatino e o monte Célio, de modo a alinhá-lo com a estátua colossal do Sol construída por Nero (r. 54–68) e situada no Coliseu (ver as sete colinas de Roma). Nele ainda há uma inscrição, exposta nos lados norte e sul, na qual se associa a vitória com a intervenção divina:

A principal inscrição no topo teria sido originalmente de letras de bronze. Ela ainda pode ser lida facilmente; apenas os recessos em que as letras estavam assentadas e os seus orifícios de fixação permanecem. Lê-se, assim, de forma idêntica em ambos os lados, norte e sul (com as abreviaturas concluídas entre parêntesis):

IMP(eratori) · CAES(ari) · FL(avio) · CONSTANTINO · MAXIMO · P(io) · F(elici) · AVGUSTO · S(enatus) · P(opulus) · Q(ue) · R(omanus) · QVOD · INSTINCTV · DIVINITATIS · MENTIS · MAGNITVDINE · CVM · EXERCITV · SVO · TAM · DE · TYRANNO · QVAM · DE · OMNI · EIVS · FACTIONE · VNO · TEMPORE · IVSTIS · REMPVBLICAM · VLTVS · EST · ARMIS · ARCVM · TRIVMPHIS · INSIGNEM · DICAVIT
“Para o Imperador César Flávio Constantino, máximo, pio, feliz, augusto: porque, inspirado por [uma] divindade, e pela grandeza de sua mente, ele salvou o estado do tirano e todos os seus seguidores, ao mesmo tempo, com seu exército e apenas da força de armas, o Senado e povos de Roma dedicaram este arco, decorado com triunfos”.


Arco de Constantino Arco de Constantino
Arco de Constantino e a inscrição no lado sul do Arco

O Cristograma e o lábaro de Constantino

A expressão ‘inspirado por [uma] divindade’ (‘instinctu divinitatis mentis’) diz respeito a um sonho que ele teve do Deus cristão, no dia anterior à batalha contra Magêncio, no qual ele foi aconselhado para marcar o sinal celestial de Deus nos escudos dos seus soldados. O sinal continha duas letras do nome ‘Cristo’ em grego (Christòs, Χριστός). As duas primeiras letras deveriam ser escritas: Chi (χ) e Rho (ρ); assim, o símbolo ficaria como a imagem que você vê abaixo.


Cristograma de Constantino


De manhã, um pouco antes da batalha, mandou que pintassem o sinal nos escudos dos soldados e conseguiu uma vitória esmagadora sobre o inimigo. Outra versão histórica diz que no mesmo dia da batalha contra Magêncio, ao marchar ao meio-dia, Constantino viu com seus próprios olhos nos céus uma cruz decorrente da luz do sol, e nela estava escrito em latim: ‘In hoc signo vinces’ = ‘Sob este símbolo vencerás’. Uma terceira versão dos fatos diz que Constantino teve um sonho na noite seguinte à batalha, em que Cristo apareceu dizendo para colocar o sinal no estandarte (lábaro) da sua tropa (o ‘labarum de Constantino’). O estandarte do exército romano consistia numa bandeira suspensa sobre uma barra transversal como a de uma cruz, simbolizando a crucificação de Cristo. As fontes antigas dizem que há uma distinção entre o lábaro (labarum) e o cristograma (Chi-Rho), entretanto, passaram a ser sinônimos. A origem etimológica da palavra latina ‘labarum’ é incerta e não explica o simbolismo do estandarte. Só após 317 é que ele passou a adotar claramente lemas e símbolos cristãos, como o ‘labarum de Constantino’. Tudo isso faz parte do mito Constantino com sua iconografia imperial e propaganda de si mesmo.


Chi-rho no estandarte Chi-rho nos escudos
O Cristograma de Constantino no estandarte e no escudo


No entanto, no momento da sua entrada triunfal em Roma em 312, Constantino recusou-se a subir ao Capitolino (uma das sete colinas de Roma dedicada ao deus Júpiter) para lhe oferecer culto, atitude que repetiria nas suas duas outras visitas solenes à antiga capital para a comemoração dos jubileus do seu reinado, em 315 e 326 DC. Talvez ele tenha adotado o Cristianismo por influência de sua mãe (Helena) que, embora grega, era também cristã.

Mas apesar de seu batismo, logo antes do momento de sua morte, há dúvidas se Constantino realmente se converteu ao Cristianismo, pois continuou a zelar pela religião pagã, protegendo seus direitos. Dizem algumas fontes históricas que no dia anterior ao da sua morte, Constantino fizera um sacrifício a Zeus, e que, sabendo do significado do batismo em relação à purificação dos pecados cometidos anteriormente, reconheceu que como imperador, suas chances de pecar eram grandes e resolveu não ‘desperdiçar’ esta prática antes de ter realmente chegado ao fim de sua vida. Em palavras bem claras, não entendeu nada do significado da morte de Jesus, nem do significado do batismo de arrependimento como uma graça oferecida gratuitamente por Deus. Até o último dia de sua vida usou o título pagão de pontífice máximo (pontifex maximus). O pior de tudo é: Constantino foi batizado por um bispo ariano, Eusébio de Nicomédia. O arianismo é uma visão herética de Cristo criada por Ário (c. 250-336 DC), um presbítero cristão de Alexandria, nos primórdios da Igreja Primitiva e que negava a Trindade e a divindade de Jesus, ou seja, Ele era aceito como o Filho de Deus, mas não era igual a Deus Pai, portanto, não era Deus. Ele estaria subordinado a Deus, mas não era Deus. Assim, a tese ariana diz que o Filho de Deus, Jesus de Nazaré, e Deus Pai seriam de substâncias (em grego: ousia) diferentes.

Tanto Constantino I quanto seu filho e sucessor Constâncio II demonstraram sua inclinação pelo arianismo, uma vez que ambos tentaram apresentar a figura do imperador como um ser semelhante ao Cristo ariano: uma emanação divina, reflexo terreno do Verbo (Logos). Com isso, já podemos notar o conflito entre Constantino e a Igreja Ortodoxa, esta defendendo a doutrina original do Cristianismo (pelo menos era o que ela pretendia). Inclusive, antes de sua morte, o imperador mandou exilar o patriarca de Alexandria, o Arcebispo Atanásio I, defensor da ortodoxia, na capital Augusta dos Tréveros (Augusta Treverorum, também chamada Trier, em alemão; atual Tréveris, na fronteira do rio Reno) pelas suas atitudes antiarianas [Seu episcopado durou 45 anos (328-373), dos quais mais de 17 foram passados em cinco exílios ordenados por quatro diferentes imperadores romanos]. Porém, a atitude ortodoxa também não pode ser considerada como uma representação fiel do evangelho ensinado por Jesus e pregado por Seus apóstolos, uma vez que a própria igreja ortodoxa canonizou Constantino após sua morte (‘São Constantino’, ou ‘Igual aos Apóstolos’), assim como vimos com sua filha Constantina (também chamada de Constância e Constantiana) que, depois de morta, foi venerada como uma santa, ‘Santa Constância’ (em italiano, Santa Constanza).

Em outras palavras, o Cristinismo criado por Roma continuou a fazer a mesma coisa que se repetiu por séculos no Império Romano: deificação do imperador, idolatria humana (canonizando ‘santos’), continuando a erguer estátuas de ‘santos’ da mesma maneira que os deuses greco-romanos eram esculpidos e colocados em lugares estratégicos para serem adorados, e a vender indulgências (em palavras mais claras, conceder ao pecador os meios para se livrar das conseqüências dos seus pecados aqui na terra, antes que vá para o purgatório ou para o inferno); ministrar os sacramentos para se conseguir a salvação (era a mesma coisa que se fazia no culto politeísta romano), ao invés de se firmar na única e mais simples maneira de conseguir isso: aceitando Jesus através da fé, como o único Deus e Senhor (Rm 10: 9-10).

Na verdade, Constantino se converteu formalmente ao Cristianismo, não como um ato de fé religiosa, mas como um golpe de habilidade política, vendo no crescimento do Cristianismo um meio de facilitar a expansão do império romano. Mesmo porque apoiava uma teoria herética como o Arianismo, que negava a divindade de Jesus. Ele legalizou o Cristianismo pelo Edito de Milão, em 313 DC e, mais tarde, em 325 DC, conclamou o Concílio de Nicéia, como uma tentativa de unificar o Cristianismo. O Concílio de Nicéia, na Ásia Menor, presidido por ele, era composto pelos bispos que eram nomeados pelo Imperador e por outros que eram nomeados por líderes religiosos das diversas comunidades. O que restou da Igreja Cristã Primitiva fundada por Jesus (praticamente nada), Constantino juntou aos seus seguidores e passou a chamá-la de Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR). Católica, do grego, significa: universal, porque a pretensão do Império Romano era dominar toda a Terra. Apostólica, porque foi organizada pelos apóstolos de Constantino, não pelos discípulos de Cristo. Romana, porque incorporou os costumes e ritos dos romanos pagãos e passou a servir aos interesses do Estado Romano. Assim, todos os cultos e dogmas da ICAR são uma adaptação das crenças, costumes e lendas dos rituais pagãos. A sua sede de conquista e sua voracidade mostravam que a profecia de Daniel sobre o quarto animal já estava se cumprindo, e uma pequena amostra do que o apóstolo João disse no livro de Apocalipse: ‘Roma, a grande meretriz da terra’.

Uma das influências de Constantino sobre a Igreja Católica foi o Édito de Constantino, promulgado em 321 DC, que determinou oficialmente o domingo como dia de repouso (confirmado no Concílio de Nicéia em 325 DC), com exceção para os lavradores – utilizando-se da sua prerrogativa de Sumo Pontífice, que se achava no direito de fixar o calendário das festas religiosas (o trabalho sendo proibido durante estes dias; no caso dos lavradores era uma hipocrisia, pois ele não queria ver a lavoura sem o cuidado do trigo ou das vinhas, que davam lucro para o Estado). Na verdade, segundo este Édito, o domingo foi escolhido como dia de repouso, não apenas em função da tradição sabática judaico-cristã, como também por ser o ‘dia do Sol’ (em inglês, Sunday) – reminiscência do culto do deus Sol Invicto (o deus dos soldados), que ele nunca conseguiu abandonar. A guarda do Sábado foi abolida no Concílio de Laodicéia (não se sabe em que data ele ocorreu).

Concílios ecumênicos

Aqui eu descrevo os Concílios Ecumênicos, excetuando-se o de Laodicéia, sem data conhecida:

1º Concílio de Nicéia (325) – O estabelecimento do Credo Niceno: aceitava a divindade de Jesus Cristo e reconhecia a Sua unidade com o Pai. Também cria no Espírito Santo; portanto, reconhecia a Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Este Concílio rejeitava o Arianismo. No Concílio de Nicéia ficou estabelecido um bispo como líder da capital de cada província, reconhecendo-se a autoridade dos bispos de Roma, Alexandria e Antioquia (Entretanto, considerava-se que Roma possuía uma autoridade especial devido à sua ligação com São Pedro). O bispo de Jerusalém teria direito a honra especial, mas não a autoridade sobre outros bispos.

1º Concílio de Constantinopla em 381 (no reinado de Teodósio I, no Oriente – 379-392, e de Graciano, no Ocidente – 375-395) – foi uma afirmação do credo Niceno, remodelando ou expandindo algumas afirmações feitas no primeiro (usando versículos bíblicos para isso), e estabelecendo, assim, o Credo Niceno-Constantinopolitano, dando ênfase à Trindade, à eternidade de Jesus Cristo, por meio do qual todas as coisas foram feitas, e que, por meio do Espírito Santo encarnou no seio da Virgem Maria, padeceu e ressuscitou ao terceiro dia, e um dia virá em glória para julgar os vivos e os mortos, terminando o texto com a afirmação do dever de se crer numa igreja, una, santa, católica e apostólica. Foi o primeiro a reunir a Cristandade. Condenou o Arianismo como heresia e exilou Ário. Proclamou a igualdade de natureza entre o Pai e o Filho. O Arianismo é uma visão herética de Cristo criada por Ário (c. 250-336 DC), um presbítero cristão de Alexandria, nos primórdios da Igreja Primitiva e que negava a Trindade e a divindade de Jesus, ou seja, Ele era aceito como o Filho de Deus, mas não era igual a Deus Pai, portanto, não era Deus. Ele estaria subordinado a Deus, mas não era Deus. Assim, a tese Ariana diz que o Filho de Deus, Jesus de Nazaré, e Deus Pai seriam de substâncias (em grego: ousia) diferentes. O Concílio de Nicéia (325) foi alterado pelo primeiro Concílio de Constantinopla (381), e a forma alterada é referido como o Credo Niceno-Constantinopolitano. Em outras palavras, este Concílio deu forma final ao Credo Niceno, com seus 12 artigos:

1. Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra;
2. E em Jesus Cristo, um só seu Filho (seu único Filho), Nosso Senhor,
3. Que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu de Maria Virgem;
4. Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado;
5. Desceu ao reino dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia;
6. Subiu ao Céu, está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso,
7. De onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
8. Creio no Espírito Santo,
9. Na Santa Igreja Católica, na comunhão dos Santos,
10. Na remissão dos pecados,
11. Na ressurreição da carne,
12. Na vida eterna. Amém.

1º Concílio de Éfeso (431) – Foi convocado pelo imperador Teodósio II (408–450) e debateu sobre os ensinamentos cristológicos e mariológicos (o estudo sobre a Virgem Maria) de Nestório, patriarca de Constantinopla. O 1º Concílio de Éfeso decretou que Jesus era uma única pessoa, Deus completo e homem completo, e declarou como dogma, que a Virgem Maria devia ser chamada de Theotókos, porque ela concebeu e deu à luz Deus como um homem. Em outras palavras: afirmou a unidade da pessoa de Cristo e a maternidade divina de Maria (ou seja, a virgem Maria é venerada como a mãe de Deus, e está em segundo lugar depois da Trindade). A profissão da fé proclamada no Concílio de Éfeso foi o Credo Niceno, adotada pelo Primeiro Concílio de Nicéia, em 325, não o Credo Niceno-Constantinopolitano atribuído ao Primeiro Concílio de Constantinopla de 381. O concílio condenou o Nestorianismo como heresia, assim como o Arianismo e o Sabelianismo.

Nestório (428–431), patriarca de Constantinopla, defendia que Cristo não seria uma pessoa única, mas que nEle haveria uma natureza humana e outra divina, distintas uma da outra e, por conseqüência, negava o ensinamento tradicional que a Virgem Maria pudesse ser a ‘Mãe de Deus’ (em grego, Theotókos), portanto ela seria somente a ‘Mãe do homem’ (em grego, ‘anthropotokos’) ou a ‘Mãe de Cristo’ (em grego, ‘Christotokos ’), para restringir o seu papel como mãe apenas da natureza humana de Cristo e não da sua natureza divina. Teótoco (em grego: Θεοτόκος; transliteração: Theotókos; tradução literal em Português: ‘portadora de Deus’ ou ‘doadora do nascimento de Deus’) é o título grego de Maria, usado especialmente na Igreja Ortodoxa ou Igrejas patriarcais do Oriente (Alexandria, Jerusalém, Antioquia e Constantinopla) e Igrejas Orientais Católicas. Traduções menos literais incluem ‘Mãe de Deus’. Católicos, Anglicanos, e algumas denominações protestantes usam com mais freqüência o título de ‘Mãe de Deus’ do que ‘Teótoco’.

Sabélio (início do século III) foi um teólogo cristão, provavelmente nascido na Líbia ou Egito. Sua teoria (o Sabelianismo) diz que Deus teria uma substância indivisível, mas dividido em três atividades fundamentais, ou modos, manifestando-se sucessivamente como o Pai (criador e legislador), Filho (o Redentor) e o Espírito Santo (o criador da vida, e a divina presença no homem). Para os Sabelianos, o Pai, o Filho e o Espírito Santo constituem uma mesma e única pessoa, ou seja, um indivíduo indistinto, manifestando-se, porém, em formas ou figuras distintas, segundo as necessidades. Assim como Nestório, ele também foi considerado herege pela Igreja Católica.

O Concílio de Calcedônia (451) foi convocado pelo imperador do oriente Marciano (450–457), durante o reinado de Valentiniano III, o imperador do Oeste (425-455) – repúdio ao monofisismo, declarando o caráter divino e humano de Jesus, a segunda pessoa da Trindade. Em outras palavras: defendia o Diofisismo, a natureza divina e humana de Jesus de maneira distinta dentro dele, numa completa e perfeita unidade – Jesus preservou em si as duas naturezas: Jo 1: 1; 14; Jo 2: 24-25; Jo 6: 33-35; Jo 6: 46-59; Jo 10: 30; Jo 14: 9-11; Rm 8: 3-4; 2 Co 5: 21; Cl 2: 9; Hb 2: 17-18; Hb 4: 15; 1 Jo 4: 2 (minha anotação). O Concílio de Calcedônia foi rejeitado pelo Monofisismo: Jesus Cristo teria só uma natureza, a divina, e não a divina e a humana coexistindo dentro dele. Mais tarde, surgiu o termo, Miafisismo, isto é, a linha que aceita uma natureza encarnada de Cristo numa união sem divisões das naturezas humana e divina, sem separação, sem confusão e sem alteração. Já naquela época, algumas igrejas não aceitaram o quarto Concílio nem os que vieram depois, continuando a professar o Arianismo, o Monofisismo e o Miafisismo. Esta postura levou a constantes conflitos entre o Oriente e o Ocidente, assim como a tentativas de reconciliação, até que em 1054 a grande divisão ocorreu. As igrejas do Oriente constituíram o que se chama Igreja Ortodoxa (Igrejas Ortodoxas Orientais, que aceitam o monofisismo); e no Ocidente, a ICAR. As Igrejas Ortodoxas Orientais são: Igreja Copta (Egito), Igreja Ortodoxa Etíope (Etiópia), Eritréia (a leste da África), Síria (Jacobita), Igreja Apostólica Armênia e Igreja Síria Malankara (Igreja Ortodoxa Indiana). As igrejas orientais que aceitaram o concílio de Calcedônia (o diofisismo) são chamadas de Igrejas Ortodoxas Bizantinas ou Calcedonianas.

2º Concílio de Constantinopla (553), no reinado de Justiniano I (527-565) – Condena os documentos nestorianos e outros, como o de Orígenes de Alexandria ou Orígenes de Cesaréia ou ainda Orígenes, o Cristão (185-253), que misturava os ensinamentos bíblicos com os ensinamentos gregos de Platão.

3º Concílio de Constantinopla (680–681), no reinado do imperador bizantino Constantino IV (668–685 – Dinastia Heracliana). Este Concílio dogmatiza as duas naturezas de Cristo a divina e a humana, subsistindo na única pessoa divina do Verbo encarnado (Diofisismo). Condena o Monotelismo (Jesus Cristo, embora tendo dentro de si as duas naturezas, a divina e a humana, só tinha uma vontade, pela identificação perfeita da vontade humana com a vontade divina, o que ficou conhecido na história das heresias por Monotelismo). A questão ficou esclarecida no Terceiro Concílio de Constantinopla, em 681: Jesus Cristo tinha as duas vontades, a humana e a divina: “... Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua” (Lc 22: 42; Mt 26: 39; Mc 14: 36 – minha anotação)... “Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo” (Jo 17: 24 – minha anotação).

2º Concílio de Nicéia (787), no reinado do imperador bizantino Constantino VI (780-797 – Dinastia Isauriana). Este Concílio regulou a questão da veneração de imagens (ícones) e condenou os iconoclastas. A alegação para o que os religiosos católicos da época faziam é que eles não adoravam imagens, mas as veneravam. Veneração vem do latim: ‘veneratio’, ou do grego: ‘douleuo’ ou ‘dulia’, e significa honrar; assim, a veneração dos santos descreve a prática de devoção aos santos, que como modelos heróicos de virtude, intercedem no céu pela Igreja. Segundo essas confissões, a ‘adoração’ (‘latria’) é um culto distinto e reservado exclusivamente para Deus, enquanto a ‘veneração’ (‘dulia’) é a honra e respeito prestado aos santos. Portanto, segundo essas confissões, veneração não deve ser confundida com idolatria. A veneração é demonstrada externamente pela reverência a imagens de santos (estátuas ou ícones) e relíquias (partes de seus corpos, ou que estiveram em contato com eles). Segundo essas denominações “aquele que se prostra diante da imagem, prostra-se diante da pessoa (a hipóstase) daquele que é representado na imagem”. Eles fundamentam suas tradições em práticas e exemplos de confecção e veneração bíblicas, como em Êx 25: 17-22 (quando Deus dá a Moisés a ordem de confeccionar a arca, colocando os dois querubins sobre ela), Nm 21: 8-9 (quando Deus fala a Moisés para fazer a serpente de bronze e colocá-la sobre a haste) e 1 Cr 28: 18-19 (quando, à vista de todos, Davi dá o modelo do templo a ser construído, em especial do ouro para o altar do incenso e para as mesas com os pães da presença). A veneração de imagens e ícones é praticada pela Igreja Católica, Ortodoxa Bizantina, Nestoriana (Nestório – ver acima: 1º Concílio de Éfeso), Ortodoxas Orientais e alguns grupos da Comunhão Anglicana e Luterana. O Concílio condenou os iconoclastas. Iconoclastia ou Iconoclasmo (do grego εικών, translatiterado para ‘eikon’, ‘ícone’, ‘imagem’, e κλαστειν, transliteração: klastein, ‘quebrar’, portanto, ‘quebrador de imagem’) foi um movimento político-religioso contra a veneração de ícones e imagens religiosas no Império Bizantino que começou no início do século VIII e perdurou até ao século IX. Os iconoclastas acreditavam que as imagens sacras seriam ídolos, e a veneração e o culto de ícones por conseqüência, idolatria.

Quando uma imagem de escultura ou uma figura humana passam a ser veneradas e reverenciadas como deus quem recebe a adoração é, na verdade, um representante das trevas; no caso de Maria, uma casta mais elevada de demônios: um Principado (Cl 1: 16; Ef 1: 21). É o mesmo que foi adorado durante as várias eras da humanidade, com os nomes de: Rainha dos Céus – Jr 44: 18-19; 25; Aserá, Astarte ou Astarote (deusa da fertilidade, do amor e da guerra, dos cananeus e fenícios); Ísis ou Rainha dos Céus, (egípcios); Ishtar (babilônios); Diana (romanos); Ártemis (gregos) e Nina (Assírios, dando seu nome à cidade de Nínive e cujo nome era escrito com um sinal representando um peixe dentro de um ventre); Eostre, deusa germânica da antiguidade, relacionada com a primavera; Ostera, nome mais antigo de Eostre. Da mesma forma que o Principado recebeu todos esses nomes, dependendo da localidade onde atuava, Maria (ou Nossa Senhora) também recebeu vários nomes, ou seja, o mesmo Principado passou a ser adorado pelos cristãos nas eras posteriores, dependendo da localidade e dos feitos “sobrenaturais” que ele realizava: Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora da Penha, Nossa Senhora da Graça, Nossa Senhora do Bom Parto, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora da Boa Viagem etc. Portanto, a entidade que é adorada no Catolicismo não é a doce e meiga jovem mãe de Jesus.

Quem pode ser nosso intercessor ou fazer milagres em nosso favor?
A bíblia diz que Jesus e o Espírito Santo são os mediadores entre nós e Deus Pai. Assim, nem Maria nem ninguém pode ser nosso intercessor (Rm 8: 26-27; Rm 8: 33-34; 1 Tm 2: 5; Hb 4: 16; Hb 7: 25).

Lembrando do apóstolo Paulo em Éfeso

Quando lemos todas essas controvérsias e heresias religiosas, nós podemos perceber que quase nada sobrou da doutrina cristã pregada por Jesus e os doze apóstolos, e nada da Igreja Primitiva que havia sido avivada no momento do Pentecostes, principalmente após a morte do último apóstolo de Jesus: João, por volta de 98 ou 100 DC. Mais do que tudo, isso nos lembra o que o apóstolo Paulo disse profeticamente, chorando, aos presbíteros da igreja de Éfeso, quando ele estava em Mileto, quase antes de voltar a Jerusalém e ser preso. Estou falando de Atos 20: 17-38, em especial os versículos 28-32: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um. Agora, pois, encomendo-vos ao Senhor e à palavra da sua graça, que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados”.

Bispos romanos e Papado

Bispo vem do grego antigo, επίσκοπος ou episcopos; e do latim ‘episcopus’: ‘inspetor’, ‘diretor’, ‘superintendente’ ou, literalmente, ‘supervisor’, de epi, ‘fim, extremidade’ + skopos, ‘vista’, ou seja, ‘aquele que vê por cima, pelo alto, que supervisiona’. Antes do Cristianismo, o termo era utilizado para designar todo tipo de administrador ou superintendente nos domínios civil, financeiro, militar e judiciário. Uma mulher é uma episcopisa (porém, no Brasil, é incorretamente chamada de ‘bispa’).

Os ‘presbíteros’ a que se faz referência em At 20: 17 são chamados, em At 20: 28, ‘bispos’ ou ‘superintendentes’ em razão do seu cargo. Em 1 Tm 3: 2-7, o apóstolo Paulo particulariza as qualidades que devem revestir os que têm de desempenhar essa missão na igreja. Os bispos também desempenhavam funções pastorais (At 20: 28; 1 Tm 5: 17). Quando a organização das igrejas cristãs entre os gentios solicitava a superintendência pastoral, o título de ‘episcopus’ ou ‘episcopos’ foi prontamente adotado pelos gregos, como tinha sido o termo ‘ancião’ (ou presbítero) na igreja-mãe de Jerusalém. Por conseqüência, não há dúvida de que as palavras ‘ancião’ (Gr. presbuteroi, presbuteros), ‘presbítero’ (Strong gr. #4245: presbuteroi) e ‘bispo’ (episcopos) eram primitivamente consideradas equivalentes [1 Tm 5: 17 – presbuteroi; 1 Tm 3: 1-2 – episcopado (episkopês), bispo (episkopon ou episcopos) – Strong gr. #1984].

No século I os termos ‘presbíteros’ e ‘bispos’ eram usados para os líderes da igreja local submetidos a um apóstolo (por exemplo, Tito e Timóteo, escolhidos por Paulo de Tarso), e no final do século I e até a metade do século II, a Igreja Romana não possuía um só Bispo como chefe da igreja local, mas uma liderança grupal, sendo que o monoepiscopado começou somente mais tarde, e assim, originalmente o ministério papal não existia. Não é verdade que Pedro foi o primeiro Papa de Roma; também não é verdade que ele escolheu seu sucessor Lino (2 Tm 4: 21) como o segundo Papa, muito menos que Clemente (Fp 4: 3), um cristão de Roma, tenha se tornado o 4º Papa. Os bispos que Constantino escolheu para fundar a Igreja Católica Apostólica Romana eram, portanto, sumo sacerdotes idólatras dos deuses romanos ou pessoas públicas como senadores, que ansiavam por esse título, a fim de obter poder. A liderança de Pedro foi dada pelo próprio Jesus e seu reconhecimento foi pelos demais apóstolos (Mt 16: 18-19; Lc 22: 32; Jo 21: 15-23; At 1: 15-26; At 2: 14).

A supremacia do bispo romano (o Papado) foi criada com o apoio de imperadores romanos. Roma era o centro do governo para o Império Romano, portanto, Constantino e seus sucessores deram apoio ao bispo de Roma como governante supremo da Igreja. Centralizando o governo e estado religioso no mesmo lugar haveria unidade para o Império. Quando houve sua queda, os bispos tomaram para si o título que anteriormente pertencia aos imperadores romanos: o de Máximo Pontífice (Papa). Certas fontes atribuem ao Papa Leão I (440-461) a utilização do título ‘Pontífice máximo’. Outras fontes, também sem prova documental afirmam que o título foi usado pela primeira vez pelo papa Gregório I (590-604), uma vez que o Império Romano do Ocidente havia recentemente entrado em colapso. Outros mencionam ainda Bonifácio III, em 607. No entanto, foi somente muito tempo depois, no século XI, que o termo foi utilizado somente pelo Papa. Na sua mitra está escrito: ‘Vicarivs Filii Dei’ em letras latinas = ‘substituto do Filho de Deus’.

Pontífice máximo ou Máximo pontífice

‘Pontífice máximo’ ou ‘Máximo pontífice’ (em latim: ‘pontifex maximus’) significa literalmente, ‘máximo’ ou ‘supremo construtor de pontes’, ‘construtor de ponte’. Na Roma Antiga, designava o sacerdote supremo do Colégio de Pontífices (em latim: Collegium Pontificum), a mais alta dignidade na religião romana. Inicialmente, somente os patrícios (cidadãos da aristocracia romana ou de linhagem hereditária nobre) podiam ocupar este ofício. Foi um posto religioso da República Romana até 254 AC, quando um plebeu foi designado monarca de Roma. Assim, de um posto religioso durante a República, ele foi gradualmente sendo politizado até ser incorporado pelo imperador, a partir de César Augusto. Graciano, imperador romano (375-383) parece ter sido o último imperador a usar este título. Literalmente, o termo ‘pontifex’ significa ‘construtor de ponte’ (pons + facere); ‘maximus’ significa: maior, máximo, supremo. Talvez, o título tenha sido inicialmente usado no seu sentido literal, ou seja, a posição do construtor de pontes era realmente importante em Roma, onde as pontes ao longo do sagrado rio Tibre eram adornadas com as estátuas de divindades e só as autoridades que detinham as funções sacras podiam passar por elas. No sentido simbólico, sempre ficou subentendido que os pontífices seriam os construtores da ponte entre os deuses e os homens.

O Colégio dos sacerdotes ou Colégio de Pontífices (em latim: Collegium Pontificum) era composto pelos mais altos sacerdotes da religião romana. O colégio consistia do pontífice máximo e outros pontífices, o rei das coisas sagradas, quinze sacerdotes jovens (os flâmines) dedicados a servir deuses específicos (3 flâmines maiores – patrícios – para servir os três deuses do Capitólio primitivo: Júpiter, Marte e Quirino; e 12 jovens plebeus – flâmines menores – para servir os outros deuses) e as seis vestais (em latim, ‘Virgo Vestalis’, eram sacerdotisas que cultuavam a deusa romana Vesta, que corresponde à deusa grega Héstia, na mitologia grega, a deusa virgem grega do lar, lareira, arquitetura, vida doméstica, família e estado), e que eram virgens escolhidas entre de seis e dez anos de idade, que serviam durante trinta anos e preservavam sua castidade e virgindade. Qualquer atentado a esses símbolos de pureza significariam um sacrilégio aos deuses romanos e, portanto, também à sociedade romana. A punição por quebrar o voto de castidade de trinta anos era a morte por enterro vivo. Além do Colégio dos sacerdotes ou Colégio de Pontífices havia o Colégio dos áugures (que liam presságios), como se fosse uma escola de profetas hoje.


Flâmine Chefe Vestal
Flâmine e uma Chefe-Vestal


Pontífice máximo foi um posto religioso da República Romana até 254 AC, quando um plebeu foi designado monarca de Roma. Assim, de um posto religioso durante a República, ele foi gradualmente sendo politizado até ser incorporado pelo imperador (já em 63 AC, no reinado de Júlio César – pontífice máximo), mais especificamente, a partir de César Augusto (29 AC). O principal dever do pontífice era manter pax deorum ou paz dos deuses. A partir de Augusto, era o imperador que elegia os pontífices; com isso, o imperador adquiriu uma dignidade religiosa e a responsabilidade de todo o culto romano do Estado, o título de pontífice máximo passou a ser um dos muitos títulos do imperador. Os primeiros imperadores romanos cristãos continuaram a utilizar o título. Os pontífices cuidavam do calendário romano e determinavam os dias necessários a serem adicionados para sincronizar o calendário com as estações do ano. Sob a sua autoridade como pontífice máximo, Júlio César introduziu a reforma no calendário que criou o calendário Juliano, com uma falha de um dia por século, corrigido pela introdução de um dia no ano bissexto de 366 dias. Além disso, o ano Juliano era de 12 meses (365 dias) a começar em 1º de janeiro. Os meses eram de 30 dias, intercalados com meses de 31 dias, sendo que em Julho–Agosto os 31 dias se repetiam em homenagem aos imperadores romanos (Júlio e Augusto). O calendário Juliano vigorou por mais ou menos 1.600 anos. Ele foi utilizado até a introdução do calendário gregoriano (pelo Papa Gregório XIII – 1582), no qual a cada quatro anos há um ano (solar) bissexto, com exceção dos anos seculares, em que o número formado pelos algarismos das centenas e dos milhares não é divisível por quatro. Omitiram-se 10 dias (5–14 de outubro de 1582), corrigiu-se a medição do ano solar estimando-se que este durava 365 dias solares, 5 horas, 14 minutos e 12 segundos. Acostumou-se a começar o ano em 1º janeiro, em homenagem a Jano. Jano (em latim: Janus) era o deus romano das mudanças e transições, o deus dos inícios, das decisões e escolhas. Jano é representado com uma face dupla, simbolizando ‘entrada e saída’, ‘passado e futuro’. Uma face olha para frente e outra para trás. Muitas vezes, ele é representado como uma figura masculina com barbas; outras vezes, sem ela.

Flávio Graciano Augusto (367-383 DC) favoreceu claramente a religião cristã contra o paganismo, recusando-se a repetir os rituais pagãos dos imperadores anteriores e tirando o Altar da Vitória do senado em 382 DC. O Altar da Vitória era uma estátua de ouro e havia sido colocada na sala do senado em homenagem à deusa Vitória pelo imperador César Augusto em 29 AC para comemorar a derrota de Marco Antônio e Cleópatra na batalha de Actium (Grécia), pois se opuseram a ele. Os senadores romanos não gostaram da retirada da estátua, uma vez que, durante séculos, eles juravam solenemente diante dela, recitavam orações e faziam libações de vinho e incenso. Uma vez que o título de ‘pontífice’ era uma palavra latina equivalente a ‘sumo sacerdote’, como pode ser observado em sua tradução em outras línguas, como o grego, o termo equivalente grego foi usado no texto da Septuaginta.

Em particular, o reinado de Constantino foi importante por duas razões: a primeira foi a mudança do centro do poder imperial do Ocidente para o Oriente, em especial com a fundação da capital Constantinopla, que viria a ser a capital do Império Romano do Oriente por mais de mil anos; a segunda razão é o apoio que deu ao Cristianismo, que em poucas décadas se tornou a religião preferida do Estado. Entretanto, ele só foi oficialmente legalizado mais tarde, em 27 de fevereiro de 380 DC por Teodósio I através do Édito de Tessalônica, onde se estabeleceu que ele se tornaria, exclusivamente, a religião de Estado no Império Romano, abolindo todas as práticas politeístas dentro do império e fechando templos.

Embora o termo ‘Império Bizantino’ só possa ser usado de fato para o Império Romano após 476 DC (a queda do império romano do ocidente), algumas classificações já começam a usar o nome ‘Império Bizantino’ já na época de Constantino, o Grande, quando ele mudou a capital do império para Constantinopla.

Constantino foi sucedido por seus três filhos com Flávia Máxima Fausta: Constantino II, Constante I e Constâncio II, os quais dividiram entre si a administração do império até que, depois de uma série de lutas confusas, Constâncio II emergiu como Augusto único. A divisão inicial foi: Constantino II (Hispânia e Gália) – 337-340 / Constante com Itália, Ilírica e África – 337-350 DC / Constâncio II (Constantinopla) – 337-361 DC.

O Império que tinha sido iniciado pela tetrarquia, revigorado e continuado por Constantino I seria concluído com o fim da dinastia Constantiniana em 364 DC.

Fonte de pesquisa para textos e imagens: wikipedia.org
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Este texto se encontra no 3º volume do livro:


livro evangélico: Deus está presente na História

Deus está presente na História vol. 1 (PDF)

Deus está presente na História vol. 2

Deus está presente na História vol. 3

God is present in History vol. 1 (PDF)

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Sugestão para download:


Lista dos imperadores romanos (PDF)

Lista dos imperadores romanos (PDF)

List of Roman Emperors (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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