Amós, o pastor de Tecoa e colhedor de sicômoros, profetizou a queda de Samaria e o juízo de Deus contra Judá, Israel e nações gentias. A expressão ‘Por três transgressões... e por quatro’ se refere aos incontáveis atos maus que foram cometidos pelos amonitas, sírios, tírios, edomitas, moabitas e filisteus. Amós é um profeta pré-exílico.

Amos, the shepherd from Tekoa and a gatherer of sycamore-fig trees, prophesied the fall of Samaria and God’s judgment against Judah, Israel and Gentile nations. The expression ‘For three transgressions... and for four’ refers to the countless evil acts that were committed by the Ammonites, Syrians, Tyrians, Edomites, Moabites and Philistines. Amos is a pre-exilic prophet.


Explicação de Amós 1–3




Amós viveu durante os reinados de Uzias, rei de Judá (781-740 AC) e Jeroboão II, rei de Samaria (782-753 AC). Provavelmente, Amós atuou no meio do caminho entre os reinados paralelos desses dois reis, entre 760 e 750 AC, antes do exílio de Israel em 722 AC. Seu nome significa ‘carregador de fardo’, ‘condutor de carga’; diferente de ‘Amoz’, ’ãmôç, que significa: ‘forte, firme’. Nascido em Tecoa, ao sul de Jerusalém (Am 1: 1), ele era um pastor de Judá, além de ‘colhedor de sicômoros’ (Am 7: 14-15), o que significava que ele não pertencia à classe da qual os profetas usualmente se originavam, nem foi treinado para o ofício profético nas escolas dos profetas. Era, sim, um profeta sem credenciais conhecidas, a não ser o fato de que tinha uma palavra da parte de Deus. Tecoa ficava ao sul de Belém, na região montanhosa de Judá, o que a tornava uma cidade de defesa (2 Cr 11: 6). As terras ao redor forneciam pasto para os rebanhos, dos quais Amós cuidava. Embora nascido em Judá, Deus o levou a profetizar em Samaria, no reino do norte. Foi expulso pelo sacerdote idólatra Amazias, que o fez retornar à sua terra natal (Am 7: 10-15). Sicômoro (hebraico, shiqmâ; em grego, sykomõraia) ou figo-sicômoro (Ficus sycomorus L.), uma espécie de figueira brava, é uma árvore grande e vigorosa, abundante no Egito e nas terras baixas da Palestina (1 Rs 10: 27; 2 Cr 1: 15; 2 Cr 9: 27). Os frutos eram comestíveis (um sabor de figo misturado com amora) e de grande valor para Israel, como as oliveiras, pois fazia parte da produção agrária da nação. Aqui em Am 7: 14, a tradução ‘colhedor de sicômoros’ é incorreta, uma vez que o vocábulo hebraico (‘balac’ – Strong #1103) significa ‘cultivador’ dessa árvore, podando o topo de cada fruto para assegurar que ficaria maduro; ou, segundo alguns estudiosos, fazendo incisões na sua casca com um instrumento especial para soltar o excesso de suco antes de amadurecer; depois de quatro dias é que se colhia a fruta.

Amós, como Isaías, ataca os grupos dominantes da sociedade: autoridades, magistrados, latifundiários, políticos, assim como as madames de Samaria (Am 4: 1-3). Fala sobre o descontentamento de Deus contra a exploração dos mais pobres e indefesos (Am 2: 6-7) e critica o materialismo e o baixo nível moral de Israel que tinha absorvido isso dos seus vizinhos pagãos (Am 2: 8-16). A justiça se inclinava para os que podiam pagar subornos. Embora seguissem os rituais religiosos, permaneciam interiormente na impiedade e na imoralidade, tentando mascarar as injustiças do dia a dia, e Deus rejeitava esses rituais (Am 4: 4-5; Am 5: 21-27). Ele proclama Seu julgamento contra os povos circundantes, contra Judá e Samaria pelos pecados contra as leis morais que alicerçam a sociedade (Am 6: 1-14) e fala também sobre o Dia do Senhor, quando a Assíria haveria de ser Sua vara para ferir Israel (Am 9: 1-10). As visões que Amós teve são símbolos do juízo de Deus (gafanhotos: Am 7: 1-7; fogo: Am 7: 4-6; prumo: Am 7: 7-9; um cesto de frutos de verão: Am 8: 1-14). A mensagem central de sua profecia é a soberania divina sobre todas as coisas (natureza, nações, seres humanos). Amós também considerava a justiça o atributo moral mais importante da natureza do Senhor sobre a injustiça, a imoralidade e a desonestidade.

O livro termina com uma profecia sobre a futura conversão dos gentios (Am 9: 11-12 cf. At 15: 16-18) – ‘Levantar a tenda caída de Davi [o tabernáculo caído de Davi]’, que é uma referência profética sobre o reino espiritual de Jesus, onde Israel e Judá estariam juntos e um reinado do qual os gentios também poderiam ter o direito de participar, pois Jesus seria o pastor de todos.

Há uma referência interessante em Am 8: 11-13 sobre ‘a sede da palavra de Deus’ nos últimos dias, o que nos faz pensar não somente no provável teor apocalíptico da profecia como também no Período Intertestamentário, em que o povo viveu um longo período de silêncio de Deus, que já não falava mais pela boca dos Seus profetas. Também este trecho é considerado pelos estudiosos como o momento do cativeiro na Assíria ou a rejeição dos Judeus a Cristo, que fez com que Sua palavra e Sua graça fossem retiradas deles e passadas aos gentios.


Profeta Amós

Capítulo 1 – Ameaças contra diversas nações

• Am 1: 1-2: “Palavras que, em visão, vieram a Amós, que era entre os pastores de Tecoa [NVI: criador de ovelhas em Tecoa], a respeito de Israel, nos dias de Uzias, rei de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel, dois anos antes do terremoto. Ele disse: O Senhor rugirá de Sião e de Jerusalém fará ouvir a sua voz; os prados dos pastores estarão de luto, e secar-se-á o cimo do Carmelo [NVI: secam-se (ou pranteiam) as pastagens dos pastores, e murcha o topo do Carmelo]”.

O profeta recebe uma visão de Deus e que parece ser algo muito importante para a nação, uma vez que ele usa figuras de linguagem compatíveis com a ira de Deus (‘O Senhor rugirá de Sião e de Jerusalém fará ouvir a sua voz’ – cf. Jl 3: 16) e com Seu julgamento sobre Israel: ‘os prados dos pastores estarão de luto, e secar-se-á o cimo do Carmelo’ ou ‘pranteiam as pastagens dos pastores, e murcha o topo do Carmelo’. O terremoto que aconteceu nos dias de Uzias não é relatado na bíblia, mas deve ter sido de importância para o povo, pois quase trezentos anos depois, nos tempos de Zacarias, ele ainda era lembrado (Zc 14: 5).

Am 1: 3-5Profecia contra Damasco

• Am 1: 3-5: “Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Damasco e por quatro, não sustarei o castigo, porque trilharam a Gileade com trilhos de ferro. Por isso, meterei fogo à casa de Hazael, fogo que consumirá os castelos de Ben-Hadade. Quebrarei o ferrolho de Damasco e eliminarei o morador de Biqueate-Áven [NVI: ‘destruirei o rei que está no vale de Áven’ ou ‘destruirei os habitantes do vale de Áven’, que significa ‘iniqüidade’] e ao que tem o cetro de Bete-Éden [significa: Casa do prazer]; e o povo da Síria será levado em cativeiro a Quir, diz o Senhor”.

• v. 3 – ‘Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Damasco e por quatro, não sustarei o castigo, porque trilharam a Gileade com trilhos de ferro’ – isso pode ter ocorrido nos tempos de Jeú (2 Rs 10: 32-33) e de seu filho Jeoacaz (2 Rs 13: 3-4; 7; 22) por terem voltado aos pecados de idolatria de Jeroboão I, antigo rei de Israel (931-910 AC). Como punição, Deus trouxe Hazael, rei da Síria, que feriu grande número de cidades de Gileade e Basã, pertencentes às tribos de Gade, Rúben e Manassés do leste. Nos tempos de Jeoacaz, filho de Jeú, Israel foi novamente atacado por Hazel e Ben-Hadade III, seu filho (2 Rs 13: 3; 22). Jeoás (filho de Jeoacaz e neto de Jeú) também enfrentou os Siros (2 Rs 13: 19), agora governados por Ben-Hadade III, filho de Hazael, que havia morrido.

A expressão ‘Por três transgressões... e por quatro’ se refere aos incontáveis atos maus que foram cometidos pelos sírios [transgressão, neste texto em hebraico, pesha`, Strong #6588 significa: uma revolta (nacional, moral ou religiosa), insurreição, pecado, transgressão, ofensa] e indica que a paciência de Deus já estava se esgotando. Por isso, Ele diz que não sustará o castigo, ou seja, não vai suspender, não vai interromper, não vai parar o castigo; Sua punição será inevitável. ‘Trilharam a Gileade com trilhos de ferro’ mostra a violência da guerra, onde os corpos das vítimas eram rasgados como um campo de cereal é trilhado pelos dentes das debulhadoras.

• v. 4 – ‘Por isso, meterei fogo à casa de Hazael, fogo que consumirá os castelos de Ben-Hadade’. Por causa do que tinham feito ao Seu povo, o Senhor destruiria agora os descendentes de Hazael e poria fogo nos palácios construídos por Ben-Hadade. Hazael teve sua subida ao trono predita por Eliseu (2 Rs 8: 7-13) e foi o fundador da dinastia síria que governou nos tempos dos reis de Israel: Jorão (852-841 AC – 2 Rs 3: 1; 2 Rs 8: 29), Jeú (841-814 AC – 2 Rs 10: 30-32) e Jeoacaz (814-798 AC – 2 Rs 13: 22). O filho de Hazael, Ben-Hadade III, foi seu sucessor (2 Rs 13: 3; 24-25).

• v. 5 – ‘Quebrarei o ferrolho de Damasco e eliminarei o morador de Biqueate-Áven [NVI: ‘destruirei o rei que está no vale de Áven’ ou ‘destruirei os habitantes do vale de Áven’] e ao que tem o cetro de Bete-Éden [significa: Casa do prazer]; e o povo da Síria será levado em cativeiro a Quir, diz o Senhor’.
‘O ferrolho de Damasco’ era a barra de ferro colocada nas portas das cidades fortificadas. Deus quebraria as defesas de Damasco.

‘Eliminarei o morador de Biqueate-Áven’ ou ‘destruirei o rei que está no vale de Áven’ ou ‘destruirei os habitantes do vale de Áven’. Em Am 1: 5 esse nome (Biqueate-Áven ou vale de Áven) provavelmente se refere ao vale de Beqa’ (chamado El-Bekaa), entre o Líbano e o Anti-Líbano, no reino arameu de Damasco, onde estão as ruínas do templo Baal-Bek, o deus-sol. Fica a quatro horas de viagem de Damasco.
Áven (cf. Os 10: 8) é a forma abreviada de Bete-Áven, um apelido de Betel (Os 4: 15). Áven, em hebraico, ’awen ou ’âven, significa ‘perversidade, iniqüidade, tribulação, idolatria; mais especificamente, um ídolo, vaidade’. Beyth ’Aven (Bete-Áven) significa: ‘Casa da vaidade’ ou ‘casa da iniqüidade’. Betel significa ‘Casa de Deus’, e foi onde Jacó viu a escada para o céu (Gn 28: 17; 19; 22), quando fugia de Esaú, no seu caminho para Harã. Mas também foi o lugar onde Jeroboão I (1 Rs 12: 25-31) colocou um dos bezerros de ouro para a adoração idólatra em Israel. Colocou um em Dã, outro em Betel (1 Rs 12: 28-29), onde foi repreendido por um homem de Deus por causa dessa atitude (1 Rs 13: 1-5). Por isso, apelidaram Betel de Bete-Áven.
Portanto, Biqueate-Áven (no reino de Damasco) era ‘o vale da vaidade’ ou ‘o vale da iniqüidade’, por causa da adoração idólatra nele.

‘O que tem o cetro de Bete-Éden’ – significa o governante de Bete-Éden, ou o mais alto oficial. Assim, Deus destruiria tanto os habitantes do vale quanto o governante.
Bete-Éden é uma comparação com Bete-Áven. Nós vimos que Áven significa: ‘perversidade, iniqüidade, tribulação, idolatria; mais especificamente, um ídolo, vaidade’. O termo Éden ou Edin apareceu primeiramente na Suméria, a região da Mesopotâmia que produziu a primeira língua escrita do mundo. Isto ocorreu no terceiro milênio AC. Em sumério, a palavra ‘Éden’ significa, simplesmente: ‘a planície fértil’ (em hebraico, significa: deleite, lugar de delícias). Portanto, se Deus disse que destruiria os moradores de Biqueate-Áven, ele destruiria o governante daquele lugar de prazer e delícias para eles, que era um lugar de idolatria e iniqüidade. Deus destruiria o que governava aquela ‘Casa do prazer’. Bete-Éden parece ter sido a residência de verão do rei, não muito longe de Damasco. Por acaso, esse lugar teria relação com Telassar, onde habitavam os filhos de Éden (Bete-Éden; Hebr.: benê ‘edhen – 2 Rs 19: 12; Is 37: 12), na área entre os rios Eufrates e Bali (ou Belikh), que os assírios chamavam de Bïti-Adini ou ‘A Casa de Adinu’, ‘casa do mal’ ou ‘casa do deleite?’

‘O povo da Síria será levado em cativeiro a Quir, diz o Senhor’ – cogita-se que os 65 anos da profecia mencionada em Is 7: 8 (cf. Is 17: 1-3) correspondem a este mesmo trecho escrito em Am 1: 1; 3-5. De acordo com o profeta, o povo da Síria foi levado pelos Assírios para Quir (local desconhecido). Quir significa ‘cidade’. Embora alguns estudiosos a coloquem na planície da Mesopotâmia, entre as cidades de Cuta, Babilônia e Borsipa, é mais provável que nesta localização esteja-se falando da cidade de Kish; em Sumério: Kiš; transliteração: Kiŝki; Acadiano: kiššatu; moderna Tell al-Uhaymir na província de Babilônia no Iraque, a cerca de doze quilômetros a leste da cidade de Babilônia e a oitenta quilômetros ao sul de Bagdá.

Quanto aos anos profetizados por Isaías e a esta profecia de Amós, provavelmente, trata-se da Assíria entre os reinados de Tiglate-Pileser III (745-727 AC), Salmaneser V (727-722 AC) e Sargom II (722-705 AC). Tiglate-Pileser III conquistou Damasco em 732 AC e ela foi reduzida a cidade subsidiária dentro da província Assíria de Hamate. Daí por diante perdeu sua influência política, ficando apenas com a influência econômica (Ez 27: 18). Depois passou novamente a ser capital durante o governo selêucida de Antíoco IX em 111 AC. Aretas (Nabateu) conquistou a cidade em 85 AC, entregando-a depois para Tigranes da Armênia (83-69 AC). A partir de 64 AC até 30 DC foi domínio Romano. Salmaneser V e Sargom II conquistaram Samaria e em 722 AC ela caiu, também sendo levada para o cativeiro na Assíria. Jeremias (Jr 49: 23-27) profetizou sobre a Síria bem mais tarde. O reino de Damasco foi destruído pela Assíria, mas a cidade permaneceu, e é para ela que Jeremias profetiza. O cumprimento da profecia de Jeremias se deu, provavelmente em 581 AC, cerca de cinco anos após a destruição de Jerusalém (586 AC) por Nabucodonosor. Tiglate-Pileser III cumpriu esta profecia de Amós quando Acaz lhe pediu ajuda contra Rezim, rei da Síria, que ameaçava Judá, juntamente com Peca, o rei de Israel. Tiglate-Pileser III matou Rezim e levou os damascenos cativos para Quir.

Am 1: 6-8Profecia contra a Filístia

• Am 1: 6-8: “Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Gaza e por quatro, não sustarei o castigo, porque levaram em cativeiro todo o povo, para o entregarem a Edom [NVI: Porque levou cativas comunidades inteiras e as vendeu a Edom]. Por isso, meterei fogo aos muros de Gaza, fogo que consumirá os seus castelos [NVI: suas fortalezas]. Eliminarei o morador de Asdode e o que tem o cetro de Asquelom [NVI: Ascalom] e volverei a mão contra Ecrom; e o resto dos filisteus perecerá, diz o Senhor [NVI: até que morra o último dos filisteus]”.

• v. 6 – ‘Por três transgressões de Gaza e por quatro, não sustarei o castigo, porque levaram em cativeiro todo o povo, para o entregarem a Edom’ – Edom recebeu prisioneiros israelitas, tanto das mãos dos filisteus quanto das mãos dos tírios. Joel (Jl 3: 4-8) repreendia os filisteus e os tírios por terem vendido prisioneiros hebreus como escravos aos gregos. Amós repreendia os filisteus (v. 6) e os tírios (v. 9) por terem entregado prisioneiros hebreus aos edomitas (Am 1: 9-10). Os filisteus se rebelaram contra Jeorão (filho de Josafá) durante seu reinado (848-841 AC). Nos dias de Acaz (732-716 AC), os edomitas invadiram Judá e apoderaram-se dos cativos israelitas (2 Cr 28: 17) e ainda receberam prisioneiros israelitas capturados por Tiro e Gaza (Am 1: 6; 9). Gaza era a cidade mais importante das cinco cidades filistéias (1 Sm 6: 17). Ela ficava num lugar onde passavam algumas rotas comerciais, e estava acostumada com o tráfico de escravos.

A expressão ‘Por três transgressões... e por quatro’ se refere aos incontáveis atos maus que foram cometidos pelos filisteus.

• v. 7-8: “Por isso, meterei fogo aos muros de Gaza, fogo que consumirá os seus castelos [NVI: suas fortalezas]. Eliminarei o morador de Asdode e o que tem o cetro de Asquelom [NVI: Ascalom] e volverei a mão contra Ecrom; e o resto dos filisteus perecerá, diz o Senhor [NVI: até que morra o último dos filisteus]” – cf. Is 14: 20-31; Jr 47; 1-7; Ez 25: 15-17; Jl 3: 4-8; Sf 2: 4-7; Zc 9: 5-7.

Podemos ver que Uzias (2 Cr 26: 6-7) guerreou contra os filisteus e quebrou o muro de Gate, o de Jabné e o de Asdode; e edificou cidades no território de Asdode e entre os filisteus. A bíblia diz que Deus o ajudou contra os filisteus e contra os arábios (árabes) que habitavam em Gur-Baal (local desconhecido), e contra os meunitas (2 Cr 20: 1; 2 Cr 26: 7; na verdade o termo correto é maonitas – ver adiante). Meunitas eram descendentes do ramo calebita de Judá (de Calebe). Meunita é o nome do habitante de Maon, cuja aldeia ficava nas terras altas da tribo de Judá (Js 15: 55; 1 Cr 4: 41), identificada nos tempos modernos com Khirbet Ma'in (ou em hebraico, Horvat Ma'on), treze quilômetros e meio ao sul de Hebrom. Em Ed 2: 50 e Ne 7: 52 está escrito ‘Meunim’. De acordo com 1 Sm 23: 24, o deserto de Maom, na planície ao sul de Jesimom, era um dos lugares onde Davi se escondeu do rei Saul. Nabal (1 Sm 25: 1-11) era de Maom. Na versão da Septuaginta de 1 Samuel (1 Sm 23: 24), Davi recuou para o deserto de Maom após a morte de Samuel, mas no Texto Massorético ele foi ao deserto de Parã. Aqui houve um erro, pois Parã (Hc 3: 3) é um deserto situado na região centro-oriental da península do Sinai, a nordeste do Sinai tradicional e a sudoeste de Cades, com a Arabá e o Golfo de Aqaba em sua fronteira oriental. Para lá Abraão enviou Ismael e Agar (Gn 21: 21). Fez parte dos locais de parada dos Israelitas em sua peregrinação pelo deserto (Nm 10: 12; Nm 12: 16), e de lá Moisés enviou os espias para investigar as condições da terra de Canaã (Nm 13: 3; 26). Foi atravessado por Hadade, o edomita, em sua fuga para o Egito (1 Rs 11: 18). O Monte Parã do cântico de Moisés (Dt 33: 2) e de Habacuque (Hc 3: 3), provavelmente, era um pico proeminente na serra montanhosa na margem ocidental do Golfo de Aqaba.

Talvez, por isso, a confusão feita com o outro significado da palavra Meunita, que também se refere a um povo hostil da Transjordânia, ligado aos amalequitas e outros opressores de Israel (Jz 10: 12, onde está escrito maonitas – ARA; na Septuaginta, midianitas), e cuja terra de origem é Ma‘ãn, ao oriente da Arabá, a sudeste de Petra (na atual Jordânia). Contra este povo hostil da Transjordânia é que Josafá e Uzias tiveram vitória (2 Cr 20: 1; 2 Cr 26: 7).
No reinado de Ezequias, este guerreou contra os filisteus e os feriu até Gaza e seus limites (2 Rs 18: 8). Mas foram vitórias muito pequenas e que não trouxeram, na verdade, uma grande expansão para o território de Israel, nem eliminou significativamente o inimigo.

Gaza: Tiglate-Pileser III (745-727 AC) capturou Gaza em 734 AC, e depois seu neto Sargom II (722-705 AC) repetiu o feito, pois a cidade ficou por um tempo fora do controle da Assíria; talvez por disputa com o Egito, que caiu nas mãos de Sargom em 716 AC. Faraó do Egito um dia viria para ferir os filisteus e entrar em Gaza (Jr 47: 1). Dario II e Artaxerxes II (404-358 AC), seu filho, e principalmente Alexandre, o Grande, reduziram os poderes dos fenícios e filisteus. Após capturar Tiro (trinta mil tírios foram vendidos como escravos), Alexandre o Grande seguiu pela linha costeira até o Egito, tomando as cidades da Filístia. Ao passar por Gaza, encontrou resistência. A cidade era fortificada e construída perto de montanhas, e os macedônicos a cercaram por cinco meses. Alexandre foi ferido durante a batalha, mas seu exército destruiu a cidade (332 AC), matando dez mil dos seus habitantes e vendendo milhares de outros como escravos. Gaza ocupava uma importante posição nas rotas comerciais entre o Egito e a Ásia ocidental. Alexandre seguiu pela costa do Mediterrâneo, tomando todas as cidades dos filisteus e entrou no Egito, saudado como libertador do povo, e fundando a cidade de Alexandria em 332 AC. Os gregos e os Macabeus empreenderam vários ataques a Gaza por sua contínua idolatria. A cidade foi finalmente desolada por Alexandre Janeu em 93 AC, conforme havia sido profetizado por Am 1: 6-7; Sf 2: 4 e Zc 9: 5. Alexandre Janeu era de linhagem hasmoneana e governou como sumo sacerdote em Judá no período de 103-76 AC. Em 57 AC, Aulo Gabínio (procônsul romano na Síria – 57-55 AC) reedificou a cidade num novo local, ao sul da antiga localização, mais próximo do mar, que continua ocupado até hoje, mas os sítios arqueológicos pouco descobriram.
Se lermos o texto de Zc 9: 5-7, podemos ver que não apenas Gaza, mas as outras cidades filistéias importantes foram conquistadas e destruídas por Alexandre o Grande, seguido por Alexandre Janeu. Zacarias menciona a destruição de Asquelom, Gaza, Ecrom e Asdode. Gate é omitida aqui, talvez por estar um pouco afastada da rota de Alexandre o Grande para o Egito.

Asdode: em 711 AC Asdode foi saqueada por Sargom II (Is 20: 1; Is 14: 29). Em 604 AC Asdode havia recusado pagar tributo para Nabucodonosor e foi saqueada por ele também. Herodes a restaurou e lhe deu o nome de Azoto (At 8: 40).
Sofonias (Sf 2: 4-5) cita as mesmas cidades (Gaza, Asquelom, Asdode e Ecrom) e também menciona o povo dos quereítas ou queretitas, e emite um ‘ai’ sobre eles. Quereítas ou queretitas são mencionados igualmente em Ez 25: 16 e se refere a uma tribo habitante do sul da terra dos filisteus (1 Sm 30: 14; 16). A ilha de Creta era uma colônia dos filisteus. A terra dos filisteus era chamada de Filistina (por isso, o termo ‘Palestina’); Kerïtha, pelos árabes; Creth, pelos sírios; e pelos hebreus: terra dos queratitas ou quereítas ou quereteus. Eles eram um povo originário da ilha de Creta (Grego: Κρήτη, Kríti) e espalhado entre os filisteus e que fizeram parte da guarda pessoal de Davi (2 Sm 23: 8-39; 1 Cr 11: 10-47; 11: 36). Os quereítas eram mercenários. A palavra quereítas vem do hebraico Cherethites ou Cherethims. O singular é Krethiy (Strong #3774), que se origina de ‘karath’ (Strong #3772) e significa: carrasco; queretita ou membro da guarda real, que por sua vez, deriva de ‘tabbach’ (Strong #2876), que significa: um açougueiro; portanto, um membro da guarda real (porque ele estava agindo como um carrasco), guarda.

Am 1: 9-10Profecia contra Tiro

• Am 1: 9-10: “Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Tiro e por quatro, não sustarei o castigo, porque entregaram todos os cativos a Edom [NVI: Porque vendeu comunidades inteiras de cativos a Edom] e não se lembraram da aliança de irmãos. Por isso, meterei fogo aos muros de Tiro, fogo que consumirá os seus castelos [NVI: suas fortalezas]”.

Muitos profetas profetizaram contra Tiro: Is 23: 1-18; Ez 26: 3-9; Am 1: 9-10. A cidade de Sidom foi denunciada pelos profetas juntamente com Tiro (Is 23: 1-18; Jr 25: 22; Jr 27: 3; Jr 47: 4; Ez 28: 21-22; Jl 3: 4; Zc 9: 2-4).
Como comentei no v. 6, Edom recebeu prisioneiros israelitas, tanto das mãos dos filisteus quanto das mãos dos tírios. Joel (Jl 3: 4-8) repreendia os filisteus e os tírios por terem vendido prisioneiros hebreus como escravos aos gregos. Amós repreendia os filisteus (v. 6) e os tírios (v. 9) por terem entregado prisioneiros hebreus aos edomitas (Am 1: 9-10). Nos dias de Acaz (732-716 AC), os edomitas invadiram Judá e apoderaram-se dos cativos israelitas (2 Cr 28: 17) e ainda receberam prisioneiros israelitas capturados por Tiro e Gaza (Am 1: 6; 9). Tiro, tal como Gaza, ocupava-se com o tráfico de escravos (Ez 27: 13).

A expressão ‘Por três transgressões... e por quatro’ se refere aos incontáveis atos maus que foram cometidos pelos tírios.

• ‘Não se lembraram da aliança de irmãos’ – esta é uma referência à aliança entre Salomão e Hirão (1 Rs 5: 12), que tinha implicações espirituais além de acordos políticos (1 Rs 5: 7), e talvez proibisse o comércio de escravos hebreus. Hirão chama Salomão de irmão (1 Rs 9: 13). Durante um longo tempo Israel e Tiro desfrutaram de relações amistosas (2 Sm 5: 11; 1 Rs 5: 1-12). Hirão havia sido amigo de Davi: 1 Rs 5: 1 e ajudou a Salomão na construção do porto de Eziom-Geber no mar Vermelho (Golfo de Aqaba) para facilitar o comércio para o sul. Um dos sucessores de Hirão I, quase um século mais tarde, foi Etbaal (ou Itobal I – 915-856 AC), cuja filha Jezabel se casou com Acabe (874-853 AC), rei de Israel (1 Rs 16: 31). Na época, era comum os habitantes de Tiro serem chamados sidônios; os sidônios, porém, é que nunca são chamados tírios. Por isso está escrito na bíblia que Etbaal era rei dos sidônios, mas na verdade, ele era rei de Tiro e tinha usurpado o trono do seu antecessor.

Tiro era chamada de ‘feira das nações’ ou ‘o suprimento das nações’ por causa do seu grande comércio com inúmeras nações (Is 23: 2-3). Seus mercadores foram os primeiros a navegar através do Mediterrâneo, fundando colônias na costa e ilhas vizinhas do mar Egeu (Grécia), na costa do norte da África (em Cartago), na Sicília, na Córsega e na península Ibérica.

Em 539 AC Ciro conquistou a cidade para o império persa e ela se manteve sob seu domínio. Os habitantes de Tiro supriram Israel com de madeira de cedro para a reconstrução do templo de Jerusalém (Ed 3: 7). Neste momento da História, Tiro era uma cidade arrogante e orgulhosa que confiava em si mesma, achando-se inexpugnável por causa de suas fortalezas; também se vangloriava em suas riquezas e no poder do seu comércio (Zc 9: 3). Ela fechou os portões para os gregos sob o comando de Alexandre o Grande, mas depois do cerco de sete meses e da construção de um novo molhe (um istmo artificial) até a fortaleza da ilha (a Nova Tiro), Alexandre a conquistou em 332 AC. Esse molhe existe até hoje e liga o continente à ilha onde estava situada a cidade de Tiro. Ele tem 1,5 km de comprimento e 2 metros de profundidade. Assim a profecia de Ezequiel (Ez 26-28) foi cumprida plenamente. A grande e arrogante Tiro finalmente tornou-se um lugar para os pescadores secarem as suas redes.

Am 1: 11-12Profecia contra Edom

• Am 1: 11-12: “Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Edom e por quatro, não sustarei o castigo, porque perseguiu o seu irmão à espada e baniu toda a misericórdia; e a sua ira não cessou de despedaçar, e reteve a sua indignação para sempre [NVI: mutilando-o furiosamente e perpetuando para sempre a sua ira]. Por isso, meterei fogo a Temã, fogo que consumirá os castelos de Bozra”.

A expressão ‘Por três transgressões... e por quatro’ se refere aos incontáveis atos maus que foram cometidos pelos Edomitas, como foi mencionado em Am 1: 3 em relação aos sírios.

Outros profetas profetizaram contra Edom: Is 34: 1-10; Is 63: 1-6; Jr 49: 7-22; Ez 25: 12-14; Ez 35: 1-15; Ob 1-14.
Esaú ou Edom (Gn 36: 19) foi o irmão de Jacó, e habitou em Seir, uma montanha que antes pertencia a Seir, o horeu (Gn 36: 8- 9; Gn 36: 20); por isso, Edom é freqüentemente chamado de Seir. É de longa data a discórdia entre Edom e Israel. Alguns exemplos são: Nm 20: 17-21; 2 Rs 8: 20-22; 2 Cr 21: 8-10.
Josafá, rei de Judá, venceu na terra de Edom, os moradores do monte Seir, Moabe e os filhos de Amom (2 Cr 20: 22) com a ajuda do Senhor, pois ao colocar os levitas adiante do exército, esses povos acabaram por guerrear entre si e mataram-se uns aos outros. A bíblia fala que Edom se rebelou contra Jeorão, o filho de Josafá (2 Rs 8: 20-22; 2 Cr 21: 8-10). Nos dias de Acaz (2 Cr 28: 1-6; 2 Rs 16: 1-4), os edomitas invadiram Judá e apoderaram-se dos cativos israelitas (2 Cr 28: 17) e ainda receberam prisioneiros israelitas capturados por Tiro e Gaza (Am 1: 6; 9) porque o Senhor o humilhou por causa de seus pecados de idolatria.
Durante o período do exílio na Babilônia, os edomitas não apenas olharam a destruição de Jerusalém, como ajudaram os Babilônios na pilhagem e mataram os judeus que estavam fugindo da invasão. Por isso, Deus os repreendeu e os puniu (Ob 10-14).
As inscrições assírias mostram que Edom se tornou estado vassalo da Assíria em 736 AC no reinado de Tiglate-Pileser III (745-727 AC). Edom foi destruído cinco anos depois do cativeiro de Judá por Nabucodonosor, ou seja, em 581 AC. Depois, caiu nas mãos dos persas (539 AC) e no séc. III AC foi dominado pelos Nabateus (uma das tribos árabes), que acabaram por empurrar os habitantes de Edom para o sul da Judéia, e que mais tarde foi chamado Iduméia. Judas Macabeu os subjugou (séc. II AC) e João Hircano I (séc. II-I AC) os obrigou a circuncidar-se para poderem ser incorporados pelo povo judeu. Herodes, o Grande, descendia dos Edomitas.

Bozra, ou Botsra, Botzrah, Bozrah (em hebraico: הרצב, botsrâh) foi a capital do povo de Edom, e cujo rei foi Jobabe (Gn 36: 33; 1 Cr 1: 44). Bozra significa ‘curral de ovelhas’ ou ‘aprisco de ovelhas’, indicando que era uma cidade de pastores no sudeste do Mar Morto na terra de Edom. Hoje ela é uma pequena cidade da Jordânia no estado de Tafilah, chamada de Buseirah. Os profetas Amós e Jeremias predisseram a destruição de Bozra (capital de Edom) por Nabucodonosor em 581 AC. O povo de Edom definitivamente foi destruído por Tito em 70 DC.
Temã (têmãn) era filho de Elifaz e neto de Esaú (Gn 36: 9-11; 1 Cr 1: 36), e talvez tenha dado seu nome ao distrito ao norte de Edom (Jr 49: 20; Ez 25: 13; Am 1: 12; Ob 8-9). Seus habitantes eram famosos por causa de sua sabedoria (cf. Jr 49: 7). Elifaz, o temanita, foi um dos consoladores de Jó (Jó 2: 11). Um príncipe de Temã é nomeado entre os chefes de Edom (Gn 36: 15; 42; 1 Cr 1: 53), e Husã (Husão) foi um de seus primeiros governantes (Gn 36: 34). Em sua visão, Habacuque viu Deus, o Santo, vindo de Temã (Hc 3: 3). Embora a localização exata de Temã permaneça desconhecida, há fortes evidências a favor da cidade Jordaniana de Ma‘ãn. Havia muitas nascentes de água na região, e isso a tornava atraente para as caravanas entre a Península Arábica e o Levante. Aqui, Temã é usado como um sinônimo de Edom.

• ‘Porque perseguiu o seu irmão à espada e baniu toda a misericórdia; e a sua ira não cessou de despedaçar, e reteve a sua indignação para sempre [NVI: mutilando-o furiosamente e perpetuando para sempre a sua ira]’ – essa atitude de Edom é muito parecida com a descrita em Ob 10-14, que se encaixa no período do exílio de Judá na Babilônia, e que, nessa profecia de Amós, ainda não tinha ocorrido.


Localização de Edom
Localização de Edom

Am 1: 13-15Profecia contra Amom

• Am 1: 13-15: “Assim diz o Senhor: Por três transgressões dos filhos de Amom e por quatro, não sustarei o castigo, porque rasgaram o ventre às grávidas de Gileade, para dilatarem os seus próprios limites. Por isso, meterei fogo aos muros de Rabá, fogo que consumirá os seus castelos, com alarido no dia da batalha, com turbilhão no dia da tempestade [NVI: em meio a gritos de guerra no dia do combate, em meio a ventos violentos num dia de tempestade]. O seu rei irá para o cativeiro, ele e os seus príncipes juntamente, diz o Senhor [NVI: O seu rei irá para o exílio, ele e toda a sua corte, diz o Senhor]” – cf. Jr 49: 1-6; Ez 21: 28-32; 25: 1-7; Sf 2: 8-11.

A expressão ‘Por três transgressões... e por quatro’ se refere aos incontáveis atos maus que foram cometidos pelos Amonitas, como foi mencionado em Am 1: 3 em relação aos sírios.

Amom ou Ben-Ami era o nome da terra do descendente de Ló (Gn 19: 37), de seu relacionamento incestuoso com a filha mais nova, e significa: filho de meu povo (Ben-Ami) e artesão (Amom). Era irmão de Moabe, nome da terra do descendente de Ló (Gn 19: 37), de seu relacionamento incestuoso com a filha mais velha. Moabe significa: desejo, família de um pai. Eram, portanto, povos aparentados com Israel.
O casamento entre moabitas e judeus não era proibido pelo Senhor; apenas, os moabitas e amonitas eram proibidos de entrar no tabernáculo (Dt 23: 3-4), não propriamente pelo pecado de incesto dos seus ancestrais, e sim porque alugaram Balaão para amaldiçoar os israelitas (Nm 22: 1-6).
Embora povos aparentados com Israel, por meio de Ló, os filhos de Amom estiveram sempre em guerra com os israelitas, da mesma forma que Moabe e Edom.
Quando Deus fala: ‘porque rasgaram o ventre às grávidas de Gileade, para dilatarem os seus próprios limites’, Ele estava se referindo aos dias dos juízes (Jefté), quando o povo se corrompeu com os deuses amonitas (Jz 10: 6) e o Senhor os entregou nas mãos dos filisteus e dos amonitas por dezoito anos (Jz 10: 8). Estes passaram a oprimir Israel, principalmente as tribos que estavam dalém do Jordão (Rúben, Gade e Manassés, na região de Gileade – Jz 10: 8; Jz 11: 4). Depois, passaram o Jordão para pelejar também contra Judá e Benjamim (Jz 10: 9), mas foram repelidos por Jefté (Jz 11: 32-33). Antes do período de Jefté, os amonitas ajudaram Eglom (rei dos moabitas) e Moabe a subjugar o território israelita (Jz 3: 13). No tempo de Samuel, Naás, rei dos amonitas, cercou Jabes-Gileade pouco antes de tornar-se rei. Saul reuniu Israel e repeliu Naás (1 Sm 11: 1-2; 11; 1 Sm 12: 12; 1 Sm 14: 47). Naás se tornou amigo de Davi (2 Sm 10: 1-2), mas seu filho Hanum não, o que levou Joabe, o general de Davi, à guerra (2 Sm 10: 1-19; 1 Cr 19: 1-19). Um ano depois os israelitas capturaram Rabá, a capital amonita (2 Sm 12: 26-31; 1 Cr 20: 1-3) e submeteram o povo a trabalhos forçados.

Salomão teve muitas mulheres amonitas e passou a adorar Milcom (Moloque) e Quemos (1 Rs 11: 1, 5, 7, 33). Uma dessas mulheres, Naamá, foi mãe de Roboão (1 Rs 14: 21; 31; 2 Cr 12: 13). Por isso, o Senhor o desamparou e o entregou nas mãos de inimigos. No tempo de Josafá (2 Cr 20: 1-30), os amonitas se aliaram com os moabitas e os edomitas contra Judá, mas foram vencidos. Nos dias de Uzias e Jotão os amonitas pagaram tributo a Judá (2 Cr 26: 8; 2 Cr 27: 5). Nos tempos de Jeoaquim, os amonitas, os moabitas, os siros e os caldeus foram levantados pelo Senhor contra o rei de Judá por causa dos seus atos pecaminosos e, após a queda de Jerusalém (586 AC), o rei amonita, Baalis, provocou outras tribulações (Jr 40: 11-14 cf. 2 Rs 25: 25).

‘Por isso, meterei fogo aos muros de Rabá, em meio a gritos de guerra’, provavelmente, se refere à tomada de Amom pelos babilônios, não muito tempo depois da queda de Jerusalém (Jr 49: 2-5; Ez 21: 28-32; Ez 25: 2-7; Sf 2: 8-11; Am 1: 13-15). Rabá (2 Sm 12: 26-31) era a capital dos amonitas. Pode ser pensado também nos assírios, embora não esteja muito clara na bíblia esta referência, se levarmos em conta alguns achados arqueológicos que dizem ter se achado nas inscrições do palácio de Tiglate-Pileser III (745-727 AC) uma lista de reis que foram obrigados a lhe pagar tributo, entre eles o rei de Amom, Sanipu. Outras nações e seus reis também foram registrados: Salamanu, rei de Moabe; Qaushmalaca, rei de Edom; Mitinti, rei de Asquelom; Hanno, rei de Gaza; Acaz, rei de Judá e Menaém, rei de Samaria. Senaqueribe (705-681 AC) também deixou escritos os nomes de outras nações e reis que o reverenciaram e pagaram tributo: Buduilu, rei de Amom; Etbaal, rei de Sidom; e o rei de Asdode.

‘O seu rei irá para o cativeiro, ele e os seus príncipes juntamente [NVI: ele e toda a sua corte, diz o Senhor]’ – provavelmente é de Baalis que estava se falando (Jr 40: 14). Da mesma forma que Edom, Amom também se alegrou com o cativeiro de Judá e, por isso também, o Senhor os puniria.

Após o exílio, Tobias o governador de Amom, tentou impedir a construção dos muros por Neemias (Ne 2: 10-19; Ne 4: 3; 7).
No período helenístico ocorreu a ascensão de um partido judaico pró-helênico que se desenvolveu pela primeira vez na diáspora judaica de Alexandria e Antioquia (na Síria) e depois se espalhou para a Judéia, por exemplo, na família dos Tobíadas, da qual Menelau ou Menaém, o sumo sacerdote, provavelmente fazia parte, sendo um desses simpatizantes. Os Tobíadas eram da terra de Amom. Willreich (um bispo alemão de Bremen, Alemanha, século IX) os associa com Tobias, o servo amonita mencionado por Neemias que, conseqüentemente, veio do distrito jordaniano oriental. Antíoco IV Epifânio apoiou o partido que favorecia a helenização e a romanização. Entre os judeus e os sumo sacerdotes havia incrédulos, como Menelau (provavelmente da família dos Tobíadas) e Jason (outro amonita), que facilitaram a infiltração de Antíoco Epifânio na Cidade Santa. O profeta Daniel, na sua profecia, os chama de ‘os violadores da aliança’ (Dn 11: 32).
Esta situação (romanização e helenização da Judéia) gerou descontentamento entre os judeus fiéis como Matatias e seus filhos: Simão, Judas (o Macabeu), Eleazar, João e Jônatas (a família Hasmoneana, conhecida como Macabeus). Os amonitas sobreviveram até o século II AC. Judas Macabeu teve de combatê-los em seus dias.

Capítulo 2

Am 2: 1-3Profecia contra Moabe

• Am 2: 1-3: “Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Moabe e por quatro, não sustarei o castigo, porque queimou os ossos do rei de Edom, até os reduzir a cal [NVI: cinzas]. Por isso, meterei fogo a Moabe, fogo que consumirá os castelos de Queriote [NVI: ‘as fortalezas de Queriote’ ou ‘de suas cidades’; Queriote significa ‘cidade’]; Moabe morrerá entre grande estrondo, alarido e som de trombeta [NVI: em meio a gritos de guerra e ao toque da trombeta]. Eliminarei o juiz do meio dele [NVI: o seu governante] e a todos os seus príncipes [NVI: todas as autoridades] com ele matarei, diz o Senhor”.

A expressão ‘Por três transgressões... e por quatro’ se refere aos incontáveis atos maus que foram cometidos pelos Moabitas, como foi mencionado em Am 1: 3 em relação aos sírios.

Queriote era uma cidade de Moabe (Jr 48: 24). Ali havia um santuário dedicado a Camos ou Quemos, o deus moabita. Essa cidade adquiriu importância por causa de outra cidade a leste do Jordão, chamada Atarote, e que foi uma cidade edificada pelos reis de Israel para os homens de Gade. Ela foi capturada por Mesa, rei dos moabitas, que matou seus habitantes; e seu chefe, Arel (ou Oriel), foi arrastado perante Quemos, em Queriote.
Como falei no trecho sobre Amom, Moabe era o nome da terra do descendente de Ló (Gn 19: 37), de seu relacionamento incestuoso com a filha mais velha. Moabe significa: desejo, família de um pai. Era irmão de Ben-Ami ou Amom, descendente do incesto de Ló com a filha mais nova e significa: filho de meu povo (Ben-Ami) e artesão (Amom). Eram, portanto, povos aparentados com Israel. O casamento entre moabitas e judeus não era proibido pelo Senhor; apenas, os moabitas e amonitas eram proibidos de entrar no tabernáculo (Dt 23: 3-4), não propriamente pelo pecado de incesto dos seus ancestrais, e sim porque alugaram Balaão para amaldiçoar os israelitas (Nm 22: 1-6).
Outros profetas profetizaram contra Moabe: Is 15: 1 – 16: 14; Is 25: 10-12; Jr 48: 1-47; Ez 25: 8-11; Sf 2: 8-11.

Geograficamente falando, Moabe é o nome histórico de uma faixa de terra montanhosa no que é atualmente a Jordânia, ao longo da margem oriental do Mar Morto. Moabe era uma terra de cidades fortificadas e com muitos rios e correntes de água para regar os campos, propícios a pastos e cultivo de uvas e muitas espécies de árvores, como o bálsamo.

Por isso, Ló escolheu aquela região para morar (Gn 13: 10-12); mais especificamente numa caverna perto de Zoar, antes chamada Bela (Gn 14: 8), na planície localizada ao longo do vale do Jordão inferior e da planície do Mar Morto. Devido às águas que descem das montanhas de Moabe, Zoar era um oásis florescente. Zoar significa ‘pequeno’. Este lugar, provavelmente, pode ser atualmente identificado como Safi (uns dizem que se chama Tell Esh-Shaghur), por detrás do qual o terreno se vai elevando pelo espaço de três ou cinco quilômetros, existindo ali muitas cavernas. Zoar era uma das cinco cidades descritas em Gn 14: 8 [Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim, Bela (Zoar – Gn 19: 20; 22)], a qual foi poupada na destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 19: 23-25; 29; 30; Dt 29: 23).
Desde o tempo de Davi, Moabe e Edom eram submissos a Israel e pagava tributo ao rei de Judá (2 Sm 8: 2). Depois, os reis de Moabe começaram a pagar seu tributo aos reis de Israel com cem mil cordeiros e a lã de cem mil carneiros até a morte de Acabe (2 Rs 3: 4-5, por volta de 853 AC), quando Mesa, rei dos Moabitas se rebelou e deixou de pagar o tributo. Ameaçou invadir Israel no reinado de Jorão, filho de Acabe, que junto com Josafá (rei de Judá) e o rei de Edom foram à guerra contra Moabe (2 Rs 3: 7-9). A guerra estava tendo sucesso a favor de Josafá e Jorão, até que Mesa, em desespero, sacrificou seu filho mais velho a seu deus Quemos (2 Rs 3: 26-27). Quando Amós fala ‘queimou os ossos do rei de Edom, até os reduzir a cal’, ele se refere à vingança do rei de Moabe por causa da guerra, ou seja, pelo fato de ter sacrificado o próprio filho e não ter podido matar o rei de Edom naquela ocasião, ele profanou o túmulo deste rei e queimou seus ossos, anos mais tarde, quando este já estava morto, segundo a opinião de alguns historiadores.
Mesa reconstruiu algumas cidades de Moabe à custa de trabalhos forçados dos israelitas, inclusive reservatórios e cisternas, muros, portões, torres e o palácio do rei, construído na cidade de Qarhoh (Karchah).

Durante a última metade do século VIII AC Moabe foi subjugado pela Assíria (Salmaneser, Senaqueribe ou Esar-Hadom) e compelido a pagar tributo, mas depois da queda da Assíria, ficou novamente livre. Moabitas penetraram em Judá nos dias de Jeoaquim (2 Rs 24: 2). Por ocasião da queda de Jerusalém (586 AC), alguns judeus encontraram refúgio em Moabe, mas retornaram quando Gedalias foi nomeado governador (Jr 40: 11). Moabe foi finalmente subjugado por Nabucodonosor e caiu sucessivamente debaixo do controle dos persas e de vários grupos árabes do norte da Arábia, incluindo os quedaritas (aliados dos Nabateus). Os moabitas deixaram de ter existência independente como nação, embora nos tempos pós-exílicos continuassem a ser reconhecidos como uma raça (Ed 9: 1; Ne 13: 1; 23), i.e., a terra de Moabe continuou sendo conhecida por seu nome bíblico por algum tempo. Alexandre Janeu (103-76 AC), rei da Judéia de linhagem sacerdotal Hasmoneana, os subjugou no final do segundo século AC, anexando seu território aos de Samaria e de Iduméia, que já estavam sob o controle de Jerusalém. Mais tarde, a antiga terra de Moabe foi ocupada pelos Nabateus.


Pedra Moabita

Pedra Moabita (Estela de Mesa): Os fragmentos castanhos são peças da estela original, enquanto o material preto mais suave é a reconstrução de Ganneau da década de 1870.

Todos os detalhes das conquistas de Mesa, o rei moabita, podem ser encontrados na ‘estela de Mesa’ (com data de 840-810 AC), também conhecida como ‘Pedra Moabita’, descoberta intacta em 1868 por um missionário anglicano (Frederick Augustus Klein) na antiga cidade de Dibom (agora Dhiban, Jordânia). Posteriormente a pedra foi quebrada por aldeões locais durante uma disputa sobre sua propriedade. Os fragmentos com a maior parte da inscrição (613 das 1.000 letras que a pedra contém) foram posteriormente recuperados e reunidos. A pedra moabita, reconstruída na década de 1870 por um francês, Ganneau, se encontra no Museu do Louvre.

Am 2: 4-5 – Ameaças contra Judá

• Am 2: 4-5: “Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Judá e por quatro, não sustarei o castigo, porque rejeitaram a lei do Senhor e não guardaram os seus estatutos; antes, as suas próprias mentiras os enganaram, e após elas andaram seus pais [NVI: porque se deixou enganar por deuses falsos, deuses que os seus antepassados seguiram]. Por isso, meterei fogo a Judá, fogo que consumirá os castelos de Jerusalém”.

O profeta dirigiu as profecias anteriores ao povo de Israel, falando que as nações ímpias sofreriam a punição de Deus. Agora, ele fala sobre o reino do sul, Judá, que por seguir conscientemente a idolatria e se desviar dos Seus mandamentos também terão que acertar as contas com Deus (‘Por três transgressões... e por quatro, não sustarei o castigo’). Quando o Senhor fala ‘meterei fogo a Judá, fogo que consumirá os castelos de Jerusalém’ Ele se refere à invasão babilônica, que destruirá o palácio real e as grandes casas dos nobres de Jerusalém. Os falsos deuses enganavam o povo quanto à sua capacidade de salvá-los das suas tribulações. E o povo acreditava nessas mentiras, mas se decepcionariam depois. Judá havia caído nos mesmos pecados de Israel (2 Rs 17: 19; 2 Cr 36: 14-16).
Esse discurso de Amós era preparatório para o próximo, dirigido especificamente à nação de Israel.

Am 2: 6-16 – Ameaças contra Israel

• Am 2: 6-7: “Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Israel e por quatro, não sustarei o castigo, porque os juízes vendem o justo por dinheiro [NVI: prata; pois em hebraico, a palavra é keseph, que significa ‘prata’. Nossa versão da bíblia traduz Keseph (‘prata’) usualmente como dinheiro] e condenam o necessitado por causa de um par de sandálias. Suspiram pelo pó da terra sobre a cabeça dos pobres [NVI: Pisam a cabeça dos necessitados como pisam o pó da terra] e pervertem o caminho dos mansos [NVI: e negam justiça ao oprimido]; um homem e seu pai coabitam com a mesma jovem e, assim, profanam o meu santo nome [NVI: Pai e filho possuem a mesma mulher e assim profanam o meu santo nome]”.

Na época de Jeroboão II (782-753 AC – 2 Rs 14: 23-29), a opressão da Síria tinha diminuído sobre Israel devido às vitórias que Deus tinha dado a Jeoás, o pai de Jeroboão II (2 Rs 13: 22-25), e este resolveu estender suas fronteiras (2 Rs 14: 25) e a desenvolver um comércio lucrativo, o que criou uma poderosa classe de negociantes em Samaria. Mas a riqueza não era distribuída equitativamente entre o povo. Permanecia nas mãos dos negociantes ricos. A opressão contra os pobres era comum (Am 2: 6). Os ricos eram de coração endurecido e indiferente para com as aflições dos famintos (Am 6: 3-6). A justiça se inclinava para os que podiam pagar subornos mais elevados (Am 2: 6; Am 8: 6). Nos períodos de seca (Am 4: 7-9) os pobres só podiam obter recursos entre os agiotas (Am 5: 11; Am 8: 4-6) a quem eram obrigados a hipotecar suas terras e suas pessoas, até seus entes queridos.
Amós fala sobre o descontentamento de Deus contra a exploração dos mais pobres e indefesos (Am 2: 6-7). Os juízes vendiam o justo por dinheiro e, por um par de sandálias condenavam o necessitado; humilhavam os menos privilegiados (‘Pisam a cabeça dos necessitados como pisam o pó da terra’) e negavam justiça aos oprimidos. Transgrediam a lei de Deus até em relação ao matrimônio, pois pai e filho mantinham relação com a mesma moça e tudo ficava por isso mesmo. O nome do Senhor era profanado com essas atitudes. Provavelmente, o profeta estava se referindo à prostitutas cultuais que participavam do ritual do culto à fertilidade dos Cananeus no templo de Astarte, ritual com o qual os israelitas tinham se envolvido.

• v. 8: “E se deitam ao pé de qualquer altar sobre roupas empenhadas [NVI: Inclinam-se diante de qualquer altar com roupas tomadas como penhor] e, na casa do seu deus, bebem o vinho dos que foram multados [NVI: No templo do seu deus bebem vinho recebido como multa]”.

Amós também critica o materialismo e o baixo nível moral de Israel que tinha absorvido isso dos seus vizinhos pagãos (Am 2: 8-16).
A religião era pervertida, com a adoração de falsos deuses, inclusive com ricos cerimoniais e sacrifícios oferecidos à custa dos pobres. As roupas dos pobres eram peças quadradas de tecido, que serviam como cobertas à noite. Os credores estavam exigindo em penhor pela dívida até as vestimentas necessárias para a sobrevivência. O dinheiro coletado dos pobres, de maneira injusta, era gasto para comprar vinho para as festas aos deuses. A lei falava sobre o penhor (Êx 22: 26-27; Dt 24: 12-13), mas ninguém se lembrava dela:
• Êx 22: 26-27: “Se do teu próximo tomares em penhor a sua veste, lha restituirás antes do pôr-do-sol; porque é com ela que se cobre, é a veste do seu corpo; em que se deitaria? Será, pois, que, quando clamar a mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso”.
• Dt 24: 12-13: “Porém, se for homem pobre, não usarás de noite o seu penhor; em se pondo o sol, restituir-lhe-ás, sem falta, o penhor para que durma no seu manto e te abençoe; isto te será justiça diante do Senhor, teu Deus”.

• v. 9-10: “Todavia, eu destruí diante deles o amorreu, cuja altura era como a dos cedros, e que era forte como os carvalhos [NVI: Fui eu que destruí os amorreus diante deles, embora fossem altos como o cedro e fortes como o carvalho]; e destruí o seu fruto por cima e as suas raízes por baixo. Também vos fiz subir da terra do Egito e quarenta anos vos conduzi no deserto, para que possuísseis a terra do amorreu”.

Aqui o Senhor os lembra de que foi Ele que destruiu os amorreus diante deles, quando entraram na Terra Prometida, pois os amorreus eram uma das tribos mais fortes de Canaã, povo de grande estatura, força, poderio e magnificência, semelhante às grandes árvores como os cedros e os carvalhos.

• v. 11-12: “Dentre os vossos filhos, suscitei profetas e, dentre os vossos jovens, nazireus. Não é isto assim, filhos de Israel? – diz o Senhor. Mas vós aos nazireus destes a beber vinho e aos profetas ordenastes, dizendo: Não profetizeis” (cf. Is 28: 7).

Os Nazireus (consagrados a Deus, como Samuel, Sansão e João Batista) deviam seguir certas regras, entre elas, a de não beber vinho. Mas no meio de uma sociedade corrompida e de sacerdotes irreverentes, eles faziam até o que lhes era proibido.

• v. 13-16: “Eis que farei oscilar a terra debaixo de vós, como oscila um carro carregado de feixes [NVI: eu os amassarei como uma carroça amassa a terra quando carregada de trigo]. De nada valerá a fuga ao ágil, o forte não usará a sua força, nem o valente salvará a sua vida. O que maneja o arco não resistirá, [NVI: O arqueiro não manterá a sua posição] nem o ligeiro de pés se livrará, nem tampouco o que vai montado a cavalo salvará a sua vida. E o mais corajoso entre os valentes fugirá nu naquele dia, disse o Senhor”.

Por causa de tanta transgressão de Israel (cf. 2 Rs 17: 7-23), o Senhor os entregou nas mãos dos assírios, que os levaram para o cativeiro.
‘Eis que farei oscilar a terra debaixo de vós, como oscila um carro carregado de feixes’ ou ‘eu os amassarei como uma carroça amassa a terra quando carregada de trigo’ – significa que a segurança seria tirada deles; aquilo em que eles confiavam seria removido e eles experimentariam a privação para dar valor àquilo que Deus lhes dava e ao que era profetizado por Seus profetas.
‘O que maneja o arco não resistirá; nem o ligeiro de pés se livrará, nem tampouco o que vai montado a cavalo salvará a sua vida. E o mais corajoso entre os valentes fugirá nu naquele dia, disse o Senhor’ – significa que nem o mais experiente guerreiro poderia manter-se na sua posição, nem os mais ágeis e capacitados poderiam fugir. O Senhor os entregaria totalmente nas mãos do inimigo.

Oséias (732-723 AC) foi o último rei de Israel (o reino do norte, governando em Samaria, a capital). Salmaneser V da Assíria, no sétimo ano de Oséias (725 AC), subiu contra Israel e o derrotou, mesmo porque este pediu auxílio a Faraó Sô do Egito (2 Rs 17: 4; provavelmente uma abreviatura de (O)so(rkon), Osorkon IV, da 22ª dinastia – 730-712 AC, que reinou em Tânis e Bubástis – ou Tefnacte, da 24ª dinastia, e que reinou em Saís, 732-725 AC). Oséias foi encarcerado. Samaria foi sitiada por três anos (2 Rs 17: 5-6; 2 Rs 18: 9-11). No 9º de Oséias (2 Rs 18: 9-11), Samaria foi tomada por Sargom II (722-705 AC). O rei da Assíria transportou a Israel para a Assíria e o fez habitar em Hala, junto a Habor (2 Rs 17: 6; 2 Rs 18: 11; 1 Cr 5: 26) e ao rio Gozã, e nas cidades dos Medos. Habor – um rio (atualmente Habür), que deságua no Eufrates. Atravessava a província Assíria de Gozã (nehar gôzãn, ‘rio de Gozã’). No lugar da população israelita, foram trazidos (2 Rs 17: 24; 30-31) os habitantes da Babilônia, de Cuta, Ava, Hamate e Sefarvaim. Ninrode habitou entre Nínive e Cala (Gn 10: 11; provavelmente Hala).

Capítulo 3 – O castigo contra a maldade de Israel

• Am 3: 1-2: “Ouvi a palavra que o Senhor fala contra vós outros, filhos de Israel, contra toda a família que ele fez subir da terra do Egito, dizendo: De todas as famílias da terra, somente a vós outros vos escolhi; portanto, eu vos punirei por todas as vossas iniqüidades”.

O Senhor diz ao Seu povo que dentre todas as famílias da terra, Ele os escolheu, e os fez sair do Egito. E quando Ele fala ‘toda a família’ Ele está se referindo a todas as doze tribos. Ele os escolheu para ter um relacionamento especial com Ele e ser Sua voz no meio de todas as nações. Através deles, todas as famílias da terra seriam abençoadas; e isso era uma responsabilidade que Deus dava a eles.

Mas como um pai pune seus filhos quando é preciso (Dt 8: 5; Jó 5: 17; Pv 3: 12; Hb 12: 6-7; Ap 3: 19), Ele os puniria pode causa do que fizeram, pelos seus pecados (2 Rs 17: 7-23): temeram a outros deuses, ao invés de temer o Senhor; andaram nos estatutos das nações pagãs e nos costumes estabelecidos pelos reis de Israel (Jeroboão I – 1 Rs 12: 25-33); edificaram para si altos idólatras; levantaram colunas e postes-ídolos para adorar; queimaram incenso em todos os altos; cometeram ações perversas para provocarem o Senhor à ira e serviram os ídolos; fizeram para si imagens de fundição, dois bezerros; fizeram um poste-ídolo, e adoraram todo o exército do céu, e serviram a Baal; queimaram a seus filhos e a suas filhas como sacrifício, deram-se à prática de adivinhações e criam em agouros. Por isso, Ele rejeitou a toda a descendência de Israel, e os entregou nas mãos dos assírios, que os despojaram, e os expulsou da Sua presença. Os filhos de Israel andaram em todos os pecados que Jeroboão I tinha cometido. O Senhor advertiu a Israel e a Judá por intermédio de todos os profetas e de todos os videntes, para guardarem os Seus mandamentos e os Seus estatutos, porém eles não lhes deram ouvidos e se tornaram ainda mais obstinados. Judá seguiu o exemplo de Israel.

Quanto a Jeroboão I (1 Rs 12: 25-33), o rei de Israel (as dez tribos que se separaram), com medo de que o povo voltasse a adorar em Jerusalém e retornasse para Roboão, fez dois bezerros de ouro e disse ao povo que aqueles eram os deuses que os fizeram sair do Egito. E pôs um em Betel e o outro, em Dã. Também fez santuários nos altos e, dentre o povo, constituiu sacerdotes que não eram dos filhos de Levi. Ali se queimava incenso. A seu bel-prazer instituiu uma festa no 15º dia do 8º mês, igual à festa dos Tabernáculos que se fazia em Judá, e sacrificou no altar em Betel e em Dã.
O povo e os reis de Israel seguiram o seu exemplo por dois séculos.

• Am 3: 3-7: “Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo? [NVI: Duas pessoas andarão juntas se não estiverem de acordo? (ou ‘tiverem combinado’)] Rugirá o leão no bosque, sem que tenha presa? Levantará o leãozinho no covil a sua voz, se nada tiver apanhado? Cairá a ave no laço em terra, se não houver armadilha para ela? [NVI: Cai o pássaro numa armadilha que não foi armada?] Levantar-se-á o laço da terra, sem que tenha apanhado alguma coisa? Tocar-se-á a trombeta na cidade, sem que o povo se estremeça? Sucederá algum mal à cidade, sem que o Senhor o tenha feito? [NVI: a tenha mandado]. Certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo [NVI: o seu plano] aos seus servos, os profetas”.

Aqui, o Senhor usa várias metáforas para dizer coisas aos israelitas: duas pessoas não podem andar juntas se não concordarem a respeito de alguma coisa (ou seja, se não tiverem um compromisso); e que nenhum animal ruge sem que tenha apanhado a presa, como nenhuma ave cai no laço se não houver uma armadilha pronta para ela. Da mesma forma, o laço não se move até que tenha apanhado a presa; um povo não treme de medo na cidade se a trombeta não tocar avisando de um ataque, nem uma cidade sofrerá algum mal (uma calamidade) sem que o Senhor tenha ordenado ou permitido. Tudo isso quer dizer que nada acontece por acaso, e que há sempre uma conseqüência em todos os atos, sempre há uma reciprocidade, sempre há um aviso primeiro.
Por isso, Ele diz que não vai fazer coisa alguma sem que primeiro Ele use Seus profetas para lhes dar o aviso: ‘Certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo [NVI: o seu plano] aos seus servos, os profetas’. Quando Deus envia uma calamidade, Ele também revela o propósito dela.

• Am 3: 8-10: “Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor Deus, quem não profetizará? Fazei ouvir isto nos castelos de Asdode [a Septuaginta diz: Assíria] e nos castelos da terra do Egito e dizei: Ajuntai-vos sobre os montes de Samaria e vede que grandes tumultos há nela e que opressões há no meio dela. Porque Israel não sabe fazer o que é reto, diz o Senhor, e entesoura nos seus castelos a violência e a devastação [NVI: acumulam em seus palácios o que roubaram e saquearam]”.

Então, o profeta diz que o leão já rugiu (o leão pode ser o símbolo da marcha do exército assírio). Ele já falou e continua falando pela boca de Seus profetas o que vai acontecer, e até o inimigo já está sabendo. A Filístia, a Assíria e o Egito estão sendo chamados para vir a Samaria e ver quantos pecados há na cidade, quanta corrupção. Há violência, roubo e ganância, dinheiro ganho de maneira ilícita acumulada em seus palácios. Israel perdeu todo o senso moral.

• Am 3: 11-15: “Portanto, assim diz o Senhor Deus: Um inimigo cercará a tua terra, derribará a tua fortaleza, e os teus castelos serão saqueados. Assim diz o Senhor: Como o pastor livra da boca do leão as duas pernas ou um pedacinho da orelha, assim serão salvos os filhos de Israel que habitam em Samaria com apenas o canto da cama e parte do leito. Ouvi e protestai contra a casa de Jacó, diz o Senhor Deus, o Deus dos Exércitos: No dia em que eu punir Israel, por causa das suas transgressões, visitarei também os altares de Betel; e as pontas do altar serão cortadas e cairão por terra. Derribarei a casa de inverno com a casa de verão; as casas de marfim perecerão, e as grandes casas serão destruídas, diz o Senhor”.

Amós avisa outra vez que um inimigo (Assíria) cercará a terra de Israel, derrubará as cidades fortificadas e saqueará seus castelos. O Senhor salvará apenas um remanescente, um restinho do que ficar nas garras do inimigo, aqueles pobres e insignificantes dos quais ele não fez conta; ou aqueles que, pela sua pobreza, têm apenas um canto ou um pedaço de cama para se deitar; e sua fuga será como um milagre. No dia que Ele os punir por causa de suas transgressões, o altar de Betel também será destruído; não sobrará nada. As pontas do altar (os chifres) eram o lugar onde se amarravam os animais para o sacrifício. Elas eram sagradas para os israelitas porque o sangue do sacrifício era aplicado nelas (Lv. 4: 30), portanto, cortá-las fora era um ato de profanação. Quem pegava nas pontas do altar estava protegido por Deus, até que fosse provada a sua culpa ou a sua inocência, como aconteceu com Adonias (1 Rs 1: 50).
Os palácios dos reis e as casas dos nobres serão totalmente arruinadas.

Este texto se encontra no 1º volume do livro:


livro evangélico: Os profetas menores

Os profetas menores vol. 1 (PDF)

Os profetas menores vol. 2

Os profetas menores vol. 3

The minor prophets vol. 1 (PDF)

The minor prophets vol. 2

The minor prophets vol. 3

Sugestão de leitura:


livro evangélico: Profeta, o mensageiro de Deus

Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)

Prophet, the messenger of God (PDF)

Sugestão para download:


tabela de profetas AT

Tabela dos profetas (PDF)

Table about the prophets (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

▲ Início  

BRADESCO PIX:$ relacionamentosearaagape@gmail.com

E-mail: relacionamentosearaagape@gmail.com