Amós (cap. 7–9) tem visões que simbolizam o juízo de Deus (gafanhotos, fogo, prumo e um cesto de frutos de verão); fala da conversão dos gentios (A tenda caída de Davi), a sede da palavra de Deus nos últimos dias e a restauração de Israel.

Amos (ch 7–9) has visions that symbolize God’s judgment (locusts, fire, plumb line, a basket of summer fruit); he speaks of the conversion of the Gentiles (‘Raising David’s fallen tent’), the thirst for God’s word in the last days and the restoration of Israel.


Explicação de Amós 7–9




Nos três capítulos a seguir (7, 8, 9) ele continua a profetizar sobre o destino de Israel, o exílio na Assíria, motivo pelo qual foi acusado como conspirador, e expulso de Betel pelo sacerdote idólatra que ali ministrava. As visões que Amós teve são símbolos do juízo de Deus (gafanhotos: Am 7: 1-7; fogo: Am 7: 4-6; prumo: Am 7: 7-9; um cesto de frutos de verão: Am 8: 1-14). A mensagem central de sua profecia é a soberania divina sobre todas as coisas (natureza, nações, seres humanos). O livro termina com uma profecia sobre a futura conversão dos gentios – ‘Levantar a tenda caída de Davi [o tabernáculo caído de Davi]’ (Am 9: 11-12 cf. At 15: 16-18).

Há uma referência interessante em Am 8: 11-13 sobre a ‘sede da palavra de Deus’ nos últimos dias, o que nos faz pensar não somente no provável teor apocalíptico da profecia como também no Período Intertestamentário, em que o povo viveu um longo período de silêncio de Deus, que já não falava mais pela boca dos Seus profetas. Também este trecho é considerado pelos estudiosos como o momento do cativeiro na Assíria ou a rejeição dos Judeus a Cristo, que fez com que Sua palavra e Sua graça fossem retiradas deles e passadas aos gentios.

A mensagem central de sua profecia é a soberania divina sobre todas as coisas (natureza, nações, seres humanos).


Profeta Amós

Capítulo 7 – A visão do gafanhoto, do fogo e do prumo

• Am 7: 1-3: “Isto me fez ver o Senhor Deus: eis que ele formava gafanhotos ao surgir o rebento da erva serôdia; e era a erva serôdia depois de findas as ceifas do rei [NVI: ele estava preparando enxames de gafanhotos depois da colheita do rei, justo quando brotava a segunda safra]. Tendo eles comido de todo a erva da terra, disse eu: Senhor Deus, perdoa, rogo-te; como subsistirá Jacó? Pois ele é pequeno. Então, o Senhor se arrependeu disso. Não acontecerá, disse o Senhor”.

As visões que Amós teve são símbolos do juízo de Deus (gafanhotos: Am 7: 1-7; fogo: Am 7: 4-6; prumo: Am 7: 7-9; um cesto de frutos de verão: Am 8: 1-14).

A primeira delas foi a de um enxame de gafanhotos que comiam os brotos na época propícia para a colheita, na primavera (Março–Abril / Abril–Maio; colheita de cevada e trigo). Amós intercedeu e Deus não enviou os gafanhotos devoradores.
‘Erva serôdia’ é o trigo ou a cevada que cresce depois das chuvas serôdias (de março e abril) que prepara a seara para a colheita.
‘As ceifas do rei’ – o primeiro corte da espiga de trigo e cevada era separado para alimentação dos cavalos do rei, antes que o povo cortasse o resto.
Assim, o que ele estava falando é que os gafanhotos iriam comer o produto da colheita destinada à subsistência humana, não o que era dado aos cavalos do rei.
Em inglês, o termo ‘locusta’ é usado para algumas espécies de gafanhotos de chifres curtos na família Acrididae, com pernas traseiras poderosas que os permitem saltar distâncias maiores, e que sob certas condições ambientais e pela estimulação tátil das patas traseiras mudam de cor, comem muito mais e procriam muito mais facilmente, formando enxames. Nenhuma distinção taxonômica é feita entre espécies de gafanhotos e locustas. Os gafanhotos geralmente são insetos solitários. A imagem abaixo mostra as fases: solitária (gafanhoto) e gregária (enxame) da locusta do deserto.


Locusta do deserto
Locusta do deserto

Gafanhoto Locusta
Gafanhoto / Locusta

• Am 7: 4-6: “Isto me mostrou o Senhor Deus: eis que o Senhor Deus chamou o fogo para exercer a sua justiça; este consumiu o grande abismo e devorava a herança do Senhor [NVI: o qual secou o grande abismo e devorou a terra]. Então, disse eu: Senhor Deus, cessa agora; como subsistirá Jacó? Pois ele é pequeno. E o Senhor se arrependeu disso. Também não acontecerá, disse o Senhor Deus”.

Novamente o profeta teve uma visão, agora com um fogo consumidor que devorava a terra de Israel. Ele intercedeu e o Senhor sustou o castigo. Era o símbolo de mais um conflito entre o Senhor e o Seu povo, como se Ele esperasse que a ‘medida da iniqüidade’ deles fosse cheia. Ele executaria o Seu juízo através do fogo.

‘Este (o fogo) consumiu o grande abismo’ – provavelmente se trata do calor intenso de um verão severo que secou as fontes de água das nascentes e dos rios e assim afetou a terra.
As duas primeiras visões são paralelas com os castigos de Amós 4: 6-11.

• Am 7: 7-9: “Mostrou-me também isto: eis que o Senhor estava sobre um muro levantado a prumo; e tinha um prumo na mão [NVI: o Senhor, com um prumo na mão, estava junto a um muro construído no rigor do prumo]. O Senhor me disse: Que vês tu, Amós? Respondi: Um prumo. Então, me disse o Senhor: Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo de Israel; e jamais passarei por ele [NVI: não vou poupá-lo mais]. Mas os altos de Isaque serão assolados, e destruídos, os santuários de Israel; e levantar-me-ei com a espada contra a casa de Jeroboão [NVI: contra a dinastia de Jeroboão]”.

Pela terceira vez o profeta tem uma visão a respeito do juízo de Deus contra o Seu povo, dessa vez com um prumo na Sua mão. O prumo significa que o julgamento de Deus é segundo as regras mais exatas da justiça.
• ‘no meio do meu povo de Israel’ – se refere a Salmaneser, que cercou Samaria por 3 anos e seu filho Sargom II levou o povo cativo para a Assíria.
• ‘Jamais passarei por ele’ – significa não perdoá-los mais, exercer o castigo completo.
Podemos dizer com isso que a paciência de Deus com eles se esgotou. Os altos idólatras seriam assolados, bem como os santuários em Dã e Betel, erguidos desde o tempo de Jeroboão I e aceitos pelos reis que se seguiram até Jeroboão II (quando foi feita esta profecia), e pelos reis que o sucederam (2 Rs 17: 22) até Oséias, quando se deu a queda de Samaria (722 AC), e o povo foi levado cativo.
• ‘Levantar-me-ei com a espada’ – significa o exército assírio (cf. Am 6: 14).
• ‘A casa de Jeroboão’ ou ‘a dinastia de Jeroboão’ não foi necessariamente a descendência de sangue de Jeroboão II, mas seus sucessores, pois muitos reis assumiram o poder através de conspiração contra os seus antecessores. Depois de Jeroboão II vieram: Zacarias (seu filho – 2 Rs 14: 29), Salum (conspirou contra Zacarias – 2 Rs 15: 10), Menaém (conspirou contra Salum – 2 Rs 15: 14), Pecaías (seu filho – 2 Rs 15: 22-23), Peca (conspirou contra Pecaías – 2 Rs 15: 25), Oséias (conspirou contra Peca e o matou – 2 Rs 15: 30).

Tiglate-Pileser III (745-727 AC) conquistou três regiões de Israel entre 734-732 AC: Zebulom, Naftali e Galiléia (2 Rs 15: 29: “Nos dias de Peca, rei de Israel, veio Tiglate-Pileser, rei da Assíria, e tomou a Ijom, a Abel-Bete-Maaca, a Janoa, a Quedes, a Hazor, a Gileade e à Galiléia, a toda a terra de Naftali, e levou os seus habitantes para a Assíria”). As cidades de Naftali que foram conquistadas são: Ijom (1 Rs 15: 20; 2 Rs 15: 29; 2 Cr 16: 4, ao norte de Naftali), Abel-Bete-Maaca (1 Rs 15: 20; 2 Rs 15: 29; 2 Cr 16: 4 – chamada de Abel-Maim; Abel-Bete-Maaca = ‘prado da casa da opressão’), Janoa (2 Rs 15: 29. Significa ‘descanso’), Quedes (2 Rs 15: 29) e Hazor (2 Rs 15: 29. Significa ‘vila’, ‘povoação’. Fica a sudoeste do lago Hulé da Galiléia).

Embora a destruição maior de Tiglate-Pileser III tenha sido em Damasco (732 AC) deportando seu povo para Quir, na Assíria (2 Rs 16: 9), alguns habitantes de Samaria foram junto como os Damascenos para Gozã e Nínive, acontecendo em maior escala dez anos depois, no governo de Sargom II (2 Rs 17: 6; 2 Rs 18: 11; 1 Cr 5: 26). Tiglate-Pileser III matou Rezim (o rei da Síria) e confirmou o reino a Oséias (2 Rs 15: 29; 2 Rs 17: 1), que havia matado Peca (2 Rs 15: 30), deixando-o governar em Samaria como seu vassalo (2 Rs 17: 3). Quando Oséias (no 7º ano do seu reinado) se revoltou e pediu auxílio ao Egito (2 Rs 17: 4), Salmaneser V (727-722 AC) sitiou Samaria por três anos (2 Rs 17: 3-6; 2 Rs 18: 9-11). No 9º ano de Oséias, Samaria foi tomada por Sargom II (722-705 AC – 2 Rs 18: 9-11). No lugar da população israelita, foram trazidos os habitantes da Babilônia, de Cuta, Ava, Hamate e Sefarvaim (2 Rs 17: 23-24).

Nas visões anteriores Deus atendeu à intercessão do profeta, mas agora Ele não permitiu mais sua oração. O castigo justo teria de acontecer.


Deportação dos judeus para a Assíria


Am 7: 10-17Amós acusado como conspirador

• Am 7: 10-13: “Então, Amazias, o sacerdote de Betel, mandou dizer a Jeroboão, rei de Israel: Amós tem conspirado contra ti, no meio da casa de Israel; a terra não pode sofrer todas as suas palavras [NVI: A nação não suportará as suas palavras]. Porque assim diz Amós: Jeroboão morrerá à espada, e Israel, certamente, será levado para fora de sua terra, em cativeiro. Então, Amazias disse a Amós: Vai-te, ó vidente, foge para a terra de Judá, e ali come o teu pão, e ali profetiza [NVI: Vá profetizar em Judá; vá ganhar lá o seu pão]; mas em Betel, daqui por diante, já não profetizarás, porque é o santuário do rei e o templo do reino”.

O sacerdote idólatra de Betel se levantou contra Amós por causa de suas profecias, e o acusou de conspirar contra o rei Jeroboão, ordenando ao profeta que retornasse a Judá. E lhe disse: ‘Vá profetizar em Judá; vá ganhar lá o seu pão’.

• Am 7: 14-17: “Respondeu Amós e disse a Amazias: Eu não sou profeta, nem discípulo de profeta, mas boieiro e colhedor de sicômoros [NVI: Eu não sou profeta nem pertenço a nenhum grupo de profetas, apenas cuido do gado e faço colheita de figos silvestres]. Mas o Senhor me tirou de após o gado [NVI: o Senhor me tirou do serviço junto ao rebanho] e o Senhor me disse: Vai e profetiza ao meu povo de Israel. Ora, pois, ouve a palavra do Senhor. Tu dizes: Não profetizarás contra Israel, nem falarás contra a casa de Isaque. Portanto, assim diz o Senhor: Tua mulher se prostituirá na cidade, e teus filhos e tuas filhas cairão à espada, e a tua terra será repartida a cordel, e tu morrerás na terra imunda [NVI: Suas terras serão loteadas, e você mesmo morrerá numa terra pagã], e Israel, certamente, será levado cativo para fora da sua terra”.

Amós respondeu que ele falava por ordem de Deus. Nascido em Tecoa, ao sul de Jerusalém (Am 1: 1), ele era um pastor de Judá, além de ‘colhedor de sicômoros’ (Am 7: 14-15), o que significava que ele não pertencia à classe da qual os profetas usualmente se originavam, nem foi treinado para o ofício profético nas escolas dos profetas. Era, sim, um profeta sem credenciais conhecidas, a não ser o fato de que tinha uma palavra da parte de Deus. Aqui em Am 7: 14 a tradução ‘colhedor de sicômoros’ é incorreta, uma vez que o vocábulo hebraico (‘balac’ – Strong #1103) significa ‘cultivador’ dessa árvore, podando o topo de cada fruto para assegurar que ficaria maduro; ou, segundo alguns estudiosos, fazendo incisões na sua casca com um instrumento especial para soltar o excesso de suco antes de amadurecer; depois de quatro dias é que se colhia a fruta. Sicômoro (hebraico, shiqmâ; em grego, sykomõraia) ou figo-sicômoro (Ficus sycomorus L.), uma espécie de figueira brava, é uma árvore grande e vigorosa, abundante no Egito e nas terras baixas da Palestina (1 Rs 10: 27; 2 Cr 1: 15; 2 Cr 9: 27). Os frutos eram comestíveis (um sabor de figo misturado com amora) e de grande valor para Israel, como as oliveiras, pois fazia parte da produção agrária da nação.


sicômoro-árvore sicômoro-frutos sicômoro-fruto
Sicômoro – árvore e fruto

Depois de confirmar a origem de sua ordenação como profeta, Amós faz uma profecia contra o sacerdote Amazias: por ser impedido de profetizar em nome do Senhor, este mesmo lhe dizia que a mulher do sacerdote se prostituiria na cidade (seria violada pelos soldados invasores), seus filhos e filhas seriam mortos à espada, sua terra seria repartida por medida (seriam loteadas) e ele seria exilado e morreria no exílio. Israel, certamente, seria levado cativo também.

Capítulo 8

Am 8: 1-3A visão de um cesto de frutos: “O Senhor Deus me fez ver isto: eis aqui um cesto de frutos de verão. E perguntou: Que vês, Amós? E eu respondi: Um cesto de frutos de verão [NVI: frutas maduras]. Então, o Senhor me disse: Chegou o fim para o meu povo de Israel; e jamais passarei por ele [NVI: não mais o pouparei]. Mas os cânticos do templo, naquele dia, serão uivos, diz o Senhor Deus; multiplicar-se-ão os cadáveres; em todos os lugares, serão lançados fora. Silêncio!”

Amós teve uma quarta visão como um cesto de frutos de verão, ou seja, de frutos inteiramente maduros, dando a entender que Israel já estava no ponto de ser ‘colhido’ pelos assírios, ou que o castigo de Deus já estava pronto a ser exercido.
• ‘Chegou o fim’ – o fim estava próximo para o reino do norte.
• ‘Os cânticos do templo, naquele dia, serão uivos’ – os cânticos de adoração e júbilo dariam lugar a gritos de dor e terror por causa da invasão. Muitos seriam os mortos em todos os lugares da nação.
• ‘Silêncio’ – uma palavra vinda do Senhor para que não mais houvesse intercessão por parte do profeta, ou por causa dos gritos, ou seja, Deus não ouviria mais as orações daquele povo, pois agora era tarde demais.
Embora Tiglate-Pileser III tenha começado a agir na região da Síria por volta de 743 AC, e Menaém, rei de Israel, tenha lhe pagado nesta época um alto tributo para que ele o ajudasse a consolidar seu reino e saísse da terra (2 Rs 15: 19-20), acabou voltando em 734 AC, quando iniciou a guerra Siro-Efraimita, no reinado de Peca de Israel (740-732 AC) e Acaz, de Judá (732-716 AC).

Am 8: 4-14A ruína de Israel está perto:

• Am 8: 4-6: “Ouvi isto, vós que tendes gana contra o necessitado e destruís os miseráveis da terra [NVI: Ouçam, vocês que pisam os pobres e arruínam os necessitados da terra], dizendo: Quando passará a Festa da Lua Nova, para vendermos os cereais? E o sábado, para abrirmos os celeiros de trigo [NVI: para que comercializemos o trigo], diminuindo o efa (17,62 litros), e aumentando o siclo (11,42 gramas), e procedendo dolosamente com balanças enganadoras, para comprarmos os pobres por dinheiro e os necessitados por um par de sandálias e vendermos o refugo do trigo? [NVI: vendendo até palha com o trigo?]”.

Como foi comentado em capítulos anteriores, na época de Jeroboão II (782-753 AC – 2 Rs 14: 23-29), ele resolveu desenvolver um comércio lucrativo, o que criou uma poderosa classe de negociantes em Samaria. Mas a riqueza não era distribuída equitativamente entre o povo. Permanecia nas mãos dos negociantes ricos. A opressão contra os pobres era comum (Am 2: 6). Os ricos eram de coração endurecido e indiferente para com as aflições dos famintos (Am 6: 3-6). A justiça se inclinava para os que podiam pagar subornos mais elevados (Am 2: 6; Am 8: 6). Nos períodos de seca (Am 4: 7-9) os pobres só podiam obter recursos entre os agiotas (Am 5: 11; Am 8: 4-6) a quem eram obrigados a hipotecar suas terras e suas pessoas, até seus entes queridos.

A Festa da Lua Nova (Nm 28: 11; 14; 1 Sm 20: 5; 18; 24; 2 Cr 8: 13; Is 66: 23), assim como o sábado (Êx 23: 12; Êx 35: 1-3), eram dias sagrados, quando as ocupações normais eram proibidas, pois eram dias de descanso. E isso irritava um pouco os comerciantes gananciosos, que só pensavam em dinheiro e lucro. O mês (yerah ou yare’ach = lua) tinha início (Nm 10: 10) quando o crescente da lua nova era visto pela primeira vez ao pôr-do-sol, celebrando o início dos meses.

‘Diminuindo o efa, e aumentando o siclo’ – os comerciantes usavam medidas menores que as justas e pesos mais pesados para enganar, recebendo mais que o devido nos negócios. Eles alteravam suas balanças, para que seus clientes saíssem no prejuízo quando compravam a peso.

• Am 8: 7-8: “Jurou o Senhor pela glória de Jacó [NVI: O Senhor jurou contra o orgulho de Jacó]: Eu não me esquecerei de todas as suas obras, para sempre! [NVI: Jamais esquecerei coisa alguma do que eles fizeram]. Por causa disto, não estremecerá a terra? E não se enlutará todo aquele que habita nela? Certamente, levantar-se-á toda como o Nilo, será agitada e abaixará como o rio do Egito [NVI: Toda esta terra se levantará como o Nilo; será agitada e depois afundará como o ribeiro do Egito]”.

O Senhor disse que por causa do orgulho dos habitantes de Israel, Ele não se esqueceria de suas más obras, e por causa delas haveria uma manifestação do Seu descontentamento (‘a terra tremeria’) e muitos chorariam. A próxima frase é uma figura de linguagem para descrever as grandes mudanças que Ele operaria ali, movendo o governo e até a natureza, se necessário, trazendo uma calamidade sobre o povo que pareceria como um terremoto agitando a terra ou como o transbordamento do Nilo, que traz uma grande inundação, e depois que a água baixa, deixa lama esparramada em grande quantidade sobre suas margens, e demora mais ou menos dois meses para se ver os campos de novo. Quanto mais cedo os lavradores ararem e semearem a terra, melhores serão as colheitas. A enchente é maior no Médio e no Alto Egito durante o verão por causa da chuva, e é necessária para irrigar a terra, mas não acontece de maneira tão intensa no Baixo Egito (Delta), onde chove mais freqüentemente. Entretanto, se a inundação for maior do que o esperado, as águas afogarão o gado e todos os outros animais. Essa profecia de Amós mais parece uma referência à invasão assíria de Salmaneser V e de seu filho Sargom II.

• Am 8: 9-10: “Sucederá que, naquele dia, diz o Senhor Deus, farei que o sol se ponha ao meio-dia e entenebrecerei a terra em dia claro [NVI: Farei o sol se pôr ao meio-dia e em plena luz do dia escurecerei a terra]. Converterei as vossas festas em luto e todos os vossos cânticos em lamentações; porei pano de saco sobre todos os lombos e calva sobre toda cabeça; e farei que isso seja como luto por filho único, luto cujo fim será como dia de amarguras”.

No meio da prosperidade (meio-dia; plenitude), quando eles pensam que tudo é seguro e bem estabelecido, Deus enviará grande aflição. Outros profetas descrevem também as calamidades com este tipo de metáfora: Jr 15: 9; Ez 32: 7-8.
• ‘entenebrecerei a terra em dia claro’ – A nuvem escura das conspirações foi o começo para a assolação posterior dos assírios, tornando Israel um reino completamente escuro, onde cessaram as festas e veio o luto, os cânticos se transformaram em lamentações; as vestes deram lugar ao pano de saco, como um luto que é experimentado pela morte de um filho único.
Mas nós podemos perguntar: — ‘E houve ainda algum momento de prosperidade verdadeira para Israel, com um governo como o de Jeroboão II e com o que aconteceu com seus sucessores?’
Vamos nos lembrar do que Deus disse em Am 7: 9: “... levantar-me-ei com a espada contra a casa de Jeroboão”. Sob o ponto de vista carnal, no reinado de Jeroboão II (782-753 AC – 2 Rs 14: 23-29) a opressão da Síria tinha diminuído sobre Israel devido às vitórias que Deus tinha dado a Jeoás (798-783 AC), o pai de Jeroboão II (2 Rs 13: 22-25), e este resolveu estender suas fronteiras (2 Rs 14: 25) e a desenvolver um comércio lucrativo, o que criou a poderosa classe de negociantes já referida anteriormente. Mas do ponto de vista espiritual, a nação já andava em trevas.

Voltando à profecia de Am 7: 9, ‘A casa de Jeroboão’ ou ‘a dinastia de Jeroboão’ não foi necessariamente a descendência de sangue de Jeroboão II, mas seus sucessores, pois muitos reis assumiram o poder através de conspiração contra os seus antecessores. Depois de Jeroboão II vieram: Zacarias (seu filho – 2 Rs 14: 29), Salum (conspirou contra Zacarias – 2 Rs 15: 10), Menaém (conspirou contra Salum – 2 Rs 15: 14), Pecaías (seu filho – 2 Rs 15: 22-23), Peca (conspirou contra Pecaías – 2 Rs 15: 25), Oséias (conspirou contra Peca e o matou – 2 Rs 15: 30).

Embora Tiglate-Pileser III (745-727 AC) tenha começado a agir na região da Síria por volta de 743 AC, e Menaém, rei de Israel, tenha lhe pagado nesta época um alto tributo para que ele o ajudasse a consolidar seu reino e saísse da terra (2 Rs 15: 19-20), acabou voltando em 734 AC, quando iniciou a guerra Siro-Efraimita, no reinado de Peca de Israel (740-732 AC), e Acaz, de Judá (732-716 AC). A destruição maior foi em Damasco (732 AC – 2 Rs 15: 29), mas afetou Samaria, acontecendo em maior escala dez anos depois, no governo de Sargom II (2 Rs 17: 6; 2 Rs 18: 11; 1 Cr 5: 26).

• Am 8: 9: “Sucederá que, naquele dia, diz o Senhor Deus, farei que o sol se ponha ao meio-dia e entenebrecerei a terra em dia claro [NVI: Farei o sol se pôr ao meio-dia e em plena luz do dia escurecerei a terra]” – embora este versículo nos faça lembrar da escuridão que ocorreu do meio-dia às três horas da tarde no dia da crucificação de Jesus, não é este o contexto aqui.

• Am 8: 11-14: “Eis que vêm dias, diz o Senhor Deus, em que enviarei fome sobre a terra [NVI: a toda esta terra], não de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor. Andarão de mar a mar e do Norte até ao Oriente; correrão por toda parte, procurando a palavra do Senhor, e não a acharão. Naquele dia, as virgens formosas e os jovens desmaiarão de sede [NVI: Naquele dia as jovens belas e os rapazes fortes desmaiarão de sede], os que, agora, juram pelo ídolo de Samaria e dizem: Como é certo viver o teu deus, ó Dã! E: Como é certo viver o culto de Berseba [NVI: Juro pelo nome do deus [ou poder] de Berseba]! Esses mesmos cairão e não se levantarão jamais”.

‘Eis que vêm dias, diz o Senhor Deus, em que enviarei fome sobre a terra, não de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor’ – aqui há uma referência interessante sobre a sede da palavra de Deus, o que nos faz pensar não somente no provável teor apocalíptico da profecia como também no Período Intertestamentário, em que o povo viveu um longo período de silêncio de Deus, que já não falava mais pela boca dos Seus profetas. Também este trecho é considerado pelos estudiosos como o momento do cativeiro na Assíria ou a rejeição dos Judeus a Cristo, que fez com que Sua palavra e Sua graça fossem retiradas deles e passadas aos gentios. De qualquer forma, isso significa que o povo ansiaria por ouvir as palavras que por tanto tempo ignoraram. Os cultos idólatras de Samaria e Berseba seriam abolidos.

Capítulo 9 – Os juízos de Deus são inevitáveis

• Am 9: 1-2: “Vi o Senhor, que estava em pé junto ao altar; e me disse: Fere os capitéis, e estremecerão os umbrais [NVI: Bata no topo das colunas para que tremam os umbrais], e faze tudo em pedaços sobre a cabeça de todos eles; matarei à espada até ao último deles; nenhum deles fugirá, e nenhum escapará. Ainda que desçam ao mais profundo abismo, a minha mão os tirará de lá [NVI: Ainda que escavem até às profundezas (sheol = sepultura, pó ou morte), dali a minha mão irá tirá-los]; se subirem ao céu, de lá os farei descer”.

O Senhor deu uma última visão ao profeta, onde Ele estava em pé junto ao altar e disse a Amós para bater no topo das colunas do templo para que a porta tremesse, até que tudo se fizesse em pedaços e caísse sobre o povo e os matasse. Porque era esse o Seu propósito: matá-los-ia à espada, e nenhum deles conseguiria escapar, nem que tentasse se esconder nos lugares mais absurdos (no céu ou na sepultura, no ‘abismo’ ou ‘nas profundezas’ – Seol era o lugar dos mortos). Deus os acharia mesmo assim.
Esta visão é diferente das outras porque o Senhor apareceu para o profeta (“Vi o Senhor, que estava em pé junto ao altar”) e, portanto, ele não faz uso de símbolos. O Senhor estava junto ao altar e por ali mesmo começou a destruição, ou seja, pelo centro da idolatria.

• Am 9: 3-4: “Se se esconderem no cimo do Carmelo, de lá buscá-los-ei e de lá os tirarei; e, se dos meus olhos se ocultarem no fundo do mar, de lá darei ordem à serpente, e ela os morderá. Se forem para o cativeiro diante de seus inimigos, ali darei ordem à espada, e ela os matará; porei os olhos sobre eles, para o mal e não para o bem”.

O Carmelo é um monte ao norte de Israel onde a vegetação é bastante abundante e, portanto, um lugar favorável para alguém se esconder. Por isso, o Senhor diz que mesmo que eles se escondessem no Carmelo, Ele os buscaria e os tiraria de lá. Se eles se ocultassem no fundo do mar, o Senhor daria ordem à serpente marinha que os mordesse. Se forem para o cativeiro, ali serão mortos à espada. O Senhor fala para Amós que Seus olhos estarão sobre eles para o mal e não para o bem. O que podemos dizer é que não há lugar onde alguém possa se esconder da presença do Senhor, pois tudo é claro aos Seus olhos. Por isso Davi disse no Salmo 139: 7-12: “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá. Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas não te serão escuras; as trevas e a luz são a mesma coisa”.

• Am 9: 5-6: “Porque o Senhor, o Senhor dos Exércitos, é o que toca a terra, e ela se derrete, e todos os que habitam nela se enlutarão [NVI: pranteiam]; ela subirá toda como o Nilo e abaixará como o rio do Egito [NVI: ele ergue toda a terra como o Nilo, e depois a afunda como o ribeiro do Egito]. Deus é o que edifica as suas câmaras no céu [no original: ‘a sua escadaria até os céus’] e a sua abóbada fundou na terra; é o que chama as águas do mar e as derrama sobre a terra; Senhor é o seu nome”.

Amós descreve aqui a majestade de Deus, Sua soberania sobre todas as coisas (natureza, nações, seres humanos). Se Ele tem domínio sobre tantas coisas, não teria domínio sobre aquele povo de Israel? Ele volta a falar sobre as enchentes do Nilo, como em Am 8: 8, o que reafirma sua mensagem de que Ele vai fazer mudanças naquela nação.

• Am 9: 7-8: “Não sois vós para mim, ó filhos de Israel, como os filhos dos etíopes? [NVI: Vocês, israelitas, não são para mim melhores do que os etíopes] – diz o Senhor. Não fiz eu subir a Israel da terra do Egito, e de Caftor [Nota NVI: Creta], os filisteus, e de Quir, os siros [NVI: arameus]? Eis que os olhos do Senhor Deus estão contra este reino pecador, e eu o destruirei de sobre a face da terra; mas não destruirei de todo a casa de Jacó, diz o Senhor”.

O Senhor diz a eles que Ele formou todas as nações, e que eles não são melhores do que os etíopes. Ele tirou Israel da terra do Egito, como tirou os filisteus de Creta, e os arameus de Quir. Se uma vez Ele moveu os povos do seu lugar, Ele pode fazer de novo. Também fala que está desagradado desse povo pecador e que o destruirá, mas deixará um remanescente.

• Am 9: 9-10: “Porque eis que darei ordens e sacudirei a casa de Israel entre todas as nações, assim como se sacode trigo no crivo, sem que caia na terra um só grão [NVI: tal como o trigo é abanado numa peneira, e nem um grão cai na terra]. Todos os pecadores do meu povo morrerão à espada, os quais dizem: O mal não nos alcançará, nem nos encontrará”.

O Senhor fala da dispersão do Seu povo entre as nações, e também da Sua purificação, como o trigo é peneirado para remover a palha e outros resíduos, mas o grão continua ali, sem cair no chão. Os pecadores morreriam à espada, o que nos faz pensar que o bom trigo, aqueles que Lhe pertenciam seriam o remanescente santo que veria a restauração de Deus, pois isso nos leva ao raciocínio dos próximos versículos, que é a restauração do reino de Davi, mais especificamente o Messias. Amós sabia que a vontade de Deus seria feita na História.

Levantar a tenda caída de Davi [o tabernáculo caído de Davi]

• Am 9: 11-12: “Naquele dia, levantarei o tabernáculo caído de Davi [NVI: a tenda caída de Davi], repararei as suas brechas; e, levantando-o das suas ruínas [NVI: Consertarei o que estiver quebrado, e restaurarei as suas ruínas], restaurá-lo-ei como fora nos dias da antiguidade [NVI: Eu a reerguerei, para que seja como era no passado]; para que possuam o restante de Edom e todas as nações que são chamadas pelo meu nome [A Septuaginta diz: ‘para que o remanescente e todas as nações que levam o meu nome busquem o Senhor’], diz o Senhor, que faz estas coisas”.

• ‘Naquele dia’ diz respeito à primeira vinda de Jesus e à conversão dos gentios – cf. At 15: 14-18: “... expôs Simão [Pedro] como Deus, primeiramente, visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um povo para o seu nome. Conferem com isto as palavras dos profetas, como está escrito: Cumpridas estas coisas, voltarei e reedificarei o tabernáculo caído de Davi; e, levantando-o de suas ruínas, restaurá-lo-ei. Para que os demais homens busquem o Senhor, e também todos os gentios sobre os quais tem sido invocado o meu nome, diz o Senhor, que faz estas coisas conhecidas desde séculos”.
• ‘Levantar a tenda caída de Davi [o tabernáculo caído de Davi]’ é uma referência profética sobre o reino espiritual de Jesus, onde Israel e Judá estariam juntos e poderiam viver livres diante do Senhor, adorando-o sem rituais desnecessários e vazios, e um reinado do qual os gentios também poderiam ter o direito de participar, pois Jesus seria o pastor de todos. ‘A tenda caída de Davi’ significava a humilhação em que estava a Casa de Davi, sem governante à altura para que Deus pudesse manter Sua promessa de um descendente davídico no trono. E isso tinha acontecido por causa da idolatria e da rebeldia de Israel, que contaminou a casa de Judá, provocando sobre ela também a ira de Deus. Porém, Jesus veio trazendo um reino espiritual para todos os que o aceitassem como Senhor e Salvador. Nós, gentios, somos o Israel espiritual de Deus. O que no AT era físico, agora é espiritual (Ef 6: 12; 2 Co 10: 3-6).
A visão de Amós do reino messiânico no trono de Davi inclui os gentios (aqui representados por Edom).

• Am 9: 13-15: “Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que o que lavra segue logo ao que ceifa, e o que pisa as uvas, ao que lança a semente [NVI: em que a ceifa continuará até o tempo de arar, e o pisar das uvas até o tempo de semear]; os montes destilarão mosto, e todos os outeiros se derreterão [NVI: Vinho novo gotejará dos montes e fluirá de todas as colinas]. Mudarei a sorte do meu povo de Israel [NVI: Trarei de volta Israel, o meu povo exilado]; reedificarão as cidades assoladas e nelas habitarão, plantarão vinhas e beberão o seu vinho, farão pomares e lhes comerão o fruto [NVI: cultivarão pomares e comerão do seu fruto]. Plantá-los-ei na sua terra, e, dessa terra que lhes dei, já não serão arrancados, diz o Senhor, teu Deus”.

‘Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que o que lavra segue logo ao que ceifa, e o que pisa as uvas, ao que lança a semente [NVI: em que a ceifa continuará até o tempo de arar, e o pisar das uvas até o tempo de semear]’ – isso significa prosperidade, fertilidade, uma frutificação constante. O trabalho das mãos dará fruto durante o ano todo. Esse pensamento pode se estender à vinda do Messias, à primeira vinda de Cristo, embora muitos raciocinem sobre isso colocando o texto sob a ótica do milênio judaico (material). O reino espiritual trazido por Jesus supriu Seus filhos (aqueles que o receberam com o coração aberto) com a certeza de que quem está Nele está em constante processo de frutificação espiritual e debaixo da Sua prosperidade. Não há motivo para se pensar num milênio material quando sabemos que a vinda de Cristo foi um plano de Deus Pai que surpreendeu a humanidade no que ela pensava a respeito da Sua justiça e da Sua capacidade de restituir Seus filhos. O pensamento dos profetas daquela época, embora sendo usados por Deus para revelar Seus projetos aos homens, estava permeado com a opinião humana e a visão limitada de algo que não conseguiam entender nem imaginar (“Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas” – 1 Co 14: 32).

• ‘Os montes destilarão mosto, e todos os outeiros se derreterão [NVI: Vinho novo gotejará dos montes e fluirá de todas as colinas]’ – isso se assemelha muito à profecia de Joel (Jl 3: 18):
“E há de ser que, naquele dia, os montes destilarão mosto [NVI: ‘gotejarão vinho novo’], e os outeiros manarão leite [NVI: ‘das colinas manará leite’], e todos os rios de Judá estarão cheios de águas; sairá uma fonte da Casa do Senhor e regará o vale de Sitim” – ‘naquele dia’ significa: o dia da primeira vinda de Cristo. Vinho é símbolo da abundância de videiras que foram cultivadas em áreas terraplanadas nas colinas da Palestina, entre as rochas (Am 9: 13), vinhas plantadas sobre as montanhas. Por isso, o profeta diz que os montes destilarão mosto (vinho novo).
• ‘Os outeiros manarão leite’ – isto é, rebanhos produzindo leite abundantemente, através da riqueza das pastagens nas regiões montanhosas.
• ‘Os rios de Judá estarão cheios de água’ – na Palestina, onde a chuva cai somente durante certo período do ano, a paisagem é recortada por muitos vales estreitos e leitos de riachos (em hebraico, nahal; ou em árabe, wadïs), que só exibem água durante a estação chuvosa. Freqüentemente pode ser encontrada água subterrânea nesses wadis durante os meses de estio (Gn 26: 17; 19). Os rios perenes atravessam vales (no hebraico, ‘emeq = vales) e planícies mais largas, ou então cortam gargantas estreitas através da rocha. Assim, na vinda de Cristo, o Senhor promete abundância da água da Sua palavra e da presença do Seu Espírito enchendo Seu povo e saciando sua sede.
• ‘Sairá uma fonte da Casa do Senhor e regará o vale de Sitim’ (ou vale das acácias) – Sitim (Nm 25: 1; Js 2: 1; Mq 6: 5) era lugar de idolatria e imoralidade, defronte de Jericó, nas planícies de Moabe, a leste do Jordão. Isso quer dizer que após o arrependimento sincero, o povo que antes era depravado receberá a água doadora de vida no Dia do Senhor (A primeira vinda de Cristo). A acácia é um arbusto que só cresce em regiões áridas; portanto, isso também significa que mesmo o deserto, um lugar árido de vida, será regado pela bênção (água) de Jerusalém. Por isso, Ezequiel (Ez 47: 1) descreve as águas saindo de debaixo do limiar do templo e fluindo para o Mar Morto, tornando saudáveis as suas águas (Ez 47: 8). Também em Zc 14: 8 as águas fluem de um lado para o Mediterrâneo, do outro lado para o Mar Morto, perto do qual Sitim estava situado, significando o evangelho brotando como uma fonte de água ininterrupta para todo o mundo, para conversão de judeus e gentios.

• v. 14-15: “Mudarei a sorte do meu povo de Israel [NVI: Trarei de volta Israel, o meu povo exilado]; reedificarão as cidades assoladas e nelas habitarão, plantarão vinhas e beberão o seu vinho, farão pomares e lhes comerão o fruto [NVI: cultivarão pomares e comerão do seu fruto]. Plantá-los-ei na sua terra, e, dessa terra que lhes dei, já não serão arrancados, diz o Senhor, teu Deus”.

‘Mudarei a sorte do meu povo de Israel [NVI: Trarei de volta Israel, o meu povo exilado]’ – mudar a sorte do Seu povo era uma promessa de que Israel seria uma nação restaurada à sua terra, que seria reconstruída e prosperaria. Pode ser referir, como traduz a NVI, ao retorno do cativeiro [‘Trarei de volta Israel, o meu povo exilado’]; porém, nós podemos pensar também que, ‘trazer de volta o meu povo’ ou ‘mudar a sorte do meu povo’ se refira a trazê-los de volta à comunhão espiritual com seu Deus. Ele não apenas estava lhes dando a promessa de habitar em sua terra após o retorno do cativeiro (Jr. 24: 6; Jr 32: 41; Jr 42: 10-12), mas habitar no Seu reino, de onde jamais seriam tirados.
Assim, Amós termina sua profecia dando ao povo a certeza de que essas coisas realmente aconteceriam. Ele considerava a justiça o atributo moral mais importante da natureza do Senhor sobre a injustiça, a imoralidade e a desonestidade.

Conclusão

Observando o perfil profético de Amós, podemos tirar a conclusão de que ele proclamou a impiedade do seu povo e o conclamou mais uma vez à aliança e ao compromisso com o Senhor, reforçando neles a idéia do inevitável juízo divino sobre todo o tipo de pecado. Mesmo tendo vivido muito tempo depois de outros irmãos que trouxeram a Israel a mesma mensagem de YHWH, e que foi rejeitada e desobedecida, esse profeta obedeceu à voz do Altíssimo para exortar novamente o Seu povo; ele não desistiu de clamar, continuou a profetizar a Palavra de justiça, juízo, misericórdia e restauração, como uma forma de dizer que o Criador sempre nos dá uma nova chance de reavaliar a nossa vida, de repensar sobre as nossas atitudes e de exercer nosso livre-arbítrio, escolhendo entre a salvação e a punição. Por isso, o profeta de Deus não deve desistir de exortar, mesmo já tendo proclamado a mesma mensagem anteriormente, até que Ele execute aquilo que prometeu. Deve também chamar seus irmãos à aliança e à comunhão com seu Criador, assumindo o perfeito compromisso de ser Seu instrumento na terra. Muitas vezes, é o exemplo de vida do profeta a melhor maneira de testemunhar que o que prega é real e verdadeiro e de poder revelar ao mundo o seu Deus.

Este texto se encontra no 1º volume do livro:


livro evangélico: Os profetas menores

Os profetas menores vol. 1 (PDF)

Os profetas menores vol. 2

Os profetas menores vol. 3

The minor prophets vol. 1 (PDF)

The minor prophets vol. 2

The minor prophets vol. 3

Sugestão de leitura:


livro evangélico: Profeta, o mensageiro de Deus

Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)

Prophet, the messenger of God (PDF)

Sugestão para download:


tabela de profetas AT

Tabela dos profetas (PDF)

Table about the prophets (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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