Estudo sobre o profeta Daniel capítulo por capítulo. Assuntos: interpretação dos sonhos de Nabucodonosor, reis persas e babilônicos. Suas visões contêm revelações apocalípticas.

Study on the prophet Daniel chapter by chapter. Subjects: interpretation of Nebuchadnezzar’s dreams, Persian and Babylonian kings. His visions contain apocalyptic revelations.


Profeta Daniel




Dentre os quatro profetas maiores, Daniel é diferente de todos os outros no que se refere às revelações divinas. Deus lhe deu visões e sonhos, não só referentes aos reis babilônicos ao qual ele estava servindo, como em relação ao futuro longínquo do Seu povo escolhido. Suas visões ainda são um pouco difíceis de interpretar pelo fato de conterem revelações apocalípticas. É interessante a palavra que Deus diz em Dn 12: 4; 9: “Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará... Ele respondeu: Vai, Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até ao tempo do fim”. Isso quer dizer: as profecias serão cumpridas integralmente, sem serem mudadas, ao mesmo tempo em que elas estão de certa forma encobertas aos olhos dos homens para que não desvendem completamente os segredos pertencentes exclusivamente a Deus, até vir o tempo determinado por Ele. Podemos ver esta verdade nos dias de hoje, quando muitos têm especulado sobre os acontecimentos futuros, entretanto, ainda não conseguem descobri-los totalmente. A revelação de Deus é para poucos, para os Seus filhos que Lhe são fiéis e tementes, pois ao falarmos dos Seus mistérios, devemos ter o temor de falarmos apenas o que vem realmente através do Seu Espírito.


Profeta


Daniel (Dãniyye’l ou Dâni’el, Deus é meu juiz) era descendente de família real ou nobre e foi levado cativo para a Babilônia por Nabucodonosor no terceiro ano de reinado de Jeoaquim (Dn 1: 1-6), rei de Judá, por volta de 605 AC (a História fala sobre três etapas do exílio de Judá: 605, 597, 586 AC), tendo sido treinado para serviço do monarca babilônico em companhia de três companheiros: Hananias, Misael e Azarias, respectivamente chamados pelos babilônios de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego (Dn 1: 1-7). Período profético: 605-536 AC. O livro provavelmente foi escrito entre 536 e 530 AC, pouco depois de Ciro conquistar a Babilônia em 539 AC. Resumidamente, fala da fidelidade de Deus e Seu poder sobre os líderes e os impérios, sempre comprovando Sua superioridade sobre todos os demais deuses. Daniel ganhou reputação interpretando as visões alheias e, depois, como intérprete de suas próprias visões nas quais predisse o tempo futuro do reino messiânico, tanto a primeira como a segunda vinda de Jesus. Ele ocupou os principais postos governamentais sob Nabucodonosor, Belsazar, Dario (o medo) e Ciro, tendo sua última visão às margens do rio Tigre. Dario, o medo, que sucedeu Belsazar, descendente de Nabucodonosor, rei da Babilônia, subiu ao poder com sessenta e dois anos de idade, nomeado por Ciro, o persa, como governador desta mesma satrapia. Esse Dario, o medo, é outra pessoa, diferente de Dario II (Ne 12: 22) que governou a Babilônia e a Pérsia de 424 a 404 AC, depois de Artaxerxes (ver abaixo a relação dos reis persas). É diferente também de Dario I, sucessor de Cambises, que governou de 522 a 486 AC, quando se deu início à construção do templo de Jerusalém (520 a 516 AC). A ordem para sua reconstrução já tinha sido dada por Ciro por volta de 536 AC, dois anos depois do primeiro retorno dos exilados a Jerusalém (538 AC), mas sua reconstrução foi prorrogada por fragilidade dos judeus perante os poderes governamentais ao redor. O 2º retorno a Jerusalém (Esdras) foi em 458 AC e a reconstrução das muralhas de Jerusalém, por volta de 445 AC (3º retorno: Neemias).

Os reis Babilônicos (Período Neo-Babilônico) foram:
• Nabopolassar: 626–605 AC
• Nabucodonosor II: 605–562 AC
• Evil-Merodaque (Evil-Marduque, Amel-Marduque, Amel-Marduk): 562–560 AC
• Neriglissar ou Nergal-sharezer (cunhado de Evil-Merodaque, a quem ele assassinou para tomar o poder): 559–556 AC. O nome Acadiano de Neriglissar é Nergal-šar-uṢur, que significa ‘O deus Nergal preserva/defende o rei’. Seu nome é mencionado como um dos oficiais de alta patente do rei Nabucodonosor II no livro de Jeremias 39: 13 (‘Nergal-Sarezer’).
• Labashi Marduque (Labashi-Marduk, Labaši-Marduk, filho de Neriglissar): reinou por nove meses (556 AC), e foi deposto pelos sacerdotes.
• Nabonido (Nabonadius): 556–539 AC, e cujo filho, Belsazar, agiu como co-regente. Nabonido era casado com Nitócris, filha de Nabucodonosor.
• Em 539 AC, Ciro II ou Ciro o Grande invade a Babilônia e incorpora este reino ao império Medo-Persa, fazendo dele uma satrapia sob o governo de Dario, o Medo.

Os reis persas, após a queda da Babilônia, foram:
• Ciro, o imperador da Pérsia (Ciro II ou Ciro o grande), que ordena a volta dos judeus em 538 AC (1º retorno dos exilados), ao invadir a Babilônia. Reinou (559–530 AC) como rei dos Persas, Medos, Lídios e Babilônios.
• Cambises II (filho de Ciro): 530–522 AC.
• Dario I (cunhado de Cambises II): 522–486 AC. No seu reinado começou a ser reconstruído o templo (520–516 AC). Tinha iniciado em 536 AC (2º ano do reinado de Ciro na Babilônia e parado até 520 AC – 2º ano Dario I).
• Xerxes I (Assuero): 486–465 AC (filho de Dario I). Xerxes é uma transliteração grega do seu nome persa depois de sua ascensão, Jshāyār Shah, que significa ‘governante de heróis’. Na bíblia é mencionado como ‘Assuero’ (em Hebraico – אחשורש), sendo escrito como Ahashuerus, em Caldeu; ou Axashverosh, em grego.
• Artaxerxes I: 465–424 AC (filho de Xerxes I, mas não o primogênito). Houve um 2º retorno de exilados a Jerusalém com Esdras em 458 AC para ministrar no templo reconstruído. Reconstrução das muralhas de Jerusalém: 445 AC (3º retorno: Neemias).
• Xerxes II (filho de Artaxerxes I) e que reinou 1 ½ mês e foi assassinado por seu irmão Secydianus ou Sogdianus (a forma do nome é incerta). Este, por sua vez, foi morto por Ochus, sátrapa da Hircânia (região ao sudeste do Mar Cáspio, no atual Irã), que subiu ao poder e adotou o nome de Dario II.
• Dario II (Ne 12: 22) governou a Babilônia e a Pérsia (424–404 AC); era chamado Dario, o persa. Seu nome de nascimento era Ochus; depois, adotou o nome de Dario (persa: Dārayavahuš, por isso, as fontes gregas o chamam de Dario Nothos, ‘Bastardo’).
• Artaxerxes II Mnemon, que significa: ‘cujo reino é através da verdade’ (404–358 AC). Era filho de Dario II.
• Artaxerxes III ou Ochus (3º filho de Artaxerxes II): 358–338 AC.
• Artaxerxes IV ou Arses (filho mais novo de Artaxerxes III): 338–336 AC.
• Dario III (bisneto de Dario II e primo de Arses): reinou em 336–330 AC, quando Alexandre, o grande, o derrotou na Macedônia. Originalmente chamado de Artashata; em latim: Codomannus, e em grego antigo: Kodomanos (Κοδομανός) foi o último rei da Dinastia Aquemênida da Pérsia. Dario (Dārayavahuš, em persa) foi o nome que ele adotou após subir ao trono.

Para facilitar o aprendizado sobre Daniel, vamos falar separadamente sobre cada capítulo.
No capítulo 1º vamos ver Daniel sendo exilado para a Babilônia na companhia dos seus três amigos, onde ficam sob a custódia do chefe dos eunucos, Aspenaz, para serem alimentados com as iguarias da mesa do rei por três anos, até estarem preparados para assistir diante dele. Podemos ver certa semelhança com Ester que também foi levada ao palácio de Assuero junto com muitas moças de Susã, entre as quais foi escolhida para ser esposa do monarca e foi preparada por um ano. Daniel decidiu não se contaminar com a alimentação que lhe foi dada e Deus fez com que ele achasse graça diante do chefe dos eunucos, permitindo que se alimentasse apenas com legumes e água por dez dias (Dn 1: 14-15). Vendo a vitória dos três jovens após o teste dos dez dias, foi-lhes permitido continuar com essa dieta até completar os três anos de espera para serem levados ao rei (Dn 1: 16-18). Após o prazo determinado, Daniel, Hananias, Misael e Azarias foram trazidos à presença de Nabucodonosor juntamente com todos os outros jovens. A bíblia fala que Deus os dotou com conhecimento e inteligência em toda cultura e sabedoria, mas a Daniel acrescentou a capacidade de interpretar sonhos e visões. Conversando com eles, Nabucodonosor os escolheu dentre todos os outros rapazes e passaram a estar na presença do rei. Eles eram mais capacitados do que todos os magos e encantadores que havia em todo o reino (Dn 1: 19-21).

No capítulo 2 nós vemos Daniel interpretando o sonho de Nabucodonosor sobre a estátua que tinha quatro partes. O rei já tinha dado decreto de morte a todos os sábios por não poderem revelar seu sonho. Entretanto, entrando em oração, Daniel recebeu de Deus a revelação do mistério. Ele foi, então, trazido à presença do rei. A estátua vista no sonho tinha a cabeça de ouro, o peito e os braços de prata, o ventre e os quadris, de bronze; as pernas de ferro e os pés, em parte de ferro, em parte de barro (Dn 2: 32-33). O sonho se completava com a visão de Nabucodonosor de uma pedra que feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou (Dn 2: 34-35), fazendo o mesmo com os demais materiais (bronze, prata e ouro) e que foram dispersos pelo vento. A pedra se transformou numa grande montanha que encheu toda a terra (v.35). Daniel interpretou o sonho e Nabucodonosor ficou sabendo que ele era a cabeça de ouro, as demais partes eram os reinos que o sucederiam (Média-Pérsia – a prata, Grécia – o bronze, e Roma – o ferro). A pedra é uma referência a Jesus e à Sua igreja crescendo e avançando sobre a terra, dominando os demais reinos (v. 44-45), como o Império Romano foi dividido em muitas nações (ferro e barro). Aqui também há uma referência apocalíptica a Roma que culminará nos seus dez reis contemporâneos (Dn 2: 41-44; Ap 17: 12), os quais serão destruídos por Cristo por ocasião de sua segunda vinda (Dn 2: 45). Ao interpretar o sonho de Nabucodonosor, Daniel foi engrandecido e colocado por governador de toda a província, como chefe supremo de todos os sábios da Babilônia (à semelhança de José, diante de Faraó). A bíblia menciona o termo sátrapas, principalmente neste livro de Daniel. Sátrapas, em hebraico: ’ahashdarpenïm, e em persa: khshathrapâvan, significa: “protetor do reino”. Eram vice-reis investidos de considerável poder, e possuíam suas próprias cortes. Daniel foi elevado à categoria deles em matéria de poder.


Estátua vista no sonho de Nabucodonosor


No capítulo 3, vemos mais uma arbitrariedade do rei babilônico, mandando forjar uma estátua de ouro com a imagem do seu deus e obrigando a todos os cidadãos a se prostrarem diante dela para adorá-la. Todos se submeteram, entretanto, Hananias (Sadraque), Misael (Mesaque) e Azarias (Abede-Nego) não se prostraram, preferindo ser queimados na fornalha de fogo que havia sido preparada para os que se opusessem ao rei. Ao serem os jovens lançados na fornalha, o rei se espantou, pois viu quatro homens soltos andando dentro dela (Dn 3: 25) sem que as chamas tivessem poder algum sobre eles (Dn 3: 27). Tirando-os da fornalha, o rei admitiu o poder do Deus dos judeus sobre qualquer outro deus e fez com que os três jovens prosperassem na província.


Sadraque, Mesaque e Abede-Nego na fornalha de fogo


No capítulo 4, Nabucodonosor tem outro sonho, desta vez com uma enorme árvore que lança seus ramos entre as nações; ela cresce, se eleva e dá muitos frutos. Entretanto, um ser angélico dá uma ordem para que seja cortada, deixando apenas a cepa com as raízes, que seja atada com cadeias de ferro e bronze e deixada apenas ali no campo, recebendo o orvalho do céu, até que se passem sobre ela sete tempos (7 anos). O ser angélico também ordena que o coração do rei seja de animal, não mais de homem. Daniel (chamado de Beltessazar), mais uma vez, dá a interpretação de que a árvore se trata do próprio rei que se engrandeceu e se orgulhou de sua força, desprezando o domínio de Deus. Ele seria expulso de entre os homens, como a árvore cortada vista no sonho, até que ele reconhecesse a soberania do Deus Altíssimo sobre o reino dos homens. Dessa forma, Nabucodonosor enlouqueceu; sua mente e sua aparência se tornaram como a de um animal, tamanha a sua tragédia, até que, após ter se passado o tempo da profecia, voltou-lhe o juízo e ele engrandeceu a Deus pela Sua majestade e poder sobre todos os reinos da terra. Reconheceu que Deus pode humilhar aos que andam na soberba.


A Árvore do sonho de Nabucodonosor


O 5º capítulo diz respeito a Belsazar, descendente de Nabucodonosor (seu neto, na verdade. Quando a bíblia fala ‘filho’, muitas vezes se refere a um descendente), que dá um banquete para mil pessoas, mas com irreverência e falta de temor a Deus, decide beber vinho nos utensílios que haviam sido trazidos do templo de Israel. No mesmo instante, diz a bíblia, ele vê uma mão de homem escrevendo algumas palavras na parede do palácio e se assusta com a visão. Teme e treme diante daquilo, até que Daniel é trazido à sua presença para interpretar o enigma. O profeta o lembra de seu avô, Nabucodonosor, cujo coração se elevou e o seu espírito se tornou soberbo diante de Deus, por isso foi derribado do seu trono e sua glória se acabou. Também o lembrou que seu avô foi tratado como um animal até que conheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens e a quem quer constitui sobre ele. As palavras escritas na parede eram MENE, MENE, TEQUEL, PARSIM. MENE, MENE significa: Cortou Deus o teu reino e deu cabo dele. TEQUEL significa: pesado foi o rei na balança e achado em falta. PARSIM (plural de PERES; em Aramaico: UPARSIM) quer dizer: dividido foi o reino e dado aos medos e aos persas. Belsazar honrou Daniel colocando sobre ele um manto púrpura, um colar de ouro e ordenou que se proclamasse em todo o reino que ele seria o terceiro no governo. Foi quando o reino da Babilônia caiu e foi entregue nas mãos dos Medos e dos Persas, na pessoa de Dario, o Medo, escolhido por Ciro como governador.


Belsazar e a escritura na parede


Algum tempo se passou e, no capítulo 6, vemos Daniel confrontado com mais um desafio, pois os outros sátrapas, governadores e príncipes, com inveja do seu comportamento correto, forjaram uma lei na qual estava escrita que, por um mês, todo o cidadão que pedisse qualquer coisa a qualquer deus ou qualquer homem que não o rei fosse lançado na cova dos leões. O rei assinou o decreto, irrevogável segundo a lei dos Medos. Com isso, acusaram Daniel de estar orando ao seu Deus, o que ele fazia regularmente três vezes por dia. Como o decreto já havia sido selado, o rei não viu alternativa a não ser lançar Daniel na cova dos leões. Ficou triste e não dormiu. Pela manhã, ao chegar à boca da caverna, chamou pelo profeta que lhe respondeu que estava vivo porque Deus havia enviado um anjo para fechar a boca dos leões, pois foi encontrado inocente diante dEle. O rei se alegrou e mandou tirar o profeta da cova, lançando nela todos aqueles que tinham tramado contra sua vida, inclusive suas mulheres e filhos. Todos morreram devorados pelos animais. O Deus de Daniel foi novamente engrandecido diante de toda aquela nação e o profeta prosperou em terra estrangeira mais uma vez.


Daniel na cova dos leões


A partir do capítulo 7 começam a ser descritas as visões de Daniel. O sétimo capítulo traz uma revelação divina ao profeta muito parecida com o sonho de Nabucodonosor em relação às nações que viriam após a queda de Babilônia. Neste capítulo, o profeta tem a visão de quatro animais. O primeiro é semelhante ao leão e tinha asas de águia (Dn 7: 4), que foram arrancadas; ele foi levantado da terra e se transformou à imagem de homem e lhe foi dada a mente de homem. Esse animal simbolizava a Babilônia. O segundo animal era como um urso e em sua boca trazia três costelas; todos lhe diziam: ‘Levanta-te, devora muita carne’. Este animal simbolizava os reinos da Média e da Pérsia. As três costelas se referem ao Egito, Babilônia e Lídia, apreendidos pelo Império Medo-Persa. Eles eram chamados de ‘costelas’ porque o fortaleceram; e ‘entre os dentes’ porque foram moídos, triturados pelos Medos e Persas. O terceiro era parecido com um leopardo e nas costas tinha quatro asas de ave, assim como quatro cabeças. Simboliza a Grécia. O quarto animal a ser visto por Daniel tinha a aparência espantosa e terrível, com grandes dentes de ferro (Dn 7: 7), devorando tudo ao seu redor e portando em sua cabeça dez chifres (Dn 7: 7; 19). Simboliza Roma. No versículo 8 (Ap 13: 5-6), Daniel fala que dentre os chifres surgiu um pequeno chifre que não só destruiu três deles, como apresentava olhos nele e uma boca que falava com insolência. Aqui, pode-se ver uma alusão ao Anticristo e, a partir desse versículo, algumas referências de teor apocalíptico (v. 20; 24) onde os dez reis contemporâneos voltam a ser descritos, e que serão destruídos na segunda vinda de Jesus. É interessante perceber a visão de Cristo glorificado descrita por Daniel (Ancião de Dias) em Dn 7: 9; 13; Dn 10: 5-6, semelhante à descrita por João em Ap 1: 13-15, Ap 19: 6; 12; Ap 14: 14; Ap 1: 7 (vindo com as nuvens). Em Dn 7: 18, a palavra escrita também é semelhante à de Apocalipse, ou seja, o Anticristo pelejará contra os santos (Dn 7: 25), mas esses possuirão o reino (Ap 17: 14; Ap 11: 15).

Os dez reis contemporâneos são interpretados por alguns estudiosos como os povos bárbaros que ocuparam a Terra após a queda do Império Romano do Ocidente (476 DC): Alamanos (Alemanha); Francos (França); Burgúndios (Suíça); Anglo-Saxões (Inglaterra); Visigodos (Espanha); Suevos (Portugal); Lombardos (Rússia e divisões); Vândalos (África do Norte; Mediterrâneo); Hérulos (Itália); Ostrogodos (Áustria).


Os quatro animais vistos por Daniel


No capítulo 8 Daniel tem outra visão concordante com as anteriores em que descreve a imagem de um carneiro e de um bode. O carneiro simboliza a Média e a Pérsia (2 chifres) e o bode, a Grécia. O bode também tinha um chifre entre os olhos. O chifre simboliza ‘poder’. O interessante nesta visão é que Daniel vê um chifre pequeno que nasce no lugar do maior que foi quebrado. Este chifre não diz mais respeito ao Anticristo (Dn 7: 8; 24), mas a Antíoco Epifânio (Dn 8: 9-1), perseguidor Selêucida de Israel.


O carneiro e o bode vistos por Daniel


Após ter a visão descrita no capítulo 8, Daniel fica enfermo (Dn 8: 27) e sua revelação lhe veio mais tarde.
No capítulo 9, Daniel intercede por si e pelo povo, reconhecendo o seu pecado e, portanto, a causa do cativeiro de setenta anos. Aqui lhe é dada uma revelação através do anjo Gabriel (Dn 9: 21 cf. Dn 8: 16), enviado por Deus a ele, a respeito das setenta semanas que estavam determinadas sobre o povo de Israel (Dn 9: 24-26). As setenta semanas representam um tempo (segundo alguns teólogos, os anos depois da construção dos muros de Jerusalém em 445 AC, mais o período de silêncio de Deus após o profeta Malaquias – 400 anos), até a morte e ascensão de Jesus Cristo, tendo os seis alvos divinos cumpridos com a Sua morte na cruz:

• Fazer cessar a transgressão.
• Dar fim aos pecados.
• Expiar a iniqüidade.
• Trazer a justiça eterna.
• Selar a visão e a profecia (em Jesus terminaram as profecias sobre a restauração messiânica sobre Israel).
• Ungir o Santo dos Santos


70 semanas de Daniel
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=MxyNoHTrzdI The Bible: Daniel; by ProclaimHisWord


Na imagem acima (cf. Dn 9: 25) o anjo separa as sete semanas (quarenta e nove anos, que vai da construção de Jerusalém até o início do Período Intertestamentário, e os outros quatrocentos e trinta e quatro anos, ou seja, sessenta e duas semanas, até a morte e ascensão de Jesus). O espaço com a linha em ziguezague, em branco, corresponde ao período entre a 1ª e a 2ª vinda de Cristo, o período da igreja, onde houve a destruição do templo por Tito em 70 DC. E a última semana (sete anos) no final da figura corresponde à Grande Tribulação e completará as setenta semanas (quatrocentos e noventa anos) descritas pelo profeta em Dn 9: 24. Portanto, essa visão não só diz respeito à primeira vinda de Cristo como também à Sua segunda vinda.

No versículo 27, existe uma referência a Tito, que destruiria novamente o templo de Jerusalém. A História diz que o templo foi destruído por volta de 70 DC, no governo de Vespasiano. Tito, seu filho, na verdade, foi seu sucessor e reinou de 79 a 81 DC, mas foi no governo do pai que ele destruiu a cidade santa como general das tropas. Completando o raciocínio sobre esta figura: o evangelho de Cristo foi pregado exclusivamente aos judeus até 33 DC, completando as setenta semanas de Dn 9: 24-26 (ou melhor, as sessenta e nove semanas), quando surgiram os primeiros mártires como Tiago e Estevão. Depois que Jerusalém foi destruída pelos romanos (Tito), o tempo de aliança de Deus com os Judeus foi consumado e teve início o tempo do reino de Deus para os gentios (Mt 21: 43). Assim, a aliança com Israel só será restaurada na segunda vinda de Cristo, quando através do arrependimento, eles começarem a clamar o nome de Jesus (Lc 13: 34-35; Mt 23: 39; At 1: 6-7; Rm 11: 25-32) – as últimas sete semanas restantes, correspondentes ao período da Grande Tribulação.

Daniel teve mais uma visão no capítulo 10, relatada neste lugar do seu livro na bíblia, entretanto, nos faz cogitar em uma data cronológica anterior [Dn 10: 1: “No terceiro ano de Ciro”, que reinou antes de Dario, descendente de Assuero, descrito em Dn 9: 1, a não ser que tenha havido confusão na tradução colocando Dario, o Medo, no lugar de Dario II (o Persa), sucessor de Artaxerxes, e que reinou depois de Xerxes (Assuero)]. Aqui Daniel tem uma visão, mais ou menos dez dias depois da Páscoa dos judeus, que nos faz pensar na revelação que buscou em relação aos últimos tempos, descrita no capítulo 8, pois o anjo aparece mais uma vez, lhe falando da dificuldade que teve para vencer sobre o principado da Pérsia, ajudado por Miguel, o príncipe de guerra do Senhor, e que, após isso, ele lutaria contra o príncipe da Grécia. A interpretação de Dn 11 é o que falamos acima sobre o domínio macedônico de Alexandre, o Grande (v. 3) e dos domínios posteriores dos Ptolomeus e Selêucidas – Dn 11: 4-34. Em Dn 11: 2, o quarto rei se refere a Xerxes I (Assuero). A partir do v. 35 podemos dizer que há uma transição novamente para os tempos apocalípticos, com referência ao Anticristo (vs. 36-39).

O capítulo 12 continua o tema, quando se levantará o arcanjo Miguel para separar os santos, os que estão inscritos no Livro da Vida do Cordeiro. Voltando ao início do capítulo, as palavras deste livro foram seladas por ordem de Deus para serem cumpridas, ao mesmo tempo em que nos dá a impressão de ele ser ainda para nós um livro “selado” sob muitos aspectos (não apenas porque em Jesus terminaram as profecias sobre a restauração messiânica sobre Israel, mas em relação aos tempos do fim). O capítulo 12 termina com uma grande promessa de vida eterna para Daniel: “Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; pois descansarás e, no fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança”. Em outras palavras, Daniel ressuscitará para a vida eterna junto com todos os servos de Deus.

Aprendizados

Apesar de descrever todo o livro desse profeta e o teor apocalíptico de suas revelações, voltaremos, agora, para o nosso objetivo que é tirar da sua experiência de vida os aprendizados importantes para nós, como servos e profetas do Senhor. Podemos ter dois grandes aprendizados com Daniel: a revelação do poder e da superioridade de Deus sobre os demais deuses e Sua capacitação que nos é conferida para julgar causas difíceis e interpretar sonhos e visões. Daniel pode ser comparado sob certos aspectos a José, pois este também tinha sonhos proféticos e capacidade para interpretá-los, o que não somente o colocou em destaque e posição de honra diante dos gentios, como também engrandeceu sobremaneira o nome de YHWH diante de todos os povos. Entretanto, Daniel veio numa época da humanidade em que o Senhor estava fazendo uma grande obra na vida do Seu povo, por isso suas visões e suas experiências proféticas foram mais fortes e profundas. Daniel foi reconhecido como verdadeiro profeta de Deus. É interessante percebermos que seu dom foi usado, multiplicado e intensificado no decorrer da sua vida, pois já estava preparado para recebê-lo e usá-lo corretamente.

Assim, nós, profetas do Senhor, ao liberarmos Sua palavra e Suas revelações estamos trazendo, na verdade, a revelação de Sua própria pessoa aos que ainda não O conhecem. Apesar de termos manifestações diferentes dos dons espirituais, pois a nenhum de nós é dada a mesma capacidade nem a mesma forma de vermos e entendermos as verdades divinas, o que o Espírito nos pede é que não enterremos o nosso talento, pelo contrário, que o coloquemos na presença de Deus para ser usado e multiplicado para o bem e para o engrandecimento do Seu Corpo na terra. Nós podemos mostrar através das nossas lutas e desafios que o nosso Deus é um Deus verdadeiro, de livramentos constantes, de soluções e de revelações infinitas e é capaz de nos conferir poderes para realizarmos de maneira mais completa Sua obra entre os povos. Para termos dons espirituais como Daniel e os demais profetas, é necessário que nos aproximemos do Senhor cada vez mais e que nossa fidelidade a Ele seja mantida intacta. Não que tenhamos por nós mesmos a capacidade nem a vontade humana de fazer isso, mas quando o nosso compromisso com Ele é sincero, Seu próprio Espírito nos mantém no caminho da perseverança e da santidade até que, como Daniel, nós possamos chegar ao final da nossa jornada na eternidade e ter nossos nomes achados no Livro da Vida (Dn 12: 1; Ap 13: 8; Ap 17: 8; Ap 21: 27).

Mesmo que as lutas pareçam cansá-lo, meu irmão, não desista, persevere e se mantenha fiel a Jesus e Ele jamais o negará; pelo contrário, confirmará o seu nome diante do Pai e dos Seus anjos. Que o dom que Ele lhe deu esteja sempre debaixo do domínio do Espírito Santo e seja aperfeiçoado e selado sobre você para jamais ser roubado.

Vídeo de ensino

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O Profeta Daniel’ – 16:54.

Este texto se encontra no livro:


livro evangélico: Profeta, o mensageiro de Deus

Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)

Prophet, the messenger of God (PDF)

Sugestão para download:


tabela de profetas AT

Tabela dos profetas (PDF)

Table about the prophets (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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