Isaías 60: Jerusalém será reconstruída e restaurará sua comunhão com Deus; os gentios também serão salvos. Nos tempos do Evangelho os povos seriam atraídos pela doutrina de Cristo: de Midiã, Efa, Sabá; Quedar, Nebaiote e Társis.

Isaiah 60: Jerusalem will be rebuilt and restore its communion with God; the Gentiles will also be saved. In the times of the Gospel, people would be attracted by the doctrine of Christ: from Midian, Ephah, Sheba; Kedar, Nebaioth and Tarshish.


Isaías capítulo 60




Capítulo 60

A glória da nova Jerusalém – v. 1-22.
• Is 60: 1-5: “Dispõe-te [NVI: ‘Levante-se’], resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do Senhor nasce sobre ti. Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos; mas sobre ti aparece resplendente o Senhor, e a sua glória se vê sobre ti. As nações se encaminham para a tua luz, e os reis, para o resplendor que te nasceu. Levanta em redor os olhos e vê; todos estes se ajuntam e vêm ter contigo; teus filhos chegam de longe, e tuas filhas são trazidas nos braços. Então, o verás e serás radiante de alegria; o teu coração estremecerá e se dilatará de júbilo [NVI: ‘o seu coração pulsará forte e se encherá de alegria’], porque a abundância do mar se tornará a ti [NVI: ‘porque a riqueza dos mares lhe será trazida’], e as riquezas das nações virão a ter contigo”.

Aqui, o Senhor dá uma palavra de força e incentivo para Jerusalém, fazendo alusão à vinda do Messias, que a encherá de glória com a Sua presença e lhe trará a salvação. A luz indica um tempo de alegria e prosperidade, ao mesmo tempo o entendimento e a revelação de Deus. Cristo chegou como a luz do mundo, de uma maneira espiritual. No Período Intertestamentário o mundo se achava em grandes trevas espirituais, incluindo a Judéia, pois várias nações dominaram ali e trouxeram uma grande influência da cultura grega com toda a sua idolatria. Também neste período de silêncio de Deus, que durou quatrocentos anos, não houve profetas enviados por Ele para endireitar o caminho do Seu povo, pois eles retornaram ao patamar de rebeldia que tinham antes do exílio babilônico, e além disso, surgiram muitas novas doutrinas religiosas de Saduceus e outras correntes do judaísmo naquela época. Houve um esfriamento nas coisas espirituais até mesmo naqueles que eram sacerdotes. Mas a profecia de Isaías diz que para esta terra de Israel, o Messias viria trazendo luz; e essa luz iluminaria as nações gentias que andavam em trevas. Nações e reis ficariam sabendo da notícia de um despertar espiritual em Israel. Até os judeus de outras partes do mundo retornariam à sua pátria (‘teus filhos chegam de longe, e tuas filhas são trazidas nos braços’). Isso seria um motivo de alegria para Jerusalém. ‘A riqueza dos mares’ ou ‘a abundância do mar’ se refere às nações gentias que estavam longe de Israel, e que voltariam a fazer novamente o comércio e o intercâmbio com Israel, e isso traria riquezas para Jerusalém e Judá.


A glória da nova Jerusalém


• Is 60: 6-9: “A multidão de camelos te cobrirá, os dromedários (camelos) de Midiã e de Efa [ou Efá]; todos virão de Sabá; trarão ouro e incenso e publicarão os louvores do Senhor. Todas as ovelhas de Quedar se reunirão junto de ti; servir-te-ão os carneiros de Nebaiote; para o meu agrado subirão ao meu altar, e eu tornarei mais gloriosa a casa da minha glória [NVI: ‘serão aceitos como ofertas em meu altar, e adornarei o meu glorioso templo’]. Quem são estes que vêm voando como nuvens e como pombas, ao seu pombal? Certamente, as terras do mar me aguardarão; virão primeiro os navios de Társis [‘navios mercantes’ ou ‘navios de refinação ou mineração’] para trazerem teus filhos de longe e, com eles, a sua prata e o seu ouro, para a santificação do nome do Senhor, teu Deus, e do Santo de Israel, porque ele te glorificou”.

Os primeiros povos descritos acima são os antepassados de Esaú, meios-irmãos de Ismael (pois são filhos de Abraão com Quetura, sua concubina) e aparentados com Isaque, filho de Abraão com Sara, e mais tarde se opondo ao povo de Israel em várias ocasiões. Isso significava uma restituição de Deus em relação às afrontas e discórdias passadas entre Israel e esses povos, que viriam a Jerusalém com sua atual descendência para engrandecê-la com seus presentes por causa da luz do Messias.

Abraão e Quetura (1 Cr 1: 32; Gn 25: 1-4) geraram Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Sua (Suá). Jocsã gerou Sabá e Dedã (estes dois últimos também são nomes mencionados na bíblia como filhos de Raamá, descendente de Cuxe, filho de Cam, filho de Noé – 1 Cr 1: 9; Gn 10: 1-32). Os filhos de Midiã foram: Efá ou Efa, Éfer, Enoque, Abida e Elda. Sabá, neto de Abraão e Quetura (1 Cr 1: 32) está descrito com o nome de Seba em Gn 25: 3. De Sabá veio sua rainha trazendo grandes riquezas a Salomão (2 Cr 9: 1-12; 1 Rs 10: 1-13). Nos primeiros séculos DC, Sabá manteve as tradições judaicas, muçulmanas e cristãs, particularmente cristãs etíopes. Muito provavelmente a localização de Sabá era ao sul da Arábia, mantendo íntimas relações com o povo de Seba, descendente de Cuxe, na região da Etiópia.


Seba e Sabá
Descendentes de Cam e Sem: Sabá (neto de Abraão e Quetura) e Seba (descendente de Cuxe)


Midiã deu origem aos midianitas, que estavam relacionados com os ismaelitas (Gn 28: 9; Gn 37: 28; 36) quando José foi vendido ao Egito, e em Jz 8: 24; 26, quando foram derrotados por Gideão. Moisés se casou com Zípora, uma midianita, quando fugiu de Faraó; e seu sogro era Jetro ou Reuel (Êx 2: 15; 21; Êx 3: 1; Nm 10: 29). No tempo dos juízes, Deus livrou o Seu povo dos midianitas por meio de Gideão (Jz 6–8; Jz 9: 17). Aqui é referido que os midianitas montavam em camelos dos amalequitas (Amaleque era neto de Esaú – Gn 36: 12; 1 Cr 1: 36) e outros povos orientais. Essa é a mais antiga referência ao uso de camelos em grande número na arte da guerra (Jz 6: 5; Jz 7: 12; Jz 8: 26). O ouro e as principais mercadorias eram trazidos sobre camelos, o que implica aqui a chegada de várias nações a Cristo. Todas as nações honrarão Jerusalém e o Deus de Israel com o que podem.

Nebaiote, o primogênito de Ismael, é citado junto com os outros onze irmãos (1 Cr 1: 29-31; Gn 25: 12-18; Gn 28: 9), príncipes das nações árabes: Quedar, Adbeel, Mibsão, Misma, Dumá, Massá, Hadade, Temá, Jetur, Nafis e Quedemá. Ismael também teve uma filha chamada Maalate (Gn 28: 9), que se casou com Esaú. Nebaiote foi o ancestral de uma tribo árabe que posteriormente deu origem aos Nabateus. Nebaiote (Nbayowth ou Nbayoth – Strong #5032) significa frutificação, fecundidade.


Descendentes de Ismael e Esaú
Descendentes de Ismael e Esaú


Quedar (como foi descrito em Is 21: 16) era um dos filhos de Ismael (Gn 25: 13; 1 Cr 1: 29) e irmão de Nebaiote. Essa tribo era composta por árabes beduínos que viviam em tendas e guardavam seus rebanhos; por causa dos animais, eles se moviam de lugar em lugar para o pasto e acampavam onde lhes era mais conveniente. Sua ‘glória’ eram seus rebanhos de ovelhas (Is 60: 7), cabras e bodes. Em Ct 1: 5 há uma referência às tendas de Quedar, cujas tendas eram, em geral, feitas de peles de bodes negros. O Sl 120: 5 também faz menção a esta tribo. Além dos seus rebanhos, essa tribo nômade era dotada de habilidosos arqueiros. Quedar ou Kedar, em hebraico, significa ‘obscuro’ (da pele ou da tenda). Neste versículo de Isaías 60 a bíblia fala: “servir-te-ão os carneiros de Nebaiote; para o meu agrado subirão ao meu altar, e eu tornarei mais gloriosa a casa da minha glória [NVI: ‘serão aceitos como ofertas em meu altar, e adornarei o meu glorioso templo’]”, o que quer dizer que muitos desses povos trariam seus animais como um sacrifício agradável a Deus no Seu altar em Jerusalém.

‘Quem são estes que vêm voando como nuvens e como pombas, ao seu pombal?’ – a nuvem e as pombas aqui são uma metáfora de um grande número ou da velocidade com que os povos virão a Jerusalém, atraídos pela nova doutrina de Cristo.

Társis, onde havia uma colônia de Tiro, não tem ainda uma localização certa, podendo se referir a um porto fenício na Espanha, localizado entre as duas bocas do rio Guadalquivir. A expressão ‘navios de Társis’, possivelmente, se referia a uma classe de navios: 1) Navios destinados a longas viagens. 2) Navios de grande tamanho, preparados para navegar no mar; assim foram denominados os navios do rei Salomão, que saíam de Eziom-Geber. Em grego, Társis é chamada de Tartesso ou Tartessos. Tartessos (em grego: Τάρτησσος) era o nome pelo qual os gregos conheciam a primeira civilização do Ocidente. Tartesso teve o rio Tartesso como um rio central que dividia o país ao meio; os romanos o chamaram de Bétis, e os árabes, Guadalquivir. Eziom-Geber (1 Rs 9: 26) se refere, muito provavelmente, à atual Aqaba (também chamada Aila), uma cidade costeira do extremo sul da Jordânia, capital da província com o mesmo nome. Este é o único porto marítimo do país, por isso a cidade é de importância estratégica para a Jordânia. A cidade faz limite com Eilat (Elate, na bíblia), localizada em Israel. Tanto Aqaba quanto Eilat encontram-se no extremo norte do golfo de Aqaba.

A atual profecia de Isaías fala que ‘virão primeiro os navios de Társis [‘navios mercantes’ ou ‘navios de refinação ou mineração’] para trazerem teus filhos de longe e, com eles, a sua prata e o seu ouro, para a santificação do nome do Senhor, teu Deus, e do Santo de Israel, porque ele te glorificou’.


Crescente fértil
Crescente Fértil – Egito, Israel, Fenícia e Mesopotâmia
Lugares com muito ouro: Ofir, Sabá e Ramá

O uso do ouro era comum entre os hebreus e entre os povos da Antiguidade (1 Cr 22: 14; 2 Cr 1: 15; 1 Cr 29: 1-9; 2 Cr 9: 9; Dn 3: 1; Na 2: 9). Vários recintos do templo, dos ornamentos e dos utensílios eram cobertos deste precioso metal (Êx 36: 34-38; 1 Rs 7: 48-50). O ouro, na bíblia, na maior parte das vezes, se refere às coisas que eram colocadas no tabernáculo ou no templo, despojos preciosos de guerra ou tributos a serem pagos a um império. Portanto, nos dá a idéia de algo extremamente precioso, algo mais diretamente separado para Deus ou muito importante para uma nação, como um resgate, por exemplo. Também é um símbolo da glória de Deus.

Alguns lugares na Antiguidade eram conhecidos pela abundância de ouro que eles continham: Parvaim (2 Cr 3: 6), Ofir (Jó 22: 24; Jó 28: 16; 1 Cr 29: 4), Sabá (2 Cr 9: 1; 9; Ez 27: 22) e Ramá (Ez 27: 22), estes três últimos lugares localizados no sudoeste da Arábia Saudita. Quanto ao termo ‘Ofir’, outros estudiosos preferem ler ‘uphaz (Ufaz), em lugar de ’üphïr ou ’owphiyr (Ofir – Strong #211), por causa da semelhança dos caracteres hebraicos para z e r. Ao invés de uma localidade, ‘Ofir’ pode ter sido um termo técnico com o sentido de ‘ouro refinado’ [1 Rs 10: 18: müphãz; Is 13: 12: mippãz, semelhante à definição de ‘ouro puro’ (zãhãbh tãhôr de 2 Cr 9: 17; zãhãbh – Strong #2091; tãhôr – Strong #2889). Ofir era filho de Joctã, filho de Héber, descendente de Sem, filho de Noé (1 Cr 1: 19-23; Gn 10: 25-29). Quanto a Parvaim, trata-se uma localidade não identificada.

A profecia de Isaías não menciona apenas o ouro como uma dádiva a ser trazida para Jerusalém; ela também menciona a prata. A prata (hebr.: Keseph – Strong #3701) é o segundo dos metais nobres, depois do ouro. O processo de refinação pode significar obediência a Deus. Era o metal mais disponível na Palestina, assim como na Assíria e na Babilônia e era o mais freqüentemente usado. Keseph é a palavra hebraica para ‘prata’ (Is 60: 9) e para ‘dinheiro’ (Gn 17: 13). A prata é símbolo de redenção e obediência a Deus, levando à santificação.

Isaías (Is 60: 6) também menciona o incenso: “A multidão de camelos te cobrirá, os dromedários (camelos) de Midiã e de Efa; todos virão de Sabá; trarão ouro e incenso e publicarão os louvores do Senhor”.

O incenso de que Isaías fala aqui é o olíbano, também conhecido como franquincenso, uma resina aromática muito usada na perfumaria e fabricação de incensos. É obtido de árvores africanas e asiáticas (Arábia e Índia) do gênero Boswellia. Embora tenha sido reintroduzido na Europa pelos Francos, seu nome ‘franquincenso’ é derivado do francês antigo ‘franc encens’ que significa ‘incenso de alta qualidade’; por outro lado, ‘olíbano’ é derivado do árabe al-lubán (‘o leite’), em referência à seiva leitosa que escorre após a incisão da casca da árvore de olíbano. Em hebraico, a palavra usada é bownah ou u·lbne [לבונה = franquincenso ou olíbano, segundo a Versão Concordante do Antigo Testamento – CVOT] ou lbonah, que, por sua vez, é derivada de laban ou laben, como Labão (em Gn 49: 12), que significa: branco (לבנה). Assim, ficou conhecido como olíbano pela sua brancura ou pela sua fumaça branca, que procede da combustão da resina. A seiva da árvore seca e dá origem à resina. Embora a resina seja amarela e tenha gosto amargo e picante, é bastante perfumada. Dentre as quatro espécies de árvore do gênero Boswellia, da Família Burseraceae, de onde se extrai a seiva (e a resina) do incenso, a espécie ‘sacra’ (Boswellia sacra) é a mais utilizada. As demais são: B. frereana, B. serrata (na Índia) e B. papyrifera. Cada espécie produz um tipo de resina ligeiramente diferente, principalmente por causa das diferenças no solo e no clima. As árvores da espécie Boswellia sacra são mais usadas por sua capacidade de crescer até em ambientes aparentemente impróprios, como, por exemplo, em rocha sólida. As árvores começam a produzir resina quando já têm oito a dez anos de idade. Geralmente as resinas mais opacas são de melhor qualidade. Uma resina bem fina é produzida na Somália. Devido à exploração excessiva dessas árvores pela civilização moderna, elas estão em processo de declínio; além das queimadas, do desmatamento para pastos e agricultura, e ataques de besouros. As melhores árvores produzem sementes que germinam apenas 16% quando cultivadas. As demais sementes de árvores não cultivadas germinam em mais de 80%. O incenso tem sido comercializado na Península Arábica, no norte da África e na Somália há mais de 5.000 anos.


Boswellia sacra
Flores e galhos da árvore Boswellia sacra

Franquincenso do Iêmen
Franquincenso do Iêmen


Em Êx 30: 7-8, o Senhor ordenava a Arão que queimasse o incenso de manhã e à tarde, assim como no dia da expiação (Lv 16: 12-13). O incenso é mencionado em alguns trechos bíblicos do AT em relação ao sacerdócio (provocava a ira de Deus quando era oferecido a outros deuses): Êx 30: 1; 6-9; Êx 30: 34-38; 2 Cr 29: 11; Is 65: 3; Jr 44: 8. Há também algumas referências ao incenso como o símbolo da oração dos filhos de Deus (Sl 141: 2; Ap 5: 8; Ap 8: 3-4) bem como uma manifestação da intercessão de Cristo por nós. Em Lc 1: 8-11 (Anunciado o nascimento de João Batista ao sacerdote Zacarias), o incenso é mencionado em relação ao culto no templo. Durante os quatro primeiros séculos da igreja cristã não há indício algum do uso do incenso no culto cristão.

Assim, analisando o texto de Isaías 60: 6, os povos de longe viriam para adorar o Senhor no templo e fazer a Ele suas preces naquele lugar, povos da Arábia, da África e do continente europeu. E Ele seria favorável a eles.

• Is 60: 10-12: “Estrangeiros edificarão os teus muros, e os seus reis te servirão [servirão Jerusalém]; porque no meu furor te castiguei, mas na minha graça tive misericórdia de ti [NVI: ‘Com ira eu a feri, mas com amor lhe mostrarei compaixão’]. As tuas portas estarão abertas de contínuo; nem de dia nem de noite se fecharão, para que te sejam trazidas riquezas das nações, e, conduzidos com elas, os seus reis. Porque a nação e o reino que não te servirem perecerão; sim, essas nações serão de todo assoladas [NVI: ‘serão totalmente exterminados’]”.

Estes versículos podem dizer respeito a Ciro e aos seus sucessores (Dario I, Xerxes, Artaxerxes I e Dario II) que ajudaram os judeus na construção do templo e dos muros de Jerusalém, e providenciaram o que era necessário para a obra: Ed 1: 1-11; Ed 3: 7 – ajuda dos sidônios e tírios; Ed 5: 13-16; Ed 6: 3-5; Ed 6: 6-12; Ed 7:12-22; Ed 7: 26-28; Ed 8: 36; Ne 2: 5-9; Ne 7: 70-73; Ne 13: 8-9. Muitos estrangeiros, entretanto, tentaram dificultar o trabalho da construção do templo e da cidade de Jerusalém no tempo de Esdras e Neemias (Ed 3: 3; Ed 4: 4-6; 24; Ed 6: 6-7; 12; Ne 2: 10; 19-20; Ne 4: 1-3; 7-8; 15; Ne 6: 1-3), mas Deus usou até reis gentios para frustrarem seus planos, proclamando leis que ordenavam a destruição dos rebeldes ao decreto real (como o decreto de Dario I – Ed 6: 1-15; e Artaxerxes – Ed 7: 1-6; 11-16; 21; 24-28). Na verdade, muitos poderosos de várias nações tiveram reverência e até medo do Deus de Israel depois da libertação do Seu povo da Babilônia e do que Ele já tinha realizado através da reconstrução do templo em Jerusalém e dos muros da cidade, mesmo com a interferência de alguns governadores como Sambalate, Tobias e Gesém (Ne 2: 10; 19). Por isso, o medo também foi um dos fatores que contribuíram para reis e súditos gentios se submeterem e até se converterem (cf. Zc 14: 16-19). Esses versículos também abrangem os reis estrangeiros que contribuíram com Jerusalém no tempo de Cristo e os pagãos convertidos ao Seu evangelho.

Sambalate – esse nome é de origem babilônica, Sin-uballit, isto é, ‘Sîn (o deus-lua) deu vida’. Em Ne 2: 10; 19 e Ne 13: 28 ele é chamado de o horonita, o que provavelmente denota que ele viera de Bete-Horom, cerca de vinte e nove quilômetros a noroeste de Jerusalém, na terra de Efraim (cf. Js 10: 10-11). Foi um dos principais oponentes de Neemias. Alguns pergaminhos encontrados dizem que Sambalate era governador de Samaria em 407 AC, o que nos faz pensar que por volta de 445 ou 443 AC quando Neemias veio para reconstruir os muros de Jerusalém, ele aspirava esse posto de governo, não só sobre Samaria como também sobre a Judéia. É impossível afirmar se ele era descendente de uma família israelita que não fora levada para o cativeiro na Assíria por Sargom II em 722 AC ou se ele descendia de um dos povos que os reis assírios fizeram entrar na Palestina para repovoar a terra que estava sem seus habitantes. Sua religião, provavelmente, era mista (2 Rs 17: 33), embora colocasse YHWH em primeiro lugar, e assim tivesse conquistado a simpatia até mesmo do sumo sacerdote Eliasibe com cuja filha finalmente ele se casou (Ne 13: 28). Tobias, também mencionado em Ne 13: 4, provavelmente se casou com outra filha de Eliasibe.

• Is 60: 13-14: “A glória do Líbano virá a ti; o cipreste, o olmeiro e o buxo, conjuntamente [NVI: ‘juntos virão o pinheiro, o abeto e o cipreste’], para adornarem o lugar do meu santuário; e farei glorioso o lugar dos meus pés. Também virão a ti, inclinando-se, os filhos dos que te oprimiram; prostrar-se-ão até às plantas dos teus pés todos os que te desdenharam e chamar-te-ão Cidade do Senhor, a Sião do Santo de Israel”.

Mais uma vez Isaías usa essas três árvores (cf. Is 41: 19) para descrever as bênçãos de Deus sobre Seu povo e Sua cidade. Comparando com o original em hebraico, a tradução melhor seria: ‘o abeto, o pinheiro e o buxo’, pois o olmeiro não é nativo da Palestina. Tanto o abeto, como o pinheiro e o cipreste são coníferas perenemente verdes, nativas nas colinas da Palestina e do Líbano. O cipreste (Is 41: 19; Is 55: 13) é símbolo de fertilidade. Também é uma madeira excelente para construção. Salomão, por exemplo, construiu o templo não apenas com cedro, mas com madeira de cipreste e oliveira (1 Rs 6: 31-36). Portanto, também simboliza imponência, realeza e reverência a Deus.

O buxo é um arbusto ou pequena árvore, originária da Europa e da Ásia, dotada de flores pequenas e alvas, frutos capsulares, e de madeira útil para marchetaria (arte de incrustar peças de marfim, madeira, bronze etc., em alguma obra de marcenaria), torno, instrumentos musicais de sopro e instrumentos de desenho. Buxo (em hebraico, te’ashshür – Is 41: 19; Is 60: 13) tem o nome botânico de Buxus longifolia Boiss., uma pequena árvore com até seis metros de altura, com folhas perenemente verdes. A madeira é extremamente dura e de fina granulação. É nativo das ilhas do Mediterrâneo e do Líbano (Buxo, te’ashshür – Is 41: 19; 60: 13), mas não presente em Israel. Por outro lado, o Buxus sempervirens é nativo do oeste e sul da Europa, noroeste da África e sudoeste da Ásia (inclui Israel), do sul da Inglaterra ao sul até o norte de Marrocos, e leste através da região do norte do Mediterrâneo até a Turquia.

Embora não descrito abertamente aqui, o cedro do Líbano é um símbolo desta nação e da fertilidade da sua terra. O cedro do Líbano é uma majestosa conífera de madeira durável, que pode atingir quarenta metros de altura e os escritores antigos usavam-no como símbolo da estatura de um homem (Ez 31: 3; Am 2: 9), igualmente de força, majestade e poder (Ct 3: 9), altivez, dureza, inflexibilidade (Sl 29: 5). Portanto, todas as qualidades acima, presente nos reis e nobres de outras terras viriam a Jerusalém para adorar o Senhor no Seu templo. A descendência de todos aqueles que desdenharam de Jerusalém por causa da sua destruição também serão chamados por Deus para vir e reconhecer que Deus é capaz de reconstruir e restaurar o que foi destruído, principalmente para beneficiar Seu povo.

Se interpretarmos isso do ponto de vista espiritual, considerando Sião como o símbolo da Igreja de Cristo, então, os judeus e os romanos, entre outros povos que perseguiram a igreja primitiva e as primeiras igrejas cristãs erguidas nas nações ao redor de Israel, virão a reconhecer o senhorio de Jesus sobre todos os povos, e Sua posição como cabeça da Sua igreja na terra, o único Rei e Deus. Talvez possamos fazer uma comparação com o que está prometido para a igreja de Filadélfia em Ap 3: 9: “Eis que farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmo se dizem judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu ter amei”.

• Is 60: 15: “De abandonada e odiada que eras, de modo que ninguém passava por ti, eu te constituirei glória eterna, regozijo, de geração em geração [NVI: ‘farei de você um orgulho, uma alegria para todas as gerações’]”.

Isso é compreensível quando se pensa na cidade de Jerusalém após a destruição dos babilônios e do que Jeremias escreveu em Lm 1: 4, por exemplo: “Os caminhos de Sião estão de luto, porque não há quem venha à reunião solene [NVI: ‘festas fixas’]; todas as suas portas estão desoladas; os seus sacerdotes gemem; as suas virgens estão tristes, e ela mesma se acha em amargura [NVI: ‘angústia profunda’]”.

A cidade foi queimada e ficou desolada, com os poucos habitantes deixados em Judá por Nabucodonosor para cultivar a terra. Não havendo condições para se morar lá, não haveria condições para o comércio também e, portanto, nem caravanas passavam por Jerusalém. Parecia que Deus os tinha abandonado, mas Ele apenas estava realizando a Sua disciplina e punição sobre eles pelos seus pecados, até que estivessem prontos novamente para reatar a aliança de fidelidade com Ele. Como Deus não se ira para sempre, a restauração viria também para Jerusalém e para os seus moradores, revertendo seu quadro de desolação e o escárnio e zombaria por parte de seus inimigos. Jerusalém voltaria a ser habitada, e lembrada de geração em geração como a cidade santa. Isso permanece até hoje, apesar de todas as dificuldades pelas quais Jerusalém passou, e por todos os povos (conseqüentemente suas religiões) que dividem o espaço entre si dentro dela.

• Is 60: 16: “Mamarás o leite das nações [No original: ‘dos Gentios’] e te alimentarás ao peito dos reis; saberás que eu sou o Senhor, o teu Salvador, o teu Redentor, o Poderoso de Jacó”.

Nós mencionamos nas profecias anteriores que a vinda do Messias seria um novo tempo para Israel, como uma nova criação de Deus, como se Ele estivesse formando outra vez uma nova terra, sem as manchas da idolatria do Seu povo, e de tantos outros pecados que lhe trouxeram a destruição. Dessa forma, podemos comparar a Jerusalém reconstruída após o retorno dos exilados e, sobretudo após a vinda de Jesus, com uma cidade recém-nascida, necessitada do leite, ao invés do alimento sólido, para poder crescer debaixo de outros padrões. Entretanto, antes de falarmos sobre as coisas espirituais, vamos raciocinar da maneira material. Nós podemos perguntar:

— De que forma os gentios poderiam fornecer este ‘leite’ a Jerusalém?
— Eles não tinham nada a oferecer espiritualmente, pois eram pagãos, mas baseados no próximo versículo de Isaías, nós podemos ver aqui uma correlação com Ciro e com os governantes persas que se seguiram, suprindo os exilados, as cidades de Judá e a Jerusalém, com bens, gado e dádivas voluntárias não só para a reconstrução do templo (Ed 1: 6-11), como também com coisas básicas para reconstruírem suas casas e suas vidas. Foi comentado que no tempo de Esdras e Neemias, os reis persas que se seguiram a Ciro supriram os judeus em tudo o que eles pediram para erguer o templo, desde Ciro até Dario I, e os muros da cidade, no tempo de Artaxerxes I. Se pensarmos na parte emocional daqueles que voltaram do cativeiro, nós podemos supor que estavam desmotivados, desmoralizados e com medo, por isso Deus levantou Seus profetas, Ageu e Zacarias, para incentivá-los (Ed 5: 1-2; Ed 3: 3; Ne 2: 17-18; Zc 1: 1-3; Ag 1: 1-4; 8; 12-15; Ag 2: 6-9). Com a força do Espírito eles conseguiram reconstruir o altar, o templo e a cidade de Jerusalém. A fé de Esdras e Neemias foi um grande ponto de apoio para eles, da mesma forma que as riquezas (‘leite’) da Pérsia deram a força material para eles se erguerem.


Esdras, o sacerdote
Esdras, o sacerdote que retornou do exílio


Agora, se pensarmos no lado espiritual de tudo isso e transportarmos este versículo para os tempos do evangelho, os gentios apenas contribuíram com os judeus (em relação a este versículo de Isaías 60: 16) com o seu entusiasmo em aceitar a nova doutrina de Jesus, pregada pelos Seus apóstolos em Jerusalém. Aí, sim, nós podemos dizer que tanto os judeus de lá como os novos convertidos gentios se alimentaram do leite espiritual da palavra de Deus para poderem assimilar a nova fé:

• 1 Co 3: 2: “leite (em grego: γάλα gala – Strong g#1051) vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais”.
• 1 Pe 2: 2-3: “desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite (em grego: γάλα gala – Strong g#1051) espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação, se é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso”.
• Hb 5: 12-14 (Para os cristãos hebreus): “Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite (em grego: γάλα gala – Strong g#1051) e não de alimento sólido. Ora, todo aquele que se alimenta de leite (em grego: γάλα gala – Strong g#1051) é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal”.

É interessante notar que a igreja cristã descrita em At 2: 42-47; At 4: 32-37; At 5: 1-11; At 6: 1-7, distribuindo suas posses entre os necessitados e repartindo o pão de casa em casa, foi aos poucos empobrecendo, em grande parte devido às perseguições sofridas pelos discípulos por parte dos governantes civis e até pelos judeus tradicionais. Os novos crentes vendiam o que tinham e fugiam, perdendo suas propriedades e seus bens. A igreja de Jerusalém, principalmente, sofreu muito com a escassez de suprimentos; por isso, Paulo enviava socorro financeiro para os irmãos fazendo coleta entre os gregos (Macedônia, Acaia e Filipos, por exemplo). Mas podemos notar também, lendo a bíblia, que os gentios que começaram a contribuir para a igreja cristã não foram gentios ricos que, de repente, decidiram contribuir com a nova doutrina de Jesus, mas foram gentios, não tão ricos, que se converteram ao Cristianismo e passaram a ofertar para o fortalecimento e a manutenção da igreja.

A bíblia diz que Barnabé e Paulo ficaram durante um ano em Antioquia da Síria estabelecendo e fortalecendo a igreja cristã, e lá, pela primeira vez, os discípulos passaram a ser chamados cristãos – At 11: 26. Naqueles dias (At 11: 27-30) o profeta Ágabo fez a previsão de um período de fome não só na Judéia, mas em grande parte das nações, o que aconteceu nos dias do reinado do imperador Cláudio. Por isso, os discípulos enviaram socorro financeiro para os irmãos em Jerusalém por intermédio de Paulo e Barnabé (At 11: 30).

Outras passagens que confirmam a ajuda dos gentios à Igreja:
• Na versão bíblica ARA o título do texto de 2 Co 8: 1-15 é: ‘As ofertas das igrejas da Macedônia para os pobres da Judéia’. Mesmo tendo poucas condições financeiras (2 Co 8: 2), eles ofertaram aos irmãos com generosidade (cf. Rm 15: 25-26). Parece ter sido uma situação diferente da relatada em At 11: 27-30, sobre o período de fome no tempo do imperador Cláudio.
• O centurião Cornélio também parece ter sido um gentio que contribuía com a igreja recém-nascida (At 10: 4; 31), vindo ele mesmo a ser um cristão.
• Paulo menciona os Filipenses, que o sustentaram quando estava preso (Fp 1: 5-7; Fp 4: 15-16).
• Paulo adotou a prática de ajudar financeiramente a igreja em Jerusalém, ensinando seus colaboradores e discípulos a fazerem o mesmo (At 24: 17). E essa prática foi considerada por ele como um sinal de união entre os judeus convertidos e a parte gentílica da Igreja de Cristo: Rm 15: 25-27; 1 Co 16: 1-4; 2 Co 9: 1-15; Gl 2: 10.

Isso é o que está escrito na bíblia. Livros apócrifos são de pouca serventia para confirmar a participação de gentios ricos que ofertaram sem se tornarem membros da igreja Cristã.

• Is 60: 17: “Por bronze trarei ouro, por ferro trarei prata, por madeira, bronze e por pedras, ferro; farei da paz os teus inspetores [NVI: ‘o seu dominador ‘] e da justiça, os teus exatores [NVI: ‘o seu governador’]”.

Isso é uma maneira figurada de se referir aos móveis e utensílios do templo que foram roubados pelos babilônios, e agora, depois do cativeiro, seriam devolvidos à Casa de Deus. Ele estava levantando governantes justos e pacíficos como Zorobabel e Neemias para governar sobre Seu povo, assim como sacerdotes (Esdras e Josué, por exemplo) para recomeçar a ensinar a palavra de Deus aos que voltaram do exílio.

‘Por bronze trarei ouro, por ferro trarei prata, por madeira, bronze e por pedras, ferro’ pode ser também uma linguagem figurada no que diz respeito à substituição das coisas materiais pelas espirituais, ou da mudança da dispensação do AT para a do NT.

Neste versículo, os metais e os materiais da natureza são citados numa escala crescente de valores, comparando-os entre si (bronze, de menor valor, por ouro, de maior valor; ferro, de menor valor, por prata, de maior valor; etc.).

Poderíamos dizer que por bronze, símbolo do julgamento e do juízo de Deus sobre o pecado, o Senhor traria o ouro, símbolo da Sua glória e das coisas preciosas para Ele, como corações arrependidos e uma alma limpa. Por ferro, símbolo da força da carne para realizar a sua santificação tentando obedecer a lei, o Senhor traria a obediência a Ele, levando à santificação e à redenção (prata) na força do Seu Espírito (Zc 4: 6). Por madeira, símbolo da natureza carnal tentando governar o homem, Ele traria o bronze, agora simbolizando o arrependimento do ser humano e seu sacrifício de entrega total no altar do Senhor para ser mudado conforme a santa vontade de Deus. E no lugar de pedra, simbolizando a maneira rústica de construir o templo interior e as coisas materiais da vida de um homem, Deus traria a força (ferro) e a autoridade do Seu Espírito para que o que se construísse de valioso não mais viesse a perecer ou se perder.

• Is 60: 18: “Nunca mais se ouvirá de violência na tua terra, de desolação ou ruínas, nos teus limites [NVI: ‘dentro de suas fronteiras’]; mas aos teus muros chamarás Salvação, e às tuas portas, Louvor”.

Em primeiro lugar é uma promessa de paz e segurança após o período de destruição pelos babilônios; uma promessa de descanso e tranqüilidade material para que eles voltassem a acreditar em Deus e pudessem ser preparados espiritualmente para a vinda do Messias. Agora, eles olharão para os muros construídos e se lembrarão da salvação que Deus lhes deu, e se sentirão a salvo de prováveis inimigos; olharão para as portas da cidade e cantarão de júbilo pela proteção da cidade de Davi, da mesma forma que no passado as portas foram locais de ações de graças (Sl 9: 14; Sl 24: 7; Sl 100: 4). O nome ‘Judá’ (Yehüdhâ, em hebraico) significa ‘louvado’, ‘celebrado’, ‘festejado em louvor (ydh) ao Senhor’ [Gn 29: 35 b: “Esta vez louvarei o Senhor. E por isso lhe chamou Judá; e cessou de dar á luz” (Lia lhe deu o nome)].

Mas também há uma mensagem espiritual em tudo isso para nós. Quando o Senhor entra em nossa vida e nos liberta do cativeiro de Satanás, Seu Espírito nos ajuda a construir os muros destruídos da nossa alma, as brechas do pecado e da ignorância por onde o inimigo entrou e assolou. Agora, com a ajuda do Espírito Santo, nós podemos ter a chance de reconstruir nossos muros através do sangue de Jesus nos perdoando e nos justificando, removendo todas as acusações sobre nós; portanto, fechando nossas brechas espirituais. Então passamos a entender que temos um protetor, um Salvador, e que nenhuma violência das trevas vai nos atingir novamente, nem haverá áreas desoladas ou abandonadas em nossa vida. Nossas carências serão preenchidas pelo amor do Senhor. Olhamos para os muros da nossa alma e podemos chamá-lo de Salvação, ou seja, Yeshua (ישוע), o nome hebraico de Jesus. A palavra ‘salvação’ (em hebraico, ישועה) aparece 146 vezes na bíblia – 103 vezes no AT e 43 vezes no NT. No AT ela é transliterada como yeshu`âh (o significado do nome ‘Jesus’ – Mateus 1: 21; Lc 1: 27). A palavra hebraica yeshu`âh (salvação) é claramente vista em 3 versículos de Isaías: Is 26:1, Is 49: 8 e Is 60: 18 e significa: ‘algo salvo’, isto é, ‘libertação’, portanto, ajuda, vitória, prosperidade, salvamento, saúde, socorro, salvar, proteger, guardar, preservar (saúde), bem-estar. A palavra yshuw`ah está ligada à palavra yasha`, que é uma raiz primitiva cujo significado é: ser aberto, largo (espaçoso) ou livre e, conseqüentemente, estar seguro, livre; ou socorro (ou vir em socorro de), vingar, defender, libertar (ou libertador), socorrer, preservar, resgatar, trazer ou ter salvação, salvar (ou salvador), obter vitória. Yshuw`ah (ou yeshu`âh) é palavra derivada de Yhowshuwa` (Jehoshua ou Yehôshua‘, יהושע, Strong #3091; Joshua; Josué, que significa: YHWH salvou), transliterada para o grego como Iēsoùs (Ίησούς – Strong # g2424), Jesus (em Latim) – Mt 1: 21; Lc 1: 31.

Os nossos muros, nós chamamos Salvação, pois Jesus é o nosso escudo; e as portas da nossa alma passam a ser chamadas de louvor, pois enquanto nós louvamos o Senhor, Ele guerreia por nós; ou então, sabendo exercer corretamente a autoridade espiritual que recebemos dEle, nós vencemos as provas e podemos louvar Seu nome pelas conquistas que nos deu. Geralmente, portas são símbolos do poder e da autoridade contra o avanço do inimigo; também são símbolo da proteção divina (“Pois ele reforçou as trancas das tuas portas e abençoou teus filhos, dentro de ti; estabeleceu paz nas tuas fronteiras e te farta com o melhor do trigo” – Sl 147: 13-14), assim como novas oportunidades dadas por Ele para conhecermos mais o que está reservado para nós, por exemplo, o Seu reino (Mt 25: 34: “então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”; Sl 24: 9: “Levantai, ó portas as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória”); ou ainda, para deixar entrar as bênçãos que Ele derrama sobre nossa vida: Is 26: 2: “Abri vós as portas, para que entre a nação justa, que guarda a fidelidade”.

• Is 60: 19-20: “Nunca mais te servirá o sol para luz do dia, nem com o seu resplendor a lua te alumiará; mas o Senhor será a tua luz perpétua [NVI: ‘O sol não será mais a sua luz de dia, e você não terá mais o brilho do luar, pois o Senhor será a sua luz para sempre’], e o teu Deus, a tua glória. Nunca mais se porá o teu sol, nem a tua lua minguará, porque o Senhor será a tua luz perpétua, e os dias do teu luto findarão”.

Para os judeus daquela época essa profecia era o anúncio da vinda do Messias, com uma luz espiritual maior do que o sol ou do que a lua e um brilho constante, e trazendo a dignidade e a honra da Sua presença para o Seu povo de uma maneira física e tão perceptível e gloriosa como apareceu no Sinai para os seus antepassados. A presença do Senhor traria a esperança da salvação e da vida eterna; por isso, não havia mais necessidade do luto.

Esses versículos também são uma profecia sobre a nova Jerusalém espiritual; é só comparar com Ap 21: 23; Ap 22: 5, quando Jesus preencherá todas as coisas e a alma de todos os Seus filhos com a Sua presença.

• Is 60: 21-22: “Todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra [NVI: ‘Então todo o seu povo será justo, e possuirá a terra para sempre’]; serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado [NVI: ‘para manifestação da minha glória’]. O menor virá a ser mil, e o mínimo, uma nação forte [NVI: ‘O mais pequenino se tornará mil, o menor será uma nação poderosa’]; eu, o Senhor, a seu tempo farei isso prontamente [NVI: ‘que isso aconteça depressa’]”.

Quando Isaías fala aqui sobre todos os judeus serem justos, isso significa a conversão deles a Cristo e, portanto, serem justificados pelo Seu sangue. Seguindo a verdade do Senhor e andando nela, seus descendentes possuirão a terra, ou seja, espalharão a nova doutrina por toda parte, a começar pela terra de Israel, ganhando vidas para Ele, e herdarão também o reino de Deus. A esses convertidos, o Senhor chama de renovos plantados por Ele, pela semente da Sua palavra que foi pregada e pelo Seu sacrifício definitivo na cruz. E esse chamamento não veio por mãos de homens, e sim pelo Espírito Santo, por isso Ele diz que foi ‘obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado’ (Is 60: 21 cf. Is 29: 23; Is 49: 3). Ninguém se vangloriaria por esse feito, pois esses renovos seriam as primícias do trabalho de Jesus na terra. Podemos pensar que esses primeiros renovos foram os apóstolos, e depois deles, todos os que creram em Jesus em Jerusalém, na Judéia e em Samaria pela pregação deles. E o Senhor mesmo adicionava vidas à Sua nova igreja (At 1: 8; At 2: 41; 47b; At 5: 12-16; At 8: 4-6; 12; At 8: 14-17; At 9: 31; At 10: 1-2; 22; 33; 44-48; At 11: 19-21; At 12: 24; At 13: 47-49).


• Principal fonte de pesquisa: Douglas, J.D., O novo dicionário da bíblia, 2ª ed. 1995, Ed. Vida Nova.
• Fonte de pesquisa para algumas imagens: wikipedia.org e crystalinks.com

Este texto se encontra no 3º volume do livro:


livro evangélico: O livro do profeta Isaías

O livro do profeta Isaías vol. 1 (PDF)

O livro do profeta Isaías vol. 2

O livro do profeta Isaías vol. 3

The book of prophet Isaiah vol. 1 (PDF)

The book of prophet Isaiah vol. 2

The book of prophet Isaiah vol. 3

Sugestão de leitura:


livro evangélico: Profeta, o mensageiro de Deus

Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)

Prophet, the messenger of God (PDF)

Sugestão para download:


tabela de profetas AT

Tabela dos profetas (PDF)

Table about the prophets (PDF)


Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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