Isaías 10: juízo divino contra as cidades da Assíria (Calno, Arpade, Damasco, Carquemis, Hamate); a marcha de Senaqueribe em direção a Jerusalém; os reis Neo-Assírios (912-608 AC); o enfraquecimento e o definhamento desse império.

Isaiah 10: prophecy of divine judgment against the cities of Assyria (Calno, Arpad, Damascus, Carchemish, Hamath); the march of Sennacherib towards Jerusalem; the Neo-Assyrian kings (912-608 BC); the weakening and withering away of that empire.


Isaías capítulo 10




Capítulo 10

Julgamento divino contra os que praticam injustiça – v. 1-4
• Is 10: 1-4: “Ai dos que decretam leis injustas, dos que escrevem leis de opressão; para negarem justiça aos pobres, e arrebatarem o direito aos aflitos do meu povo, a fim de despojarem as viúvas e roubarem os órfãos! Mas que fareis vós outros no dia do castigo, na calamidade que vem de longe? A quem recorrereis para obter socorro e onde deixareis a vossa glória? [NVI: ‘riquezas’] Nada mais vos resta a fazer, senão dobrar-vos [NVI: ‘encolher-se’] entre os prisioneiros e cair entre os mortos. Com tudo isto, não se aparta a sua ira [NVI: ‘a ira divina não se desviou’], e a mão dele continua ainda estendida”.

Estes quatro versículos são uma continuação dos últimos versículos do capítulo 9, onde o profeta descreve a maldade do seu povo e, mesmo assim não mostram arrependimento nem mudança; por isso, o Senhor continua com a Sua mão estendida em ira contra eles. Aqui Deus lhes pergunta o que eles farão no dia que forem para o cativeiro. O que lhes resta apenas é ficarem mudos e humilhados entre os prisioneiros de guerra ou estendidos junto aos mortos.

Profecia contra a Assíria por seu orgulho – v. 5-11.
• Is 10: 5-11 (cf. Sf 2: 23-15; Is 14: 24-27; Na 1: 1): “Ai da Assíria, cetro da minha ira! A vara em sua mão é o instrumento do meu furor. Envio-a contra uma nação ímpia e contra o povo da minha indignação [NVI: ‘um povo que me enfurece’] lhe dou ordens, para que dele roube a presa, e lhe tome o despojo, e o ponha para ser pisado aos pés, como a lama das ruas. Ela, porém, assim não pensa, o seu coração não entende assim; antes, intenta consigo mesma destruir e desarraigar não poucas nações. Porque [A Assíria] diz: ‘Não são meus príncipes [NVI: ‘comandantes’] todos eles reis?’ Não é Calno como Carquemis? [NVI: ‘Acaso não aconteceu a Calno o mesmo que a Carquemis?’] Não é Hamate como Arpade? E Samaria, como Damasco? O meu poder atingiu os reinos dos ídolos, ainda que as suas imagens de escultura eram melhores [NVI: ‘eram mais numerosas’] do que as de Jerusalém e do que as de Samaria. Porventura, como fiz a Samaria e aos seus ídolos, não o faria igualmente a Jerusalém e aos seus ídolos?”

Aqui o profeta fala do orgulho dos Assírios, mencionando o nome de algumas de suas cidades, nas quais eles se vangloriavam por as terem tomado.

Damasco era a capital da Síria que foi tomada posteriormente pelos Assírios; Carquemis ficava na Assíria. Em 605 AC, os Babilônios derrotaram os Egípcios em Carquemis, e eles fugiram para Hamate, na Síria, onde foram totalmente destruídos. Calno ficava na Síria, antes de ser capturada pelos assírios. Arpade ficava na Síria e foi primeiramente capturada pelos assírios em 754 AC, no reinado de Assurnirari V (755-745 AC), em seus esforços para controlar a rota para Hamate e Damasco, que eram suas aliadas (Jr 49: 23). Hamate, ‘Fortaleza ou recinto sagrado’, foi uma cidade e reino da alta Síria, no vale de Orontes.

Na época de esplendor da Assíria, essas cidades eram seu orgulho, porque caíram em seu poder. Eles achavam que eram invencíveis e que seus comandantes eram tão poderosos como os reis, que Seu poder atingiria todos esses reinos, cujos deuses eram mais numerosos do que os de Samaria. Precisamos nos lembrar que todo este trecho bíblico começou em Is 9: 8, e foi profetizado em relação a Israel (a nação do norte), não contra Judá. O despojamento das cidades de Samaria e Damasco (Is 8: 4), a deportação dos habitantes de Damasco para Quir (2 Rs 16: 9) e sua destruição foram citados como lição para Judá, aqui em Is 10: 9. Mas, assim como o rei da Assíria se gabava de ter poder para destruir reinos idólatras maiores do que Samaria, Deus o também o teria para corrigir Seu próprio povo e para destruir a Assíria.

Julgamento divino contra a Assíria – v. 12-19.
• Is 10: 12-19 (cf. Sf 2: 23-15; Is 14: 24-27; Na 1: 1): “Por isso, acontecerá que, havendo o Senhor acabado toda a sua obra no monte Sião e em Jerusalém, então castigará a arrogância do coração do rei da Assíria e a desmedida altivez dos seus olhos [NVI: ‘pelo seu olhar arrogante’]; porquanto o rei disse: ‘Com o poder da minha mão, fiz isto, e com a minha sabedoria, porque sou inteligente; removi os limites dos povos [NVI: ‘as fronteiras das nações’], e roubei os seus tesouros, e como valente abati os que se assentavam em tronos [NVI: ‘como um poderoso subjuguei seus habitantes’ ou ‘poderosos’]. Meti a mão nas riquezas dos povos como a um ninho; e, como se ajuntam os ovos abandonados, assim eu ajuntei toda a terra, e não houve quem movesse a asa, ou abrisse a boca, ou piasse’. Porventura, gloriar-se-á o machado contra o que corta com ele? Ou presumirá a serra [NVI: ‘ou a serra se vangloria’] contra o que a maneja? Seja isso como se a vara brandisse os que a levantam ou o bastão levantasse a quem não é pau! [NVI: ‘quem não é madeira’] Pelo que o Senhor, o Senhor dos Exércitos, enviará a tísica contra os seus homens [NVI: ‘enviará uma enfermidade devastadora sobre os seus fortes guerreiros’; Nota minha: ‘tísica’ é ‘tuberculose’], todos gordos, e debaixo da sua glória [em Inglês, ‘debaixo de sua pompa’] acenderá uma queima, como a queima de fogo [NVI: ‘se acenderá um fogo como chama abrasadora’]. Porque a Luz de Israel virá a ser um fogo e o seu Santo, como labareda, que abrase e consuma os espinheiros e os abrolhos da Assíria, num só dia. Também consumirá a glória da sua floresta e do seu campo fértil, desde a alma até o corpo; e será como quando um doente se definha. O resto das árvores da sua floresta será tão pouco, que um menino saberá escrever o número delas [NVI: ‘até uma criança poderá contá-las’]”.

Da mesma forma que Deus enviou destruição sobre Samaria, por causa dos seus deuses, Ele lidaria com Israel e Judá por todos os seus pecados, inclusive a idolatria. Entretanto, Ele não havia se esquecido da arrogância do rei da Assíria, que achava que tinha sido seu próprio braço que lhe conquistou vitória, sem saber que foi apenas um instrumento nas mãos de Deus para castigar Seu povo.

O rei da Assíria se achava dono de muita sabedoria e descreve suas vitórias de maneira a humilhar os povos conquistados, comparando-os com aves indefesas, cujos ovos eram roubados de repente, da mesma forma que ele saqueou tesouros de muitas nações. Assim como Deus se diz o oleiro, e nós somos o barro moldado por Suas mãos, e Ele se compara agora como quem corta com um machado ou como quem maneja uma serra, sendo os povos estrangeiros apenas instrumentos em Suas mãos. Ainda compara os inimigos do Seu povo a simples bastões ou varas de madeira que não poderiam se opor a Ele. O Senhor disse que enviaria sobre os seus fortes guerreiros uma doença devastadora, consumidora (A versão bíblica ARA fala ‘tísica’, que significa ‘tuberculose’). A palavra hebraica usada é razown (Strong #7332), que significa magreza, palavra correspondente à que é usada por King James (KJV), significando uma consumpção, um definhamento, uma perda de poder e de forças, a perda de sua segurança, perda da coragem.

‘E debaixo de sua glória’ (em Português), está escrito em Inglês: ‘debaixo de sua pompa’. Isso quer dizer que o Senhor consumiria sua pompa como fogo consome ervas daninhas. E a bíblia completa: ‘Porque a Luz de Israel virá a ser um fogo e o seu Santo, como labareda, que abrase e consuma os espinheiros e os abrolhos da Assíria, num só dia’. Ele não estava falando necessariamente de queimá-los vivos, mas destruir sua pompa e vaidade no fogo de Sua ira, pelo modo que Ele tinha em mente.

Quando o profeta fala que Deus ‘Também consumirá a glória da sua floresta e do seu campo fértil, desde a alma até o corpo; e será como quando um doente se definha’, ele quer dizer que o exército assírio, composto de homens fortes (v.16: ‘seus homens, todos gordos’) e tão numerosos como árvores numa floresta, seria destruído pelo Senhor. Sua glória (sua pompa, sua vaidade, a confiança deles em sua própria força bruta, tudo aquilo em que eles colocavam sua confiança) não era nada diante do poder de Deus.

Seus soldados eram como um campo fértil, como espigas de cereal maduras e propícias a serem colhidas. Ele consumiria não somente o corpo como a alma, ou seja, não só a morte física daqueles homens, como também sua coragem, seu ímpeto e motivação e a tendência pecaminosa dentro deles, de todas as formas, ou seja, todas as formas de abominação das suas almas aos olhos de Deus.

O resto das árvores da sua floresta será tão pouco, que um menino saberá escrever o número delas [NVI: ‘até uma criança poderá contá-las’] – muito poucos soldados assírios sobreviverão.

• Agora entra um ponto de discórdia por parte dos teólogos em relação à localização cronológica desta destruição. A maioria menciona esta profecia como sendo a destruição do exército de Senaqueribe (2 Rs 19: 35-37; 2 Cr 32: 21; Is 37: 36-38) em 701 AC quando veio atacar Judá e Jerusalém. O resultado desta campanha foi descrito na bíblia: a destruição de 185.000 soldados do exército Assírio, durante a noite, por um anjo do Senhor, e é onde eles se baseiam para afirmar as palavras de Is 10: 17: ‘abrase e consuma os espinheiros e os abrolhos da Assíria, num só dia’. Quanto ao exército de Senaqueribe essa afirmação é verdadeira, pois numa noite eles foram consumidos, provavelmente por uma doença inesperada, peste, como a bíblia costuma escrever (cf. 1 Cr 21: 11-12; 2 Sm 24: 12-13, no caso de Davi, por causa do censo).

Mas eu notei algo que acho que vale a pena de ser lembrado: pelo menos na versão bíblica ARA os títulos destes três trechos acima sobre a destruição do exército de Senaqueribe são: ‘A destruição do exército dos assírios’, ao passo que aqui em Isaías o título do capítulo 10: 5-19 é ‘Profecia contra a Assíria’, e na NVI, ‘O juízo de Deus sobre a Assíria’. Isso tem uma diferença: a destruição de um exército assírio é uma coisa; a destruição da Assíria (nação ou império) é outra, mesmo porque até aqui o profeta estava falando da guerra Siro-Efraimita durante o reinado de Tiglate-Pileser III (745-727 AC).

Tiglate-Pileser III capturou três regiões de Israel entre 734-732 AC: Zebulom, Naftali e Galiléia (2 Rs 15: 29). Gileade também sofreu nas suas mãos (2 Rs 15: 29). Em 732 AC ele capturou Damasco e anexou o território de Israel desde o norte da planície de Jezreel, reduzindo o reino do norte de Israel à região montanhosa de Efraim e fazendo de Samaria sua capital. Além de ter matado Rezim, rei da Síria, Tiglate-Pileser III confirmou o reino a Oséias, deixando-o governar o restante do reino do norte como seu vassalo (2 Rs 17: 3) e matou Peca (2 Rs 15: 29; 2 Rs 17: 1). O rei assírio pretendia vir a Judá e Jerusalém em seguida. Depois dele vieram:

Salmaneser V (727-722 AC), que investiu contra Samaria, pois Oséias se revoltou e pediu auxílio a Faraó Sô do Egito (2 Rs 17: 4; provavelmente uma abreviatura de (O)so(rkon), Osorkon IV, da 22ª dinastia – 730-712 AC, que reinou em Tânis e Bubástis – ou Tefnacte, da 24ª dinastia, e que reinou em Saís, 732-725 AC). Mas Tefnacte (Sô) não pôde ajudá-lo porque estava com problemas internos no país, em guerra contra faraós de Cuxe, que disputavam o trono do Egito. Oséias foi encarcerado. Samaria foi sitiada por três anos (2 Rs 17: 5-6; 2 Rs 18: 9-11).

No nono ano de Oséias (722 AC – 2 Rs 18: 9-11) Israel foi tomado por Sargom II (722-705 AC), filho de Salmaneser V, e exilado. O rei da Assíria transportou a Israel para a Assíria e o fez habitar em Hala, junto a Habor (2 Rs 17: 6; 2 Rs 18: 11; 1 Cr 5: 26) e ao rio Gozã, e nas cidades dos medos. Habor – um rio (atualmente Habür) que deságua no Eufrates. Atravessava a província Assíria de Gozã (nehar gôzãn, ‘rio de Gozã’). No lugar da população israelita, foram trazidos os habitantes da Babilônia, de Cuta, Ava, Hamate e Sefarvaim. Por isso Isaías estava alertando os israelitas. No reinado de Sargom II o Egito também caiu em poder dos assírios (716 AC, o ano que Ezequias subiu ao poder em Judá) e Asdode (cidade da Filístia) foi saqueada em 711 AC (Is 20: 1; Is 14: 29).

Senaqueribe (Sin-ahhe-eriba, 705-681 AC) veio depois. Em 701 AC, ele marchou contra a Síria, cercou Sidom, e marchou para o sul, a fim de atacar Asquelom. Invadiu o Reino de Judá, tendo tomado quarenta e seis cidades fortificadas. Sitiou Laquis com sucesso (2 Rs 18: 13-14; 17; Mq 1: 13) e foi para Jerusalém para atacar Ezequias (2 Rs 18: 14-19). Laquis estava situada na área agrícola mais fértil de Judá (Sefelá); por isso, era de vital importância para a economia do reino. Foi completamente destruída. A História fala que a cidade judaica de Azeca, assim como Laquis, também foi tomada de assalto, pilhada e, em seguida, devastada. Além de Laquis, na valiosa terra agrícola de Sefelá (planície marítima de Filístia na terra de Judá), havia outras cidades, que foram entregues nas mãos dos Filisteus. Laquis e Azeca foram reconstruídas. Quando os Babilônios comandados por Nabucodonosor invadiram Judá, elas foram as últimas cidades que caíram antes que Judá fosse tomada (Jr 34: 6-7).

O resultado da campanha de Senaqueribe em 701 AC contra Ezequias e Jerusalém foi descrito na bíblia: a destruição de 185.000 soldados do exército Assírio, fulminado por um anjo do Senhor à noite (uma morte rápida, e não lenta como a ‘tísica’ ou ‘tuberculose’ faz definhar aos poucos – Is 10: 16; 18; 2 Rs 19: 35; 2 Cr 32: 21-23; Is 37: 36). Senaqueribe desistiu do cerco da cidade e retirou-se para sua capital, Nínive (2 Rs 19: 36; Is 37: 37-38), onde foi morto por dois de seus filhos: Adrameleque e Sarezer. Entretanto, aqui é bem provável que houve um intervalo de tempo entre os dois eventos, pois sua morte está registrada na História como sendo em 681 AC, quando seu filho mais novo, Assaradão (Esar-Hadom), subiu ao poder; mesmo porque a NVI diz: “Certo dia, quando estava adorando no templo de seu deus Nisroque, seus filhos Adrameleque e Sarezer o feriram à espada, e fugiram para a terra de Ararate. E seu filho Esar-Hadom foi o seu sucessor”. Isso pode confirmar que houve um intervalo de anos entre os eventos. Após essa campanha fracassada, ele passou o resto de seu reinado em campanhas militares contra rebeldes no seu império. Não parece ter havido maiores incidentes envolvendo o Egito durante o seu reinado; ele apenas frustrou as expectativas dos faraós núbios em relação ao domínio governamental naquela nação.

Seu filho Esar-Hadom reinou no período de 681-669 AC e fez uma grande expedição contra o delta egípcio em 672 AC, instalando governadores assírios em Tebas e Mênfis para arrecadar os impostos (o Egito já estava em poder dos assírios desde 716 AC). Ele dividiu o Egito em cerca de vinte províncias dominadas por vinte príncipes, o chefe dos quais era o meio-líbio Neco de Saís. Alguns príncipes do Baixo Egito tiraram proveito dessa situação para se revoltar, mas outros apoiaram Tiraca (2 Rs 19: 9; Is 37: 9 – Taharqa ou Taharka, ou Khurenefertem – 690-664 AC), que conseguiu reconquistar o Egito por um breve tempo em 669 AC. Esar-Hadom enviou uma força contra ele, mas morreu no caminho. Tiraca foi derrotado em Mênfis por Assurbanipal em 664 AC. Esar-Hadom empregou suas forças contra o Egito, Etiópia e Seba (Sebá – Strong #5434, em hebraico, Cba’).

Depois de Esar-Hadom veio seu filho Assurbanipal (669-627 AC) como rei da Assíria, enquanto seu outro filho Samas-sum-ukin ficou como príncipe herdeiro da Babilônia. Embora o Egito ainda promovesse algumas revoltas contra a Assíria, Assurbanipal, logo que tomou o poder, guerreou contra ele em três árduas campanhas e capturou Tebas (Na 3: 8, ‘Nô’) em 661 AC, e seus habitantes foram levados cativos depois de três anos de cerco (Na 3: 8-10). A destruição de Tebas (Na 3: 8-10) causou um reflexo na Etiópia, que também veio a cair, cumprindo a profecia de Is 20: 2-6 e, provavelmente, Is 18: 1-6. No seu reinado a Assíria adquiriu a maior extensão territorial, embora em 663 AC tenha começado a mostrar sinais de fraqueza e tenha sido atacada pelos Medos nesta época. Seu irmão Samas-sum-ukin, com o apoio de Elão se revoltou contra ele em 652 AC, mas morreu no seu próprio palácio, ao qual ele havia posto fogo. Por isso Assurbanipal marchou para saquear Susã em 639 AC, e daí por diante a cidade se tornou uma província Assíria. Com o desvio da atenção de Assurbanipal para o leste e livres das incursões do exército Assírio para apoiar seus oficiais e coletores de impostos locais, as cidades-estados do ocidente gradualmente foram se libertando da Assíria. O Egito, agora livre, voltou novamente sua atenção para a Palestina, mas não invadiu Judá até a época de Josias (640-609 AC), quando Neco II do Egito (610-595 AC) tentou impedir o avanço de Nabucodonosor aliando-se à Assíria (sob Assurubalite II, 612-608 AC). Tentou passar pela terra de Judá, mais foi detido pelo rei Josias, que morreu na batalha de Megido (2 Reis 23: 29). Neco não invadiu Judá; seu objetivo era só passar por ali. A batalha decisiva ocorreu em Carquemis, no norte da Síria, em 605 AC entre Neco II e Nabucodonosor II. Neco foi derrotado e a Babilônia pôde consolidar seu domínio sobre a região; conquistou tudo que pertencia ao Rei do Egito, entre o Rio Nilo e o rio Eufrates. Em 568-567 AC Nabucodonosor invadiu o Egito (Jr 43: 8-13), dezoito anos após a queda de Judá.

No final do seu reinado, Assurbanipal passou o império para as mãos de seu filho Sinsariscum (Sin-shar-ishkun; Sîn-šarru-iškun – 628-612 AC). Nínive, a magnificente cidade embelezada por Senaqueribe (700 AC) foi atacada novamente em 625 AC pelos Medos, que se aliaram aos Caldeus.

O último rei da Assíria foi Assurubalite II (612-608 AC; não se sabe se ele é filho ou irmão de Sinsariscum), praticamente um fantoche nas mãos dos Babilônios, pois a queda de Nínive se deu em 612 AC (profetizada por Naum), e foi arrasada até o chão. Isso aconteceu graças à aliança entre o rei dos Medos, Ciáxares (‘Uvarkhshattra’; 625-584 AC, pai de Astíages, o avô de Ciro II), e Nabopolassar (626-605 AC, pai de Nabucodonosor II), rei da Babilônia. Houve guerra séria, incêndios em quase todas as cidades do império assírio, e os habitantes de Nínive que não puderam escapar para as últimas fortalezas assírias no oeste foram massacrados ou deportados. Muitos esqueletos não enterrados foram encontrados por arqueólogos naquele sítio. O Império Assírio então acabou e os Medos e os Babilônios dividiram suas províncias entre si.

Assim, voltando ao nosso raciocínio sobre Isaías, podemos pensar que esta ‘magreza’ (KJV) ou enfraquecimento, consumpção, definhamento, perda de poder e de forças, perda de segurança e perda da coragem, tudo isso veio aos poucos como um definhamento de todo um império, não apenas a destruição do exército de Senaqueribe, pois a Assíria não deixou de oprimir as nações nem Israel (aqui no caso, o reino de Judá) apenas com a fuga deste governante e sua morte pelos seus dois filhos. O império continuou por mais ou menos setenta anos após sua morte e, aí sim, foi completamente destruído; batalha após batalha, derrota após derrota, pela vontade de Deus; e é isso que eu penso que esta profecia de Isaías 10: 1-19 significa. Depois, o profeta continua a falar sobre um remanescente de Israel (do reino do Norte) que ainda vai permanecer após a invasão de Tiglate-Pileser III.

Este trecho bíblico começou em Is 9: 8, e foi profetizado em relação a Israel (a nação do norte), não contra Judá. O despojamento das cidades de Samaria e Damasco (Is 8: 4), a deportação dos habitantes de Damasco para Quir (2 Rs 16: 9) e sua destruição foram citados como lição para Judá (Is 10: 9). As cidades de Judá foram destruídas, sim, pelos assírios, mas Jerusalém só foi invadida, queimada e saqueada mesmo pelos babilônios.

Um remanescente de Israel e Judá será salvo – v. 20-27.
• Is 10: 20-27: “Acontecerá, naquele dia, que os restantes de Israel, e os da casa de Jacó que se tiverem salvado nunca mais se estribarão naquele que os feriu, mas, com efeito, se estribarão no Senhor, o Santo de Israel. Os restantes se converterão ao Deus forte, sim, os restantes de Jacó [NVI: ‘o remanescente de Jacó voltará para o Deus Poderoso’]. Porque ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, o restante se converterá; destruição está determinada, transbordante de justiça. Porque uma destruição, e essa já determinada, o Senhor, o Senhor dos Exércitos, a executará no meio de toda esta terra. Pelo que assim diz o Senhor, o Senhor dos Exércitos: Povo meu, que habitas em Sião, não temas a Assíria, quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bastão à maneira dos egípcios; porque daqui a bem pouco se cumprirá a minha indignação e a minha ira, para a consumir [NVI: ‘Muito em breve o meu furor passará, e a minha ira se voltará para a destruição deles’]. Porque o Senhor dos Exércitos suscitará contra ela um flagelo [NVI: ‘os flagelará com um chicote’], como a matança de Midiã junto à penha [rocha] de Orebe (cf. Jz 7: 25); e a sua vara se estenderá sobre o mar, e ele a levantará como fez no Egito [NVI: ‘ele erguerá o seu cajado contra o mar como fez no Egito’]. Acontecerá, naquele dia, que o peso será tirado do teu ombro, e o seu jugo, do teu pescoço, jugo que será despedaçado por causa da gordura [NVI: ‘o jugo se quebrará porque vocês estarão muito gordos’]”.

• Is 10: 20: “Acontecerá, naquele dia, que os restantes de Israel, e os da casa de Jacó que se tiverem salvado nunca mais se estribarão naquele que os feriu, mas, com efeito, se estribarão no Senhor, o Santo de Israel”.
• Is 10: 22: “Porque ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, o restante se converterá; destruição está determinada, transbordante de justiça” – se refere a alguns israelitas que escaparam do cativeiro assírio foram para Judá, tornando-se parte do Reino do Sul; por isso, o termo ‘restante’.

O Senhor fala que um remanescente de Israel e Judá será salvo [“Um-Resto-Volverá” (Shearjashub – Is 7: 3), nome do outro filho de Isaías]. Ele conforta Seu povo de Sião (de Jerusalém) agora, dizendo que a opressão da Assíria não durará para sempre, e que o Egito, em quem eles se apoiaram, não poderá livrá-los (O profeta já passa para o reinado de Ezequias, que tendia a confiar no Egito quando Judá foi ameaçado). Eles (os Israelitas do reino do Norte que sobraram) descobrirão que Deus é sua força.

Do versículo 21 ao versículo 27 o profeta continua falando sobre a intenção de Deus de destruir a Assíria, mas Seu povo será libertado pelo Seu poder, pelo poder do Seu Espírito.

• Is 10: 26: “Porque o Senhor dos Exércitos suscitará contra ela um flagelo, como a matança de Midiã junto à penha de Orebe (cf. Jz 7: 25); e a sua vara se estenderá sobre o mar, e ele a levantará como fez no Egito”. Aqui no v. 26 há menção da matança de Midiã junto à penha de Orebe, se referindo aos tempos de Gideão, onde os príncipes Midianitas Orebe e Zeebe foram mortos pelos homens de Efraim (Sl 83: 11; Jz 7: 25 cf. Is 9: 4), à noite, inesperadamente. Agora, sim, Ele se refere a Senaqueribe (que virá daqui a alguns anos a Judá). Da mesma forma que ocorreu em Orebe, o exército de Senaqueribe foi morto inesperadamente à noite pelo Anjo do Senhor, e ele foi assassinado por seus próprios filhos em sua terra (Is 37: 36; 2 Cr 32: 21-22; 2 Rs 19: 35-37). Deus também fala que sua vara estará sobre o mar como a vara de Moisés foi estendida sobre o Mar Vermelho para abri-lo, antes da travessia do povo, e para fazer o mar retomar sua força e engolir os egípcios (Êx 14: 16-18; 21; 26-28).

A marcha de Senaqueribe em direção a Jerusalém – v. 28-34.
• Is 10: 28-32: “A Assíria vem a Aiate, passa por Migrom e em Micmás larga a sua bagagem [NVI: ‘guardam suprimentos’]. Passa o desfiladeiro [NVI: ‘Atravessam o vale’], aloja-se em Geba, já Ramá treme, Gibeá de Saul foge. Ergue com estrídulo a voz, ó filha de Galim! [NVI: ‘Clamem, ó habitantes de Galim’] Ouve, ó Laís! Oh! Pobre Anatote! Madmena (cf. Js 15: 31) se dispersa; os moradores de Gebim fogem para salvar-se. Nesse mesmo dia, a Assíria parará em Nobe; agitará o punho ao monte da filha de Sião, o outeiro de Jerusalém”.

A passagem acima descreve a marcha de Senaqueribe até Jerusalém. Ele vem a Aiate, passa por Migrom (na tribo de Benjamim) e chega a Micmás (na tribo de Benjamim), onde deixa sua artilharia pesada e suas provisões. Depois passa o desfiladeiro de Micmás (onde esteve um dia a guarnição dos filisteus, no tempo de Jônatas, filho de Saul – 1 Samuel 14: 4-5) e se acampa em Geba (cidade de Benjamim – Js 21: 17; 1 Rs 15: 22). Ramá (na tribo de Benjamim – Js 18: 25) começa a temer sua chegada. Os moradores de Gibeá fogem (1 Samuel 10: 26; 1 Samuel 11: 4; 1 Sm 13: 2; tribo de Benjamim). Os homens de Judá estão com tanto medo que não oferecem qualquer resistência, pois não têm mais fé em Deus e no Seu livramento. Até Anatote, cidade de sacerdotes, grita de medo. Os moradores de Gebim fogem (Não se sabe onde Gebim estava localizada). Pensa-se que Aiate se refere à cidade de Ai, ao oriente de Betel (Js 7: 2), que foi queimada e destruída por Josué (Js 8: 28), porém reconstruída mais tarde. Foi inicialmente uma cidade de Efraim (1 Cr 7: 28, ‘Aia’), mas passou a ser habitada pelos benjamitas após o exílio, no tempo de Neemias (Ne 11: 31, ‘Aia’), junto com Geba, Micmás e Betel, a algumas milhas de Jericó. Atualmente, a cidade de Et-Tell (em árabe, All, ‘montão’), a quatro quilômetros a sudeste de Betel (Tell Beitin), é geralmente identificada com Ai. Betel era uma cidade entre a fronteira de Benjamim e Efraim. Betel primeiro pertenceu à tribo de Benjamim (Js 18: 13), mas depois foi conquistada pela tribo de Efraim (1 Cr 7: 28). Betel era também chamada, depreciativamente, em Oséias 4: 15 e Oséias 10: 5; 8 de Bete-Áven, que significa ‘Casada Iniquidade’ ou ‘Casa da Vaidade’ por causa do seu pecado de idolatria. Galim, assim como Anatote, geme. As duas estão na tribo de Benjamim. Galim era a cidade de Palti ou Paltiel, o homem a quem Mical foi dada por esposa, após a fuga de Davi (1 Sm 25: 44; 2 Sm 3: 15). Madmena (parte sul da tribo de Judá – Js 15: 31) é uma cidade em que os moradores se dispersaram ao ouvir sobre a vinda de Senaqueribe, assim como fizeram os de Gebim. Nobe era uma cidade dos sacerdotes (1 Samuel 22: 19) e estava perto de Jerusalém, podendo ser vista por esta. Por isso, a bíblia diz que Senaqueribe agitou o punho ao monte da filha de Sião, o monte de Jerusalém, em sinal de ameaça e desprezo por ser incapaz de resistir a ele.

Antes de prosseguir, vamos ver o que isso significa para nós: a Assíria era uma grande ameaça para Judá e Jerusalém, assim como Satanás é um inimigo para nossa alma. Quando os judeus viram o destruidor se aproximar eles fugiram, pois já não tinham mais fé; sua comunhão com Deus fora quebrada. Conosco é a mesma coisa. Se não tivermos comunhão com o Senhor e não nos firmarmos em Sua força, qualquer tipo de prova ou má notícia que possa nos ameaçar nos derruba, nos afasta uns dos outros e perdemos a força. Mas Deus jamais vai perder a Sua força. No caso de Senaqueribe, mesmo que os moradores de Judá não lhe oferecessem resistência e ‘fugissem da briga’, Deus mesmo era capaz de defender Sua cidade e Seu povo. Ele sempre nos defenderá, apesar do nosso medo e da nossa covardia, mas não se agradará desse comportamento. Ele quer nos ver lutando as Suas batalhas e defendendo a Sua santidade em nós e preservando o que Ele já nos deu de melhor: a salvação, a comunhão com o Espírito Santo e os dons espirituais.

O julgamento de Deus sobre os assírios – v. 33-34.
• Is 10: 33-34: “Mas eis que o Senhor, o Senhor dos Exércitos, cortará os ramos com violência, as árvores de alto porte serão derribadas, e as altivas serão abatidas. Cortará com o ferro [NVI: ‘Com um machado’] as brenhas da floresta, e o Líbano cairá pela mão de um poderoso [NVI: ‘do Poderoso’]”.

O exército assírio era comparado com a floresta do Líbano, pela a multidão de árvores nele, e com a altura de seus cedros, pois seus soldados não eram soldados comuns, mas muitos e grandes homens. O rei Assírio era comparado com cedro do Líbano, pela sua imponência, mas foram todos derrotados ‘pela mão de um poderoso’, como está na bíblia (ARA). Na NVI está escrito: ‘pela mão do Poderoso’.
‘Pela mão do Poderoso’, sem dúvida, significa pela mão do próprio Deus fazendo Seu julgamento.
‘Pela mão de um poderoso’ pode ter algumas interpretações: pode significar o anjo do Senhor que mais tarde derrotou o exército inimigo, ou pode significar pelas mãos de Nabopolassar (626-605 AC), o rei Babilônico que conquistou a Assíria alguns anos depois.
Senaqueribe, apesar de tudo, não conseguiu entrar em Jerusalém.

Lista dos reis do Período Neo-Assírio (912-608 AC)

• Adadenirari II – 912-891 AC
• Tuculti-Ninurta II – 891-884 AC
• Assurnasirpal II – 884-859 AC
• Salmaneser III (em acadiano Šulmānu-ašarēdu) – 859-824 AC
• Samsiadade V – 824-811 AC
Adadenirari III – 811-783 AC (no tempo do profeta Jonas)
Salmaneser IV – 783-773 AC – filho de Adadenirari III (no tempo do profeta Jonas)
Assurdã ou Ashur-dan III – 773-755 AC – filho de Adadenirari III (no tempo do profeta Jonas)
Assurnirari V – 755-745 AC – filho de Adadenirari III (no tempo do profeta Jonas)
Tiglate-Pileser III (745-727 AC) – tomou a coroa numa guerra civil pela sucessão do trono da Assíria
• Salmaneser V (727-722 AC)
• Sargom II (Sharrukin II; em Assírio, Šarru-ukīn – 722-705 AC)
• Senaqueribe (Sin-ahhe-eriba, 705-681 AC). Senaqueribe significa: ‘O Deus da Lua (Sîn) Multiplicou os Seus Irmãos’ ou ‘Deus tem multiplicado meus irmãos’ – 2 Rs 18: 13 e segs.; 2 Cr 32: 1-8; Is 36: 1-3 e segs. Foi Senaqueribe quem fez de Nínive uma verdadeira cidade magnificente (700 AC)
• Assaradão (Esar-Hadom, o filho mais novo de Senaqueribe, 681-669 AC; em Latim, Asor Haddan)
• Assurbanipal (669-627 AC)
• Sinsariscum (Sin-shar-ishkun; Sîn-šarru-iškun, 628-612 AC), um dos filhos de Assurbanipal
• Assurubalite II (612-608 AC, o último rei da Assíria. Não está certo se ele é filho ou irmão do penúltimo rei Sinsariscum). Assurubalite II foi praticamente um fantoche nas mãos dos Babilônios, pois a queda de Nínive se deu em 612 AC e foi arrasada até o chão. Nabopolassar, pai de Nabucodonosor, incorporou a Assíria ao império Babilônico, dividindo-a com os Medos.


• Principal fonte de pesquisa: Douglas, J.D., O novo dicionário da bíblia, 2ª ed. 1995, Ed. Vida Nova.
• Fonte de pesquisa para algumas imagens: wikipedia.org e crystalinks.com

Este texto se encontra no 1º volume do livro:


livro evangélico: O livro do profeta Isaías

O livro do profeta Isaías vol. 1 (PDF)

O livro do profeta Isaías vol. 2

O livro do profeta Isaías vol. 3

The book of prophet Isaiah vol. 1 (PDF)

The book of prophet Isaiah vol. 2

The book of prophet Isaiah vol. 3

Sugestão de leitura:


livro evangélico: Profeta, o mensageiro de Deus

Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)

Prophet, the messenger of God (PDF)

Sugestão para download:


tabela de profetas AT

Tabela dos profetas (PDF)

Table about the prophets (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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