Isaías 58: os mandamentos eram cumpridos por obrigação, principalmente a observância do sábado e o jejum. Qual o jejum que agrada a Deus?

Isaiah 58: the commandments were fulfilled out of obligation, especially the observance of the Sabbath and fasting. What is the true fasting?


Isaías capítulo 58




Capítulo 58

O espírito de cerimonialismo e legalismo é condenado na prática do jejum; o jejum que agrada a Deus – v. 1-4.
• Is 58: 1-4: “Clama a plenos pulmões, não te detenhas [NVI: ‘Grite alto, não se contenha! Levante a voz como trombeta’], ergue a voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão e à casa de Jacó, os seus pecados. Mesmo neste estado [NVI: ‘dia a dia’], ainda me procuram dia a dia, têm prazer em saber os meus caminhos; como povo que pratica a justiça e não deixa o direito do seu Deus [NVI: ‘parecem desejosos de conhecer os meus caminhos, como se fossem uma nação que faz o que é direito e que não abandonou os mandamentos do seu Deus’], perguntam-me pelos direitos da justiça, têm prazer em se chegar a Deus [NVI: ‘parecem desejosos de que Deus se aproxime deles’], dizendo: Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso? Por que afligimos a nossa alma, e tu não o levas em conta? Eis que, no dia em que jejuais, cuidais dos vossos próprios interesses e exigis que se faça todo o vosso trabalho [NVI: ‘no dia do seu jejum vocês fazem o que é do agrado de vocês, e exploram os seus empregados’]. Eis que jejuais para contendas e rixas e para ferirdes com punho iníquo [NVI: ‘Seu jejum termina em discussão e rixa, e em brigas de socos brutais’]; jejuando assim como hoje, não se fará ouvir a vossa voz no alto”.


Judeu com manto de oração


O Senhor diz que está disposto a usar toda diligência e severidade para repreender os hipócritas. Ele diz ao profeta: ‘Clama a plenos pulmões’ ou ‘Em voz alta’; em hebraico: ‘com a garganta’ (Garown, ‘garganta’ – Strong #1627), isto é, com voz cheia, não apenas dos lábios (1 Sm 1: 13). Ele deveria falar alto o suficiente para chamar a atenção. Deus estava pedindo a ele que anunciasse a transgressão do Seu povo. Transgressão (em hebraico, pesha` – Strong #6588) significa: desobediência; ato ou efeito transgredir; ir além dos limites; atravessar; não observar, não respeitar (as leis ou regulamentos); infringir. Como sempre, eles estavam mais preocupados com o exterior, com as aparências e com a religiosidade, mas seu interior não acompanhava seus atos, ou seja, não havia devoção; o coração, na verdade, estava longe do Senhor, Seus mandamentos estavam sendo cumpridos como um ritual sem vida.

‘Ergue a voz como a trombeta’ – nesta frase, a palavra trombeta, em hebraico, diz respeito ao chifre de carneiro (shophar ou shofar – Strong #7782, de forma a dar um som bem claro).

‘Mesmo neste estado’ (ARA) ou ‘dia a dia’ (NVI), nas versões em inglês e em hebraico é ‘dia a dia’ ou ‘diariamente’ (Strong #3117 – yowm). O texto dá seqüência ao capítulo 57, que é dirigido ao povo que ainda está em Israel, pois não poderiam subir aos altos para prestar culto idólatra, nem oferecer sacrifícios debaixo de terebintos ou carvalhos estando em cativeiro em terra estranha. Por isso, presume-se que todas essas práticas, inclusive o jejum, estavam sendo realizadas em Israel mesmo. Não se refere aos judeus no cativeiro na Babilônia.

O povo em questão parecia sentir prazer em ir ao templo, oferecer sacrifícios, ouvir a palavra de Deus e procurar saber qual a Sua vontade, mas não colocavam em prática as orientações que eram dadas através dos profetas. Assim, nós podemos pensar que a frase acima ‘Mesmo neste estado’ signifique: ‘mesmo que eles continuem em pecado, com dupla prática religiosa, ainda me buscam todo o dia, dia após dia’ (o Senhor estava falando).

Entretanto, eles ainda argumentavam com Deus: por que Ele não sentia prazer neles, por que tanta palavra profética de advertência, por que palavras tão pesadas se eles estavam fazendo tudo direitinho, e ainda afligiam suas almas com jejum? ‘Por que afligimos a nossa alma, e tu não o levas em conta?’

O verbo ‘afligir’ usado em Lv 16: 29 para o dia do jejum (ARA e KJV) é substituído por ‘vocês se humilharão’ (NVI em Português) e ‘vocês devem negar a si mesmos’ (NVI em Inglês). Em hebraico é: `anah (Strong #6031), que significa: olhar para baixo ou intimidar, amedrontar; deprimir (literalmente ou figurativamente), rebaixar, humilhar, humilhar-se, degradar, afligir, aflição, afligir-se, castigar-se, gentileza, magoar, submeter-se, enfraquecer. A palavra `anah (Strong #6031) dá origem à outra: `anav (Strong #6035, Nm 12: 3): manso, deprimido (figurativamente) na mente (gentil, manso) ou nas circunstâncias (necessitado, santo, virtuoso): humilde, modesto, manso, pobre.

Mas Deus responde: “Eis que, no dia em que jejuais, cuidais dos vossos próprios interesses e exigis que se faça todo o vosso trabalho [NVI: ‘no dia do seu jejum vocês fazem o que é do agrado de vocês, e exploram os seus empregados’]”.

Isso significa que, embora eles se abstivessem da comida material (corporal) as inclinações pecaminosas da alma continuavam; faziam o que agradava à sua alma, e não deixavam de ganhar seu dinheiro, pois seus empregados continuavam a trabalhar para eles e o dinheiro dos empréstimos continuava a chegar aos seus bolsos, até com usura.

Mas Isaías escreve as razões de Deus sobre o jejum que eles estavam fazendo. Não era para buscá-lO. Além de cuidarem dos próprios interesses, eles jejuavam para “contendas e rixas e para ferirdes com punho iníquo [NVI: ‘Seu jejum termina em discussão e rixa, e em brigas de socos brutais’]; jejuando assim como hoje, não se fará ouvir a vossa voz no alto” (Is 58: 4).

Isso quer dizer que ao invés de buscar a Deus nesse dia de jejum e demonstrar compaixão pelo semelhante, eles se ocupavam em contender e debater idéias, oprimir os mais fracos (servos e devedores, por exemplo), brigar com eles e até feri-los fisicamente; tudo por ostentação. Dessa forma, suas orações não seriam ouvidas.

Na verdade, o jejum é uma abstinência de algo que gostamos e, aparentemente, nos faz muita falta, não apenas em questão de alimentos, como também certos hábitos ‘gostosos’ que servem de alimento para a carne: maledicência, mexerico, inveja, consumismo, cigarro, bebidas, certos programas de rádio e televisão, sexo etc. Trata-se da abstinência de algo que já se tornou um hábito, em particular o alimento, e que nos afasta da comunhão com o Senhor. Infelizmente, muitas pessoas repetem o que os nossos irmãos do passado fizeram, como foi descrito pelos profetas: jejuam por outros motivos que não a proximidade com Deus. Acabam aproveitando o jejum para fazer regime, para conquistar bênçãos etc. Durante o período em que nos abstemos de algum alimento, devemos ler a Palavra, orar, procurar revelação espiritual, nos ‘desligar’ das coisas mundanas para podermos estar diante do trono de Deus.

O jejum é para santificar a carne e colocá-la debaixo do domínio do Espírito Santo, só assim a pessoa se fortalece espiritualmente; em outras palavras, o jejum é para quebrar as barreiras da carne: “Disseram-lhes eles: Os discípulos de João e bem assim os dos fariseus freqüentemente jejuam e fazem orações; os teus, entretanto, comem e bebem. Jesus, porém, lhes disse: Podeis fazer jejuar os convidados para o casamento, enquanto está com eles o noivo? Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; naqueles dias, sim, jejuarão” (Lc 5: 33-35). Por isso, Jesus disse aos fariseus que Seus discípulos não precisavam jejuar como os outros enquanto Ele estivesse com eles, pessoalmente, porque a luz do Espírito estava ali sobrepujando a carne, mas quando Ele se fosse, teriam que buscá-la por si mesmos através do Consolador que deixaria com eles.

Exemplos de jejuns na bíblia

Muitos servos de Deus na bíblia fizeram jejum em momentos difíceis de suas vidas para receberem a direção, a revelação e a libertação de Deus: Moisés ficou em jejum quarenta dias e quarenta noites no Monte Sinai para receber os mandamentos de Deus (Êx 24: 18 – as primeiras tábuas da Lei; Êx 34: 28 – as segundas tábuas da Lei). Elias caminhou quarenta dias e quarenta noites até o Monte Horebe, onde se escondeu numa caverna e ouviu a voz de Deus (1 Rs 19: 8-9). Ester fez um jejum de três dias antes de ir à presença do rei Assuero para suplicar pela sua vida e pela de seu povo (Et 4: 16-17; Et 5: 1). Neemias também jejuou e orou a Deus quando soube do estado de destruição de Jerusalém (Ne 1: 4). Esdras jejuou junto ao rio Aava pedindo a ajuda de Deus em sua jornada até Jerusalém para ministrar no templo que havia sido construído (Ed 8: 21-23). Daniel ficou em jejum por vinte e um dias até receber a revelação sobre uma visão que tivera e que envolvia grande conflito (Dn 10: 1-3; 13), pois falava de tempos longínquos e de poderosos reinos que viriam. Jesus foi o maior exemplo, quando ficou no deserto em jejum de quarenta dias e quarenta noites sendo tentado por Satanás.

Em Zacarias temos também um comentário interessante sobre o propósito do jejum, nos mostrando que, na verdade, o objetivo do jejum não é para mortificar a carne nem para conquistar bênçãos, muito menos para cobrar algo de Deus, porém, para nos aproximarmos dEle, para avivá-lO em nós:
• Zc 7: 3-5: “... perguntaram os sacerdotes, que estavam na Casa do Senhor dos Exércitos aos profetas: Continuaremos nós a chorar, com jejum, no quinto mês, como temos feito por tantos anos? Então, a palavra do Senhor dos Exércitos me veio a mim, dizendo: Fala a todo o povo desta terra e aos sacerdotes: Quando jejuastes e pranteastes, no quinto e no sétimo mês, durante estes setenta anos, acaso foi para mim que jejuastes, com efeito, para mim?”

Em Zc 8: 19, nós podemos ver quatro meses de jejum observados pelos Judeus, instituídos pós-exílio, que marcavam os desastres da história judaica. A bíblia diz: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: O jejum do quarto mês, e o do quinto mês, e o do sétimo, e o do décimo serão para a casa de Judá regozijo, alegria e festividades solenes; amai, pois, a verdade e a paz”.

Jejuns pós-exílio

Os jejuns mencionados acima em Zc 8: 19 são os jejuns instituídos pós-exílio:
• Quarto mês (2 Rs 25: 3 – a cidade de Jerusalém foi tomada pelos Babilônios).
• Quinto mês (2 Rs 25: 8 – o templo foi queimado).
• Sétimo mês (Jr 41: 1 – Gedalias foi morto). Gedalias (Jr 40: 5), filho de Aicão, filho de Safã, foi a quem o rei da Babilônia nomeou governador das cidades de Judá. Este jejum não deve ser confundido com o jejum da Expiação (Êx 30: 10; Lv 16: 29-34; Lv 23: 26-32) ou ‘Yom Kippur’.
• Décimo mês (2 Rs 25: 1; Ez 24: 1 – quando o exército Babilônico sitiou a cidade).

Esta profecia de Zacarias é dirigida aos judeus que retornaram do cativeiro, e continuaram com os jejuns que eles mesmos tinham instituído. Entretanto, a motivação não parecia ser apenas agradar a Deus e buscá-lO, e sim buscar seus próprios interesses; por isso, o Senhor perguntou: “Quando jejuastes e pranteastes, no quinto e no sétimo mês, durante estes setenta anos, acaso foi para mim que jejuastes, com efeito, para mim?” (Zc 7: 3-5). Muito provavelmente, eles estavam fazendo o que faziam antes de irem para o cativeiro. Então, usou o profeta para lhes dizer o que Ele esperava deles: “Eis as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo, executai juízo nas vossas portas, segundo a verdade, em favor da paz; nenhum de vós pense mal no seu coração contra o seu próximo, nem ame o juramento falso, porque a todas estas coisas eu aborreço, diz o Senhor” (Zc 8: 16-17).

O jejum que agrada a Deus e suas recompensas – v. 5-12.
• Is 58: 5-12: “Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma [NVI: ‘que apenas um dia o homem se humilhe’], incline a sua cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aceitável ao Senhor? Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? [NVI: ‘soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo?’] Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados [NVI: ‘abrigar o pobre desamparado’], e, se vires o nu, o cubras [NVI: ‘vestir o nu que você encontrou’], e não te escondas do teu semelhante? [NVI: ‘e não recusar ajuda ao próximo?’] Então, romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem detença, a tua justiça irá adiante de ti [NVI: ‘a sua retidão irá adiante de você’], e a glória do Senhor será a tua retaguarda; então, clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás por socorro, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o dedo que ameaça, o falar injurioso [NVI: ‘Se você eliminar do seu meio o jugo opressor, o dedo acusador e a falsidade do falar’]; se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita [NVI: ‘se com renúncia própria você beneficiar os famintos e satisfizer o anseio dos aflitos’], então, a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão [NVI: ‘sua noite’] será como o meio-dia. O Senhor te guiará continuamente, fartará a tua alma até em lugares áridos [NVI: ‘satisfará os seus desejos numa terra ressequida pelo sol’] e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas jamais faltam. Os teus filhos edificarão as antigas ruínas [NVI: ‘Seu povo reconstruirá as velhas ruínas’]; levantarás os fundamentos de muitas gerações [NVI: ‘e restaurará os alicerces antigos’] e serás chamado reparador de brechas e restaurador de veredas para que o país se torne habitável [NVI: ‘você será chamado reparador de muros, restaurador de ruas e moradias’]”.

Deus estava falando que Ele não tinha planejado o dia da Expiação (o jejum) para deixar o ser humano ficasse sem forças, infeliz, chorando e pranteando – Is 58: 5: “Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma [NVI: ‘que apenas um dia o homem se humilhe’], incline a sua cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aceitável ao Senhor?”

Ele explica que tipo de jejum seria agradável a Deus: soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas da servidão, pôr em liberdade os oprimidos e despedaçar todo jugo; repartir o pão com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o que está nu e não recusar ajuda ao próximo. Parar com as ameaças e com as acusações e com a falsidade do falar, abrir mão do egoísmo, beneficiar os necessitados e satisfazer o anseio dos aflitos. Perdoar as ofensas do seu próximo e perdoar suas dívidas financeiras também. Em resumo: o Dia do jejum (O dia da Expiação – Yom Kippur – Lv 23: 26-28) seria um dia de implorar o perdão de Deus pelos seus pecados, buscar Sua misericórdia e demonstrar compaixão por todos os homens, libertando-os da escravidão (física e espiritual), suprindo sua alma de todas as maneiras e não se escondendo daqueles que pediam ajuda; sobretudo, praticar a justiça, deixando de lado as acusações, a boca falsa, cheia de insulto e que causava feridas de todos os tipos. Também deveriam acabar com a opressão cruel da usura (um empréstimo com juros excessivos) e da extorsão. Essa nova prática era uma forma de mostrar que havia uma mudança real em suas almas.

Apenas um parêntese aqui para explicar certas coisas:
No AT os empréstimos em Israel não tinham cunho comercial e, sim caritativo, concedidos não para permitir a um comerciante que se estabelecesse e expandisse seu negócio, mas para sustentar um fazendeiro aldeão em período de pobreza. No NT o quadro se altera. Os devedores (parábola do administrador infiel, Lc 16: 1-8) eram arrendatários (pessoas que alugavam algo de alguém) que pagavam em dinheiro ou eram comerciantes que haviam recebido mercadorias a crédito.
A palavra usura não tem o mesmo sentido de hoje, usado para lucro exorbitante. No AT era prática proibida para que não houvesse exploração contra irmãos, aproveitando-se da desgraça do compatriota (Êx 22: 25-27; Lv 25: 35-37; Dt 23: 19-20; Dt 24: 10-13). Entretanto, permitia-se cobrar os juros ao estrangeiro (Dt 23: 20).
Penhor: era usado para um empréstimo temporário, na hipoteca de uma propriedade ou na fiança de um financiador (Êx 22: 26; Dt 24: 10-13). Nos casos em que não houvesse garantia pela dívida os devedores poderiam ser vendidos como escravos (Ne 5: 5).

Dessa forma, se eles seguissem a lei dada por Deus, que beneficiava uns aos outros na área financeira, não a que eles fizeram posteriormente para benefício próprio, eles receberiam algumas ‘vantagens’ da parte do Senhor: a luz deles (a presença de Deus neles, com sinceridade, verdade, ousadia e autoridade) romperia como se fosse a alvorada, quando o sol termina com a escuridão da noite ou atravessa uma nuvem após a chuva, mostrando que, mesmo em meio às dificuldades, eles receberiam as bênçãos do alto e seriam vitoriosos sobre as adversidades. Conosco é a mesma coisa: a presença de Deus em nós rompe as dificuldades e os impedimentos em nosso caminho. A cura que eles necessitavam viria rapidamente. A sua justiça iria adiante deles, ou seja, a fama da sua retidão seria um caminho aberto à sua frente para qualquer tipo de relacionamento ou de transação comercial porque todos saberiam que eles eram pessoas de confiança. A dignidade, a honra e o poder de provisão de Deus seriam como um exército à sua retaguarda para que ninguém trapaceasse com eles ou os traíssem pelas costas. Deus os guardaria. O testemunho da bondade deles apareceria diante de Deus e dos homens. Também, se eles usassem sua boca da maneira correta, não ameaçassem ninguém, não trapaceassem nos negócios nem mentissem a fim de ter lucro egoísta e se eles beneficiassem os menos privilegiados, então, a verdade e a aprovação de Deus prevaleceriam, pois onde há verdade o Espírito de Deus está presente e traz liberdade. Debaixo da clareza e da verdade, nada fica escondido e não há desconfiança. A adversidade se transforma em prosperidade.

O Senhor prometia que, se eles procedessem da maneira correta, Ele seria seu guia, como um pastor que vai à frente do seu rebanho e leva suas ovelhas para lugares onde há grama e pasto, não para um deserto seco, onde elas não têm o que comer. Mesmo durante períodos difíceis, Ele lhes daria um escape e eles não passariam necessidade. E essa promessa de ser seu guia é contínua, não temporária. Em lugares áridos (escassez, necessidade e esterilidade) não tem alimento suficiente para se acumular gordura no corpo; a pessoa que passa por muito tempo nessas condições fica só ‘pele e osso’, como costumamos dizer, e, depois, até seus ossos enfraquecem. Por isso, Deus os estava confortando nesse sentido para que eles não vivessem ansiosos por causa das coisas materiais como seus antepassados no deserto reclamaram tanto com Moisés. A bíblia diz que seus pés não incharam nem suas vestes envelheceram, nem seus sapatos se gastaram (Ne 9: 21; Dt 8: 4; 14-16; Dt 29: 5). O Senhor fortaleceria seus ossos e faria deles um manancial de vida, pela palavra de fé que brotaria dos seus lábios e colocaria o poder de Deus em ação. Ele não abriu um poço de água no deserto para saciar a sede de Agar quando ela estava fugindo de Sara (Gn 16: 7; 14)? E não deu água a ela e a Ismael quando foram mandados embora do acampamento de Abraão (Gn 21: 16; 17; 19)? Quando a bênção de Deus está presente, a vida do crente é sempre fértil como um jardim regado, pois ainda que tenha poucos recursos materiais, Deus consegue lhe dar uma capacidade incrível de administração do que a pessoa tem em suas mãos, e nada fica faltando.

O Senhor também promete para sua descendência a capacidade de reparar cidades arruinadas, com muros destruídos, como aconteceu com a própria cidade de Jerusalém após o exílio. Os muros foram construídos com pedras inteiras e com cascalho, mesmo de baixo da zombaria do inimigo, mas permaneceram de pé; e séculos mais tarde eles conseguiram refazê-los de maneira melhor. Muitas outras cidades de Judá outrora destruídas foram recuperadas antes mesmo de chegar os tempos do evangelho. Mais do que edificar as antigas ruínas materiais das cidades, aqui há uma promessa de reconstrução espiritual da igreja em Jerusalém nos tempos do Messias através dos apóstolos, onde ‘cidades arruinadas’ é o símbolo das pessoas destruídas pelas falsas doutrinas religiosas e carentes da presença do Deus Vivo, da fé e da esperança de salvação. As boas tradições deixadas, ou seja, ‘os alicerces antigos’, ‘os fundamentos de muitas gerações’ serão erguidos novamente, pois são os alicerces plantados por Deus para a humanidade, Suas leis imutáveis que mantêm o ser humano no caminho da verdade. Ser reparador de brechas não diz respeito apenas a manter suas cidades fortificadas em bom estado de conservação, mas restaurar a vida daqueles que estão se desviando da palavra de Deus e deixando o inimigo entrar para destruir tudo. Significa dar uma palavra de conforto para os aflitos para que não percam a fé e consigam erguer sua auto-estima em meio às provações, quando os pessimistas à sua volta tentam destruí-los ou fazê-los desistir de lutar e conquistar seus objetivos. Ser ‘restaurador de veredas para que o país se torne habitável’ ou ‘você será chamado restaurador de ruas e moradias’ é ter a capacidade de colocar no caminho correto as pessoas que se desviam ou que se acham perdidas, sem saber o que fazer ou para onde ir, no sentido físico, emocional e espiritual. É pelo Espírito de Deus que se consegue esse dom, pois a Sua palavra traz junto a justiça para qualquer situação e, portanto, a liberdade, removendo dúvidas e confusões das trevas que desencaminham as pessoas.

A observância do sábado – v. 13-14.
• Is 58: 13-14: “Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia [NVI: ‘para não fazer o que bem quiserem meu santo dia’]; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no Senhor [NVI: ‘então você terá no Senhor a sua alegria’]. Eu te farei cavalgar sobre os altos da terra e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai [NVI: ‘eu farei com que você... se banqueteie com a herança de Jacó, seu pai’], porque a boca do Senhor o disse”.

Em Lv 23: 30-32; Lv 16: 29-34 e Nm 29: 7, o Jejum da Expiação está intimamente relacionado ao sábado; assim como o sábado é mencionado junto com as festas solenes do Senhor (Lv 23: 2-3; Êx 23: 12). Em Lv 16: 31 (Em relação ao Dia da Expiação, Yom Kippur), por exemplo, está escrito: “É sábado de descanso solene para vós outros, e afligireis a vossa alma; é estatuto perpétuo”, onde o uso da palavra sábado era para denotar um dia solene de descanso, não tanto uma celebração. Nesse versículo, a palavra ‘sábado’, em hebraico, é ‘shabbat’ – Strong #7676, significando: pausa, intervalo, interrupção, cessação, descanso. E a palavra ‘descanso’ é ‘shabbathon’ – Strong #7677, derivada de Shabbat, significando: um sabatismo (descanso sabático), um feriado especial. Isso quer dizer que o Yom Kippur não seria celebrado necessariamente num sábado, mas seria como um sábado.

O Senhor deixou para o Seu povo o dia de sábado não como um fardo ou uma obrigação, mas como uma forma de descansarem nEle neste dia para receberem dEle a instrução, a renovação de suas forças e aprenderem a ter com Ele a intimidade que não estava presente nos povos pagãos. Era um dia de separação das coisas mundanas para se lembrar das coisas espirituais. A falha dos judeus em obedecer a este mandamento foi uma das causas de serem levados para o cativeiro (2 Cr 36: 21; Jr 25: 11-12; Jr 29: 10; Dn 9: 2), pois o sábado não era apenas um dia de descanso na semana, como também representava o Ano do descanso ou Ano Sabático, ou seja, o descanso da terra a cada sete anos (Lv 25: 2-4; Êx 23: 10-11) para que a terra descansasse e voltasse a ser produtiva. Essa era uma forma de honrar o Senhor. Como, porém, deixaram de fazer isso ao longo dos séculos, Deus os condenou e retirou todos os sábados de descanso de uma só vez. A terra ficaria adormecida durante o cativeiro na Babilônia (Lv 26: 34-35; 43), setenta anos. Por isso Neemias (Ne 13: 15-22) fez questão de restabelecer a observância do sábado, quando a cidade foi reconstruída, para que eles continuassem debaixo da graça de Deus.

Sábado vem do hebraico, Shabbat, que significa: ‘descanso, cessação ou interrupção’. O Senhor separou um dia da semana para descansarmos das nossas atividades rotineiras, para recondicionarmos nossa alma em contato com Ele. Deus nos concedeu este dia para que tenhamos oportunidade de desfrutar algumas das melhores e mais importantes realidades da vida, e não para que fosse um dia de proibições. Nesse dia de descanso, sem nos preocuparmos em trabalhar para acumular riquezas, podemos entrar em contato não só com Deus para ouvir Sua voz, mas com a família e os amigos dando valor à amizade verdadeira e aos relacionamentos sadios onde Ele também quer participar. Ou é um dia em que nos separamos do barulho da civilização para estarmos em contato com a natureza onde Deus também pode se manifestar a nós e nos ensinar lições importantes. Para nós, cristãos, o domingo foi separado como um dia de consagração a Deus. Isso não quer dizer que devemos conversar com Ele só no domingo, mas deve ser um dia especial, quando ouvir Sua voz significa recebermos Sua direção para a nossa nova semana e podermos entregar a Ele os frutos da semana que passou, agradecendo-Lhe por Sua ajuda. Devemos dar descanso à nossa terra, à nossa alma, como era prescrito na Lei, periodicamente, após um período de luta espiritual para que o nosso interior possa refazer-se do esgotamento sofrido. É dar descanso à nossa terra interior e nos afastar da convivência com tudo aquilo que não agrada ao Senhor para estarmos no altar em intimidade com o Seu Espírito, recebendo Seu consolo, Sua direção e Sua força. Entretanto, a palavra Shabbat tem um significado mais profundo do que simplesmente um descanso físico. Ela significa que, qualquer que seja o dia da semana que separemos para Deus, nós devemos descansar nEle naquilo que não podemos fazer, por isso, em certas situações da nossa vida, podemos viver um tempo de Shabbat, esperando no livramento e no socorro do Senhor, ou seja, um ‘shabbathon’, um descanso sabático, um feriado especial.


• Principal fonte de pesquisa: Douglas, J.D., O novo dicionário da bíblia, 2ª ed. 1995, Ed. Vida Nova.
• Fonte de pesquisa para algumas imagens: wikipedia.org e crystalinks.com

Este texto se encontra no 3º volume do livro:


livro evangélico: O livro do profeta Isaías

O livro do profeta Isaías vol. 1 (PDF)

O livro do profeta Isaías vol. 2

O livro do profeta Isaías vol. 3

The book of prophet Isaiah vol. 1 (PDF)

The book of prophet Isaiah vol. 2

The book of prophet Isaiah vol. 3

Sugestão de leitura:


livro evangélico: Profeta, o mensageiro de Deus

Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)

Prophet, the messenger of God (PDF)

Sugestão para download:


tabela de profetas AT

Tabela dos profetas (PDF)

Table about the prophets (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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