Isaías 30: a destruição da Assíria. O Senhor exorta Seu povo a não confiar no Egito, chamado de ‘Besta do Sul’ e ‘Raabe’ (Strong #7294), que significa ‘insolência, altivez, largo, ferocidade, ostentador, bufão, fanfarrão’.

Isaiah 30: the destruction of Assyria. The Lord exhorts His people not to trust Egypt, which is called the ‘Beast of the South’ and ‘Rahab’ (Strong #7294), meaning ‘insolence, haughtiness, large, ferocity, arrogance, boaster, proud, strenght.’


Isaías capítulo 30




Capítulo 30

O profeta ameaça o povo pela sua confiança no Egito – v. 1-7.
• Is 30: 1-7: “Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que executam planos que não procedem de mim e fazem aliança sem a minha aprovação, para acrescentarem pecado sobre pecado! Que descem ao Egito sem me consultar, buscando refúgio em Faraó e abrigo, à sombra do Egito! Mas o refúgio de Faraó se vos tornará em vergonha, e o abrigo na sombra do Egito, em confusão. Porque os príncipes de Judá já estão em Zoã, e os seus embaixadores já chegaram a Hanes. Todos se envergonharão de um povo que de nada lhes valerá, não servirá nem de ajuda nem de proveito, porém de vergonha e de opróbrio [NVI: ‘zombaria’]. Sentença contra a Besta do Sul [NVI: animais do Neguebe]. Através da terra da aflição e angústia [NVI: ‘Atravessando uma terra hostil e severa’] de onde vêm a leoa, o leão, a víbora e a serpente volante [NVI: ‘serpentes velozes’], levam a lombos de jumento as suas riquezas e sobre as corcovas de camelos, os seus tesouros, a um povo que de nada lhes aproveitará [NVI: ‘para aquela nação inútil’]. Pois, quanto ao Egito, vão e inútil é o seu auxílio; por isso, lhe chamei Gabarola (que se gaba a si mesmo, jactancioso, fanfarrão) que nada faz [‘Por isso eu o chamo Monstro inofensivo’]”.

Provavelmente, esta profecia foi feita durante o reinado de Ezequias, se referindo à invasão de Judá em 701 AC por Senaqueribe, quando muitos judeus buscaram refúgio no Egito. O próprio Ezequias parecia ser muito propenso a confiar no povo do Egito, embora a bíblia não deixe muito clara nenhuma situação como a de enviar emissários para o Egito com o propósito de uma aliança. Ou, então, a profecia está se referindo a um tempo posterior, por exemplo, ao pedido de Zedequias ao Egito para livrá-lo do rei da Babilônia. Desde Uzias, passando por Jotão e Acaz, antepassados de Ezequias, não se pedia ajuda ao Egito. Aqui, Deus chama os judeus de rebeldes porque eles foram buscar ajuda no Egito e fazer alianças políticas sem a Sua aprovação. Isso só seria acrescentado como um pecado a mais sobre os que eles já tinham. E no fim de tudo, o Egito só lhes traria vergonha e confusão. Os príncipes de Judá já estavam em Zoã, que é mesma Tânis dos gregos, a moderna localidade de San El-Hagar, perto da praia sul do lago Manzalé, no Nordeste do delta egípcio, e que foi capital do Egito da 21ª à 24ª dinastia (1070-725 AC). Em Zoã estavam os maiores conselheiros e príncipes de Faraó (Is 19: 11; 13; Is 30: 4), bem como entre as grandes cidades egípcias nos escritos de Ezequiel (Ez 30: 14: Zoã, Tebas e Patros – como era conhecido o Alto Egito e Cuxe ou Etiópia) ao falarem sobre julgamento. Na 24ª dinastia, o faraó foi Tefnacte ou Tefnakht (732-725 AC), e que reinou em Saís. Assim, o Egito também caiu em poder dos assírios em 716 AC, o ano que Ezequias subiu ao poder em Judá.

Continuando o texto bíblico: ‘Porque os príncipes de Judá já estão em Zoã, e os seus embaixadores já chegaram a Hanes’. Quanto a Hanes existe certa controvérsia sobre a sua real localização. Os judeus, segundo os escritos do Targum, identificam Hanes com Tafnes (Jr 2: 16; Jr 43: 7-9), onde faraó tinha um palácio, e essa era uma razão para enviarem embaixadores até lá. Tafnes ficava também no baixo Nilo, a nordeste do delta, próximo ao deserto de Sur. A Septuaginta grega traduz Tafnes por Táf·nas (Ταφνας), e acredita-se que esse nome seja o mesmo que o de uma importante cidade fortificada na fronteira oriental do Egito, chamada Daphnae Pelusiae pelos escritores gregos do período clássico, atual Tell Defenneh. Outra explicação (do arqueólogo Kitchen) encontra um paralelismo ainda mais estreito em Is 30: 4: Hanes pode ser meramente uma descrição hebraica do nome egípcio h(wt)-nsw, ‘mansão do rei’, como nome do palácio de faraó em Zoã (Tânis). Qualquer uma dessas interpretações é plausível, mas nenhuma delas tem sido comprovada. O que se pode deduzir com certeza é que Hanes era uma cidade eminente do Egito.

Nos versículos seguintes, a bíblia profere uma sentença contra ‘a Besta do Sul’ [NVI: ‘animais do Neguebe’]. A expressão ‘Besta do Sul’ é claramente uma alusão ao próprio Egito, pois a palavra ‘besta’, na bíblia, muitas vezes é usada para se referir a impérios. ‘Do sul’, no original em hebraico, é o mesmo termo empregado em Is 21: 1 (ARA: ‘tufões que vêm do sul’; NVI: ‘Como um vendaval em redemoinhos que varre todo o Neguebe’). O sul aqui se refere à parte sul da Judéia, onde havia muitos e grandes desertos, como o Neguebe, por exemplo. O ‘sul’ [Hebraico: ‘Negeb’ ou ‘Negev’– Strong #5045] significa: Neguebe ou distrito do sul de Judá, ocasionalmente, o Egito (como ao sul da Palestina): lado sul, país ao sul ou em direção ao sul. Neguebe (‘seco’) é um deserto bem ao sul de Israel, próximo à península do Sinai e do Mar Mediterrâneo e que só experimenta vida quando as chuvas enchem os leitos dos seus ribeiros secos. Os rios se enchem com as águas, as plantas são regadas e os animais são dessedentados.


Deserto do Neguebe


Depois, a bíblia diz: ‘Através da terra da aflição e angústia [NVI: ‘Atravessando uma terra hostil e severa’] de onde vêm a leoa, o leão, a víbora e a serpente volante [NVI: ‘serpentes velozes’], levam a lombos de jumento as suas riquezas e sobre as corcovas de camelos, os seus tesouros, a um povo que de nada lhes aproveitará [NVI: ‘para aquela nação inútil’]’.

Quanto à expressão ‘terra da aflição e angústia’, podemos dizer que ela pode ser o próprio significado do nome Egito em hebraico: ‘Mizraim’ (Mitsrayim), isto é, ‘terra de escravidão, dilema, conflito, confusão, aflição, problema, perturbação’. Como ela havia sido uma terra de angústia e aflição para os ancestrais dos judeus, ela seria de novo para os que buscassem abrigo nela. Depois o profeta descreve os animais mais freqüentemente encontrados no Egito: a leoa, o leão, a víbora e a serpente volante [NVI: ‘serpentes velozes’], ou seja, a serpente venenosa, o jumento e o camelo, além do crocodilo, como vemos em outras passagens dos profetas, e dos gatos e de certas aves. Muitos deles eram adorados pelos Egípcios. No tempo de Salomão, Israel importava cavalos do Egito. ‘Levam a lombos de jumento as suas riquezas e sobre as corcovas de camelos, os seus tesouros, a um povo que de nada lhes aproveitará’ pode expressar quanta riqueza da terra de Israel já tinha sido carregada sobre esses animais como um tributo ao Egito ou como presentes para obter sua amizade e ajuda política. Durante a invasão de Senaqueribe, rei da Assíria, muitos habitantes da Judéia e Jerusalém fugiram para o Egito com tudo o que tinham, com suas riquezas sobre jumentos e camelos jovens, em busca de abrigo; para um povo também impotente, que em nada os ajudaria, pois eles mesmos eram súditos da Assíria naquela época.

O versículo 7 também diz: “Pois, quanto ao Egito, vão e inútil é o seu auxílio; por isso, lhe chamei Gabarola (que se gaba a si mesmo, jactancioso, fanfarrão) que nada faz [NVI: ‘Por isso eu o chamo Monstro inofensivo’]”. No lugar de ‘monstro inofensivo’ ou ‘gabarola que nada faz’, no original em Hebraico está escrito: ‘Raabe, que fica quieta’. Isso quer dizer que mesmo que os egípcios quisessem fazer alguma coisa, eles não podiam. Sua força era apenas ficar quietos, assim como seus embaixadores ganhariam mais ficando quietos e tranqüilos em sua terra. Raabe (Hebr.: rãhãbh; Strong #7294: ‘insolência, altivez, largo, ferocidade’, ‘ostentador, bufão, fanfarrão’) é um dos nomes do Egito (Sl 87: 4; Is 51: 9). Alguns traduzem como ‘força’.

Para nós, fica sempre o ensinamento de não colocarmos nossa confiança no mundo e nos seus recursos para nos suprir em tempos de necessidade. O Senhor é quem pode nos prover de uma maneira adequada naquilo que nos faz falta. Quando estamos em guerra por algum objetivo que tentamos conquistar, e sabemos que temos que lutar primeiro contra barreiras espirituais, como buscar ajuda no mundo? Como as pessoas carnais poderão nos ajudar? O que o mundo entende de guerra espiritual? Davi recusou a oferta de ajuda de Ornã ou Araúna quando ergueu o altar ao Senhor naquele lugar pelo perdão recebido por causa do censo que tinha conduzido de uma maneira errada (1 Cr 21: 23-25; 2 Sm 24: 22-24); ele pagou pelo pedaço de terra, pois foi na eira de Ornã, o jebuseu, que o templo foi posteriormente construído (2 Cr 3: 1). Jesus enviou Seus doze discípulos e ordenou-lhes que nada levassem consigo, exceto um bordão, pois eles não precisariam se preocupar com os recursos materiais para realizar sua missão; Deus se preocuparia por eles (Mc 6: 7-13; Mt 10: 5-15; Lc 9: 1-6). Jeremias exortou o povo a não ir para o Egito quando Nabucodonosor deixou Jerusalém, após invadi-la (Jr 42: 9-12; 19), mas não adiantou nada. Eles se rebelaram e foram para lá, levando o profeta junto com eles.

O desprezo da palavra de Deus – v. 8-11.
• Is 30: 8-11: “Vai, pois, escreve isso numa tabuinha perante eles, escreve-o num livro, para que fique registrado para os dias vindouros, para sempre, perpetuamente. Porque povo rebelde é este, filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do Senhor. Eles dizem aos videntes: Não tenhais visões; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, profetizai-nos ilusões; desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda; não nos faleis mais do Santo de Israel”.

Deus falou para o Seu profeta para escrever isso numa tábua, num livro ou rolo, como um testemunho da rebeldia e do desprezo do povo em relação às advertências proféticas. A tábua possivelmente era pendurada num lugar público, onde todos pudessem ler. E o rolo seria guardado para as gerações futuras. Isso é mais ou menos o que Deus disse a Ezequiel: ‘Hão de saber que houve no meio deles um profeta’ (Ez 2: 5; Ez 33: 33). Que coisa triste! Jeremias também foi ameaçado de morte por profetizar a verdade (Jr 11: 21). Em todas as eras, a humanidade sempre quis ouvir coisas boas e agradáveis da boca de seus profetas, mas se recusou a ouvir a verdade doída de Deus para sua correção. Um dia tudo isso será cobrado, pois a missão do profeta como atalaia do Senhor foi cumprida (Ez 2: 7; Ez 3: 4; 17; 27; Ez 33: 33).

Pela desobediência e pelo desprezo a Deus eles serão destruídos – v. 12-17.
• Is 30: 12-17: “Pelo que assim diz o Santo de Israel: Visto que rejeitais esta palavra, confiais na opressão e na perversidade [NVI: ‘apelaram para a opressão e confiaram nos perversos’] e sobre isso vos estribais, portanto, esta maldade vos será como a brecha de um muro alto, que, formando uma barriga, está prestes a cair, e cuja queda vem de repente, num momento. O Senhor o quebrará como se quebra o vaso do oleiro, despedaçando-o sem nada lhe poupar; não se achará entre os seus cacos um que sirva para tomar fogo da lareira ou tirar água da poça [NVI: ‘tirar água da cisterna’]. Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranqüilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes (cf. Is 28: 12). Antes, dizeis: Não, sobre cavalos fugiremos; portanto, fugireis; e: Sobre cavalos ligeiros cavalgaremos; sim, ligeiros serão os vossos perseguidores. Mil homens fugirão pela ameaça de apenas um; pela ameaça de cinco, todos vós fugireis, até que sejais deixados como o mastro no cimo do monte e como o estandarte no outeiro [NVI: ‘uma bandeira numa colina’]”.

Os egípcios sempre tiveram uma índole opressora e se estribavam na sua perversidade; e os judeus estavam se inclinando justamente para este lado. O Senhor os repreendeu por isso, mas lhes disse o que aconteceria se colocassem em prática o seu desejo. Ele já havia falado antes pelo mesmo profeta que a vitória do Seu povo consistia em descansar e confiar nEle, mas eles não aceitavam isso (Is 28: 12). Queriam agir de qualquer maneira; e isso traria um castigo pior.

‘O Senhor o quebrará como se quebra o vaso do oleiro, despedaçando-o sem nada lhe poupar; não se achará entre os seus cacos um que sirva para tomar fogo da lareira ou tirar água da poça [NVI: ‘tirar água da cisterna’]’ – significa que a destruição dos ímpios seria irreversível.

Eles diziam: ‘Cavalgaremos cavalos velozes’, ou seja, nada de mal vai nos alcançar. Mas o Senhor diz que o inimigo é ainda mais rápido do que eles, e que os alcançaria e os derrotaria. Os remanescentes são comparados com árvores não muito úteis para grandes projetos, mas que servem apenas para se fazer mastros, pois provavelmente são finas e mais frágeis do que as outras. Eles seriam colocados em uma posição de vergonha visível, como se o mastro estivesse no cume de um monte e como uma bandeira numa colina. Todos seriam capazes de ver.

As misericórdias de Deus – v. 18-26.
• Is 30: 18-26: “Por isso, o Senhor espera, para ter misericórdia de vós, e se detém, para se compadecer de vós, porque o Senhor é Deus de justiça; bem-aventurados todos os que nele esperam. Porque o povo habitará em Sião, em Jerusalém; tu não chorarás mais; [NVI: ‘Ó povo de Sião, que mora em Jerusalém, você não vai chorar mais’] certamente, se compadecerá de ti, à voz do teu clamor, e, ouvindo-a, te responderá. Embora o Senhor vos dê pão de angústia e água de aflição, contudo, não se esconderão mais os teus mestres; os teus olhos verão os teus mestres [NVI: ‘o seu mestre não se esconderá mais; com seus próprios olhos você o verá’]. Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele. E terás por contaminados a prata que recobre as imagens esculpidas e o ouro que reveste as tuas imagens de fundição; lançá-las-ás fora como coisa imunda e a cada uma dirás: Fora daqui! Então, o Senhor te dará chuva sobre a tua semente, com que semeares a terra, como também pão como produto da terra, o qual será farto e nutritivo; naquele dia, o teu gado pastará em lugares espaçosos. Os bois e os jumentos que lavram a terra comerão forragem com sal, alimpada com pá e forquilha [NVI: ‘espalhados com forcado e pá’]. Em todo monte alto e em todo outeiro elevado haverá ribeiros e correntes de águas, no dia da grande matança quando caírem as torres [NVI: ‘No dia do grande massacre, quando caírem as torres, regatos de água fluirão sobre todo monte elevado e sobre toda colina altaneira’]. A luz da lua será como a do sol, e a do sol, sete vezes maior, como a luz de sete dias, no dia em que o Senhor atar a ferida do seu povo e curar a chaga do golpe que ele deu”.

Deus dizia a este povo que, apesar dos seus pecados, Ele esperaria pelo arrependimento deles. Ele é um Deus de justiça e os que esperam Nele são felizes. Eles se arrependeriam e Ele teria compaixão deles. Mas teriam que jogar fora os ídolos, os falsos deuses, e ter um arrependimento sincero; assim, Ele se voltaria para eles com misericórdia e bênçãos. Inclusive seus animais seriam beneficiados por elas, pois até seu alimento seria puro e farto. Seus ídolos seriam de todo desprezados, mesmo que fossem feitos de prata e ouro, pois não tinham vida. A sua punição estava sendo feita com moderação, apesar de parecer para eles como um pão de angústia e água de aflição. Pão tem um amplo significado aqui, entre eles, o sustento resultante de um trabalho. Em pecado e sem a bênção de Deus até o pão e a água pareciam ser amargos. Eles voltariam a Jerusalém depois de um tempo e morariam seguramente; e ninguém os expulsaria de novo. Isso se cumpriu para os que voltaram da Babilônia, e muito mais nos tempos do Evangelho, quando a palavra de Jesus percorreu o mundo arrebanhando os judeus dispersos. Ele era a morada segura, onde eles poderiam se abrigar para sempre.

‘Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele’. Isso significa a sensibilidade à voz do Espírito de Deus, que nos ensina todas as coisas e nos faz lembrar-se de tudo o que Jesus falou (Jo 14: 26). Até que isso acontecesse, ou seja, até a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, eles ouviriam Sua voz, não apenas por um sentimento bom colocado no seu coração pelo próprio Deus, mas também através de verdadeiros profetas e sacerdotes, como Esdras, por exemplo, que os ensinaria novamente Sua palavra. Estes seriam como pastores conduzindo seus rebanhos e colocando cada ovelha na trilha correta. Seriam os seus mestres, que eles veriam e reconheceriam prontamente. Muito mais o Messias, o verdadeiro mestre e guia (Mt 23: 8-10), uma vez que na NVI, a palavra está escrita no singular: ‘o seu mestre não se esconderá mais; com seus próprios olhos você o verá’. Deus se mostrou ao Seu povo através de Jesus.

‘Em todo monte alto e em todo outeiro elevado haverá ribeiros e correntes de águas, no dia da grande matança quando caírem as torres’ ou ‘No dia do grande massacre, quando caírem as torres, regatos de água fluirão sobre todo monte elevado e sobre toda colina altaneira’ – significa o dia que Deus destruir os inimigos do Seu povo. Em referência ao AT, dizia respeito aos inimigos físicos imediatos: Assíria e Babilônia, entre outros. Em relação ao NT, diz respeito ao final dos tempos, quando o Senhor destruir todo principado das trevas. A frase seguinte pode ser uma metáfora de alegria pela libertação conquistada, uma alegria difícil de expressar da maneira correta e completa: ‘A luz da lua será como a do sol, e a do sol, sete vezes maior, como a luz de sete dias, no dia em que o Senhor atar a ferida do seu povo e curar a chaga do golpe que ele deu’. Sete é o número perfeito de Deus, algo completo, algo em que se pode descansar por estar totalmente cumprido. O brilho do sol e da lua reflete o resplendor da glória do Senhor, e será um brilho muito maior do que os astros naturais podem emanar, ou muito maior do que possamos imaginar.

A ira de Deus e a alegria dos povos na destruição da Assíria – v. 27-33.
• Is 30: 27-33: “Eis o nome do Senhor vem de longe, ardendo na sua ira, no meio de espessas nuvens [NVI: ‘com sua ira em chamas, e densas nuvens de fumaça’]; os seus lábios estão cheios de indignação, e a sua língua é como fogo devorador. A sua respiração é como a torrente que transborda e chega até ao pescoço, para peneirar as nações com peneira de destruição; um freio de fazer errar estará nos queixos dos povos [NVI: ‘Ele coloca na boca dos povos um freio que os desencaminha’]. Um cântico haverá entre vós, como na noite em que se celebra festa santa; e alegria de coração, como a daquele que sai ao som da flauta para ir ao monte do Senhor, à Rocha de Israel. O Senhor fará ouvir a sua voz majestosa e fará ver o golpe do seu braço, que desce com indignação de ira, no meio de chamas devoradoras, de chuvas torrenciais, de tempestades e de pedra de saraiva. Porque com a voz do Senhor será apavorada a Assíria, quando ele a fere com a vara [NVI: ‘com seu cetro a ferirá’]. Cada pancada castigadora, com a vara, que o Senhor lhe der, será ao som de tamboris e harpas; e combaterá vibrando golpes contra eles. Porque há muito está preparada a fogueira [NVI: ‘tofete’], preparada para o rei; a pira é profunda e larga, com fogo e lenha em abundância; o assopro do Senhor, como torrente de enxofre, a acenderá”.

O Senhor dá um aviso bem claro sobre a destruição da Assíria, e Sua presença se manifestará de maneira espantosa. Ele está irado contra os assírios e manifesta essa ira em metáforas sobre os desastres da natureza e nas reações humanas que qualquer um teria se fosse provocado ou se estivesse muito irado (respiração rápida, por exemplo, como um sinal de ira).

‘Um freio de fazer errar estará nos queixos dos povos’ [NVI: ‘Ele coloca na boca dos povos um freio que os desencaminha’] pode significar que Ele traria desentendimento e desacordo entre o próprio império assírio, para que fizessem guerra uns contra os outros, e se destruíssem por conselhos errados (‘freio que desencaminha’). Assim como o freio é usado para controlar animais, o paralelo aqui seria que Deus estava no controle dos povos, e poderia dirigi-los para o caminho correto ou para a perdição. Neste versículo, o foco parece ser maior do que apenas o exército assírio de Senaqueribe, que afrontou Judá. Realmente parece se estender a todo o império assírio, principalmente após Senaqueribe, até a queda de Nínive em 612 AC.
Quando a bíblia fala: ‘Um freio de fazer errar estará nos queixos dos povos’, a palavra ‘povos’ em hebraico, usada neste versículo, é gowy (Strong #1471), abreviadamente, goy (gentios, גויים; ou gentio, גוי, respectivamente), que significa uma nação estrangeira; portanto, uma nação gentia; figuradamente: uma tropa de animais ou bando de gafanhotos. A palavra se refere a gentios, pagãos, nações, países, povo, e geralmente utilizado pela comunidade judaica referindo-se às pessoas não-israelitas. Pelo fato de a palavra estar escrita no plural (‘povos’, ‘gowy’), isso nos leva a pensar que ela se refere não apenas ao exército de Senaqueribe, como a todo o império assírio e às nações gentias envolvidas com eles.

Assim, eles deixariam de se preocupar com os judeus, e essa era também uma maneira de Deus executar o Seu juízo contra os pecados deles. Mas para o povo do Senhor, este dia de destruição dos inimigos seria um dia de alegria e cânticos como se fosse um dia de festa no templo em Sião. O Senhor estenderá Seu braço em vingança, e Sua voz poderosa se fará ouvir, como um forte trovão e uma grande tempestade (vs. 30-31). Sua voz, ou Seu trovão, é uma metáfora de algum julgamento terrível. Ao som da Sua voz, a terra e o céu estremecem. Quando a Assíria ouvir certos boatos (2 Rs 19: 7; Is 37: 7, por exemplo, que o Deus de Israel estava lutando pelo Seu povo; ou a ascensão dos babilônios) ficará assustada, pois saberá que sua destruição está próxima. A vara ou o cetro de Deus diz respeito ao uso de Sua autoridade para punir, disciplinar e governar como rei único. A destruição do inimigo será celebrada pelo povo de Deus com alegria, música e cânticos de louvor.

• O versículo 32 (‘Cada pancada castigadora, com a vara, que o Senhor lhe der, será ao som de tamboris e harpas; e combaterá vibrando golpes contra eles’) nos faz pensar não só na derrota passageira do exército de Senaqueribe, mas também na queda da Assíria ao longo dos anos (‘Cada pancada castigadora’) através das revoltas que seus reis tiveram que sufocar em outras nações e até dentro do próprio império. Depois da campanha contra Ezequias em 701 AC, Senaqueribe passou o resto de seu reinado em campanhas militares contra rebeldes no seu reino, como, por exemplo, controlando a ação de Merodaque-Baladã (Marduk-apla-iddina II – Is 39: 1; 2 Reis 20: 12), que, depois de tomar o trono da Babilônia, lutou para tomar o poder do trono assírio no tempo de Sargom II (pai de Senaqueribe), e do próprio Senaqueribe, lutando com este até 689 AC. Seu filho, Esar-Hadom, sofreu com as tentativas de independência egípcia por parte de Tiraca; e o filho de Esar-Hadom, Assurbanipal, apesar da vitória contra Tebas (661 AC), também sofreu com a revolta por parte de seu irmão que reinava na Babilônia. Seu filho, reinando num império já decadente, enfrentou ataques dos Medos e dos Babilônios sob Nabopolassar (pai de Nabucodonosor), até que Nínive caiu alguns anos mais tarde (612 AC).

• Is 30: 33 diz que, da mesma forma como o Senhor já tem o lago de fogo e enxofre preparado para Satanás e seus anjos, Ele também já tinha uma fogueira acesa para o rei da Assíria.

‘Porque há muito está preparada a fogueira [NVI: ‘tofete’], preparada para o rei’ – refere-se a Tofete, um lugar no vale de Hinom. O Vale de Hinom ficava ao sul de Jerusalém, onde se queimavam cadáveres de criminosos. Josias, por exemplo, queimou os ossos dos sacerdotes idólatras do tempo de Jeroboão I (2 Rs 23: 15-20; 1 Rs 12: 28-32; 1 Rs 13: 2), pois no mesmo vale eram também oferecidos sacrifícios humanos a Moloque, o deus dos amonitas (2 Rs 17: 17; 31; 2 Rs 23: 10; 2 Cr 28: 2-3; 2 Cr 33: 6-7; Jr 19: 1-6). O significado de ‘Hinom’ é desconhecido; alguns sugerem: ‘Ben Hinom’, filho de Hinom [por causa do termo grego para o vale: Geenna – ge (vale de) hinnõm (Hinom)], dando a entender que é um nome próprio (2 Cr 28: 3; 2 Rs 23: 10 – ‘vale dos filhos de Hinom’). A palavra ‘Tofete’ pode ser vista em 2 Rs 23: 10; Jr 7: 30-32; Jr 19: 6; 12; Jr 32: 34-35. Em Jr 7: 32; Jr 19: 6 o nome é alterado pelo profeta para ‘vale da matança’. É também chamado de ‘Vale de Tofete’ (‘local de fogo’, ‘local de queima’ ou ‘local de torrefação’) pelos Cananeus (Jr 7: 31-32; Jr 19: 12). Também tem o significado de ‘fornalha’, ‘fogueira’ (Is 30: 33), ‘lugar de chama ou aborrecimento’.


Vale de Hinom
Vale de Hinom ao sul de Jerusalém

Nós sabemos que Senaqueribe foi morto à espada por seus próprios filhos enquanto prestava adoração ao seu deus Nisroque (2 Rs 19: 7; 37; 2 Cr 32: 21; Is 37: 7; 38). Mas da maneira como a bíblia descreve (‘a pira é profunda e larga, com fogo e lenha em abundância; o assopro do Senhor, como torrente de enxofre, a acenderá’) é muito provável que esteja se referindo à morte espiritual do rei assírio e seus príncipes; é o que a bíblia chama de segunda morte (Ap. 14: 10; Ap. 19: 20; Ap. 20: 10; Ap. 21: 8), o lago de fogo e enxofre.
Como dissemos anteriormente, a destruição dos Assírios não se resume à destruição do exército de Senaqueribe apenas, mas também à destruição de Nínive e do seu império pelos Babilônios.


• Principal fonte de pesquisa: Douglas, J.D., O novo dicionário da bíblia, 2ª ed. 1995, Ed. Vida Nova.
• Fonte de pesquisa para algumas imagens: wikipedia.org e crystalinks.com

Este texto se encontra no 1º volume do livro:


livro evangélico: O livro do profeta Isaías

O livro do profeta Isaías vol. 1 (PDF)

O livro do profeta Isaías vol. 2

O livro do profeta Isaías vol. 3

The book of prophet Isaiah vol. 1 (PDF)

The book of prophet Isaiah vol. 2

The book of prophet Isaiah vol. 3

Sugestão de leitura:


livro evangélico: Profeta, o mensageiro de Deus

Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)

Prophet, the messenger of God (PDF)

Sugestão para download:


tabela de profetas AT

Tabela dos profetas (PDF)

Table about the prophets (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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