Isaías 22: profecia sobre a invasão de Judá pelos assírios sob Senaqueribe. Como foi construído o túnel de Ezequias e o tanque de Siloé? Sebna, o escrivão de Ezequias, é deposto.

Isaiah 22: prophecy about the invasion of Judah by the Assyrians under Sennacherib. How were Hezekiah’s tunnel and the pool of Siloam built? Shebna, Hezekiah’s steward, is deposed.


Isaías capítulo 22




Capítulo 22

Esta profecia fala sobre a invasão de Judá pelos assírios sob Senaqueribe nos tempos de Ezequias, e Jerusalém foi ameaçada de ser sitiada. O profeta diz o que eles irão fazer para se defender e o que Deus propõe para sua libertação. Depois, a profecia se dirige a Sebna, o escrivão do rei Ezequias, e que é deposto pelo próprio Deus e substituído por alguém mais digno que ele.

Profecia contra Jerusalém – v. 1-14.
• Is 22: 1: “Sentença contra o vale da Visão. Que tens agora [NVI: ‘O que está perturbando vocês agora’], que todo o teu povo sobe aos telhados?”
‘O vale da Visão’ se refere à Judéia, cercada de montanhas, assim como Jerusalém, que está situada no meio das colinas circunvizinhas. É chamada de ‘vale da Visão’ por causa das muitas e claras visões ou revelações de Deus naquele lugar. Ele fala a Jerusalém, cujos habitantes fugiram para os telhados por medo de seus inimigos. Como costumavam fazer em tempos de grande consternação, eles fugiram para os telhados das casas para que pudessem clamar ao céu e pedir ajuda do Senhor ou para observar os inimigos e seus movimentos, e lançar de lá suas flechas e dardos sobre eles. Pouco se via das ruas ou das partes mais baixas de suas casas, mas todos subiram até o topo delas, que eram construídas com telhados planos e um terraço (Dt 22: 8). Todas as pessoas correndo para o telhado de suas casas dá uma idéia de um súbito alarme geral.


Deserto da Judéia

Deserto da Judéia
Deserto da Judéia com suas colinas


As casas eram geralmente feitas de pedra. O telhado era comumente feito de uma camada grossa de barro espalhado por cima de uma coberta de juncos apoiada sobre traves pesadas de madeira. As famílias mais ricas colocavam ladrilhos sobre a camada de barro para torná-lo mais resistente. As pessoas colocavam um parapeito ao redor do telhado para que ninguém caísse de lá de cima, como foi orientado por Deus em Dt 22: 8 (“Quando edificares uma casa nova, far-lhe-ás, no terraço, um parapeito, para que nela não ponhas culpa de sangue, se alguém de algum modo cair dela”). Alguns chegavam a plantar grama sobre os telhados para amenizar a temperatura durante o verão, ou ela mesma crescia espontaneamente sobre o barro molhado, alisado e pressionado, mas por estar no alto e exposta ao sol escaldante, ela logo secava. Por isso, podemos ver escrito no Salmo 129:5-7: “Sejam envergonhados e repelidos todos os que aborrecem a Sião! Sejam como a erva dos telhados, que seca antes de florescer, com a qual não enche a mão o ceifeiro, nem os braços, o que ata os feixes!” Como eu disse no início, pouco se via das ruas ou das partes mais baixas de suas casas porque as casas tinham um muro alto e poucas janelas davam para a rua; a maioria se abria para o pátio interno da casa. Dentro do muro, onde estava a porta de entrada, havia um pátio interno, onde estava a cozinha, a cisterna onde se armazenava a água da chuva e onde ficavam os animais (ovelhas e jumentos). Para dentro, ficava o ambiente (sala ou quarto) onde a família residia, e que geralmente era composto de um único cômodo de chão batido, com janelas pequenas próximas ao teto. Na parede havia uma pequena escavação onde era colocada a lamparina para iluminar o ambiente, por isso Jesus falou sobre não esconder a candeia debaixo do alqueire, mas sobre o velador para iluminar todos os que habitavam na casa. As pessoas secavam roupas sobre os telhados, fiavam e faziam suas refeições ali. O telhado era praticamente a sala de estar onde se recebiam os convidados, como Jesus fez com Nicodemos. Algumas poucas casas tinham um cômodo extra no andar superior que era chamado “o quarto de profeta”, em referência à casa da sunamita, que construiu um quarto para o profeta Eliseu, e que nos tempos de Jesus era chamado de ‘hospedaria’ ou ‘estalagem’ ou ‘pousada’ (em grego: κατάλυμα kataluma ou katalymati, Strong #g2646, que significa estalagem, quarto de hóspedes), pois ali os judeus recebiam e abrigavam um hóspede. Assim, a hospedaria era um cômodo para hóspedes numa casa de família ou um abrigo público, e não uma grande construção com vários quartos individuais como é hoje, por isso, se diz que Jesus nasceu num estábulo, pois não havia lugar para eles na hospedaria; nenhum conhecido deles ou nenhuma família em Belém naquele momento acolheu José, Maria e Jesus. Naquela época, a estrebaria ou estábulo era, em geral, uma peça anexa à casa.


Casas nos tempos antigos

Casas nos tempos antigos

Casas nos tempos antigos


• Is 22: 2: “Tu, cidade que estavas cheia de aclamações, cidade estrepitosa, cidade alegre! [NVI: ‘cidade cheia de agitação, cidade de tumulto e alvoroço’] Os teus mortos não foram mortos à espada, nem morreram na guerra [NVI: ‘nem morreram em combate’]”.

‘Cidade que estavas cheia de aclamações, cidade estrepitosa, cidade alegre’ significa gritos e aclamações nos momentos alegres (Zc 4: 7) e pode ser aqui um reflexo de como foram outrora as suas festas religiosas. Se lermos a NVI, a palavra acima pode ser entendida como tristeza, agitação, tumulto e alvoroço por causa da provável invasão e do cerco; uma multidão de pessoas correndo agitadas de um lugar para outro.

‘Os teus mortos não foram mortos à espada, nem morreram na guerra’ porque Senaqueribe nunca entrou nela, nem pôs à espada nenhum de seus habitantes; nem houve batalha entre eles, nem atiraram flechas nem de um lado nem de outro (Is 37: 33). Por isso, aqueles que morreram nela morreram de outras causas, talvez da fome que o exército assírio tinha causado, ao colocar as cidades agrícolas ao redor deles em desolação, como aconteceu com o cerco de Laquis, uma cidade fortificada de Judá (2 Rs 18: 13-14; 17; Mq 1: 13).

• Is 22: 3: “Todos os teus príncipes fogem à uma [NVI: ‘Todos os seus líderes fugiram juntos’] e são presos sem que se use o arco [NVI: ‘foram capturados sem resistência’]; todos os teus que foram encontrados foram presos, sem embargo de já estarem longe na fuga [NVI: ‘embora tendo fugido para bem longe’]”.

‘Todos os teus príncipes fogem à uma’ ou ‘Todos os seus líderes fugiram juntos’ significa: os governantes civis e eclesiásticos de Jerusalém, que deveriam estar à frente do povo encorajando-os, fugiram juntos para os telhados, para o templo e para as fortalezas; os generais e oficiais do seu exército fugiram como se tivessem pensado nessa solução de comum acordo. Estavam em tal consternação e sob tal pânico que eles não tinham força nem coragem para entesar o arco. Por medo de usar o arco ou por medo dos arqueiros do exército assírio, eles fugiram ou se entregaram sem resistência e foram presos.

• Is 22: 4: “Portanto, digo: desviai de mim a vista e chorarei amargamente; não insistais por causa da ruína da filha do meu povo” ou “Afastem-se de mim; deixem-me chorar amargamente. Não tentem consolar-me pela destruição do meu povo” [NVI].

O profeta disse aos que estavam ao redor dele, seus parentes, amigos e conhecidos: afastem-se de mim, olhem para o outro lado; deixem-me em paz; deixem-me entregue a mim mesmo para que eu possa chorar em segredo e dar plena vazão à minha tristeza. Vou chorar amargamente. Isso denota quão grande era a sua tristeza e a força do seu amor pelo seu povo. Ele não aceitava consolo nem argumentos que pudessem convencê-lo a deixar de lado o seu luto. ‘A filha do meu povo’ significa a Jerusalém dos seus concidadãos, dos habitantes dela e que eram tão queridos dele; agora seriam saqueados e despojados pela devastação do inimigo em muitas cidades da Judéia.

• Is 22: 5: “Porque dia de alvoroço, de atropelamento e confusão [NVI: ‘dia de tumulto, pisoteio e pavor’] é este da parte do Senhor, o Senhor dos Exércitos, no vale da Visão: um derribar de muros e clamor [NVI: ‘gritar por socorro’] que vai até aos montes”.

A vinda de Senaqueribe colocou o povo em estado de confusão, correndo e atropelando-se uns aos outros por causa do desespero e do medo da invasão; clamor por todos os lados, perplexidade e angústia, tanto os nobres quanto o próprio rei Ezequias, ao saber da notícia sobre a destruição das outras cidades do reino de Judá, como Laquis e todas as outras (2 Rs 18: 13-14; 2 Rs 19: 8; Is 10: 28-32), e pensando que poderia acontecer o mesmo com Jerusalém se o inimigo tivesse sucesso. E tudo isto não foi meramente por vontade dos homens, nem foi por acaso, mas pela permissão e desígnio de Deus para humilhar o Seu povo pelos seus pecados, e levá-los ao conhecimento dEle. Ao serem derrubados os muros das cidades fortificadas, os seus habitantes clamaram tão alto que seu choro alcançou as montanhas distantes e fez ecoar por elas o som de sua voz.

• Is 22: 6-7: “Porque Elão tomou a aljava e vem com carros e cavaleiros; e Quir descobre os escudos. Os teus mais formosos vales [NVI: ‘Os vales mais férteis de Judá’] se enchem de carros, e os cavaleiros se põem em ordem às portas”.

Em Is 21: 2 o Elão é convocado pelo profeta para esmagar a Babilônia, entretanto, Elão, por sua vez, seria esmagado (Jr 25: 25; 49: 34-39; Ez 32: 24). Em 596 AC Nabucodonosor marchou contra Elão. A multidão de elamitas no dia de Pentecostes (At 2: 9) contava com indivíduos vindos de tão longe como o Elão, presumivelmente membros de comunidades judaicas de fala aramaica, que haviam permanecido no exílio.
Elão neste momento (Is 22: 6) estava submetido aos assírios, assim como Quir. Elão tinha arqueiros (Jr 49: 35) e cavaleiros experientes, além de muitos carros de guerra (Is 22: 7), que encheriam os vales da Judéia e se colocariam nas portas das cidades.

Quir significa ‘cidade’, e é citada como a cidade para os onde os sírios foram deportados (2 Rs 16: 9) por Tiglate-Pileser III. Seu nome também é mencionado em Am 1: 5; 9: 7; além deste texto de Isaías. Os arqueólogos não conhecem nenhum lugar antigo com este nome.
‘Quir descobre os escudos’ significa que seus guerreiros estavam preparados para a batalha. Provavelmente, Senaqueribe estava trazendo os Medos e os Persas com ele, pois eles serviam no seu exército.

• Is 22: 8-11: “Tira-se a proteção de Judá. Naquele dia, olharás para as armas da Casa do Bosque [NVI: ‘palácio da Floresta’]. Notareis as brechas da Cidade de Davi, por serem muitas, e ajuntareis as águas do açude inferior. Também contareis as casas de Jerusalém e delas derribareis, para fortalecer os muros [NVI: ‘derrubaram algumas para fortalecer os muros’]. Fareis também um reservatório entre os dois muros [entre o muro exterior da cidade de Jerusalém e o muro interior que a separava a cidade de Davi da cidade baixa de Jerusalém, é o que quer dizer] para as águas do açude velho, mas não cogitais de olhar para cima, para aquele que suscitou essas calamidades, nem considerais naquele que há muito as formou”.

As cidades fortificadas de Judá (que eram a força e a proteção do país) se sentiriam desprotegidas e veriam sua fraqueza diante das forças inimigas, e quando isso acontecesse, já era tempo de os judeus de Jerusalém olhar ao redor deles e verificar a sua defesa e segurança, ou seja, as armas da Casa do Bosque do Líbano (1 Rs 10: 17; 2 Cr 9: 16; 20), a casa real que Salomão havia construído para si com a madeira do Líbano (1 Rs 7: 2) e onde se guardavam os escudos de guerra e outros armamentos. Ali havia um arsenal (1 Rs 10: 16-17; 2 Cr 9: 15-16; 25; 2 Cr 1:14-17). Em tempos de paz eles negligenciaram os lugares arruinados da cidade de Davi (chamada a fortaleza de Sião) e não restauraram os muros. Agora teriam que fazê-lo. Derrubariam algumas casas para ter o material necessário para reparar a muralha da cidade. O profeta descreve o que Deus colocaria na mente de Ezequias para se defender de Senaqueribe (2 Cr 32: 1-5; 30), o que ele fez através das reformas nos aquedutos que conduziam água à cidade, colocando um canal subterrâneo para que o inimigo não tivesse acesso à água. Dessa forma ele construiu o túnel de Siloé (2 Rs 20: 22; Is 22: 9). Siloé (Shilôah, em hebraico: enviado) era uma das principais fontes de suprimento de água de Jerusalém, ligada à fonte de Giom (גיחון ‘Gichon’ – Strong #1521, derivada de ‘giyach’, que significa ‘corrente’ [de água], ‘córrego’, ‘esguicho’, ‘irromper’, ‘jorrar’), a sudeste de Jerusalém e que, por sua vez, despejava água na cidade por meio de um canal aberto. Da fonte de Siloé, o canal desaguava no poço antigo ou de baixo (Birket el-Hamra). Quando Ezequias se viu diante da ameaça de Senaqueribe, tapou todas as fontes, todos os riachos e canais subsidiários que conduziam ao ribeiro que corria pelo meio da terra (2 Cr 32: 3-4). O rei em seguida enviou as águas do Giom superior por meio de um conduto ou túnel de dois metros de altura até uma cisterna ou poço superior (Birket Silwãn) no lado oeste da cidade de Davi (2 Cr 32: 30). Defendeu a nova fonte de suprimento com uma rampa (2 Cr 32: 30).

O Senhor não estava contente com uma coisa: Seu povo estava tão preocupado em fazer todas essas construções para se defender, mas tinha se esquecido de olhar para Ele, para o céu, e pensar por que Ele havia permitido essa calamidade chegar até eles; precisariam olhar para dentro de si mesmos e pensar sobre seus pecados. Embora Ezequias tenha feito isso, muitos de seu povo não o fizeram, como provavelmente alguns de seus principais cortesãos e oficiais, preocupados com os preparativos acima (2 Cr 32: 6-8; 2 Rs 19: 4; 19; Is 22: 13).


Siloé-mapa Siloé-mapa
Túnel de Ezequias

1. Fonte de Giom;
2. Túnel de Ezequias;
3. Poço Superior de Siloé (Birket Silwan);
4. Poço Inferior ou Antigo (Birk el-Hamra);
5. Túmulo de Sebna, o Mordomo (mordomo do rei Ezequias) no vale de Cedrom, no local onde os reis da Casa de Davi eram enterrados.


Túnel de Ezequias
Túnel de Ezequias

Tanque de Silé
Tanque de Silé


A construção do túnel de Ezequias foi supreendente em matéria de engenharia, pois era algo bastante avançado para aquela época, e podemos dizer que a mão de Deus em todo o projeto é inegável. Embora o profeta não tenha deixado os detalhes dados pelo Senhor a Ezequias, nós podemos ver pelas evidências arqueológicas encontradas hoje que os trabalhadores cavaram um túnel estreito (só dá para um homem passar) de dois metros de altura em rocha sólida por uma distância de 540 metros (1.200 côvados), que é seu comprimento, e ainda deixando uma parede de rocha de aproximadamente 45 metros (100 côvados) acima deles. Duas equipes cavaram em direção uma à outra, tendo por base o som das picaretas até se encontrarem no centro. Quando faltavam apenas 3 côvados (1,35 metro) ‘a voz de um homem foi ouvida chamando sua contraparte’, como consta dos registros do tunelamento encontrados em uma pedra com uma inscrição onde se pode ler o nome de Ezequias, e que hoje está de posse de muçulmanos.


Túnel de Ezequias – inscrição
Túnel de Ezequias – inscrição

Túnel de Ezequias
Túnel de Ezequias – águas


• Is 22: 12-13: “O Senhor, o Senhor dos Exércitos, vos convida naquele dia para chorar, prantear, rapar a cabeça e cingir o cilício [NVI: ‘vestes de lamento’]. Porém é só gozo e alegria que se vêem; matam-se bois, degolam-se ovelhas, come-se carne, bebe-se vinho [NVI: ‘muita carne e muito vinho’] e se diz: Comamos e bebamos, que amanhã morreremos”.

O Senhor faz um convite ao arrependimento. Eles deveriam manifestar sua tristeza interior e seu luto: com oração e súplica, com lágrimas, vestir pano de saco, derramar cinzas sobre si e rapar a cabeça (em um luto público) como era o costume (Mq 1: 16; Jr 16: 6). Mas ao invés de luto, eles continuaram a demonstrar uma alegria profana como se fosse um tempo de regozijo, como se nada estivesse acontecendo. Eles continuavam matando bois e ovelhas, não para fazer expiação pelo pecado, mas para comer como em festas, não acreditando que seu caso era desesperador. Zombando do profeta e da palavra do Senhor através dele, eles diziam: “Comamos e bebamos porque amanhã morreremos”.

• Is 22: 14: “Mas o Senhor dos Exércitos se declara aos meus ouvidos, dizendo: Certamente, esta maldade não será perdoada, até que morrais, [NVI: ‘Até o dia de sua morte não haverá propiciação em favor desse pecado’] diz o Senhor, o Senhor dos Exércitos”.
O Senhor conforta o profeta dizendo que a atitude pecaminosa do Seu povo não vai ficar impune. No devido tempo, Sua vingança virá.

O profeta repreende Sebna – v. 15-19.
• Is 22: 15-19: “Assim diz o Senhor, o Senhor dos Exércitos: Anda, vai ter com esseadministrador, com Sebna, o mordomo, e pergunta-lhe: Que é que tens aqui? Ou a quem tens tu aqui, para que abrisses aqui uma sepultura, lavrando em lugar alto a tua sepultura, cinzelando na rocha a tua própria morada? [NVI: ‘Que faz você aqui, e quem deu a você permissão para abrir aqui um túmulo, você que o está lavrando no alto do monte e talhando na rocha o seu lugar de descanso?’]. Eis que como homem forte [NVI: ‘ó homem poderoso’] o Senhor te arrojará violentamente; agarrar-te-á com firmeza, enrolar-te-á num invólucro [NVI: ‘Ele o embrulhará’] e te fará rolar como uma bola para terra espaçosa; ali morrerás, e ali acabarão os carros da tua glória [NVI: ‘os seus poderosos carros’], ó tu, vergonha da casa do teu senhor [NVI: ‘se tornarão a vergonha da casa do seu senhor’]. Eu te lançarei fora do teu posto, e serás derribado da tua posição [NVI: ‘Eu o demitirei das suas funções, e do seu cargo você será deposto’]”.

Sebna era um alto oficial sob as ordens de Ezequias, seu escrivão. É às vezes chamado de ministro (‘administrador’, Is 22: 15), secretário (‘escriba’, 2 Rs 18: 18; 19: 2; Is 36: 3) e oficial do estado ou ‘tesoureiro’ (Is 22: 15). Quando o rei Assírio enviou mensageiros a Ezequias com uma carta ameaçadora, Eliaquim (o mordomo), Sebna (o escrivão) e Joá (o cronista) foram os intermediários na negociação (2 Rs 18: 37; 2 Rs 19: 2; Is 36: 3). Sendo homem de posição, Sebna foi repreendido por Isaías por ter construído um túmulo monumental, e sua queda foi predita pelo profeta (Is 22: 15-19). Ele o repreendeu por seu orgulho e vaidade. Os escritos judaicos dizem que ele era estrangeiro e não era da linhagem de Israel, pois sua genealogia não foi citada junto com a dos outros dois (2 Rs 18: 18; Is 36: 3). Ao que parece, o túmulo que ele construiu estava entre os sepulcros dos reis da casa de Davi.

A sentença do Senhor foi dada: ele seria demitido do seu posto, e levado para o cativeiro e lá morreria (Is 22: 17-19: “Eis que como homem forte o Senhor te arrojará violentamente; agarrar-te-á com firmeza, enrolar-te-á num invólucro e te fará rolar como uma bola para terra espaçosa; ali morrerás, e ali acabarão os carros da tua glória, ó tu, vergonha da casa do teu senhor. Eu te lançarei fora do teu posto, e serás derribado da tua posição”). Na NVI está escrito: “Veja que o Senhor vai agarrar você e atirá-lo para bem longe, ó homem poderoso! Ele o embrulhará como uma bola e o atirará num vasto campo. Lá você morrerá e lá os seus poderosos carros se tornarão a vergonha da casa do seu senhor! Eu o demitirei das suas funções, e do seu cargo você será deposto”.

‘Enrolar-te-á num invólucro’ (ARA) ou ‘Ele o embrulhará como uma bola’ (NVI) sugere uma condenação, pois a palavra ‘invólucro’ pode ser uma alusão ao antigo costume de cobrir os rostos de condenados.


Túmulo de Absalão no Vale do Cedrom

Foto acima: O Túmulo de Absalão no vale de Cedrom (à esquerda). No canto superior direito da foto pode-se ver a estrada de Ofel subindo pelo muro da Cidade Velha, para quem vai para a aldeia de Siloé (Silwan ou Sulwan, em Árabe), ao sul de Jerusalém. Ao fundo, o bairro de Abu Tor, acima do qual está a floresta da Paz.

O Senhor colocará Eliaquim, o mordomo, no lugar de Sebna – v. 20-25.
• Is 22: 20-24: “Naquele dia, chamarei a meu servo Eliaquim, filho de Hilquias, vesti-lo-ei da tua túnica [NVI: ‘manto que pertencia a você’], cingi-lo-ei com a tua faixa e lhe entregarei nas mãos o teu poder [NVI: ‘com o seu cinto (o de Sebna) o revestirei de força e a ele entregarei a autoridade que você exercia’], e ele será como pai para os moradores de Jerusalém e para a casa de Judá. Porei sobre o seu ombro a chave da casa [NVI: ‘do reino’] de Davi; ele abrirá, e ninguém fechará, fechará, e ninguém abrirá. Fincá-lo-ei como estaca em lugar firme, e ele será como um trono de honra [NVI: ‘trono de glória’] para a casa de seu pai. Nele, pendurarão toda a responsabilidade da casa de seu pai [NVI: ‘a glória de sua família dependerá dele’], a prole e os descendentes, todos os utensílios menores, desde as taças até as garrafas [NVI: ‘das bacias aos jarros’]”.
O profeta fala que o Senhor colocará Eliaquim, o mordomo, no lugar de Sebna (2 Rs 18: 18; Is 36: 3).

‘Naquele dia, chamarei meu servo Eliaquim, filho de Hilquias, vesti-lo-ei da tua túnica (a de Sebna), cingi-lo-ei com a tua faixa e lhe entregarei nas mãos o teu poder, e ele será como pai para os moradores de Jerusalém e para a casa de Judá’.
Isso quer dizer que, por ser um homem leal e submisso à vontade de Deus (‘chamarei meu servo Eliaquim’), Ele o colocaria em posição de honra no governo de Judá ao lado do rei. Ezequias o colocaria no posto de oficial do estado ou tesoureiro, como algumas versões sugerem. Eliaquim significa: ‘Deus estabeleceu, Deus estabelece’ (em grego, Eliakeim) e prefigura Jesus, quando analisamos as intenções de Deus quando o colocou no lugar de Sebna: ele seria vestido com a túnica (NVI, manto) e a faixa (NVI, cinto) de Sebna e receberia a autoridade que o tesoureiro teve no passado. O manto, o cinto e o anel eram o emblema do seu ofício, um sinal da autoridade governamental que ele tinha ao lado do rei, como vemos em Mordecai, também uma figura de Jesus: “Tirou o rei [o rei Assuero] o seu anel, que tinha tomado a Hamã, e o deu a Mordecai. E Ester pôs a Mordecai por superintendente da casa de Hamã... Então, Mordecai saiu da presença do rei com veste real azul-celeste e branco, como também com grande coroa de ouro e manto de linho fino e púrpura; e a cidade de Susã exultou e se alegrou... Porque Mordecai era grande na casa do rei, e a sua fama crescia por todas as províncias; pois ele se ia tornando mais e mais poderoso... Pois o judeu Mordecai foi o segundo depois do rei Assuero, e grande para com os judeus, e estimado pela multidão de seus irmãos, tendo procurado o bem-estar do seu povo e trabalhado pela prosperidade de todo o povo da sua raça” (Et 8: 2; 15; Et 9: 4; Et 10: 3).

‘E ele será como pai para os moradores de Jerusalém e para a casa de Judá’ (Is 22: 21 b) significa ser um líder, um patrono, governando-os com cuidado paternal e carinho.
A bíblia diz que o Senhor porá sobre os ombros de Eliaquim a chave da casa de Davi; ele abrirá, e ninguém fechará, fechará e ninguém abrirá (cf. Ap 3: 7: “Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá”).
A chave simboliza a autoridade do seu governo, o poder de abrir e fechar, de deixar entrar ou sair. O que ele dissesse seria feito: ‘sim ou não, dentro ou fora, aberto ou fechado’. Esse é o poder de Jesus como Rei dos reis e Senhor dos senhores, diante de quem todo joelho se dobrará e toda a língua confessará que Ele é o Senhor, e que recebeu do Pai toda autoridade no céu e na terra (Mt 28: 18) e todo o poder de julgamento (Jo 5: 22-23: “E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo julgamento, a fim de que todos honrem o Filho do modo por que honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou”).

Como oficial de estado ele carregava a chave no ombro (nos antigos cerimoniais da nobreza), simbolizando a responsabilidade do seu cargo e o seu dever para cumprir. Jesus carregou a cruz sobre os ombros, não com as mãos, simbolizando que Ele tinha essa responsabilidade sobre si, este fardo, este encargo de carregar sobre seus ombros o pecado do mundo e, assim, morrer pela humanidade para poder libertá-la espiritualmente da morte eterna. Ao ressuscitar dos mortos, Ele trouxe consigo as chaves da morte e do inferno: “Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1: 17b-18); “Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida” (Hb 2: 14-15); “O último inimigo a ser destruído é a morte” (1 Co 15: 26).

Em Is 22: 23-24, está escrito: “Fincá-lo-ei como estaca em lugar firme, e ele será como um trono de honra para a casa de seu pai [NVI: um trono de glória; No original em hebraico, um assento de honra]. Nele pendurarão toda a responsabilidade da casa de seu pai, a prole e os descendentes, todos os utensílios menores, desde as taças até as garrafas [NVI: Toda a glória de sua família dependerá dele: sua prole e seus descendentes – todos os utensílios menores, das bacias aos jarros]”.
Na NVI em Inglês, a palavra estaca é escrita como ‘peg’, que significa ‘estaca’, ‘pregador’, ‘gancho’ (onde se penduram roupas, por exemplo). Nas casas orientais antigas, pregos ou ganchos eram fixados nas paredes, e neles se penduravam os utensílios domésticos, tanto grandes como pequenos.

Isso quer dizer que o Senhor fincaria Eliaquim como uma estaca firme ou um prego ou gancho na parede de uma casa bem construída (a estabilidade e a continuação do governo de Judá), significando sua autoridade e poder, não apenas sobre a Casa de Davi como também sobre sua família e seus descendentes, dos maiores aos menores. A estabilidade deles dependeria de Eliaquim. Governando prudentemente e de maneira justa, ele obteria grande glória. Em outras palavras, ele se assentaria no lugar de destaque aos olhos de Deus e dos homens; seria honrado e respeitado. Uma vez que ele também era de sangue real (segundo alguns historiadores judeus), a Casa de Davi também dizia respeito à sua própria linhagem. Todos se sentiriam seguros perto dele e, como utensílios de uma casa, eles se ‘pendurariam’ nele, ou seja, ele seria seu apoio e sustentação, como Jesus é o nosso sustento e o nosso apoio. Estarmos ‘pendurados’ Nele através da nossa fé nos faz seguros de que temos alguém que nos defende, apóia e sustenta em todas as nossas necessidades. Toda a descendência santa do Senhor Jesus na terra, através da conversão sincera a Ele, pode se sentir segura da sua salvação e da sua própria autoridade sobre as coisas do mal e das trevas, pois foi Jesus mesmo que a deixou para nós, Seus filhos.

• Is 22: 25: “Naquele dia, diz o Senhor dos Exércitos, a estaca que fora fincada em lugar firme será tirada [NVI: ‘cederá’], será arrancada e cairá, e a carga que nele estava se desprenderá [NVI: ‘o peso sobre ela cairá’], porque o Senhor o disse”.

‘Naquele dia’ se refere ao dia que Sebna foi deposto, e Eliaquim colocado em seu lugar. Sebna, que se julgava uma estaca em lugar firme, pois fora colocado naquele posto pelo próprio rei Ezequias e cortejado por seus amigos e aduladores, seria degradado diante de todos, removido do seu posto de honra, e cairia levando junto com ele todos os que ele tinha levantado a postos consideráveis por sua autoridade e influência política. Os que se apoiaram nele perderiam tudo o que conquistaram. Eles eram um fardo, uma carga, um peso, para ele e, provavelmente, para a nação, pois quando líderes governamentais são desonestos, os que estão ao seu lado para assessorá-los seguem seu exemplo e acabam por ser um jugo desagradável para os que são governados por eles. Isso não deixa de ser uma maldição. E o que a bíblia talvez esteja querendo dizer com isso é que a maldição que estava sobre Judá por causa do seu pecado e do pecado dos reis e príncipes ficaria menor com a remoção de um membro desonesto como Sebna; conseqüentemente, a sentença profética pesada vinda da boca de Deus. Uma nação menos pecaminosa poderia desfrutar mais de Suas bênçãos. Um governante abençoado e ungido pelo Senhor poderia trazer mais bênção e menos peso para o povo. Se extrapolarmos isso para Cristo e Sua missão redentora, naquele dia que foi crucificado por causa do pecado dos homens e carregando o peso da ira de Deus Pai sobre Seus ombros, Ele fez a propiciação pelos nossos pecados, e o peso da ira de Deus sobre nós foi removido, pois Seu sangue nos justificou. A reconciliação foi feita e as nossas transgressões aos olhos de Deus foram removidas. ‘A estaca firme’, que era o domínio de Satanás por causa do pecado da humanidade e que trazia a maldição da lei, foi arrancada; e o peso que estava nela se desprendeu, ou seja, nós que estávamos pendurados nela ficamos livres pelo sangue de Jesus.


• Principal fonte de pesquisa: Douglas, J.D., O novo dicionário da bíblia, 2ª ed. 1995, Ed. Vida Nova.
• Fonte de pesquisa para algumas imagens: wikipedia.org e crystalinks.com

Este texto se encontra no 1º volume do livro:


livro evangélico: O livro do profeta Isaías

O livro do profeta Isaías vol. 1 (PDF)

O livro do profeta Isaías vol. 2

O livro do profeta Isaías vol. 3

The book of prophet Isaiah vol. 1 (PDF)

The book of prophet Isaiah vol. 2

The book of prophet Isaiah vol. 3

Sugestão de leitura:


livro evangélico: Profeta, o mensageiro de Deus

Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)

Prophet, the messenger of God (PDF)

Sugestão para download:


tabela de profetas AT

Tabela dos profetas (PDF)

Table about the prophets (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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