A igreja em Sardes (Ap 3: 1-6), uma das sete igrejas da Ásia Menor, era estagnada, sem vigilância e espiritualmente morta; vivia das glórias do passado. Ciro II e Antíoco III conquistaram Sardes. Como eram as sinagogas daquela época?

The church in Sardis (Rev. 3: 1-6), one of the seven churches in Asia Minor, had stagnated, didn’t keep watch and was spiritually dead; lived on the glories of the past. Cyrus II and Antiochus III conquered Sardis. What were the synagogues like?


A Igreja em Sardes




Esses estudos sobre as sete igrejas da Ásia Menor estão vinculados aos estudos sobre o livro de Apocalipse capítulo 2 e capítulo 3.

“Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Estas coisas diz aquele que tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto. Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus. Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti. Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas. O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 3: 1-6).

Sardes significa: sol, príncipe de gozo, devido à extrema riqueza derivada do ouro de aluvião do Páctolos. O rio Páctolos (em Turco, Sart Çayı) é um rio perto da costa do Mar Egeu na Turquia. Ele nasce no Monte Tmolus (atualmente, Bozdağ) e flui através das ruínas da antiga cidade de Sardes, a capital da Lídia, e deságua no rio Gediz, o antigo Hermo. O Páctolos continha uma liga de ouro e prata (o ‘Electrum’), que foi a base da economia do antigo estado de Lídia na Antiguidade. O Electrum é uma liga natural de ouro e prata, com vestígios de cobre e outros metais como níquel, às vezes, o zinco. Dependendo da proporção de ouro e prata, os gregos antigos o chamavam de ‘ouro branco’ ou ‘ouro’, para diferenciá-lo do ouro refinado; por isso, seria mais apropriado chamá-lo de ‘ouro pálido’.

A cidade original era uma cidade fortaleza, quase inexpugnável, elevando-se bem acima do largo vale do Rio Hermo e quase inteiramente cercada por penhascos separados por precipícios compostos de rochas traiçoeiramente frouxas. Seu apogeu foi no século VII AC um pouco antes do tempo do rei Creso, governante da Lídia do século VI AC. A cidade desfrutava igualmente dessa riqueza nos tempos do NT. A comunidade cristã ali existente estava imbuída do mesmo espírito da cidade, repousando em sua reputação passada, mas sem qualquer grande realização no presente; ainda falhava, conforme a cidade falhara por duas vezes, por não aprender com as experiências anteriores e por não ter atitude de vigilância (Ciro II, o persa, em 549 AC, tomou a cidade de assalto e Antíoco, o Grande, em 214 AC, repetiu o feito). Alexandre a reconstruiu e a helenizou. Em 17 DC a cidade quase foi destruída por um terremoto. Tibério reconstruiu parte dela e ela absorveu a cultura romana, se tornando lasciva e permissiva. A igreja afrouxou seus valores e por isso, o Senhor mandou a carta. Sardes se adequou ao paganismo. O comércio principal da cidade era tinturaria e fabricar vestes de lã.

Simbolicamente, Sardes era uma Igreja vivendo das glórias e obras mortas do passado e sem vigilância; tinha entrado numa estagnação que dava brecha para o roubo (“Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti”, o que quer dizer que o juízo de Deus seria repentino). Os crentes estavam mornos e sonolentos na igreja. Um pequeno grupo apenas se manteve fiel. As pessoas que permanecessem fiéis seriam santas e dignas (vestes brancas) e alcançariam a salvação (nome escrito no Livro da Vida). Espelhariam o brilho da luz do Senhor (conhecido como o ‘Sol da Justiça’).

Para nós, a mensagem que fica é a de que honras e glórias passadas não nos sustentam hoje e a falta de vigilância e a estagnação levam apenas ao roubo; mais do que o roubo material, há roubo espiritual, o que é mais grave.

Ali dentro havia diferentes grupos de crentes:

1) Crentes espiritualmente mortos, não convertidos de verdade (“conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto”). A igreja em Sardes tinha uma liturgia aparentemente viva, com celebrações, mas não tinha vida espiritual. As solenidades e os rituais impactavam as pessoas, mas não tinham vida diante de Deus. A fé não era de coração.

2) Crentes cheios de feridas emocionais e espirituais e quase mortos, sem vontade de seguir seu caminho com Cristo (“Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer”). A chama do espírito estava quase apagada neles, pois o mundanismo era uma grande influência sobre eles e isso contaminava suas vestes. O estilo de vida romano e o estilo da sociedade mundana da época falavam mais alto; por isso, eles tinham pouco interesse em se santificar e se purificar.

3) Crentes que não levavam uma vida de integridade (“porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus”) – a igreja estava envolvida em projetos e trabalhos (O comércio principal da cidade era tinturaria e fabricar vestes de lã). Os crentes poderiam até fazer obras sociais ali, ajudar pessoas, mas talvez fosse apenas para receber o aplauso dos homens, não o de Deus, pois o que faziam não era para dar glória a Ele e sim a eles mesmos. A motivação não era o reino de Deus, e isso se chamava ‘falta de integridade’.

4) Crentes contaminando-se abertamente com práticas mundanas; outros conseguiram resistir (“Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas”). Poucos crentes não haviam se contaminado com as influências da sociedade e do mundo.

Resumindo: Essa igreja em Sardes não enfrentava perseguição dos imperadores nem dos judeus, nem a heresia, mas tinha se tornado parceira do mundo.

“Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus. Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te” – isso significava um apelo de Deus para eles voltarem urgentemente à Palavra e guardarem o que tinham recebido, ou seja, a doutrina verdadeira, que os faria crescer e receber o alimento sólido de uma igreja amadurecida, não o leite espiritual dos iniciantes na fé. O fato de Ele dizer “Sê vigilante” significava um aviso para acordar, pois estavam sendo roubados na sua força espiritual e no projeto de Deus para eles e não percebiam.

“Consolida o resto que estava para morrer” – isso significa que os que estão acordados devem acordar os que estão dormindo, quase para morrer.

“Porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus” – a integridade estava muito ligada ali à motivação das suas atitudes; antes de tudo, eles deviam buscar a santidade, ou seja, sair do pecado e corrigir a vida com Deus.

Mas o Senhor conhece a Sua igreja por inteiro; Ele sabe quem é cada um: “Estas coisas diz aquele que tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas... Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas”. Ele estava ali, pronto a derramar os sete Espíritos de Deus sobre eles, ou seja, a plenitude do Espírito Santo para reavivá-los. Eles estavam apagando a chama inicial do Espírito Santo que haviam recebido ao entregar suas vidas para Jesus. Eles ainda tinham o Espírito Santo, contudo, não estavam cheios do Espírito. Por isso, estavam quase mortos (uns realmente estavam; apagaram a chama do Espírito), não tinham a vida de Deus dentro dos seus corações.

É interessante meditarmos um pouco sobre a bênção que esta igreja perdeu por comodismo e ‘paralisia’ em relação às coisas de Deus. Pelo visto, Sardes estava situada num lugar bastante privilegiado, perto de uma aluvião de ouro que lhe permitia extrair o minério e comercializá-lo. Além disso, era uma cidade praticamente inexpugnável, protegida pelas rochas que, soltas, eram uma verdadeira cilada para o inimigo. Tinha outros meios de sobrevivência que era fabricar vestes de lã e ainda tingi-las. Podemos dizer que entrou em choque quando houve o primeiro assalto por Ciro, mas não aprendeu com a derrota; preferiu viver de uma ‘fantasia de opulência’ e foi tomada pela segunda vez.

A partir daí, parece que negligenciou de uma vez por todas sua proteção e suas posses. O ouro, na bíblia, na maior parte das vezes, se refere às coisas que eram colocadas no tabernáculo ou no templo, despojos preciosos de guerra ou tributos a serem pagos a um império. Portanto, nos dá a idéia de algo extremamente precioso, algo mais diretamente separado para Deus ou muito importante para uma nação, como um resgate, por exemplo.

A repreensão de Deus sobre vigiar é que eles perderam o precioso que o Senhor lhes tinha dado que era a salvação, o seu relacionamento com Ele, a Sua proteção e Sua palavra viva. As bênçãos naturais (rios de ouro, fortalezas das rochas) também tinham sido dadas por Deus e elas foram negligenciadas por esses crentes, por isso Ele permitiu que fossem roubadas para que houvesse uma nova consciência de valores. O que a carne deles produzia era muito pequeno em comparação à bênção de Deus; eles produziam vestes e as tingiam, e isso lhes custava ‘o suor do rosto’. Em outras palavras, tudo o que conseguiam fabricar eram vestes tintas, provavelmente originadas das lãs das ovelhas e dos carneiros, não de linho, pois num lugar daqueles não parecia haver terra fértil para plantação. O tecido de linho era raramente fabricado na Palestina; era comumente importado do Egito. É fabricado com a fibra cujo nome científico é Linum usitatissimum. Depois de convenientemente tratado, ou seja, depois da separação da fibra da parte lenhosa do caule, o fio produz o linho, e a semente, o óleo de linhaça. Depois que a fibra era tratada, passava a ser tecida pelas mulheres para transformar-se em pano. O uso das vestes de linho pelos sacerdotes foi dado como orientação de Deus para Moisés e o povo as teceu com o linho trazido do Egito. Samuel usava uma estola de linho (1 Sm 2: 18); Davi dançou diante da arca usando uma estola de linho (2 Sm 6: 14). Parece mesmo que o uso do linho estava associado com pessoas especiais, santas. O linho e o linho fino eram reputados como presentes preciosos a uma mulher amada por algum homem (Ez 16: 10; 13, quando Deus compara Jerusalém à sua noiva). Por isso, a bíblia diz que o Senhor separou para a Sua Igreja, para a Sua noiva, vestes de linho finíssimo, resplandecente e puro, porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos (Ap 19: 8); portanto, santidade, não se misturar com as ‘vestes do pecado’ do mundo. Ele falou aos sacerdotes sobre trocar as vestes ao se aproximar das outras pessoas (Ez 44: 19), isto é, não podemos conversar ou discutir a palavra de Deus no mesmo nível com aqueles que não a compreendem ainda, que não conseguem entendê-la na sua essência, pois escarneceriam dela e a desprezariam. Seria como dar pérolas finíssimas a porcos. Na Antiguidade, o suor era sinal de impureza, por isso, a orientação dada aos sacerdotes era a de não usar lã para que não suassem (Ez 44: 17-18). Para nós, isso significa que um sacerdote não precisa carregar ‘roupas pesadas’, ou seja, conhecimentos que não têm a sabedoria de Deus, tampouco, sentimentos e pensamentos impuros do mundo, pois trazem um fardo desnecessário à sua vida, além de não agradar ao Senhor.

“Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas. O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos”.

Dessa forma, havia ainda alguns dentro da igreja que resistiram à mentira de riqueza e opulência, e andaram em justiça e integridade diante de Deus. Quem viveu em santidade aqui na terra, terá vestes brancas no céu. Não há salvação para quem não tem vestes sem integridade. O branco é símbolo de santidade, pureza, vitória. A igreja de Sardes se vestiria de novo de linho branco quando fosse fiel e justa. A brancura das suas vestes resplandeceria como a luz do sol ou o brilho do ouro.

“De modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos” – uma pessoa avivada terá o seu nome será proclamado em glória diante do Pai.

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” – entender e obedecer à palavra.


Reino da Lídia século VI AC


Na imagem acima: Mapa mostrando Sardes e outras cidades do Império Lídio, em especial a Lídia em meados do século VI AC, na época do rei Creso. A linha vermelha mostra sua extensão anterior no século VII AC, aproximadamente 690-546 AC – wikipedia.org.


Ruínas em Sardes
Ruínas de lojas Grego-Bizantinas na cidade de Sardes

Templo de Ártemis em Sardes
Templo de Ártemis, em Sardes, na Turquia

Rio Páctolos
Rio Páctolos (em turco: Sart çayi)

Sinagoga de Sardes
Ruínas da sinagoga de Sardes do final do século III DC

Sinagoga de Sardes
A entrada da sinagoga de Sardes e dos lugares onde se sentavam os líderes para ensinar

Uma explicação sobre a sinagoga

Há algo interessante a dizer sobre a sinagoga naquela época: numa parte se guardava os rolos da Lei, e em outra, os rolos dos profetas. Também havia ‘a cadeira de Moisés’ e ‘a cadeira de Elias’, onde os rolos da lei e dos profetas eram ensinados. A pessoa lia de pé, mas depois se sentava na cadeira para ensinar (cf. Lc 4: 16; 20 – Jesus leu o rolo de Isaías de pé e depois se sentou). Isso porque na cultura antiga as coisas importantes não se podiam ser explicadas e ensinadas às pressas, mas com calma. Em Mt 23: 1-7, Jesus repreendeu tão duramente os escribas e Fariseus, porque sentavam na ‘cadeira de Moisés’ para explicar a lei, mas não punham em prática o que ensinavam.


A cadeira de Moisés – achado arqueológico em Corazim
‘A cadeira de Moisés’ – achado arqueológico em uma sinagoga em Corazim, feita de basalto, encontrada em 1920.


Quero fazer um parêntese aqui para colocar uma informação interessante sobre as sinagogas no tempos antigos, em especial no 1º século da era cristã.

‘Sinagoga’ vem do hebraico, Kenēseth (o equivalente em grego é synagogē), que tem o sentido de uma reunião de quaisquer pessoas ou coisas e para qualquer propósito; também, uma reunião de indivíduos de uma localidade com o fim de adorar ou de fazer alguma coisa em comum. O básico na sinagoga é a oração e a leitura da Torá (Torah ou Pentateuco, que corresponde aos cinco primeiros livros da bíblia). As sinagogas foram construídas seguindo o modelo do templo de Jerusalém. Provavelmente, a instituição da sinagoga como o local de reunião dos judeus para aprender a Torá, orar e resolver questões administrativas ocorreu durante o exílio babilônico (Ez 14: 1), uma vez que o templo de Jerusalém não existia mais. Tanto Jesus como Paulo ministraram em sinagogas, onde quer que houvesse judeus. A sinagoga servia para adoração, educação (uma escola para os meninos aprenderem a Torá) e governo da vida civil da comunidade, como as festas. Mas algumas vezes era um local usado para discutir assuntos políticos. Jesus mesmo advertiu Seus discípulos de que seriam levados para ser julgados nas sinagogas (Lc 12: 11), e que eles seriam açoitados nas próprias dependências delas (Mt 10: 17). Flávio Josefo informa que na sinagoga de Tiberíades os líderes se reuniam para interesses político.

Defronte da entrada do edifício, podia-se observar a presença de uma arca portátil como a arca da Aliança, onde eram guardados os rolos da Lei e dos Profetas (meghillah). A lei era lida em cima de um bēmâ (‘plataforma’), em hebraico pós-bíblico, bima (בּימה), ‘plataforma’ ou ‘púlpito’, com certeza derivada da palavra grega antiga para uma plataforma elevada, bema (βῆμα).
Ao lado da plataforma para a leitura da Lei havia os assentos principais para os líderes religiosos e governantes da sinagoga, os assentos mais honrosos (Mt 23: 6; Tg 2: 2-3). Os homens se assentavam separados das mulheres.
A sinagoga era governada pelos anciãos. Eles exerciam disciplina e puniam membros se fosse o caso (açoites e excomunhão). O oficial principal era o chefe da sinagoga (como Jairo – Mc 5: 22; At 13: 15; 18: 8) e supervisionava o culto. O assistente (Lc 4: 20) apresentava os rolos das Escrituras que deveriam ser lidos e os recolocava na arca. Um intérprete competente traduzia a lei e os profetas para o aramaico próprio da localidade e, por serem qualificados para isso, eles tinham permissão de dirigir os cultos (Jesus, por exemplo: Lc 4: 16; Mt 4: 23; e Paulo: At 13: 15). O sábado era o dia marcado para a adoração pública (At 15: 21).

A Mishná (a ‘Lei Oral’, instituída no século II EC) diz que o culto consistia de cinco partes:
• Primeiro o Shemá Israel (Sh’ma Yisrael – ‘Ouve, ó Israel’) era lido (a oração inclui: Dt 6: 4-9; Ex 13: 1-10; Ex 13: 11-16; Dt 11: 13-21; Nm 15: 37-41).
• Depois vinham dezoito orações ou dezoito bênçãos. A primeira engrandecia o nome do Senhor. A segunda intercedia por Jerusalém. Nas demais, a restauração de Israel à terra de seus pais, a volta da glória da presença de Deus ao templo e à cidade de Jerusalém já reedificada e o restabelecimento da dinastia Davídica eram temas repetidos e lembravam a origem das sinagogas durante o exílio na Babilônia.
• Depois da oração, vinha a leitura da Palavra e o ancião lia o rolo da Torá. Atualmente, o Pentateuco é lido nas sinagogas em um ciclo anual.
• Em seguida, costumava vir a leitura dos Profetas. No tempo de Jesus essa porção ainda não fora fixada, mas o leitor tinha permissão de fazer sua própria seleção. Muitas vezes, após a leitura, alguém fazia a explicação do texto dos profetas e dele se tirava uma exortação. Às vezes, se convidava um jovem para dar sua interpretação. E quando havia um visitante ilustre, ele era chamado a falar, como aconteceu com o apóstolo Paulo (At 13: 14-41). Jesus era o cumprimento das promessas feitas a Moisés, Davi e aos profetas. Quase todos os judeus podiam fazer sua explanação da Palavra de Deus.
• Para terminar, vinha a bênção final (geralmente, a bênção sacerdotal de Arão – Nm 6: 24-26).


Ginásio de Banho em Sardes
O complexo do Ginásio de Banho em Sardes, no final do século II e início do século III DC

Ginásio de Banho em Sardes
O complexo do Ginásio de Banho em Sardes, no final do século II e início do século III DC


O que isso significa para nós?

Como igreja, quando não vigiamos aquilo que o Senhor nos dá, que são os dons espirituais e naturais, além das bênçãos materiais que temos, nós pagamos o preço pela nossa negligência, ingratidão e comodismo. É necessário um novo avivamento. Táticas usadas no passado não são mais eficazes. Se demônios se ‘atualizam’, por que não a Igreja de Cristo? É só olharmos para o tradicionalismo que nos cerca e veremos que não tem trazido novidade de vida, muito menos libertações reais. Igrejas que não apresentam suas crianças ao Senhor! Igrejas que não crêem em profecia nem em revelação espiritual vinda do Espírito! Igrejas que não falam de ofertas nem de dízimos em público para não ‘chocar’ os visitantes! E onde fica Malaquias 3: 10? O Pentecostalismo de outras igrejas também não parece estar dando os desejados frutos. Gritos e música em alto volume não são sinônimos de avivamento. Vidas ainda acorrentadas às obras das trevas feitas há muitos anos e que geraram maldições que persistem, sem ter uma cura efetiva! É só perguntar quantas foram as conquistas em relação aos sonhos e projetos feitos anos e anos atrás e veremos se os métodos usados até hoje surtiram efeito. Precisamos de algo maior do que fé; precisamos ação real, paixão pelas coisas de Deus que possam inflamar o nosso coração e nos dar um motivo verdadeiro de viver; mais do que tudo isso, a unção que quebra todo o jugo. Não herdamos as glórias dos antepassados; é um erro pensar nisso. É mais fácil herdarmos as maldições hereditárias pelos pecados deles do que as bênçãos acumuladas por eles para nossa vida. É só olhar para as nossas famílias e para os problemas que enfrentamos hoje. A resposta para isso é mais simples do que se possa imaginar: cada um de nós tem um trono e uma coroa com nosso nome e só nós podemos conquistar. Jesus diz: “o discípulo deve carregar sua cruz”, o que quer dizer que cada um de nós tem uma guerra, uma entrega, uma vitória e uma coroa a ser apresentada diante dEle. Outra palavra: “A responsabilidade é pessoal” (Ez 18: 1-32). Portanto, o comodismo não vai nos levar a parte alguma.

É importante mencionar também outra coisa: Deus não é contra o dinheiro, mas contra o amor a ele. O dinheiro que é mal usado, apenas para engrandecimento de certos ministérios só porque o mundo quer ouvir falar de Jesus de uma nova maneira, acaba levando os líderes e às ovelhas ao esgotamento, porque se deixam envolver pelas sutilezas, pelos atrativos, pelos supérfluos e pela exigência e competitividade do mundo. Tudo tem um ponto de equilíbrio. Nós hoje, muitas vezes somos obrigados a usar os mecanismos mundanos para divulgar o evangelho de Cristo, mas é o Espírito de Deus que estabelece os limites. As vitórias que conquistamos até aqui são nossas, ninguém pode tirar, mas devem ser vigiadas e vistas como uma prova de que foi o Senhor que as deu a nós; elas são um incentivo para avançar e conquistar o que Ele já determinou. Isso Ele revela a cada dia. Não é o ser humano que precisa fazer algo para Ele como se quisesse ‘mostrar serviço’. Não é assim que o reino de Deus funciona. O mundo, sim, é exigente e se importa com produtividade. Nada está bom o bastante. E quando tentamos agradar as demandas do mundo, nosso espírito não deixa Deus falar; então, o Espírito Santo vai se apagando, pois o ego assumiu o controle. Portanto, a palavra ‘vigilância’ é bem pertinente aqui.

Jesus disse: “Quem me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai e dos seus anjos; quem me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai e dos seus anjos” (Mt 10: 32-33). Portanto, uma igreja que se acomoda e não vigia, não será condecorada. E vigiar não é controlar a vida dos outros, mas olhar para dentro de si mesmo e inspecionar a própria alma para ver a cor da própria vestidura. Deus não nos quer com vestes de lã tingidas pelo pecado, com a contaminação mundana e com a preguiça, mas com o linho fino e resplandecente dos atos de justiça que praticamos.

Resumindo: A igreja de Sardes vivia das glórias do passado e agora necessitava renascer e vigiar para não mais ser pega de surpresa. Vigiar o quê? O precioso que o Senhor lhes tinha dado: a salvação, o relacionamento com Ele, a Sua proteção e Sua Palavra viva, a doutrina verdadeira que os faria crescer e receber o alimento sólido de uma igreja amadurecida, não o leite espiritual dos iniciantes na fé. Eles precisavam ouvir o conselho do Senhor, ter as estratégias corretas para se posicionar, caminhar, sair da estagnação em que estavam e recomeçar a experimentar a Palavra Viva dentro deles. Mais do que isso, saber como administrar os bens materiais que o Senhor lhes tinha dado.


Localização das sete igrejas e Patmos


Fontes de pesquisa:
• O Novo Dicionário da Bíblia – J. D. Douglas – edições vida nova, 2ª edição 1995.
• Rev. Hernandes Dias Lopes – Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória (‘Estudo em Apocalipse’ – pregações online).
• Wikipedia.org
• Fonte para a maioria das imagens: wikipedia.org; Filme: ‘O Apocalipse’ (‘The Apocalypse’) – Coleção: A Bíblia Sagrada.

Este texto se encontra nos livros:


O livro de Apocalipse – livro evangélico

O livro de Apocalipse (PDF)

The book of Revelation (PDF)


Mensagem às Sete Igrejas do Apocalipse – livro evangélico

Mensagem às Sete Igrejas do Apocalipse (PDF)

Message to the Seven Churches of Revelation (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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