Estudo bíblico sobre a origem da Páscoa, suas tradições e símbolos. Ela comemora a morte e a ressurreição de Jesus, nos libertando do cativeiro do pecado. No AT, a Páscoa comemorava a libertação dos judeus do Egito.

Biblical study about Passover, its traditions and symbols. It commemorates the death and resurrection of Jesus freeing us from the captivity of sin. In the OT, Passover celebrated the liberation of the Jews from Egypt.


Estudo sobre a Páscoa




O termo Páscoa vem do latim Pascae. Na Grécia antiga, este termo também é encontrado como Paska, e em Mt 26: 17 está escrito: pascha, πάσχα, Strong #3957 (“festa da Páscoa” ou “Cordeiro pascal” – 1 Co 5: 7). Porém, sua origem mais remota é entre os hebreus, onde aparece o termo Pessach. Pessach, do hebraico, significa “passar por cima”, pois no Egito o Destruidor (o “anjo do abismo” ou “o anjo de morte”) passou por cima das casas marcadas com o sangue do cordeiro e não as tocou:

• Êx 12: 1-28: “Disse o Senhor a Moisés e a Arão na terra do Egito: Este mês vos será o principal dos meses; será o primeiro mês do ano. Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês, cada um tomará para si um cordeiro, segundo a casa dos pais, um cordeiro para cada família. Mas, se a família for pequena para um cordeiro, então, convidará ele o seu vizinho mais próximo, conforme o número de almas; conforme o que cada um puder comer, por aí calculareis quantos bastem para o cordeiro. O cordeiro será sem defeito, macho de um ano; podereis tomar um cordeiro ou um cabrito; e o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o imolará no crepúsculo da tarde. Tomarão do sangue e o porão em ambas as ombreiras e na verga da porta, nas casas em que o comerem; naquela noite, comerão carne assada no fogo; com pães asmos e ervas amargas a comerão. Não comereis do animal nada cru, nem cozido em água, porém assado no fogo: a cabeça, as pernas e a fressura [vísceras]. Nada deixareis dele até pela manhã; o que, porém, ficar até pela manhã, queimá-lo-eis. Desta maneira o comereis: lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão; comê-lo-eis à pressa; é a Páscoa do Senhor. 12 Porque, naquela noite, passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até aos animais; executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor. 13 O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós praga destruidora, quando eu ferir a terra do Egito. Este dia vos será para memorial, e o celebrareis como solenidade ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo. Sete dias comereis pães asmos. Logo ao primeiro dia, tirareis o fermento das vossas casas, pois qualquer que comer coisa levedada, desde o primeiro dia até ao sétimo dia, essa pessoa será eliminada de Israel. Ao primeiro dia, haverá para vós outros santa assembléia; também, ao sétimo dia, tereis santa assembléia; nenhuma obra se fará nele, exceto o que diz respeito ao comer; somente isso podereis fazer. Guardai, pois, a Festa dos Pães Asmos, porque, nesse mesmo dia, tirei vossas hostes da terra do Egito; portanto, guardareis este dia nas vossas gerações por estatuto perpétuo. Desde o dia quatorze do primeiro mês, à tarde, comereis pães asmos até a tarde do dia vinte e um do mesmo mês. Por sete dias, não se ache nenhum fermento nas vossas casas; porque qualquer que comer pão levedado será eliminado da congregação de Israel, tanto o peregrino como o natural da terra. Nenhuma coisa levedada comereis; em todas as habitações, comereis pães asmos. Chamou, pois, Moisés todos os anciãos de Israel e lhes disse: Escolhei, e tomai cordeiros segundo as vossas famílias, e imolai a Páscoa. Tomai um molho de hissopo, molhai-o no sangue que estiver na bacia e marcai a verga da porta e suas ombreiras com o sangue que estiver na bacia; nenhum de vós saia da porta da sua casa até pela manhã. 23 Porque o Senhor passará para ferir os egípcios; quando vir, porém, o sangue na verga da porta e em ambas as ombreiras, passará o Senhor aquela porta e em ambas as ombreiras, passará o Senhor aquela porta e não permitirá ao Destruidor que entre em vossas casas, para vos ferir. Guardai, pois, isto, por estatuto para vós outros e para vossos filhos, para sempre. E, uma vez dentro na terra que o Senhor vos dará, como tem dito, observai este rito. Quando vossos filhos vos perguntarem: Que rito é este? 27 Respondereis: É o sacrifício da Páscoa ao Senhor, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e livrou as nossas casas. Então, o povo se inclinou e adorou. E foram os filhos de Israel e fizeram isso; como o Senhor ordenara a Moisés e a Arão, assim fizeram”.

• Dt 16:3-8: “Nela, não comerás levedado: sete dias, nela, comerás pães asmos, pão de aflição (porquanto, apressadamente, saístes da terra do Egito), para que te lembres, todos os dias da tua vida, do dia em que saístes da terra do Egito. Fermento não se achará contigo por sete dias, em todo o teu território; também da carne que sacrificares à tarde, no primeiro dia, nada ficará até pela manhã. Não poderás sacrificar a Páscoa em nenhuma das tuas cidades que te dá o Senhor, teu Deus, senão no lugar que o Senhor, teu Deus, escolher para fazer habitar o seu nome, ali sacrificarás a Páscoa à tarde, ao pôr-do-sol, ao tempo em que saístes do Egito [NVI: na data da sua partida do Egito]. Então, a cozerás e comerás no lugar que o Senhor, teu Deus, escolher; sairás pela manhã e voltarás às tuas tendas. Seis dias comerás pães asmos, e, no sétimo dia, é solenidade ao Senhor, teu Deus; nenhuma obra farás”.


Marcar a porta da casa com o sangue do cordeiro


Resumindo Êx 12: 1-28, eles deveriam escolher o cordeiro no 10º dia do mês e matá-lo no 14º dia, no crepúsculo da tarde. Deveriam tomar o sangue e marcar as portas das suas casas e, na mesma noite, comer a carne assada no fogo, com os pães asmos e as ervas amargas e nada deixar até pela manhã. Se restasse carne, deveria ser queimada. O sangue era símbolo de libertação, a carne era símbolo da Palavra, e os pães asmos, de santificação. O Senhor estava prestes a mandar a décima praga sobre o Egito, que era a morte dos primogênitos e, por isso, o sangue daquele cordeiro nas vergas das portas protegê-los-ia da punição. O Senhor também ordenou que comessem pães asmos por sete dias, pois o fermento simboliza a carne, a maldade humana que impede o domínio do Espírito. O 14º dia do mês estava marcado como o primeiro dia da Páscoa, portanto, até o 21º comeriam pães asmos. Deus também deu instruções sobre como deveriam comer aquela Páscoa: lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão, às pressas. Eles deveriam comer às pressas, ou seja, debaixo de prontidão e vigilância. Ninguém sabia o que aconteceria nem quando poderiam descansar ou comer novamente, por isso o Senhor insistiu para que comessem toda a carne. Era o que os sustentaria na caminhada que teriam pela frente. Também algumas recomendações importantes foram dadas, como, por exemplo: o estrangeiro com eles não comeria da Páscoa a menos que fosse circuncidado, o cordeiro deveria ser comido dentro das casas e nenhum osso deveria ser quebrado – Êx 12: 46 (em referência a profética a Jesus, que não teve nenhum dos seus ossos quebrado: Sl 34: 20; Jo 19: 33; 36). Outras referências à Páscoa podem ser encontradas em Lv 23: 5-8, Nm 28: 16; Dt 16: 1-8 (nos vs. 5 e 6, Deus diz que o sacrifício do cordeiro não poderia ser realizado dentro de nenhuma cidade, mas no lugar escolhido por Ele. Por isso, Jesus não foi crucificado dentro de Jerusalém, e sim fora dos muros – cf. Hb 13: 10-13). A carne do cordeiro simboliza o corpo de Jesus, ferido na cruz, e o sangue nas vergas das portas prefigura a proteção do Seu sangue sobre os que são dEle, justificando-os do pecado e livrando-os do Maligno.

Páscoas mais importantes celebradas pelo povo judeu

O povo judeu celebrou a Páscoa por várias vezes como foi ordenado pelo Senhor, mas algumas são referidas de maneira especial na bíblia. Assim, a primeira Páscoa descrita no AT ocorreu no Egito e simboliza a Páscoa da libertação do cativeiro do pecado.

A segunda Páscoa ocorreu no deserto (Nm 9: 1-14). Eles ficaram um ano ao pé do Sinai (Êx 19: 1-2 – Êx 40: 2; 17; 34-35) e nesse tempo construíram o tabernáculo (Êx 40: 1; 17), foram arregimentados e receberam instrução de como serem treinados como exército (Nm 2: 1-34); foram ensinados sobre oferta (Corbam, em hebraico, qorbãn ou qrbh = ‘aquilo que é trazido para perto’, ‘aproximar-se de Deus’; qorbãn é praticamente um termo genérico, enquanto outros são usados especificamente para holocausto, oferta pelo pecado e pela culpa etc.) e a se dar como oferta a Deus (Levítico caps. 1 a 7). Ele retirou deles a mentalidade de escravo, e assim, receberam a identidade e a personalidade de volta. Portanto, a segunda Páscoa é a Páscoa da restauração da personalidade e da identidade, características que recebemos quando atravessamos o nosso deserto espiritual, ou seja, depois que saímos do Egito precisamos saber quem somos e quem é Deus na nossa vida.

A terceira Páscoa foi a de Josué (Js 5: 10-12). É a Páscoa que fala com os líderes, ensinando-os a confiar em Deus, serem guiados pelo Espírito Santo e não deixar a carne gritar (foram todos circuncidados antes de tomar posse da Terra Prometida derrubando Jericó, pois já haviam atravessado o Jordão e estavam nas campinas de Moabe).

A quarta Páscoa é a de Ezequias (2 Cr 30: 1-27). A porta do templo tinha ficado fechada por muito tempo por causa do domínio assírio, e Ezequias abriu as portas novamente para a palavra de Deus ser ministrada ao povo. Isso trouxe avivamento, simbolizando a abertura do nosso espírito à palavra de Deus.

A quinta Páscoa é a de Josias (2 Rs 23: 21-23; 2 Cr 35: 1-19), que reparou e purificou o templo, restituiu os levitas ao seu cargo e ensinou o povo a ser fiel ao Senhor. Por seis anos limpou a Casa de Deus (2 Cr 34: 3; 35: 19). Portanto, essa Páscoa diz respeito ao avivamento espiritual, proteção, sarar a alma, revelação da palavra de Deus e restabelecimento do ministério levítico (louvor e ensino, pois foi achado o Livro da Lei, que se perdera).

A sexta Páscoa é a de Daniel, pois em Dn 10: 4 há uma referência ao primeiro mês, o mês de nisã. Daniel estava buscando revelação do Senhor em relação às profecias e visões que tinha recebido dEle. Portanto, a Páscoa de Daniel é a Páscoa que fala da revelação da palavra, do entendimento, da inteligência e do discernimento espiritual e natural.

A sétima Páscoa é a de Esdras (Ed 6: 19-22), em que houve restituição após a libertação da Babilônia. É a Páscoa da restituição e da reconstrução do nosso templo interior, principalmente em relação ao nosso chamado.

A oitava Páscoa é a de Neemias (Ne 2: 1), quando é feita novamente a referência ao mês de nisã. Após ter passado praticamente quatro meses em jejum e oração buscando a Deus (desde o mês de quisleu do ano anterior, que corresponde a novembro-dezembro), Neemias recebeu autorização para reconstruir os muros caídos de Jerusalém, portanto, essa Páscoa é a da reconstrução dos muros, da restituição da alma.

A nona Páscoa que o povo judeu vivenciou foi o início de uma nova era, quando Jesus veio em pessoa como sacrifício vivo, dispensando os antigos rituais e trazendo para nossa vida todo tipo de unção de que temos necessidade e a salvação eterna.

Páscoa é tempo de santificação, cura do corpo e da alma, libertação de algemas, restituição, restauração da identidade e da personalidade, tempo de milagres, tempo de Deus tirar a vergonha de nós, de arrebentar correntes e abrir portas, tempo de revelação da palavra, de entendimento, inteligência, discernimento espiritual e natural, de maior unção para liderar, de perdão, de avivamento, proteção e ministério. O melhor já está pronto para nós. A Páscoa reflete a vida de Jesus entrando nas áreas mortas da nossa vida rechaçando os demônios justamente onde eles nos pisaram, trazendo uma mudança real. É tempo de intimidade com o Senhor. É ser poupado do sacrifício.

Voltando a Êxodo 12 e Deuteronômio 16, o pão asmo significa santificação, domínio do Espírito sobre a carne e a maldade humana (= fermento). A Palavra diz que a Páscoa não poderia ser sacrificada nas cidades, mas fora delas, num lugar designado por Deus (Dt 16: 3-8 cf. Hb 13: 10-13). Semelhantemente, Jesus não foi crucificado dentro dos muros da cidade, mas fora deles. Também diz que o cordeiro deveria ser sacrificado à tarde, antes do pôr-do-sol; foi quando Jesus morreu (15 horas, a hora nona) e foi retirado da cruz (antes das 18 horas): “À hora nona, clamou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? Que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mc 15: 34). O cordeiro não poderia ter nenhum de seus ossos quebrados (Ex 12: 46; Nm 9: 12; Sl 34: 20; Jo 19: 33; 36), como Jesus não teve nenhum dos seus quebrados pelos romanos.

Paulo também faz uma referência ao paralelismo existente entre o fermento da carne e a pureza do nosso espírito que foi recriado por Deus no novo nascimento:
• 1 Co 5: 7-8: “Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado. Por isso, celebremos a festa não com o velho fermento, nem com fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade”.

João Batista confirmou o mistério das profecias anteriores a respeito da salvação vinda do Messias:
• Jo 1: 29: “No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” Assim, Jesus foi imolado para nos salvar e libertar de todo o pecado. Por isso, Deus Pai designou Sua morte exatamente no dia da Páscoa judaica para criar o paralelo entre a aliança antiga, no sangue do cordeiro imolado, e a nova aliança, no sangue do próprio Jesus imolado.

Outros textos dizem:
• Mt 12: 40: “Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra”.
• Mc 10: 45: “Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”.
• Jo 3: 16: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
• Jo 6: 54: “Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”.
• 1 Jo 4: 10: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados”.
• 1 Jo 4: 9: “Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele”.
• Hb 10: 12-13: “Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus, aguardando, daí em diante, até que os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés”.


Jesus partiu o pão e o deu aos Seus discípulos Jesus tomou o cálice e repartiu entre Seus discípulos


Lucas, como todos os evangelistas, descreve o episódio da Última Ceia:
• Lc 22: 15-20 (Mt 26: 26-28, Mc 14: 22-24 e 1 Co 11: 23-26): “E disse-lhes: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento. Pois vos digo que nunca mais a comerei, até que ela se cumpra no reino de Deus. E, tomando um cálice, havendo dado graças, disse: Recebei e reparti entre vós; pois vos digo que, de agora em diante, não mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus. E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós”.

Em Mt 26: 26-30 a bíblia repete: “Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da [nova] aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados. E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai. E tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras”.


A Última Ceia


Em todos os textos acima, o Senhor fala sobre o Seu corpo e o Seu sangue (o pão e o vinho). Provavelmente, Ele também seguiu o ritual judaico da Páscoa do AT descrito em Êx 12 (Mt 26: 17; Mc 14: 12; Lc 22: 7).

Como vimos no texto de Êx 12: 1-28, as únicas ordens descritas em relação à alimentação foram os pães asmos, as ervas amargas e o cordeiro assado no forno. Jesus tomou um pão asmo e um cálice (o vinho simbolizando seu sangue derramado, repetindo o mesmo ato do sacerdote Melquisedeque com Abraão, no AT – Gn 14: 14; por isso, a bíblia diz em Hb 7: 17 que Jesus é sacerdote da ordem de Melquisedeque).

Ali, na Última Ceia, Ele estava mostrando materialmente aos discípulos o que haveria de acontecer no âmbito espiritual. Jesus os estava ensinando a manter rotineiramente a sua aliança com o Pai e uma simples rememoração da Sua morte (o pão simbolizando o Seu corpo, e o vinho simbolizando Seu sangue). A ceia comunitária no NT (ou ágape, festa do amor, descrita no livro de Atos dos Apóstolos e criada pelos discípulos) veio substituir, simbolicamente, o sacrifício das ofertas pacíficas que era feito no templo (1 Co 11: 17-34 – aqui é descrito um ato litúrgico de Paulo na igreja de Corinto, logo após uma refeição comunitária normal, por isso ele repreende o comportamento carnal dos membros, como glutonaria e bebedeira). Além disso, no livro de Atos dos Apóstolos, “partir o pão” era uma expressão hebraica que significa “compartilhar uma refeição” (At 2: 42-47; 20: 7). A oferta pacífica (Lv 3: 1-17) era de qualquer animal sem defeito do rebanho ou variedade de pães. Sua finalidade era um ato voluntário de adoração, ação de graças e comunhão (por isso, era acompanhada de uma refeição comunitária). Como foi dito acima, a ceia comunitária no NT (“partir o pão”) veio substituir, simbolicamente, o sacrifício das ofertas pacíficas que era feito no templo, uma vez que o holocausto e a oferta pelo pecado e pela culpa já tinham sido feitos por Jesus na cruz definitivamente. Essa ceia era diferente da ceia realizada por Jesus (o ato litúrgico de 1 Co 11: 23-26), ou seja, uma rememoração de Sua morte como o símbolo da Nova Aliança de Deus com Seu povo.

No que diz respeito ao Dia de Descanso guardado pelos cristãos, uma explicação para se guardar o Domingo (literalmente: “Dia do Senhor”) pode se referir às profecias sobre Jesus ressuscitar ao terceiro dia (Apesar de outras explicações baseadas no paganismo romano do deus Sol invicto). Como a páscoa judaica naquele ano caiu na sexta-feira (pela presciência divina), o terceiro dia foi o domingo.

Nos tempos bíblicos fazia-se a contagem inclusiva dos dias (qualquer hora do dia era considerado como o dia inteiro), ou seja, era comum nomear dias sucessivos, não contar literalmente 24 horas. Assim, Jesus morreu na 6ª feira (1º dia), sábado foi o 2º dia e o domingo foi o 3º dia:
• Mt 16: 21 (Mt 17: 9-13; Mt 17: 22-23; Mt 20: 17-19): “Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia”.
• Os 6: 1-2: “Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará. Depois de dois dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará, e viveremos diante dele”.
• Mc 16: 9: “Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual expelira sete demônios”.
• Lc 24: 1-12: “Mas, no primeiro dia da semana, alta madrugada, foram elas ao túmulo, levando os aromas que haviam preparado. E encontraram a pedra removida do sepulcro; mas, ao entrarem, não acharam o corpo do Senhor Jesus. Aconteceu que, perplexas a esse respeito, apareceram-lhes dois varões com vestes resplandecentes. Estando elas possuídas de temor, baixando os olhos para o chão, eles lhes falaram: Por que buscais entre os mortos ao que vive? Ele não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos de como vos preveniu, estando ainda na Galiléia, quando disse: Importa que o Filho do Homem seja entregue nas mãos de pecadores, e seja crucificado, e ressuscite no terceiro dia. Então, se lembraram das suas palavras. E, voltando do túmulo, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os mais que com eles estavam. Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago; também as demais que estavam com elas confirmaram estas coisas aos apóstolos. Tais palavras lhes pareciam um delírio, e não acreditaram nelas. Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro. E, abaixando-se, nada mais viu, senão os lençóis de linho; e retirou-se para casa maravilhado do que havia acontecido”.
Assim, o primeiro dia da semana mostraria que Jesus era o iniciador de uma nova era para a humanidade.


O túmulo de Jesus

Origem das tradições e símbolos ligados a ela

A Páscoa é uma das datas comemorativas mais importantes entre as culturas ocidentais e celebra a ressurreição de Jesus. A data da Páscoa foi fixada no primeiro Concílio de Nicéia em 325 DC. Assim, a Páscoa cristã é comemorada no primeiro domingo após a primeira lua cheia da primavera do hemisfério norte (outono no hemisfério sul): a data ocorre entre os dias 22 de março e 25 de abril. Havia o problema da coincidência da data da Páscoa com as festas pagãs do início da primavera. As igrejas da Ásia, principalmente, acreditavam que devia ser seguida a data do sacrifício do cordeiro no 14º dia de nisã, que seria a data exata da morte de Jesus.

Historiadores encontraram informações que levam a concluir que uma festa de passagem era comemorada entre povos europeus há milhares de anos. Principalmente na região do Mediterrâneo, algumas sociedades, entre elas a grega, festejavam a passagem do inverno para a primavera, durante o mês de março. Geralmente, esta festa era realizada na primeira lua cheia da época das flores. Entre os povos da Antiguidade, o fim do inverno e o começo da primavera eram de extrema importância, pois estava ligado a maiores chances de sobrevivência em função do rigoroso inverno que castigava a Europa, dificultando a produção de alimentos.

A História do coelhinho da Páscoa e os ovos

• A figura do coelho está simbolicamente relacionada à esta data comemorativa, pois este animal representa a fertilidade. O coelho se reproduz rapidamente e em grandes quantidades. Entre os povos da Antiguidade, a fertilidade era sinônimo de preservação da espécie e melhores condições de vida, numa época onde o índice de mortalidade era altíssimo. No Egito antigo, por exemplo, o coelho representava o nascimento e a esperança de novas vidas. Na Ucrânia, centenas de anos antes de era cristã já se trocavam ovos pintados com motivos de natureza (‘pêssanka’) em celebração à chegada da primavera. Os persas, os romanos, os armênios e os judeus (talvez pela ligação idólatra passada em Canaã com Aserá) tinham o hábito de oferecer e receber ovos coloridos por esta época. Os chineses e os povos do Mediterrâneo também tinham como hábito dar ovos uns aos outros para comemorar a estação do ano. Para deixá-los coloridos, cozinhavam-nos com beterrabas. Mas os ovos não eram para ser comidos. Era apenas um presente que simbolizava o início da vida. Um ritual importante ocorria no equinócio da primavera, quando os participantes pintavam e decoravam ovos e os escondiam e enterravam em tocas nos campos. Equinócio é o ponto da órbita da Terra em que se registra igual duração do dia e da noite, o que sucede nos dias 21 de março e 23 de setembro.

Os cristãos se apropriaram da imagem do ovo para festejar a Páscoa, quando o Concílio de Nicéia realizado em 325 DC estabeleceu o culto à data. Na época, pintavam os ovos (geralmente de galinha, gansa ou codorna) com imagens de figuras religiosas como o próprio Jesus e sua mãe, Maria. Na Inglaterra do século X, os ovos ficaram ainda mais sofisticados. O rei Eduardo I (900-924 DC) costumava presentear a realeza e seus súditos com ovos banhados em ouro ou decorados com pedras preciosas. A tradição de homenagear essa estação do ano continuou durante a Idade Média entre os povos pagãos da Europa. No século XVIII, confeiteiros franceses tiveram a idéia de fazer os ovos com chocolate. A figura do coelho da Páscoa foi trazido para a América pelos imigrantes alemães entre o final do século XVII e início do século XVIII.

Os termos para Páscoa: Easter, em inglês, e Ostern, em alemão, parecem não ter qualquer relação etimológica com o Pessach (Páscoa dos judeus). A hipótese mais aceita relaciona os termos com Eostremonat, nome de um antigo mês germânico, ou Eostre, uma deusa germânica associada com a primavera que era homenageada todos os anos, no mês de Eostremonat. Outro nome mais antigo para Eostre é Ostera, a deusa da primavera, que era simbolizada por uma mulher que segurava um ovo em sua mão e observava um coelho, representante da fertilidade, pulando alegremente ao redor de seus pés. Tudo fala a favor da hipótese de se tratar da mesma entidade adorada pelos cananeus que habitavam a terra prometida e que mais tarde foi laço de idolatria para Israel. Trata-se da consorte de Baal, deus da fertilidade dos cananeus, que em cada localidade adquiria um nome próprio devido à ação que realizava, inclusive tendo poder sobre as forças da natureza e os fenômenos atmosféricos. Era adorado nos ‘Altos’, lugares como os montes, por exemplo. Em Tiro, cidade da Fenícia, ao norte de Israel, era chamado de Baal-Melcarte. Baal significa: Senhor, possuidor, marido. Também era conhecido por Baal-zebul ou Belzebu (senhor ou mestre, o príncipe), o deus da vida, a quem o povo de Deus ridicularizava chamando de Baal-zebube (o senhor das moscas). Sua consorte era Aserá, deusa da fertilidade, do amor e da guerra, também conhecida pelos cananeus e fenícios como: Rainha dos Céus, Astarte ou Astarote. Era geralmente feita sua imagem e adorada como ‘Poste-ídolo’. Ela assumiu outros nomes em outras nações: Ísis, Rainha dos Céus e Mãe de Deus (para os egípcios; e que os católicos adoram com o nome de Maria ou Nossa Senhora), Istar (babilônios), Diana (romanos), Ártemis (gregos) e Nina (Assírios, dando seu nome à cidade de Nínive). O termo hebraico para Nínive (Nïneweh), em grego: Nineue, é uma tradução do assírio Ninua, em babilônico antigo Ninuwa, que, por sua vez, é transliteração do nome sumério mais antigo ainda, Nina, nome da deusa Istar, a deidade protetora daquela cidade e cujo nome era escrito com um sinal representando um peixe dentro de um ventre. Deus, usando o profeta Jeremias, se referiu a ela:

• Jr 7: 18: “Os filhos apanham a lenha, os pais acendem o fogo, e as mulheres amassam a farinha, para se fazerem bolos à Rainha dos Céus; e oferecem libações a outros deuses, para me provocarem à ira”.
• Jr 44: 25-28: “Assim fala o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, dizendo: Vós e vossas mulheres não somente fizestes por vossa boca, senão também que cumpristes por vossas mãos os vossos votos, a saber: Certamente cumpriremos os nossos votos, que fizemos, de queimar incenso à Rainha dos Céus e de lhe oferecer libações. Confirmai, pois, perfeitamente, os vossos votos, sim, cumpri-os. Portanto, ouvi a palavra do Senhor: Portanto, ouvi a palavra do Senhor, vós, todo o Judá, que habitais na terra do Egito: Eis que eu juro pelo meu grande nome, diz o Senhor, que nunca mais será pronunciado o meu nome por boca de qualquer homem de Judá em toda a terra do Egito, dizendo: Tão certo como vive o Senhor Deus. Eis que velarei sobre eles para mal e não para bem; todos os homens de Judá que estão na terra do Egito serão consumidos à espada e à fome, até que se acabem de todo. Os que escaparem da espada tornarão da terra do Egito à terra de Judá, poucos em número; e todos os restantes de Judá que vieram à terra do Egito para morar saberão se subsistirá a minha palavra ou a sua”.

Outros textos dizem:
• Lv 26: 1: “Não fareis para vós outros ídolos, nem vos levantareis imagem de escultura nem coluna, nem poreis pedra com figuras na vossa terra, para vos inclinardes a ela; porque eu sou o Senhor, vosso Deus”. Quando adoramos uma imagem, quem recebe adoração no mundo espiritual é um demônio.
• Dt 16: 21-22: “Não estabelecerás poste-ídolo, plantando qualquer árvore junto ao altar do Senhor, teu Deus, que fizeres para ti. Nem levantarás coluna, a qual o Senhor, teu Deus, odeia”.

Aserá ou Istar tinha alguns rituais de caráter sexual, uma vez que era a deusa da fertilidade; outros rituais tinham a ver com libações e outras ofertas corporais (as prostitutas cultuais dos templos pagãos, tão condenados por Deus nas Escrituras).
Assim, é sugerido por alguns historiadores que muitos dos atuais símbolos ligados à Páscoa (especialmente os ovos de chocolate, ovos coloridos e o coelhinho da Páscoa) são resquícios culturais da festividade de primavera em honra à deusa pagã da fertilidade e que, depois, foram assimilados às celebrações cristãs da Páscoa.

Para nós, Cristãos, a Páscoa comemora a morte e a ressurreição de Jesus, nos libertando de todo o cativeiro do pecado, e não há necessidade de símbolos ou rituais para ela.


A ressurreição de Jesus

Páscoa é tempo de celebrar a vida e a promessa do Senhor para nós.
Nada pode aprisionar aqueles que nEle estão e para Ele vivem.

Este texto se encontra nos livros:


livro evangélico: Jamais falte óleo sobre tua cabeça

Jamais falte óleo sobre tua cabeça (PDF)

Never be lacking oil on your head (PDF)


livro evangélico: Lidando com as tradições

Lidando com as tradições (PDF)

Dealing with the traditions (PDF)

Sugestão de leitura:


livro evangélico: Cruz, sacrifício único ou diário?

Cruz, sacrifício único ou diário? (PDF)

Cross, single or daily sacrifice? (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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