Estudo evangélico sobre morte: enterrar ou cremar; reencarnação; o corpo glorificado de Jesus; orações e serviços religiosos para os mortos. Eles podem interceder por nós ou realizar milagres em nosso favor? Para onde vão? Como ressuscitam os mortos (1 Co 15: 35-58)?

Evangelical study on death: bury or cremate; reincarnation; the glorified body of Jesus; prayers and religious services for the dead. Can they intercede for us or perform miracles on our behalf? Where do they go? How are the dead raised? (1 Cor. 15: 35-58)?


Estudo Evangélico sobre a morte

O que dizem a bíblia e as tradições cristãs e pagãs do AT e do NT


Em primeiro lugar, a bíblia diz:
• Gn 2: 7: “Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”.
• Gn 3: 19: “No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás”.
• Sl 103: 14: “Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó”.

Isso nos faz pensar que da mesma forma que o homem foi formado a partir da terra, deveria voltar a ela no final dos seus dias. Estou dizendo isso porque parece ter sido da vontade de Deus que o corpo dos Seus filhos, quando lhes saísse o espírito, fosse devolvido à terra, ou seja, que fossem enterrados, não cremados. A cremação não era praticada pelos hebreus, mas geralmente um ritual pagão ligado ao sacrifício aos seus deuses.

Só encontramos um texto em Amós 6: 10 e 1 Samuel 31: 12 sobre cremação entre os Israelitas. Em Amós 6: 10 está escrito: “Se, porém, um parente chegado, o qual os há de queimar [NVI: queimar os corpos], toma os cadáveres para os levar fora da casa e diz ao que estiver no seu mais interior: Haverá outro contigo? E este responder: Não há; então, lhe dirá: Cala-te, não menciones o nome do Senhor [NVI: Calado! Não devemos sequer mencionar o nome do Senhor]”.

O enterro, para os hebreus, era o modo usual de proceder para com os mortos. A referência aqui à cremação é, provavelmente, por causa da peste, para evitar a contaminação. Ela era feita em casos de necessidade, como aconteceu com Saul e seus filhos (1 Samuel 31:12), quando os homens de Jabes-Gileade tiraram seus corpos dos muros de Bete-Seã e os queimaram para não serem insultados pelos filisteus (“... todos os homens valentes se levantaram, e caminharam toda a noite, e tiraram o corpo de Saul e os corpos de seus filhos do muro de Bete-Seã, e, vindo a Jabes, os queimaram”). No caso descrito por Amós também parece ser porque morreriam tantos (ele falava sobre a destruição pelos Assírios, por causa dos pecados de Israel), que um único homem não podia transportar todos os corpos para a sepultura para enterrá-los; portanto, primeiro os cadáveres eram queimados, e depois, os ossos eram enterrados. Sobre o fato de não mencionar o nome do Senhor, isso significa que os parentes e amigos teriam o cuidado de evitar a menção do nome do Senhor por causa do temor do juízo de Deus (Am 8: 3; Hc 2: 20; Sf 1: 7).

No AT, o sepultamento era usualmente feito no túmulo da família (uma caverna ou uma cova escavada numa rocha) como foi com Abraão, Sara, Isaque, Rebeca e Lia em Macpela. Era comum chorar, rasgar as próprias vestes, vestir-se com pano de saco e esparramar cinzas sobre a cabeça. O luto podia se prolongar até sete dias (Gn 50: 10). O embalsamamento egípcio ou mumificação era feito da seguinte forma: as vísceras eram retiradas e preservadas separadamente. O corpo era dissecado e recheado com sal, estofado com linho impregnado com aromas e inteiramente envolvido em linho. Geralmente durava de 40 a 70 dias (Gn 50: 3). No caso de criminosos enforcados, o sepultamento era imediato (Dt 21: 22-23) para evitar a contaminação cerimonial. A lamentação costumeira com choro, despentear os cabelos e rasgar as vestes só era proibida no caso do sumo sacerdote e no período de nazireado (Lv 10: 6-7; Lv 21: 10-11 e Nm 6: 6-7). O corpo era transportado num esquife até o túmulo, que geralmente ficava fora das cidades. No caso de criminosos executados ou de inimigos, o sepulcro era marcado por um montão de pedras (Js 7: 26; Js 8: 29; Js 10: 27; 2 Sm 18: 17).

No NT, o cadáver era lavado e, a seguir, ungido (Mc 16: 1; Jo 19: 39; Lc 23: 56), envolto em faixas de linho impregnadas com especiarias (Mc 14: 8; Jo 19: 40). Finalmente, os membros eram amarrados e o rosto coberto com um lenço (Jo 11: 44; Jo 20: 7). Explicando mais detalhadamente, o corpo era colocado sobre uma laje, lavado minuciosamente pelas mulheres com água, azeite e perfumes, incluindo cabelos e unhas, bem escovadas. Depois começava o processo de bandagem, ou seja, um conjunto de faixas envolvendo o corpo do pescoço para baixo, os membros separadamente, e outro grupo de faixas na cabeça, sobre a qual se colocava um lenço (Jo 11: 44; Jo 20: 7). Esse processo demorava de 7 a 8 horas e não era feito à noite. O corpo, assim preparado era colocado numa das câmaras. Depois de um ano ou mais, os ossos eram colocados em ossuários e depositados nos vãos da rocha. Os sepulcros eram pequenos, e não cabiam muitas pessoas lá dentro para o processo de colocar as faixas. Também era escuro, por isso havia um lugar na rocha onde se colocava uma lamparina. No caso de Jesus, esse trabalho foi interrompido por causa do Shabbat. Por isso, os evangelistas descrevem apenas que Jesus foi envolto com um lençol de linho, mas não enfaixado (Jo 19: 40; Jo 20: 4-8; Lc 23: 53; Mc 15: 46).

Eu gostaria de fazer um comentário sobre uma informação que coloquei na página de estudo sobre o Natal, uma comparação bastante interessante entre o costume de enfaixar os mortos e enfaixar o recém-nascido. O recém-nascido era lavado com água e ungido com óleo misturado com sal, como uma forma de consagrá-lo ao Senhor, não apenas como um ato de higiene. Depois disso o bebê era envolto em longas faixas de linho ou algodão, o que ajudava a prover conforto à criança; as faixas apertadas repetiriam, por assim dizer, a sensação do conforto do útero. O topo da cabeça era também coberto com parte das faixas. Achei interessante essa similaridade: a pessoa era enfaixada ao nascer e enfaixada ao morrer.

Choro, lamentação e bater no peito são tipicamente orientais. Carpideiras profissionais podiam ser empregadas (Mt 9: 23; Mc 5: 38; Lc 8: 52); às vezes, flautistas eram contratados. O período normal de luto era de sete dias; talvez, por isso, o costume católico de realizar a Missa de sétimo dia. Os sepulcros geralmente ficavam fora das cidades ou aldeias. Podiam ser sepulcros simples, na terra, ou escavados na rocha ou covas. Uma prática quando os túmulos familiares ficavam cheios era colocar os ossos em pequenos cofres de pedra conhecidos como ossuários. No tempo de Jesus era comum a prática de adornar e embelezar os túmulos (Mt 23: 29) ou caiá-los (Mt 23: 27) para que ficassem eminentes, principalmente à noite, impedindo os passantes de tocá-los acidentalmente e ficarem impuros.


O morto no NT

O túmulo nos tempos de Jesus

As câmaras onde o morto era depositado


Como falamos acima, a cremação não era praticada pelos hebreus, mas geralmente um ritual pagão ligado ao sacrifício aos seus deuses, por isso condenada por Deus:
• Lv 18: 21: “E da tua descendência não darás nenhum para dedicar-se a Moloque, nem profanarás o nome de teu Deus. Eu sou o Senhor”. Moloque era um deus amonita adorado com o sacrifício de crianças; era também chamado Milcom ou Malcom. Outro deus era adorado da mesma forma em Moabe: Camos ou Quemós.

Outro exemplo bíblico onde o sacrifício humano foi repugnante aos israelitas está em 2 Rs 3: 4-27. Moabe (terra do descendente de Ló, sobrinho de Abraão) pagava tributo ao rei de Israel. Quando Acabe (rei de Israel) morreu e Jorão, seu filho, subiu ao trono, o rei dos moabitas se revoltou, portanto, Jorão pediu ajuda a Josafá, rei de Judá, e com eles se aliou o rei de Edom (2 Rs 3: 1-7). Após sete dias de marcha, faltou água para o exército e para o gado. O rei de Israel murmurou, mas Josafá indagou por um profeta que se pudesse consultar em nome do Senhor. Um dos servos de Jorão lhe falou sobre Eliseu, filho de Sefate e os três reis foram até ele. Eliseu se irou contra o rei de Israel, porém, por causa de Josafá, pediu que viesse um tocador de harpa. A música trouxe o poder de Deus sobre Eliseu, e ele profetizou que eles deveriam fazer muitas covas no vale e o Senhor as encheria de água, não só para matar sua sede e a do gado, como também entregaria Moabe em suas mãos. Na manhã seguinte as águas vieram (2 Rs 3: 20) pelo caminho de Edom. Os moabitas esperavam encontrar tanques d’água e confundiram o reflexo vermelho do sol da manhã com sangue (2 Rs 3: 22). Pensaram que os reis tivessem se destruído uns aos outros e foram ao arraial de Israel. Ali os israelitas os derrotaram perseguindo-os até suas cidades, que também foram destruídas segundo a profecia de Eliseu. O rei de Moabe, vendo que não poderia vencer, tomou seu filho primogênito e o ofereceu em holocausto sobre o muro da cidade. Isso fez com que os moabitas lutassem com maior intensidade e fúria, levando os israelitas a se retirarem, pois estes já tinham conseguido seu objetivo: “Vendo o rei de Moabe que a peleja prevalecia contra ele, tomou consigo setecentos homens que arrancavam espada, para romperem contra o rei de Edom, porém não puderam. Então, tomou a seu filho primogênito, que havia de reinar em seu lugar, e o ofereceu em holocausto sobre o muro; pelo que houve grande ira contra Israel; por isso, se retiraram dali e voltaram para sua própria terra” (2 Rs 3: 26-27).

Dois reis de Judá cometeram semelhante ato. Um deles foi Acaz (732-716 AC), que queimou seus filhos em sacrifício (2 Cr 28: 3 cf. 2 Rs 16: 3). O outro rei foi Manassés (687-642 AC): “Também edificou altares a todo o exército dos céus nos dois átrios da Casa do Senhor. E queimou a seu filho como sacrifício, adivinhava pelas nuvens, era agoureiro e tratava com médiuns e feiticeiros; prosseguiu em fazer o que era mau perante o Senhor, para o provocar à ira” (2 Rs 21: 5-6).

Os romanos também tinham o hábito de queimar os cadáveres, especialmente dos seus imperadores, como aconteceu com Júlio César, por exemplo. Durante os séculos seguintes, a cremação continuou sendo adotada pelas religiões orientais, não só como um ato sacrificial a algum deus, como também uma maneira ‘exótica’ de devolverem os mortos à natureza. As cinzas eram jogadas nos rios ou espalhadas ao vento, tendo sempre muito misticismo envolvido em todo o ritual. Uma forma sádica de perseguição aos cristãos nos dois primeiros séculos depois de Cristo era realizada pelos imperadores romanos, em especial por Nero (54-68 DC), que derramava piche sobre seus corpos e ateava fogo neles para iluminar a arena à noite. Outra conseqüência maligna decorrente do Romanismo foram as perseguições que se seguiram nas chamadas ‘guerras santas’ onde inocentes eram queimados. Na Idade Média e na Idade Moderna, é de conhecimento geral o famoso costume de queimar as ‘bruxas’, que, na verdade, foram mártires em prol da fidelidade aos princípios religiosos que defendiam.

Outra prática comum era jogar os mortos no rio, como era feito pelos egípcios em relação a Osíris (sua esposa era Ísis e seu filho, Horus, este representado por um gavião), rei do reino dos mortos e da vegetação, relacionada com a elevação anual do Nilo e o conseqüente renascimento da vida. Isso inspirou o ritual funerário no Egito (jogar seus mortos no Nilo).

Seol – o lugar para onde iam os mortos

Deixando agora as tradições com a matéria propriamente dita, vamos ao comentário sobre o conceito que os judeus tinham do lugar para onde iram os mortos e onde permaneceriam. Voltando ao episódio do Pessach (Páscoa Judaica), está escrito:
• Êx 12: 12-13: “Porque, naquela noite, passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até aos animais; executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor. O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós praga destruidora, quando eu ferir a terra do Egito”.
• Êx 12: 23: “Porque o Senhor passará para ferir os egípcios; quando vir, porém, o sangue na verga da porta e em ambas as ombreiras, passará o Senhor aquela porta e em ambas as ombreiras, passará o Senhor aquela porta e não permitirá ao Destruidor que entre em vossas casas, para vos ferir”.
• Êx 12: 27: “Respondereis: É o sacrifício da Páscoa ao Senhor, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e livrou as nossas casas. Então, o povo se inclinou e adorou”.
• Sl 78: 49: “Lançou contra eles o furor da sua ira: cólera, indignação e calamidade, legião de anjos portadores de males” (cf. Êx 8–10 – as dez pragas).

Abadom (o Destruidor – Ap 9: 11; Êx 12: 23) é o demônio que foi liberado para matar todos os primogênitos do Egito.

Apoliom ou Abadom foi descrito também em Ap 9: 11. Abadom é o anjo satânico do abismo, cujo nome em grego significa: Destruidor. Em hebraico, ’abhaddôn significa ‘lugar de destruição’ e é regularmente traduzido como tal em certas versões no Antigo Testamento, para denominar a região dos mortos. Esta região era considerada pelos antigos judeus como “inferno”, seol em hebraico, hades e geenna em grego, este último nome proveniente de ge (vale de) hinnõm (Vale de Hinom), onde eram feitos sacrifícios idólatras ao sul de Jerusalém. O significado de ‘Hinom’ é desconhecido; alguns sugerem: ‘Ben Hinom’, filho de Hinom (2 Rs 23: 10; 2 Cr 28: 3 – ‘vale dos filhos de Hinom’), dando a entender que é um nome próprio. Os judeus achavam que o seol era semelhante a uma concha onde os mortos permaneciam e eram submetidos a julgamento. Ali poderia haver um lugar separado para os justos e para os perversos.

A região dos mortos era considerada pelos antigos judeus como ‘inferno’: Seol (em hebraico: sheol – Strong #7585: sepultura, inferno, poço, mundo inferior, submundo), Hades e Geenna em grego. Os judeus achavam que o Seol era semelhante a uma concha onde os mortos permaneciam e eram submetidos a julgamento. Ali poderia haver um lugar separado para os justos e para os perversos. Tendo ou não essa interpretação, o que sabemos é que no AT os que morreram não tiveram a chance de ter a salvação vinda por Jesus, o Messias, da maneira como conhecemos hoje. Talvez por isso, Pedro escreveu que Cristo, quando morreu e ressuscitou do hades, do inferno, pregou para os antigos escolhidos (1 Pe 3: 18-19), dando-lhes a chance de conhecer a Sua salvação. A palavra Hades (em grego: hadés, άδης – Strong #g86) provém de ‘a’ (como uma partícula negativa) e ‘eido’, mais propriamente: invisível, ou seja, ‘Hades’, ou o local (estado) das almas que partiram; inferno, sepultura. A outra palavra grega, Geenna (em grego: Gehenna, γεεννης – Strong #g1067), como foi explicado antes, provém de ‘ge’ (vale de) ‘hinnõm’ (Hinom), onde eram feitos sacrifícios idólatras ao sul de Jerusalém ou um lugar de punição para criminosos; também usado como sinônimo de castigo eterno ou inferno. A palavra Geena pode ser encontrada no NT em: Mt 5: 22; 29; 30; Mt 10: 28; Mt 11: 23; Mc 9: 43; 45; 47; Lc 12: 5; Tg 3: 6. A palavra Hades está escrita em: Lc 10: 15; Lc 16: 23; Ap 1: 18; Ap 6: 8; Ap 20: 14. Em 2 Pe 2: 4, na nossa tradução, ‘inferno’, está escrita a palavra grega ‘tártaro’ (em grego: tartaroó, ταρταρωσας – Strong #g5020, ser lançado no inferno; o mais profundo abismo do Hades; ser encarcerado em eterno tormento). Mas quanto ao texto de 1 Pe 3: 18-19, não está escrita explicitamente a palavra Hades (inferno), ele apenas sugere: “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito [na NVI, a palavra ‘Espírito’, está escrita com maiúscula, o que significa o Espírito Santo], no qual, também foi e pregou aos espíritos em prisão [do diabo, por causa do pecado deles]”. Parece haver uma diferença entre as palavras Hades e Geenna, pois Hades transmite a idéia de ‘local (estado) das almas que partiram; inferno, sepultura’, ao passo que Geenna parece se referir a algo mais forte que a simples sepultura ou morte física; ela sugere a morte espiritual, o verdadeiro inferno ou castigo eterno, como vemos na definição.

Na versão ‘New American Standard Bible’, o texto de 1 Pe 3: 18-20 foi traduzido como: “Porque Cristo morreu pelos pecados, de uma vez por todas, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus, tendo sido sentenciado à morte na carne, mas vivificado no espírito, no qual ele foi também e fez proclamação aos espíritos agora na prisão, que outrora foram desobedientes, quando a paciência de Deus esperou nos dias de Noé, durante a construção da arca, pela qual uns poucos, isto é, oito pessoas, se salvaram das águas”.

Na verdade, Pedro estava falando dentro de um contexto, onde a expressão ‘espíritos em prisão’ se refere às pessoas da época pré-diluviana que não se arrependeram pela pregação de Noé, pois Jesus ali, antes da Sua encarnação, derramou Seu Espírito em Noé para pregar o arrependimento àquelas pessoas. Mas há uma segunda interpretação possível para este texto (se pensarmos no sinal de Jonas), pois a palavra grega usada para o verbo ‘pregou’ é ekëryxen, derivado de kërysso (ou kerusso – Strong #g 2784), que significa: proclamar uma mensagem (parte de um rei, por exemplo); anunciar (como um pregoeiro público; um arauto de um rei), especialmente a verdade divina (o evangelho): pregador, pregar, proclamar, publicar. Esta proclamação feita por Jesus às almas dos mortos no Hades pode ter sido a de que o preço pela sua salvação já havia sido pago, seu pecado já fora expiado, e todos os que haviam morrido na fé estavam libertos daquele lugar de sofrimento eterno, livres da condenação de Deus. Ao ressuscitar [1 Pe 3: 19: ‘vivificado no espírito’ ou ‘pelo Espírito’], proclamou naquele lugar (está falando sobre o Seol, em hebraico; Hades, em grego) a Sua vitória sobre a morte e disse o nome de todos os justos que, por haver morrido na fé, obtiveram a salvação, estavam livres do juízo de Deus. É como se Ele dissesse ao inferno e a Satanás: ‘fulano, sicrano e beltrano têm a alma salva porque eu já paguei o preço’. Assim, a dispensação do AT estaria definitivamente terminada e a nova dispensação começaria, onde os homens, durante a sua vida terrena, conhecendo a palavra de Jesus, exerceriam o seu livre-arbítrio e escolheriam a salvação, agora com consciência. Ao ressurgir dos mortos, trouxe consigo as chaves da morte e do inferno (Ap 1: 18: “e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno”), ou seja, a autoridade sobre a morte e a vida (chaves = autoridade). Ele não pregou no inferno nem voltou ali após Sua ressurreição; a vitória e a proclamação ocorreram no momento que o Espírito Santo entrou nEle.

Talvez tenha sido por causa deste pensamento que Jesus proferiu a parábola do rico e de Lázaro, o mendigo:

• Lc 16: 19-31: “Ora, havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo e que, todos os dias, se regalava esplendidamente. Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele; e desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras. Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio. Então, clamando disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos. E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós. Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna, porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho. A fim de não virem também para este lugar de tormento. Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos. Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão. Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos”.

Um ensinamento interessante aqui é que há um abismo entre o céu e o inferno, assim como os que já se foram e nós. Não é permitido que os mortos voltem para nos contar nada do que existe “do outro lado”. Depois que alguém morre, já não adianta mais nada interceder pela sua alma, tampouco falar com ela consolando-a, pois a própria pessoa teve a chance de fazer sua escolha espiritual em vida. Essa escolha é pessoal. É o exercício do livre-arbítrio dado a cada um por Deus.

Sabemos que o espírito dá vida ao corpo e pertence a Deus:
• Tg 2: 26: “Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta”.
• Jó 12: 10: “Na sua mão está a alma de todo ser vivente e o espírito de todo gênero humano”.
• Jó 32: 8: “Na verdade, há um espírito no homem, e o Todo-Poderoso o faz sábio”.
• Jó 33: 4: “O Espírito de Deus me fez e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida”.
• Ec 12: 7: “e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu”.
• Sl 146: 4: “Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus desígnios”.
• Is 42: 5: “Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus e os estendeu, formou a terra e a tudo quanto produz; que dá fôlego de vida ao povo que nela está e o espírito aos que andam nela”.

Sabemos também que ninguém tem poder de determinar o dia da sua própria morte e que, apesar do misticismo em torno do assunto, tentando enganar a muitos com as teorias sobre o que acontece após aquele momento, a bíblia diz:
• Ec 9: 10: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma”.
• Ec 8: 8a: “Não há nenhum homem que tenha domínio sobre o vento para o reter; nem tampouco tem ele poder sobre o dia da morte”.

Não existe reencarnação

• Hb 9: 27-28: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação”.
• 1 Pe 3: 18: “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito”. Se Jesus morreu uma única vez pelos nossos pecados e, portanto, ressuscitou dos mortos uma única vez, mostrando que Sua ressurreição era uma amostra do que aconteceria e acontecerá na Sua segunda vinda com os que nEle crêem, isso significa que só há uma vida e uma chance para o homem.

Portanto, não há reencarnação, pois a nossa chance já foi dada através da primeira vinda de Jesus (salvação da humanidade). A nossa escolha é pessoal e intransferível, devendo ser feita enquanto estamos vivos (2 Co 6: 1-2; Hb 3: 7-8; Sl 146: 4; Ec 9: 5; 6; 10; Is 38: 18-19), pois, quando a pessoa morrer, o corpo dormirá na terra (Gn 3: 19; 1 Co 15: 20; 1 Ts 4: 13), o espírito retornará para Deus (Ec 12: 7; Sl 146: 4) e apenas a alma dos que se entregaram a Jesus subirá para o céu e lá ficará (Ap 6: 9-10; Ap 20: 4; 2 Co 5: 8; Fp 1: 23; 1 Ts 5: 10; Lc 23: 43: “Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso”) até a segunda vinda de Jesus para o dia do arrebatamento da Sua Igreja (com seu corpo glorificado) e, depois, o juízo de Deus (Hb 9: 27). Os que não fizeram sua escolha por Jesus, ou seja, aqueles cujos nomes não foram encontrados no Livro da Vida (Ap 13: 8; Ap 17: 8; Ap 20: 15; Ap 21: 27), ficam em algum lugar conhecido por Deus (cf. Lc 16: 23), que não o paraíso; e no dia do juízo, seus corpos ressuscitarão para a condenação eterna:

• Jo 5: 27-29: “E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem. Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão. Os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo”.
• Jo 11: 11-13: “Isto dizia [sobre andar de dia e de noite] e depois lhes acrescentou: Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou despertá-lo. Disseram-lhe, pois, os discípulos: Senhor, se dorme, estará a salvo. Jesus, porém, falara com respeito à morte de Lázaro; mas eles supunham que tivesse falado do repouso do sono”.
• Dn 12: 2: “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno”.
• 1 Co 15: 20-27: “Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem [os que nós dizemos que ‘morreram’, pois foram enterrados; Deus chama ‘morte’ de ‘dormir’]. Visto que a morte veio por um homem [Adão], também por um homem [Jesus] veio a ressurreição dos mortos [a ressurreição de Jesus é o espelho da nossa ressurreição eterna]. Porque assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda. E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder [hierarquia de demônios]. Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, certamente, exclui aquele que tudo lhe subordinou”.
• 1 Ts 4: 13-15: “Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança [Aqueles que ainda não sabem o que é a vida eterna, nem a ressurreição do corpo glorificado]. Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem. Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem”.

Vamos fazer um parêntese aqui para tirar as dúvidas de alguns irmãos: Com a segunda vinda de Jesus, a ressurreição dos santos à qual Paulo se refere em 1 Co 15: 20-27 e 1 Ts 4: 13-15, diz respeito ao corpo glorificado, que se ajuntará à alma salva que está no céu. Muitos interpretam os versículos 1 Co 15: 20; 1 Ts 4: 13 (‘os que dormem’) como se a morte fosse um estado de sono inconsciente, mas a situação que Paulo estava relatando aqui é que os gregos, na verdade, criam na imortalidade da alma, mas duvidavam da ressurreição do corpo (como estavam duvidando da ressurreição de Jesus), por isso discutiram com ele no Areópago de Atenas (At 17: 31-34). Areópago era uma espécie de tribunal ateniense, assembléia de magistrados, sábios e literatos. Se Jesus disse aquilo ao malfeitor arrependido crucificado ao Seu lado, e João relata em Ap 6: 9-10 que a almas dos mártires clamavam pedindo justiça é porque estavam conscientes no céu com o Senhor. E em Ap 20: 4 ele escreve que as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus viveram e reinaram com Cristo.

• Ap 20: 5: “Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição”.
• Ap 20: 11-15: “Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta [Jesus], de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros [os livros onde estão escritas as nossas histórias e tudo de bom ou ruim que fizemos]. Ainda outro livro, o Livro da Vida [onde os nomes de quem foi salvo está escrito], foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escritos nos livros. Deu o mar [símbolo das nações] os mortos que nele estavam. A morte e o além entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras. Então, a morte e o inferno [Hades, em Grego] foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E, sem alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo” – cf. Dn 7: 9-10; 26-27: “Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias se assentou; sua veste era branca como a neve, e os cabelos da cabeça, como a pura lã; o seu trono eram chamas de fogo, e suas rodas eram fogo ardente. Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares e milhares o serviam, e miríades de miríades estavam diante dele; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros... Mas depois se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio (tirar o domínio da besta, segundo o assunto tratado pelo profeta, é o que quer dizer), para o destruir e o consumir até o fim. O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão”.

Os saduceus e a ressurreição

• Mc 12: 18-27: “Então, os saduceus, que dizem não haver ressurreição, aproximaram-se dele e lhe perguntaram, dizendo: Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se morrer o irmão de alguém e deixar mulher sem filhos, seu irmão a tome como esposa e suscite descendência a seu irmão. Ora, havia sete irmãos; o primeiro casou e morreu sem deixar descendência; o segundo desposou a viúva e morreu, também sem deixar descendência; e o terceiro, da mesma forma. E, assim, os sete não deixaram descendência. Por fim, depois de todos, morreu também a mulher. Na ressurreição, quando eles ressuscitarem, de qual deles será ela a esposa? Porque os sete a desposaram. Respondeu-lhes Jesus: Não provém o vosso erro de não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus? Pois, quando ressuscitarem de entre os mortos, nem casarão, nem se darão em casamento; porém, serão como os anjos nos céus. Quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido no Livro de Moisés, no trecho referente à sarça, como Deus lhe falou: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus de mortos, e sim de vivos. Laborais em grande erro”.

Os saduceus estavam provando Jesus quanto à ressurreição e à vida eterna, por isso Ele lhes disse que Deus continua sendo (o verbo está no presente: “EU SOU”) o Deus dos antepassados porque quem o tem como Senhor e Salvador tem igualmente a vida eterna. Entretanto, para nós, o que podemos tirar como lição aqui é que, mesmo tendo o casamento um vínculo forte, ele não é permanente; quando um morre, o outro está desobrigado do compromisso e mais do que isso: ninguém é dono da alma nem do espírito de ninguém; todos somos ‘emprestados’ por Deus um ao outro para cumprirmos o Seu projeto soberano na terra. Isso serve para casais emocional e espiritualmente doentes em que um quer ser dono do outro, principalmente exercendo domínio e posse através do sexo.

• 1 Co 7: 39: “A mulher está ligada enquanto vive o marido; contudo, se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, mas somente no Senhor”.

Invocar e conversar com o espírito dos mortos

Antes de falar sobre a ressurreição de Cristo como uma forma de nos mostrar o que também vai acontecer conosco, vamos voltar ao assunto anterior sobre invocar e conversar com o espírito dos mortos:
• Lv 19: 31: “Não vos voltareis para os necromantes [necromancia = adivinhação pela invocação dos espíritos], nem para os adivinhos [falsos profetas; adivinhar = conhecer ou descobrir, por meios sobrenaturais ou artifícios hábeis, o que está em oculto no passado, no presente ou no futuro]; não os procureis para serdes contaminados por eles. Eu sou o Senhor vosso Deus”.
• Lv 20: 6-7: “Quando alguém se virar para os necromantes e feiticeiros, para se prostituir com eles, eu me voltarei contra ele e o eliminarei do meio do seu povo. Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o Senhor, vosso Deus”.
• Lv 20: 27: “O homem ou mulher que sejam necromantes ou sejam feiticeiros serão mortos; serão apedrejados; o seu sangue cairá sobre eles”.
• Is 8: 19: “Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram, acaso, não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos?”
• 1 Sm 28: 1-25 (com enfoque nos versículos 7-8; 11b; 15a; 16a; 18-19): “Então, disse Saul aos seus servos: Apontai-me uma mulher que seja médium, para que me encontre com ela e a consulte. Disseram seus servos: Há uma mulher em En-Dor (significa ‘fonte de habitação’) que é médium. Saul disfarçou-se, vestiu outras roupas e se foi, e com ele, dois homens, e, de noite, chegaram à mulher; e lhe disse: Peço-te que me adivinhes pela necromancia e me faças subir aquele que eu te disser [na bíblia, Deus permitiu essa única experiência a um escolhido Seu com o objetivo de lhe dar um lição de vida]... Faze-me subir a Samuel [foi o profeta que ungiu Saul rei de Israel]... Então, disse Saul: Mui angustiado estou, porque os filisteus guerreiam contra mim, e Deus se desviou de mim e já não me responde... Então, disse Samuel:... Como tu não deste ouvidos à voz do Senhor e não executaste o que ele... ordenou..., por isso, o Senhor te fez, hoje, isto [os filisteus, inimigos de Israel, estavam prontos para atacar e o rei Saul teve medo]. O Senhor entregará também a Israel contigo nas mãos dos filisteus, e, amanhã, tu e teus filhos estareis comigo; e o acampamento de Israel o Senhor entregará nas mãos dos filisteus [Saul e todos os seus filhos foram todos mortos na batalha do monte Gilboa, como profetizou Samuel, com exceção de um, Isbosete, e Abner, seu comandante de tropas]”.

Isso explica a mentira e o engodo em que muitos caem por causa da angústia de não mais poderem falar com um ente querido que se foi e por não conhecerem o verdadeiro consolo de Deus através do Espírito Santo. Procuram maneiras de se comunicar com eles e acham que o ocultismo (espiritismo, necromancia) pode ser o caminho. Aí se complicam mais ainda, pois provocam Deus à ira, como aconteceu com o rei Saul (buscou uma médium, necromante), além de ignorarem que aquele com quem eles conversam não é o espírito da pessoa falecida, e sim um espírito imundo e enganador.

Os serviços religiosos encomendados para os mortos

Assim, as tradições de rezas e todos os tipos de serviços religiosos encomendados para os mortos não têm valor algum nem para quem fica; muito menos para quem foi, pois não podem mais se comunicar com os vivos. Nada mais adianta fazer pela sua alma ou por seu espírito quanto à salvação ou ao seu bem-estar, pois a escolha que fizeram em vida é o que vai valer. Quanto à certeza absoluta do que vai acontecer com eles, só Deus a tem, pois Sua misericórdia e justiça imparcial é que vai lhes dar o veredicto no dia do julgamento. Não há mais nenhuma ligação sequer entre as suas almas e os seus corpos que foram enterrados ou cremados. A carne voltou à terra, o espírito voltou para Deus e a alma, onde estão os sentimentos, os pensamentos e a vontade do ser humano, fica esperando o dia da ressurreição, no céu (se for de Cristo) ou num lugar que só Deus sabe (se a pessoa não for dEle). Os mortos não podem zelar nem interceder por nós, tampouco realizar os milagres que precisamos, pois são carne, não Deus. Por isso, não há problema algum de sentirem qualquer coisa quando seus ossos forem exumados. A única coisa com a qual devemos nos preocupar é a violação de sepulturas com propósitos ilegais.

A ressurreição de Cristo

Vamos falar agora sobre a ressurreição de Cristo como uma forma de nos mostrar o que também vai acontecer conosco quando Ele voltar.

• Lc 24: 45-47: “Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia (Os 6: 2) e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações (Jl 2: 12-13; 28-32), começando de Jerusalém”.
• Jo 21: 1-14: “Depois disto, tornou Jesus a manifestar-se aos discípulos junto do mar de Tiberíades (Mar da Galiléia); e foi assim que ele se manifestou: Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu e mais dois dos seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Disseram-lhe os outros: Também nós vamos contigo. Saíram, e entraram no barco, e, naquela noite, nada apanharam. Mas, ao clarear da madrugada, estava Jesus na praia; todavia, os discípulos não reconheceram que era ele. Perguntou-lhes Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não. Então, lhes disse: Lançai a rede à direita do barco e achareis. Assim fizeram e já não podiam puxar a rede, tão grande era a quantidade de peixes. Aquele discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: É o Senhor! Simão Pedro, ouvindo que era o Senhor, cingiu-se com sua veste, porque se havia despido, e lançou-se ao mar; mas os outros discípulos vieram no barquinho puxando a rede com os peixes; porque não estavam distantes da terra senão quase duzentos côvados (mais ou menos 90 metros). Ao saltarem em terra, viram ali umas brasas e, em cima, peixes; e havia também pão. Disse-lhes Jesus: Trazei alguns dos peixes que acabastes de apanhar. Simão Pedro entrou no barco e arrastou a rede para a terra, cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes; e, não obstante serem tantos, a rede não se rompeu. Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. Nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? Porque sabiam que era o Senhor. Veio Jesus, tomou o pão, e lhes deu, e, de igual modo, o peixe. E já era esta a terceira vez que Jesus se manifestava aos discípulos, depois de ressuscitado dentre os mortos”.

O corpo glorificado de Jesus

Este texto (Jo 21: 4-14) nos remete a uma pergunta que muitos de nós já fizeram que é sobre a aparência de Jesus após Sua ressurreição. No Monte da Transfiguração Jesus mostrou aos Seus discípulos o Seu corpo glorificado. Em outras palavras, eles o viram como está hoje em glória à direita do Pai:

• Lc 9: 28-36: “Cerca de oito dias depois de proferidas estas palavras [a revelação que Pedro teve sobre ser Jesus o Filho de Deus e o Messias], tomando consigo a Pedro, João e Tiago, subiu ao monte [provavelmente o Hermom, ao norte de Israel, perto de Cesaréia de Filipe] com o propósito de orar. E aconteceu que, enquanto ele orava, a aparência do seu rosto se transfigurou e suas vestes resplandeceram de brancura. Eis que dois varões falavam com ele; Moisés e Elias, os quais apareceram em glória e falavam de sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém. Pedro e seus companheiros achavam-se premidos de sono; mas, conservando-se acordados, viram sua glória e os dois varões que com ele estavam. Ao se retirarem estes de Jesus, disse-lhe Pedro: Mestre, bom é estarmos aqui; então, façamos três tendas: uma será tua, outra de Moisés, e outra, de Elias, não sabendo, porém, o que dizia. Enquanto assim falava, veio uma nuvem e os envolveu; e encheram-se de medo ao entrarem na nuvem. E dela veio uma voz, dizendo: Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi. Depois daquela voz, achou-se Jesus sozinho. Eles calaram-se e, naqueles dias, a ninguém contaram coisa alguma do que tinham visto” [em Mc 9: 9 e Mt 17: 9 a bíblia diz que Jesus lhes ordenou a não contarem a ninguém o que tinham visto até que Ele ressuscitasse: “E descendo eles do monte, ordenou-lhes Jesus: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do Homem ressuscite dentre os mortos”].

Dessa forma, podemos pensar que Jesus já estava preparando Seus discípulos para muitas coisas que viriam, não apenas em relação a Ele, mas também a todos os demais que com Ele estavam. Também era uma forma de profetizar o que aconteceria conosco após “dormirmos” (“morrermos”, como conhecemos hoje). Em 1 Co 15: 35-58, Paulo diz que os ressuscitados na segunda vinda de Cristo terão corpo, e está, na verdade, descrevendo o nosso corpo glorificado, com foi o de Jesus no Monte da Transfiguração e como o foi após a Sua ressurreição. Ele enfatiza que o corpo espiritual que teremos é um corpo, pois não se concebe o espírito humano sem um corpo, apenas que será um corpo diferente, com átomos e moléculas “reorganizados”, portanto, outro tipo de matéria. Não fala de um corpo imaterial (o corpo espiritual a que ele se refere, não é o espírito apenas; é a nossa alma salva e purificada que estará ali também). A bíblia fala que Deus é o Espírito (“Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde há o Espírito do Senhor, aí há liberdade” – 2 Co 3: 17) e que os anjos são igualmente espíritos, não têm corpo para habitar; mas em referência ao homem, desde a sua criação, ele sempre esteve ligado a um corpo. Quanto ao corpo glorificado de Jesus após a Sua ressurreição, que estava transformado a ponto de nem Maria Madalena nem os próprios discípulos por várias vezes não o reconhecerem de imediato, era um corpo que atravessava as paredes, entretanto, comia:

• Jo 20: 14-17: “Tendo dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não reconheceu que era Jesus. Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? A quem procura? Ela, supondo ser ele o jardineiro, respondeu: Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, lhe disse: em hebraico: Raboni (que quer dizer Mestre)! Recomendou-lhe Jesus: Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai, mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e nosso Pai, para meu Deus e nosso Deus”.
• Jo 20: 19-23: “Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! E, dizendo isto, lhes mostrou as mãos e o lado. Alegraram-se, portanto, os discípulos, ao verem o Senhor. Disse-lhes, pois, Jesus, outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Se de alguns perdoardes os pecados são-lhes perdoados; se lhos retiverdes serão retidos”.
• Jo 20: 26: “Passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos, e Tomé, com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!”
• Lc 24: 36-43: “Falavam ainda estas coisas [refere-se aos discípulos a caminho de Emaús, que haviam se encontrado com o Senhor] quando Jesus apareceu no meio deles [se materializou lá dentro, não bateu à porta] e lhes disse: Paz seja convosco! Eles, porém, surpresos e atemorizados, acreditavam estarem vendo um espírito. Mas ele lhes disse: Por que estais perturbados? E por que sobem dúvidas ao vosso coração? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, por não acreditarem eles ainda, por causa da alegria, e estando admirados, Jesus lhes disse: Tendes aqui alguma coisa de comer? Então, lhe apresentaram um pedaço de peixe assado e um favo de mel. E ele comeu na presença deles”.

E quanto a nós? O que a bíblia diz? Como ressuscitam os mortos? Como nós ressuscitaremos?

• 1 Co 15: 35-58: “Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? E, em que corpo vêm? Insensato! O que semeias não nasce, se primeiro não morrer [um ramo de trigo não nasce se uma semente não morrer na terra, é o que quer dizer]; e, quando semeias, não semeias o corpo que há de ser, mas o simples grão, como de trigo ou de qualquer outra semente [é preciso semear primeiro o grão ou a semente para se ter o pé ou a árvore inteira]. Mas Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar e a cada uma das sementes, o seu corpo apropriado. Nem toda a carne é a mesma; porém uma é a carne dos homens, outra, a dos animais, outra, a das aves, e outra, a dos peixes. Também há corpos celestiais [anjos, estrelas e planetas] e corpos terrestres [nós e os animais]; e, sem dúvida, uma é a glória dos celestiais, e outra, a dos terrestres. Uma é a glória do sol; outra, a glória da lua, e outra, a das estrelas; porque até entre estrela e estrela há diferença de esplendor. Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção [semeamos aqui, em vida, vivendo num corpo imperfeito e impuro], ressuscita na incorrupção [semeamos nas coisas espirituais para termos um corpo espiritual de glória e esplendor e isso difere de pessoa para pessoa, conforme a sua semeadura na terra]. Semeia-se em desonra [imperfeição humana], ressuscita em glória [perfeição espiritual]. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual... Mas não é primeiro o espiritual, e sim o natural; depois, o espiritual [precisamos semear aqui, enquanto estamos vivos, o que queremos ser no futuro. Se semearmos apenas as coisas materiais e mundanas, não poderemos ser salvos na alma, nem termos um corpo espiritual, pois não pensamos nele na terra, quando tivemos chance]. O primeiro homem, formado da terra [nosso corpo material que foi gerado no ventre materno] é terreno; o segundo homem [nosso espírito gerado do Espírito de Deus no novo nascimento] é do céu... Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção. Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados (Fp 3: 21) seremos todos [ele quer dizer que quando Jesus voltar pela segunda vez, muitos que estarão vivos serão arrebatados num corpo espiritual, glorificado, como aconteceu com Jesus quando Maria Madalena o viu e, por isso, não o reconheceu de imediato; Sua aparência estava diferente], num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta [um anjo tocará uma trombeta convocando os que são de Cristo, por terem Seu selo na testa – Ap 7: 3; 9: 4; 14: 1; 22: 4]. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis [com um corpo limpo de impurezas e diferente do que o que tinham em vida na terra], e nós seremos transformados [arrebatados no nosso novo corpo]. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade [precisamos cuidar da nossa salvação e da nossa santidade aqui para podermos chegar purificados no céu]. E, quando este corpo corruptível se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? [ferrão, incitamento, estímulo] O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei [a Lei é autoridade e governo sobre o pecado, e que traz punição]. Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão”.

Resumindo: os filhos de Deus que se separam das coisas do mundo para Ele e por causa dEle, terão um corpo mais bonito e brilhante quando Jesus voltar, como se fossem anjos, sem as marcas e sujeiras do pecado.


Escada para o céu


“De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6: 40).

Este texto se encontra no livro:


livro evangélico: Lidando com as tradições

Lidando com as tradições (PDF)

Dealing with the traditions (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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