Estudo evangélico sobre a palavra unção, seu significado e alguns comentários práticos. O que significa a unção com óleo? Como e quando devemos usar o óleo ungido?
Evangelical study on the word anointing, its meaning and some practical comments. What is the meaning of anointing with oil? How and when should we use anoiting oil?
A unção é como um escudo que nos cobre por inteiro para que o maligno não tenha poder de nos tocar. A palavra ‘ungido’ e o ato de ungir com óleo (Mashach) no AT referem-se ao costume de ungir com óleo para consagrar e santificar as coisas ou as pessoas: Gn 28: 18; Êx 30: 22-33; 2 Sm 1: 21; Is 21: 5; Jz 9: 8; 2 Sm 2: 4; 1 Rs 1: 34; Êx 28: 41; 1 Rs 19: 16; 2 Rs 9: 1-3; 11-13.
A pessoa ou coisa ungida se tornava santa (Êx 30: 22-33; 1 Sm 24: 6; 10).
A unção era um ato de Deus (1 Sm 10: 1; Sl 89: 20; At 10: 38).
A unção era usada metaforicamente para significar a doação do favor divino (Sl 23: 5; Sl 92: 10; Sl 45: 7) ou a nomeação para uma função especial do propósito de Deus (Sl 105: 15; Is 45: 1; Sl 89: 20; Êx 28: 41).
Além disso, a unção simbolizava capacitação para o serviço e é associada ao derramamento do Espírito de Deus (1 Sm 10: 1; 6; 9; 1 Sm 16: 13; Is 61: 1; Zc 4: 1-14 – a unção de Deus sobre Josué e Zorobabel, o sacerdote e o governador de Judá na época da reconstrução do 2º templo – Ag 2: 21).
Esse emprego é levado até o NT. O uso do azeite para ungir os enfermos (Tg 5: 14) é entendido da mesma maneira, como algo que aponta para o Espírito Santo, o doador da vida. No NT nós podemos ver o uso do óleo ou o ato de ungir em relação a cinco situações:
1) Simbolizando o Espírito Santo trazendo a capacitação divina sobre a alguém (Lc 4: 18; At 10: 38; 2 Co 1: 21; Hb 1: 9; 1 Jo 2: 20; 27).
2) Como um ungüento, usado de forma medicinal para curar feridas (Lc 10: 34 – a parábola do bom Samaritano; Ap 3: 18 – a igreja de Laodicéia).
3) Como um costume de ungir os mortos com perfumes e especiarias (Mc 14: 8 cf. Jo 19: 39-40; Lc 23: 56; Lc 24: 1; Mc 16: 1).
4) Como um sinal de hospitalidade, associado à lavagem dos pés e ao beijo (Lc 7: 46; Jo 11: 2; Jo 12: 3).
5) Para com os enfermos (Mc 6: 13; Tg 5: 14).
Mashach (‘ungir’) dá origem a Mashiach (mâshiyach ou meshiycho, em hebraico; ou meshïhã, em aramaico), que quer dizer ‘ungido’, como eram os reis, juízes, profetas e sacerdotes no AT. Também passou a ser usada para Messias, משיח, o Ungido (grego: Cristo, Christòs, Χριστός), o esperado salvador ou libertador de Israel, um homem descendente do rei Davi que irá reconstruir a nação, trazendo a paz. ‘Ungido’ é encontrado no mínimo dezesseis vezes no Antigo Testamento, sendo usadas as palavras mâshiyach ou meshiycho [Lv 4: 3; Lv 4: 5; Lv 4: 16; Lv 6: 15; 1 Sm 2: 10; 1 Sm 24: 6 e 10; 2 Sm 1: 21; 2 Sm 22: 51; Sl 2: 2; Sl 18: 50; Is 45: 1; Ez 28: 14; Zc 4: 14; Dn 9: 25-26, quando um anjo anuncia ao profeta Daniel que o Messias surgiria e seria morto 62 semanas proféticas após a reedificação de Jerusalém, antes da cidade e do templo serem novamente destruídos (o que aconteceu em 70 DC pelos romanos). No Sl 105: 14-15 e em 1 Cr 16: 22 – “A ninguém permitiu que os oprimisse; antes, por amor deles, repreendeu a reis, dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas” – a expressão ‘meus ungidos’, em hebraico, é usada como equivalente a ‘meus profetas’]. No NT a palavra grega Μεσσίας (Messias) está registrada também apenas duas vezes: em João 1: 41 e João 4: 25. Christòs é o adjetivo, enquanto o verbo é chriõ – ungir.
Vamos dar agora um sentido mais prático para todas as definições acima. Explicando de uma maneira mais simples, ‘unção’ é o poder de Deus, a capacitação divina que vem sobre nós diretamente pelo Espírito Santo quando nos convertemos a Jesus e, principalmente, após o nosso ‘Pentecostes pessoal’, ou seja, após o batismo com o Espírito Santo, onde passamos a falar em outras línguas, recebemos os dons espirituais e a capacitação para exercer o nosso chamado e realizar a vontade de Deus com uma força diferente daquela a que estávamos acostumados a usar através da nossa carne (1 Jo 2: 20). Dessa maneira, o Senhor nos separou para Ele, e através da ação contínua do Seu Espírito em nós, Ele mesmo vai operar em nossa alma a santificação. Quanto mais exercitamos os dons espirituais, mais unção nós recebemos de Deus. Um exemplo é a história do profeta Samuel. A bíblia diz que, de ano em ano, Ana levava a Samuel uma nova túnica. Ele crescia em estatura e sua mãe lhe dava uma túnica apropriada ao seu tamanho. Isso simbolizava a unção que o Senhor derramava sobre sua vida a cada momento, pois ele o servia com fidelidade (1 Sm 2: 18-19; 21; 26).
Como vimos acima, tudo isso é um ato de Deus, não de homens. O que fazemos, usando o óleo ungido sobre uma pessoa, é apenas um símbolo do que o Senhor já está fazendo interiormente nela. Em outras palavras, não é pelas mãos de homens que alguém se torna um pastor ou recebe a capacitação para expulsar demônios. A pessoa vai demonstrando que o Senhor já lhe deu a capacitação para cuidar de Seus filhos na terra, vai manifestando os dons e frutos do Espírito Santo através da sua vida e, então, reconhecida pela igreja por ter essa capacitação divina, ela recebe a unção pública com óleo como um sinal da sua separação para Deus para o chamado de pastor. As essências simbolizam os dons espirituais derramados pelo Espírito Santo sobre a pessoa.
O mesmo ocorre com pessoas que, por um projeto divino aliado à sua experiência espiritual, recebem do Senhor uma capacitação especial e uma autoridade espiritual mais forte para expulsar demônios de outras, ou o ministério de mestre e profeta. O Espírito Santo dá à pessoa dons especiais como o amor, a palavra de conhecimento, a palavra de entendimento e a sabedoria para que ela possa ministrar Sua palavra de ensino (1 Jo 2: 27), na maioria das vezes sem aprender com ninguém, apenas com a sua própria vivência com Deus. Com o profeta não é diferente. Ele recebe uma força especial e uma habilidade diferente de outras pessoas para fazer com que a palavra de Deus venha se manifestando com libertação (‘a unção que quebra todo jugo’ – Is 10: 27), com correção, com incentivo, trazendo à existência as bênçãos de Deus já liberadas no mundo espiritual.
Nós vimos no início do texto que o emprego do óleo no AT foi levado até o NT para ungir os enfermos (Tg 5: 14), restaurando a saúde e a vida. Aqui é interessante ressaltar que, embora sendo um símbolo exterior da unção interior dada por Deus como eu comentei, a unção com óleo não é algo fictício; muito pelo contrário, ela é real, quando o azeite é consagrado em oração e entregue debaixo do controle do Espírito de Deus para agir de acordo com a Sua vontade (O Senhor usa um filho ungido Seu para ser o veículo de poder para o Seu Espírito). Uma das características interessantes é que o óleo ungido carrega a luz divina para manifestar o que estava oculto. Por isso, quando queremos consagrar uma pessoa ou curá-la de alguma enfermidade, precisamos ter o dom de discernimento de espíritos para perceber se há algum espírito maligno oculto nela ou naquela enfermidade. Primeiro se expulsa o demônio, depois se consagra a pessoa, se for este o caso.
Devido a esta força de ação espiritual é que não se deve usar o óleo ungido de maneira indiscriminada, levianamente, para qualquer coisa, mesmo com o intuito de consagrar algo a Deus. O óleo não substitui a verdade da Sua palavra usada com fé para quebrar as barreiras invisíveis, não substitui a santidade do nosso caminhar com o Espírito Santo, não é um amuleto que se usa para nos proteger do mal. A mudança de pensamento e atitude é mais importante para um verdadeiro filho de Deus.
As essências mencionadas na bíblia são apenas símbolos físicos da verdadeira unção derramada sobre nós pelo Espírito Santo, à medida que o nosso crescimento espiritual se processa. Em outras palavras, os perfumes não devem ser vistos como um veículo para se conquistar isso ou aquilo, mas são um símbolo do que devemos pedir ao Senhor como dons espirituais e do que Ele pode fazer fluir das nossas mãos quando desejar nos usar para um determinado propósito. A palavra de Deus é a força soberana.
A priori, a unção com óleo, como foi descrita no NT parece se restringir ao seu uso na cura dos enfermos e como um símbolo externo da unção que Deus mesmo derramou sobre um filho Seu, separando-o para um ministério. Quando não se tem certeza se o Senhor quer o óleo, é melhor não usar.
A palavra Mashiach (mâshiyach ou meshiycho, em hebraico; ou meshïhã, em aramaico) quer dizer ‘ungido’, como eram os reis, juízes, profetas e sacerdotes no AT. Hoje, nós somos ungidos diretamente pelo Espírito de Deus quando nos convertemos a Jesus; e a bíblia diz que Ele nos fez reis e sacerdotes. Isso significa que recebemos o domínio e a autoridade para mover o mundo espiritual e somos colocados numa posição de mediadores entre Deus e os homens, como eram os sacerdotes do AT. Através das nossas orações e das nossas palavras de força, consolo, paz e até de exortação e repreensão, nós podemos restaurar a comunhão entre o Senhor e as pessoas que estavam afastadas dEle pelo seu pecado (Jr 5: 25; Tg 5: 20).
“Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela vos ensinou” (1 Jo 2: 27).
O Senhor quer falar com Seu povo (PDF)
The Lord wants to talk to His people (PDF)
Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti
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