O Salmo 91 não tem autor comprovado (muito provavelmente foi escrito por Davi), e é um dos salmos de proteção para aqueles que verdadeiramente crêem no Senhor e agem sinceramente para com Ele. Vamos estudar versículo por versículo.

Psalm 91 has no proven author (most likely it was written by David), and is one of the psalms of protection for those who truly believe in the Lord and act sincerely towards Him. Let’s study it verse by verse.


Salmo 91 – estudo bíblico


Salmo 91 (ARA)
1 O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente
2 diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio.
3 Pois ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa.
4 Cobrir-te-á com as suas penas, e, sob suas asas, estarás seguro; a sua verdade é pavês e escudo.
5 Não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia,
6 nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade que assola ao meio-dia.
7 Caiam mil ao teu lado, e dez mil, à tua direita; tu não serás atingido.
8 Somente com os teus olhos contemplarás e verás o castigo dos ímpios.
9 Pois disseste: O Senhor é o meu refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada.
10 Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda.
11 Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos.
12 Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra.
13 Pisarás o leão e a áspide, calcarás aos pés o leãozinho e a serpente.
14 Porque a mim se apegou com amor, eu o livrarei; pô-lo-ei a salvo, porque conhece o meu nome.
15 Ele me invocará, e eu lhe responderei; na sua angústia eu estarei com ele, livrá-lo-ei e o glorificarei.
16 Saciá-lo-ei com longevidade e lhe mostrarei a minha salvação.

Vamos estudar versículo por versículo

1 O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente
2 diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio.


Salmo 91:1-2 – explicação


‘O que habita no esconderijo do Altíssimo’ significa que aquele que confia em Deus vive sempre junto a Ele e é coberto pela Sua mão protetora e poderosa, como se fosse uma sombra ou o esconderijo de um lugar seguro, e ali ele encontra descanso. Sombra transmite a idéia de proteção contra o calor excessivo do sol, ou seja, dos perigos naturais. Depois o salmista afirma sua confiança em Deus e escreve que Ele é seu refúgio e baluarte. Baluarte é uma fortaleza inexpugnável, lugar seguro, suporte. Isso sugere também uma proteção contra os perigos humanos, ou seja, o Senhor o protege de seus inimigos carnais; o coloca num lugar onde eles não possam alcançar seu ungido. Davi experimentou este tipo de proteção quando fugia de Saul e até na terra dos filisteus. Eles nunca conseguiam encontrá-lo nem detê-lo.

A partir do versículo 3, ele já passa a descrever Sua proteção sobre coisas invisíveis como o poder das trevas e os próprios juízos divinos:
3 Pois ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa. A NVI escreve: Ele o livrará do laço do caçador e do veneno mortal [também traduzido do original como: ‘da praga mortal’ ou ‘da ameaça da destruição’].


Salmo 91: 3 –  laço de passarinheiro


O laço de passarinheiro é uma arapuca para prender passarinho, e isso significa os perigos que podem acometer os ingênuos e indefesos, aqueles que não vigiam. Você conhece algo tão inocente como um passarinho? Além da arapuca, o salmista relata também a ‘peste perniciosa’, ou seja, além dos laços invisíveis que podem tentar prender um filho de Deus, outras coisas podem acometê-lo, como por exemplo, a peste, i.e, vários tipos de doença. A palavra hebraica para ‘peste’ neste texto (דבר, deber, Strong #1698) pode significar epidemias que acometem seres humanos, o gado ou outros animais ou até as pragas na lavoura, e tem o sentido de destruir. Por isso, o texto original em hebraico pode ser também traduzido por ‘Ele o livrará da praga mortal’ ou ‘Ele o livrará da ameaça da destruição’, que vem de maneira intencional e maldosa. Por isso, Davi diz que quem anda constantemente na presença do Senhor pode se sentir seguro e protegido debaixo da sombra da Sua mão de todos os tipos de inimigos. E também pode ter a certeza de que se por acaso for pego de surpresa por algo assim, o Senhor estará sempre pronto a livrá-lo, pois tudo o que Ele permite, permite por um propósito, que é glorificar o Seu nome. Alguns estudiosos pensam se não foi Moisés quem escreveu este salmo, pois ele presenciou a peste como uma forma de julgamento de Deus contra Seu povo rebelde e viu a obra de Deus no Egito. Entretanto, Davi também experimentou a peste que foi enviada por Deus quando ele levantou o censo sem Sua permissão, e se deparou com o Anjo do Senhor na eira de Araúna.

No próximo versículo ele diz:
4 Cobrir-te-á com as suas penas, e, sob suas asas, estarás seguro; a sua verdade é pavês e escudo [NVI: a fidelidade dele será o seu escudo protetor].

Mais uma vez o salmista compara a proteção do Senhor com as asas de uma ave, como Jesus mesmo disse ao chorar por Jerusalém que gostaria de reunir seus filhos como a galinha ajunta seus pintinhos debaixo das asas, mas eles não quiseram (Mt 23: 37-39; Lc 13: 34-35). Em grego, a palavra ‘asa’ é pterux (‘uma asa’), πτερυς, Strong #G4420, significando: uma asa, ponta de asa, pena de asa. Em hebraico, a palavra usada neste salmo para ‘penas’ é ebrah (אברת), Strong #84, que significa ‘pena, asa, coto de asa, ponta de asa’. E para ‘asas’ (‘sob suas asas, estarás seguro’) a palavra é ‘kanaph’, a mesma usada em Rt 2: 12 (asas), Rt 3: 9 (capa) e 1 Sm 24: 4; 5 (manto). No hebraico, a palavra kanaph (כנפ) tem vários significados como: capa, manto (1 Sm 24: 4; 5 – quando Davi corta a borda do manto de Saul), asa ou asas, alado (pássaro), extremidade (de uma ave ou um braço), borda, canto (da veste ou de uma roupa de cama), camisa, bainha (de roupa) aba, ala, um pináculo, cobertura, proteção. Tem, portanto, a conotação de cobertura, domínio, posse, proteção, como se via nos pedidos de casamento (Rute e Boaz, por exemplo, em Rt 3: 9: “Disse ele: Quem és tu? Ela respondeu: Sou Rute, tua serva; estende a tua capa sobre a tua serva, pois tu és resgatador”). Assim, o salmista procurava refúgio sob o manto protetor do Senhor, sob Suas asas, como as asas de uma ave-mãe protegem seus filhotes (Sl 61: 4; Sl 63: 7).


Salmo 91:4 – explicação


Depois ele diz que a verdade, a fidelidade de Deus, é semelhante a um escudo, tanto o grande quanto o pequeno. Ele diz: “a sua verdade é pavês e escudo [NVI: a fidelidade dele será o seu escudo protetor]”. O pavês (hebraico: çinnâ ou tsinnah, צנה, Strong #6793; em grego, thyreos, de thyras = porta) era o nome dado ao escudo grande; e ‘escudo’ (também chamado de broquel, mâgen) significa o escudo menor. O broquel era um escudo antigo, redondo e pequeno, segurado por uma alça ou usado no antebraço. O pavês dava a entender uma proteção maior como algo em torno da pessoa, ou seja, a proteção do Senhor ao redor dos Seus ungidos. Em outras palavras, ele diz que Deus será pavês para nos proteger na batalha, e um escudo atrás do qual nós podemos nos esconder e nos defender.


Salmo 91: 4 – explicação


5 Não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia,...


Salmo 91: 5 – explicação


A palavra hebraica usada aqui para ‘terror’ é pachad (Strong #6343; פחד), que significa: terror, horror, pavor, um alarme (repentino), um grande medo de algo (como a morte, por exemplo). Aqui, o salmista fala das calamidades que podem acometer as pessoas tanto de dia quanto de noite, mas Deus estará sempre atento aos seus filhos em todo momento.

O terror noturno pode se referir às coisas terríveis que acontecem à noite como a invasão de inimigos, os assassinatos, roubos e assaltos, até fogo e tempestades. E ‘a seta que voa de dia’ pode estar relacionada aos julgamentos de Deus, como a espada, a fome e a peste, chamadas setas ou flechas de Deus – Dt 32: 23-24; 42; Ez 5: 16. Pode também dar continuidade ao tema da guerra (pavês e escudo), ao qual ele fez menção no versículo anterior, ou seja, as armas que nossos inimigos empunham de dia. Se enfocarmos o lado espiritual desse versículo 5, nós podemos dizer que Deus nos dá força e proteção contra as coisas ocultas (‘noite’) que são tramadas contra nós e contra as ameaças claras e patentes (‘dia’). E reforça a idéia de que aqueles que crêem no Senhor não precisam viver temendo absolutamente nada, pois têm a garantia da proteção e do livramento dele quando necessário. Embora muitas vezes o Senhor não nos isente das provas da vida, Ele nos garante a Sua presença conosco nos dando segurança em todas as situações. Ele não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação [NVI: equilíbrio] (2 Tm 1: 7). Também não nos deu o espírito de escravidão para vivermos outra vez atemorizados, mas nos deu um espírito de adoção, baseados no qual clamamos: ‘Aba, Pai’, pois somos Seus filhos (Rm 8: 15; Gl 4: 6-7).

6 nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade que assola ao meio-dia [NVI: nem a peste que se move sorrateira nas trevas, nem a praga que devasta ao meio-dia].
7 Caiam mil ao teu lado, e dez mil, à tua direita; tu não serás atingido.


Salmo 91: 6-7 – explicação


Davi volta a usar as imagens de enfermidade e morte ao falar da peste e da mortandade (v. 6 – ‘nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade que assola ao meio-dia’ – cf. 2 Cr 6: 28: a oração de Salomão). A peste aqui pode se referir a uma doença infecciosa afetando gado ou outros animais; uma epidemia entre as pessoas ou uma praga nas colheitas; algo que transmite a sensação de destruição (deber, דבר, Strong #1698), e que se move sorrateira nas trevas, ou seja, que aparece na obscuridade, secretamente. Naquela época, eles não tinham os conhecimentos científicos de hoje para detectar nem controlar as epidemias que acometiam as pessoas nem as pestes entre os animais nem as pragas da lavoura. E quando ele fala ‘mortandade’ e ‘assolação’ ou ‘devastação’ é lógico que se trata de algo bastante destrutivo. Não se trata apenas de epidemias ou pragas, mas das guerras contra os inimigos, deixando muitos mortos e feridos. Davi lutou em muitas guerras contra os inimigos de Israel, por isso ele diz no versículo 7: “Caiam mil ao teu lado, e dez mil, à tua direita; tu não serás atingido”. Ele tinha a força do Espírito de Deus sobre ele e a aprovação do Senhor, por isso podia falar com segurança que ainda que muitos caíssem em combate ou outras calamidades ao lado dele, tanto à sua direita quanto à sua esquerda, ele não seria atingido; pelo contrário, continuaria de pé para cumprir a missão que tinha recebido de Deus. Sua vitória era certa, tamanha a confiança que ele tinha no Senhor. Quando ainda era um menino e matou Golias, ele se sentiu vitorioso porque reconheceu que o seu feito não procedeu de sua própria força, mas do poder de Deus. Nós temos que enfrentar nossas batalhas pessoais com esta ousadia e essa confiança dentro de nós, de que muitos ao nosso lado podem desistir e cair, mas o Senhor nos leva em frente até conquistarmos a vitória que Ele nos prometeu. Então, ele prossegue dizendo:

8 Somente com os teus olhos contemplarás e verás o castigo dos ímpios.


Salmo 91: 8 – explicação


As pragas que Deus enviou contra os Egípcios pouparam os Israelitas (Êx 9: 26; Êx 10: 23; Êx 11: 7). Isso quer dizer que Deus faz a diferença entre aqueles que O servem e os que não O servem. Ele sempre nos justifica em todas as situações diante daqueles que nos afrontam; mais cedo ou mais tarde, a verdade vem à tona. Quem toca sem razão em filhos de Deus receberá dEle mesmo uma resposta. E Deus não fará Sua justiça apenas no futuro, no Dia do Julgamento dos ímpios e da redenção dos justos, mas faz todos os dias sobre Seus filhos que pedem, choram e clamam diante do Seu trono. Nosso Deus é um Deus presente, um Deus do hoje, um Deus que se dá a conhecer a nós, que nos mostra Seus milagres e maravilhas quando pensamos que tudo está acabado. Pela fé nós podemos ver o destino dos ímpios, pois a bíblia nos fala claramente; por isso, podemos deixar as nossas causas nas mãos de Deus. Como está escrito em Jó 35: 4: “Dar-te-ei resposta, a ti e aos teus amigos contigo”. E em Jó 19: 28-29: “Se disserdes: Como o perseguiremos? E: a causa deste mal se acha nele, temei, pois a espada, porque tais acusações merecem o seu furor, para saberdes que há um juízo”.

9 Pois disseste: O Senhor é o meu refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada.
10 Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda. A NVI escreve: “Se você fizer do Altíssimo o seu abrigo, do Senhor o seu refúgio, nenhum mal o atingirá, desgraça alguma chegará à sua tenda”.


Salmo 91: 9-10 – explicação


Então, ele continua no versículo 9 dizendo que o Senhor é o seu refúgio e que a sua morada segura é nos braços de Deus. Ele habita diariamente em Sua presença. Dessa forma, nenhum mal chegara à sua moradia (‘Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda’). Neste versículo, a palavra ‘praga’, em hebraico, é ‘nega’ (נגע – Strong #5061), que significa ‘marca’, e procede de ‘naga’: um golpe (de maneira figurada), uma mancha (concretamente, uma pessoa leprosa); uma ferida ou marca ou lesão física. Nós podemos dizer que ‘praga’ aqui não se aplica apenas às feridas e lesões físicas, se levarmos em consideração o significado hebraico da palavra, mas também podemos crer que nenhuma palavra destrutiva, nenhuma maldição de sentença (‘praga’) poderá nos atingir, tentando destruir nossa fé em Deus e no Seu poder de livrar e fazer milagres. Por isso, a NVI escreve: “desgraça alguma chegará à sua tenda”. Nenhuma desgraça atingirá nossa vida nem os da nossa casa, enquanto permanecermos obedientes à direção de Deus.

E por isso, Ele prossegue dizendo:
11 Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos.
12 Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra.


Salmo 91: 11-12 – explicação


O Senhor nos dá anjos, cuja incumbência é guardar a nossa vida do mal e evitar que tais pragas nos atinjam. Seus escudos de guerra barram as setas inflamadas do inimigo para que não cheguem a nós. Quantos livramentos Ele já nos deu, e nós ficamos sabendo mais tarde! Nós já recebemos muitos, mesmo sem saber. A palavra ‘pedra’ não apenas diz respeito a pedras naturais, rochas ou a outros obstáculos físicos, mas também a todo tipo de obstáculo à nossa caminhada cristã. A bíblia fala sobre não pôr pedras de tropeço no caminho de um cego (Lv 19: 14), ao mesmo tempo em que Jesus disse que bem-aventurado aquele que não achar nele motivo de tropeço (Lc 7: 23; Mt 11: 6), e para cortar e lançar fora o que faz um homem tropeçar (Mt 18: 8-9). Isso quer dizer tudo o que pode desencaminhar um crente, como por exemplo, os escândalos, as doutrinas não compatíveis com a bíblia, falso ensino, falsa profecia e conselhos de homens, tanto crentes quanto ímpios (Sl 1: 1). Os anjos não só receberam de Deus essa incumbência de guardar Seus filhos (como os arcanjos, por exemplo), mas a nós também foi dada por Ele a capacidade de dar ordens a eles para que quebrem as armas forjadas contra a nossa vida, e essas ordens são a própria Palavra de Deus que usamos a nosso favor quando oramos debaixo da unção do Espírito Santo, pois quando sabemos o que a ela contém, nós também temos a capacidade de julgar o que está em desacordo com ela. Além disso, os anjos guerreiam nas regiões celestiais para quebrar as barreiras das trevas a uma revelação que buscamos de Deus. Daniel foi um exemplo disso.

O salmista prossegue dizendo:
13 Pisarás o leão e a áspide, calcarás aos pés o leãozinho e a serpente [NVI: Você pisará o leão e a cobra; pisoteará o leão forte e a serpente].


Salmo 91: 13 – explicação


O leão e a áspide, o leãozinho e a serpente ilustram todo o mal que possa ameaçar o crente, todas as forças das trevas. O leão é símbolo poder, liderança, além da manifestação de poderes ou influências espirituais sobre os homens. Daniel viu animais, como o leão com asas de águia (Dn 7: 4), por exemplo, o símbolo da Babilônia. João viu o leão como uma das faces dos querubins diante do trono (Ap 4: 7), bem como a besta que emerge do mar, símbolo do anticristo, cuja boca era como a de um leão (Ap 13: 2). Ezequiel também descreveu o leão como uma das faces dos querubins ao redor do trono de Deus (Ez 1: 10); Sansão matou um leão, significando a sua vitória sobre um poder do mal. A serpente, a áspide, a cobra, mencionada em muitos textos bíblicos, em especial os dos profetas também dizem respeito ao poder de Satanás, muitas vezes usando exércitos inimigos na terra. Por exemplo, Isaías (Is 14: 29) descreve os reis assírios com o simbolismo de cobra, áspide e serpente voadora. Já em Is 27: 1, os inimigos são descritos como a ‘serpente veloz’ (Assíria), a ‘serpente sinuosa’ (o Império Babilônico, também situado entre os rios Tigre e Eufrates, rios sinuosos) e o monstro (‘tannin’ ou ‘tanniyn’ ou ‘tanniym’) que está no mar, símbolo do Egito. No livro de Apocalipse, o dragão é descrito como a antiga serpente (Ap 12: 9; Ap 12: 15-17; Ap 13: 2b, 4); e em Gênesis (Gn 3: 15), ao se referir profeticamente a Jesus como vencedor sobre a serpente, Deus disse: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.”

É interessante perceber que neste texto do salmo 91: 13 a palavra traduzida na nossa bíblia por ‘serpente’, na versão original em hebraico e na KJV é ‘dragão’, a mesma palavra escrita em Is 27: 1 (‘tannin’ ou ‘tanniyn’ ou ‘tanniym’, תנין, Strong #8577, significando ‘monstro’, como o monstro marinho muitas vezes descrito no livro de Jó; ou traduzido em Ez 29: 3 como ‘crocodilo’). Tannin significa: um monstro marinho ou terrestre, ou seja, serpente marinha ou chacal; dragão, monstro marinho, serpente, baleia, de qualquer forma, algo que se move deslizando, de maneira ondulante.

O que o salmista quer dizer é que o Pai nos protege totalmente do mal e nos dá também, como Seus herdeiros, o poder de pisar sobre os enviados das trevas e suas más obras. Na cruz, Jesus esmagou a cabeça da serpente, e deixou para nós o poder de pisar sobre sua cauda, podemos dizer assim. Por isso Jesus disse em Lc 10: 18-20, em respeito ao retorno dos setenta: “Mas ele lhes disse: Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago. Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano. Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus”. E João escreveu em 1 Jo 3: 8b: “Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo”. Assim, o Senhor nos protege do mal totalmente, não importa como o perigo que se mostra. Na ousadia e força do Seu Espírito e da Sua palavra, vencemos aquilo que é maior do que nós.

14 Porque a mim se apegou com amor, eu o livrarei; pô-lo-ei a salvo, porque conhece o meu nome [NVI: Porque ele me ama, eu o resgatarei; eu o protegerei, pois conhece o meu nome].


Salmo 91: 14 – explicação


Na KJV, ‘Porque a mim se apegou com amor’ está escrito: ‘Ele colocou seu amor sobre mim’, mas a palavra hebraica ‘amor’ neste salmo não procede do verbo usado para ‘amar’ (Ahavá ou ahvá, האהב = amor). Neste texto a palavra usada é chashaq, חשק, Strong #2836, que significa ‘deleite, se deleitar’, que tem origem numa raiz primitiva que significa: apegar-se, ou seja, unir-se, (figurativamente) amar; deleitar-se ou se entregar; ter um prazer, ter um desejo, ansiar por, começar a amar. Assim, a expressão, ‘Porque a mim se apegou com amor’ transmite mais a idéia de ter por perto, abraçar apertado com amor, com afeição (Dt 7: 7; Dt 10: 15) ou se deleitar em alguém. Seguindo: ‘eu o livrarei; pô-lo-ei a salvo’ ou ‘eu o resgatarei; eu o protegerei’, na KJV é traduzida como ‘eu o estabelecerei no alto’; e a palavra hebraica usada para ‘no alto’ ou ‘a salvo’ ou ‘eu o protegerei’ é sagab, שגב, Strong #7682, que significa ‘exaltado’. Procede de uma raiz primitiva que quer dizer: ser ou tornar elevado ou inacessível; por implicação, seguro, forte (literal e figurativamente); defender, exaltar, ser excelente, ser colocado no alto, em posição elevada, estar seguro, estabelecer no alto, ser forte demais. A outra expressão ‘porque conhece o meu nome’ dá a idéia de um relacionamento íntimo e experiente com Deus (Jo 1: 18, onde ‘viu a Deus’ significa ‘compreendeu Sua plenitude’).

Então, podemos entender o versículo da seguinte forma: porque o salmista de deleita em Deus e quer ficar perto dele e porque O conhece mais profundamente, Ele o livrará de todo o mal, o protegerá e o exaltará, o colocará em posição de honra. Em outras palavras, ele é favorito do próprio Deus e por isso, recebe Seu consolo. Mais do que isso, conhecerá o que é a salvação.

15 Ele me invocará, e eu lhe responderei; na sua angústia eu estarei com ele, livrá-lo-ei e o glorificarei [NVI: Ele clamará a mim, e eu lhe darei resposta, e na adversidade estarei com ele; vou livrá-lo e cobri-lo de honra].


Salmo 91: 15 – explicação


Como conseqüência dessa relação de afeição e fidelidade, Deus lhe dá a certeza de quando Seu filho O invocar, Ele lhe responderá, estará com ele nos momentos de angústia para livrá-lo dela e, mais do que isso, vai glorificá-lo, colocá-lo em posição de honra. É interessante notar aqui a onisciência de Deus e a individualidade com que Ele trata de cada filho, conhecendo cada um deles pelo nome e distinguindo a voz de cada um deles, a ponto de olhar para cada um em particular quando eles lhes pedem algo ou quando gritam por socorro. Mesmo no meio de uma multidão, alguém que é Seu íntimo conhecido é visto e ouvido por esse Deus e tratado de uma maneira particular, como se estivessem a sós, conversando numa sala. E é importante perceber também que quando o Senhor tira um filho de um problema é sempre para honrá-lo diante daqueles que achavam que aquilo não tinha jeito. O Senhor não apenas livra Seus filhos da angústia; Ele igualmente traz uma solução para ela.

16 Saciá-lo-ei com longevidade e lhe mostrarei a minha salvação.


Salmo 91: 16 – explicação


Este último versículo complementa a promessa de Deus feita ao salmista no versículo anterior. A abundância de dias é uma promessa de Deus, pelo menos no que diz respeito à salvação, ou seja, a vida eterna. Na Antiguidade, a longevidade era vista como um sinal da bênção de Deus sobre uma pessoa: Êx 20: 12; Dt 5: 16; Jó 5: 26; Jó 42: 16-17; Pv 10: 27; 1 Cr 29: 28 (Davi); Gn 47: 28 (Jacó); Gn 35: 28-29 (Isaque); Gn 25: 7-8 (Abraão); Gn 9: 28-29 (Noé).

Deus diz que lhe mostrará a Sua salvação. E a palavra usada aqui em hebraico para ‘salvação’ é yeshu`âh, ישועה, Strong #3444, assim como Jesus (Yeshua – ישוע) é comumente chamado. A palavra yshuw`ah (ou yeshu`âh) significa ‘algo salvo’, isto é, ‘libertação’, portanto, ajuda, vitória, prosperidade, salvamento, saúde, socorro, salvar, proteger, guardar, preservar (saúde), bem-estar. Dessa forma, a salvação já era uma promessa de Deus para o Seu povo através do Messias, e permanece hoje disponível para todo aquele que crê em Jesus e entrega sua vida para Ele como seu único Senhor. Permanece a idéia de que todo aquele que crê no Senhor e habita debaixo de Suas asas, no seu esconderijo, pode desfrutar de todas as bênçãos que este nome (Jesus, Yeshua) traz junto consigo: ajuda, vitória, prosperidade, salvamento, saúde, socorro, salvação, proteção, guarda e bem-estar.

Este texto se encontra no anexo:

Salmo 91

Salmo 91 (PDF)

Psalm 91 (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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