Introdução do estudo sobre o livro do profeta Isaías, seu período profético, a divisão do seu livro, o conteúdo e o alvo de suas profecias e os eventos históricos da época em que ele viveu. Isaías profetizou em Judá (740–681 AC).
Introduction to the study of the book of the prophet Isaiah, his prophetic period, the division of his book, the content and target of his prophecies and the historical events of the time he lived. Isaiah prophesied in Judah (740–681 BC).
Podemos dividir o livro de Isaías em três partes: do capítulo 1º ao 39º; do capítulo 40º ao 55º, e do capítulo 56º ao 66º.
Isaías (hebr. Yesha‘yãhii, YHWH é salvação) era filho de Amoz (’ãmôç = forte, firme). Seu ministério foi em Judá (740–681 AC). Ele nasceu por volta de 765 AC, e seu chamado aconteceu quando ele tinha 25 anos de idade. Vivia em Jerusalém (Is 7: 1-3; Is 37: 2) e era de sangue real. Em 722 AC houve o exílio de Israel e em 586 AC, o exílio de Judá. Durante seu ministério quatro reis de Judá reinaram: Uzias (ou Azarias; 781-740 AC – desde 791 AC em co-regência com Amazias), Jotão (740-732 AC – desde 748 AC em co-regência com Uzias), Acaz (732-716 AC) e Ezequias (716-687 AC – desde 729 AC em co-regência com Acaz). Era casado e sua esposa era chamada de “a profetisa” (Is 8: 3), provavelmente porque ela, igualmente, profetizava. Tinha dois filhos com nomes simbólicos (Is 8: 18): “Um-Resto-Volverá” (shearjashub – Is 7: 3), em relação ao remanescente do povo de Deus que se voltaria de coração para Ele e “Rápido-Despojo-Presa-Segura” ou “Rápido para o saque, pronto para o despojo” (Is 8: 1-4 – Maher-Shalal-Hash-Baz, por causa da invasão dos assírios sobre a Síria e sobre Samaria).
Seu livro foi escrito por volta de 700-681 AC e menciona a religiosidade, a cegueira espiritual e a hipocrisia do povo (Is 30: 10). Critica a posição dupla do povo de Israel diante de Deus (em especial de Jerusalém, pois foi profeta do sul), sua acomodação e falta de amor verdadeiro ao Senhor. Isaías trabalhou para dar ao povo a clareza dessa hipocrisia na esperança de mudarem de atitude. Isaías é o primeiro dos profetas maiores e o primeiro profeta a falar sobre a vinda do Messias. Por meio dele e de sua profecia, Deus mostrou ao povo Seus dois lados: misericórdia e juízo, justiça e perdão, exílio e salvação. Em Is 30: 20-21, ele menciona a restauração da nação após o exílio. Além de profetizar sobre as questões religiosas, ele também se levantou contra as injustiças sociais. Segundo a tradição, Isaías foi serrado ao meio durante o reinado de Manassés, filho de Ezequias.
Os pecados de Judá e Israel são descritos pelo profeta: o culto religioso hipócrita, tentando mascarar as injustiças do dia a dia; afastamento de Deus, que os transformou numa nação com índole corrupta, cheia de iniqüidade, orgulho, altivez, blasfêmia, incredulidade, irreverência, idolatria, rebeldia, homicídios, ganância, cobiça, extorsão e injustiça social. Não havia respeito mútuo, a justiça era negada aos necessitados e os reis eram fracos na liderança. Os israelitas eram feiticeiros, agoureiros, necromantes e adoravam os falsos deuses de Canaã e de outras terras. Deus trazia palavras de juízo por causa do pecado. A punição do reino do norte (Israel) seria a destruição e o cativeiro pelas mãos dos assírios, servindo de lição para Judá. Apesar das promessas de graça e de misericórdia aos arrependidos e a preservação de um remanescente santo, o povo continuava nas mesmas práticas. Assim, Tiglate-Pileser III conquistou três regiões de Israel entre 734-732 AC: Zebulom, Naftali e Galiléia. Damasco foi capturada em 732 AC; seu filho Salmaneser V sitiou Samaria por três anos, enquanto seu sucessor Sargom II a capturou em 722 AC, levando os cativos para a Assíria. Acaz, rei de Judá, passou a pagar tributo para o rei assírio. Durante seu reinado ocorreram alguns dos maiores atos de idolatria já cometidos em Judá. Mesmo que hoje, após a vinda de Jesus, nossos inimigos sejam espirituais, Deus continua o mesmo: um Deus justo e capaz de punir todo tipo de pecado, injustiça e rebeldia no ser humano.
A primeira parte da profecia de Isaías (capítulos 1-39) transmite mensagens de punição e juízo para os pecados de Israel, Judá e das nações vizinhas, e trata de alguns eventos históricos ocorridos durante o reinado de Acaz e Ezequias. As profecias de Isaías nem sempre são estabelecidas numa ordem cronológica. O seu chamamento foi colocado no capítulo 6 depois de outras profecias.
Do 40º ao 55º capítulo de Isaías, o profeta fala com o povo que está no exílio na Babilônia, dando-lhes a esperança da libertação, além de profetizar sobre o Messias (prefigurado em Davi, Ciro e, muitas vezes em Isaías, e chamado de ‘Servo’) e Sua missão salvadora na pessoa do ‘Servo’ do Senhor.
Israel está no exílio da Babilônia, e o exílio já tinha durado muito. O povo pensava que o Senhor tinha se esquecido deles e alguns deles chegaram a considerar que o lugar onde estavam exilados era sua própria pátria. O profeta prometia que Deus estava prestes a libertá-los, e os exortava a confiar nesta promessa. O Santo de Israel era o único capaz de prestar auxílio. Por isso, a confiança em outros deuses era vã. Ciro era um instrumento em Suas mãos para realização de Seus propósitos e, por amor ao Seu próprio nome e reputação, Israel seria liberto (Is 48: 1-11). A Babilônia seria derrubada por Ciro; os exilados judeus seriam reunidos de todas as terras por onde foram dispersos, e voltariam a Canaã. Deus repreende as nações, em especial, a Babilônia por causa da sua hostilidade contra Israel, e também por causa da sua idolatria. O curso de todos os acontecimentos mundiais leva a um único alvo, que é fazer com que Israel e todas as outras nações da terra se prostrem diante do único e verdadeiro Deus (Is 45: 23).
Uma coisa que chama muito a atenção nesta segunda parte das profecias do livro de Isaías (capítulo 40–55) é o chamado de Ciro como um instrumento de Deus para libertar Seu povo do cativeiro babilônico. Ciro foi obediente à voz do Deus de Israel no seu interior, até mais de que os próprios judeus, e realizou o Seu projeto, pois o Senhor achou nele um coração propício para executar Sua justiça. Deus chamou um gentio e o revestiu de autoridade para realizar essa missão, mas não interferiu em sua vida particular, por assim dizer, permitindo que ele exercesse seu livre-arbítrio e escolhesse seu próprio caminho espiritual. Em outras palavras, Ciro não se tornou um judeu, mas respeitou as outras religiões, como todos os governantes da sua dinastia, não tendo ele mesmo uma religião específica, segundo os historiadores. Parecia, apenas, apreciar a doutrina de Zoroastro (em grego antigo: Zoroastres, Zōroastrēs Ζωροάστρης e em ortografia grega posterior: Ζωροάστρις Zōroastris), nome grego de Zaratustra (em persa moderno: Zartosht), um profeta e poeta nascido na Pérsia (atual Irã) no século VII AC, e que fundou o Zoroastrismo, a primeira religião monoteísta da Antiguidade depois do Judaísmo, adotada oficialmente pelos Aquemênidas (558-330 AC). O significado do seu nome, em Persa (Zaratustra), é obscuro; mas em Grego, Zoroastres significa ‘contemplador de astros’. Segundo o Zoroastrismo, Ahura Mazda (‘Espírito sábio’) era o Deus da Luz, do Bem, o Deus do princípio, que criou todas as coisas, e Arimã, o deus das trevas.
A partir do capítulo 49 pode-se dizer que há uma mudança na unção que Deus derrama sobre o profeta. Até aqui Ele chamou Israel de servo e testemunha da Sua palavra entre os homens, até mesmo entre os gentios, para ser uma luz na terra. Mas com o rumo das circunstâncias, a atitude de Deus também passou a ser outra, colocando em ação o Seu plano de Salvação de uma maneira mais forte, mais rápida, mais eficaz e definitiva. Então, Ele passa a falar claramente sobre o Messias como a personificação desse Servo que vai realizar toda a Sua vontade, ou seja, o povo começa a ter notícia de uma nova profecia de Deus e, mais do que uma profecia apenas, uma atitude concreta, mostrando a eles qual deve ser a verdadeira postura de um servo (Is 49: 1-6; Is 50: 4-9; Is 52: 13 – 53: 12). É inegável a relação disso com Jesus e com o Seu ministério, pois em várias passagens do Evangelho Ele mesmo se coloca como servo e menciona as profecias de Isaías para mostrar que Sua vinda já fora profetizada setecentos anos antes: Mc 10: 42-45; Lc 22: 25-30; Lc 22: 37 cf. Is 53: 12. A era do Messias pode ser comparada à criação de novos céus e nova terra.
Na Babilônia os judeus sentiram a opressão da idolatria daquela terra, e tentaram se adaptar a uma nova forma de vida e de compromisso com seu Deus. Eles tentaram reviver as tradições da sua terra natal da melhor forma possível. O sacerdócio começou a ser reavivado de uma nova forma agora: os sacerdotes se dedicaram à escrita, interpretando os eventos históricos sob a ótica sacerdotal, preservando os rolos judaicos e acrescentando outros escritos (a literatura sacerdotal). Os sacerdotes procuraram unir o povo em torno da palavra de Deus. Os babilônios permitiram que os exilados judeus formassem famílias, construíssem suas casas, cultivassem pomares (Jr 29: 5-7) e pudessem consultar os seus próprios chefes e anciãos (Ez 20: 1-44); dessa forma, eles aprenderam a viver em comunidade. Além da agricultura, alguns judeus se dedicaram ao comércio, a fim de terem sua sobrevivência. A instituição da sinagoga foi importante para encontros de oração, leitura e ensinamento da Torá, cântico dos Salmos e comentários dos escritos dos profetas. Entre esse grupo de sacerdotes estava o profeta Ezequiel, que exerceu uma grande influência sobre os exilados. Depois de algum tempo, devido às condições de tolerância e até bem-estar em que os exilados passaram a viver, muitos se acostumaram naquela terra e não quiseram retornar a Jerusalém, mesmo com a permissão de Ciro.
A partir do 56º capítulo a profecia não é apenas endereçada aos exilados que retornaram, mas parece que volta a ser dirigida ao povo que ainda está em Israel praticando idolatria e em pecado de rebeldia, ao mesmo tempo em que fala mais intensamente sobre o reino Messiânico por vir.
A profecia passa a revelar o caráter de Deus, como o único Deus Vivo, que é temível em Sua ira (Is 59: 16 e segs.; Is 63: 1-6), porém inclina-se em bondade e misericórdia para com Seu povo, restaurando-lhes o consolo e deliciando-se na glorificação de Sião (Is 60: 10; Is 61: 1 e segs.; Is 61: 8; 19; Is 66: 2; 13). Os gentios que se voltarem para Ele compartilharão da Sua salvação (Is 60: 3). Ainda faz alusão à idolatria dos judeus e à vinda do Messias em Seu papel de Redentor de Israel. A Sua vinda é como uma nova criação (‘novos céus e nova terra’ – Is 65: 17), preparando a alma do povo para uma nova dispensação que virá para a humanidade.
Em Is 56: 9-12 a profecia está sendo entregue aos judeus ainda no tempo dos assírios, antes do cativeiro da Babilônia, e mostra o que aconteceria com eles caso negligenciassem a advertência profética vinda de Deus. A incredulidade tomava conta do povo, dos profetas, dos sacerdotes e dos reis. A crescente idolatria os afastava dEle.
Em Is 57: 14-19; Is 59: 9-15 e Is 65: 1-7; 11-12, o tema ‘idolatria’ se repete, e a profecia parece ser dirigida ao povo que ainda está em Israel, antes do cativeiro na Babilônia, pois não poderiam subir aos altos para prestar culto idólatra, nem oferecer sacrifícios debaixo de terebintos ou carvalhos estando em cativeiro em terra estranha. Por isso, presume-se que todas essas práticas estavam sendo realizadas em Israel mesmo.
Em Is 66: 1-5, a profecia parece ser endereçada aos judeus pós-exílio desde o período da construção do segundo templo até os judeus do período da vinda de Cristo, quando o medo de cair novamente na idolatria e, conseqüentemente, sofrer com a ira de Deus, os levou, em especial os sacerdotes e os mestres da Lei (como já havia no tempo de Jesus), ao outro pólo: a religiosidade, onde as minúcias da Lei eram observadas (Mt 23: 23-24) e onde o templo físico era mais valorizado do que o seu templo interior.
O livro do profeta Isaías vol. 1
O livro do profeta Isaías vol. 2
O livro do profeta Isaías vol. 3
The book of prophet Isaiah vol. 1
The book of prophet Isaiah vol. 2
The book of prophet Isaiah vol. 3
Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)
Prophet, the messenger of God (PDF)
Table about the prophets (PDF)
Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti
PIX: relacionamentosearaagape@gmail.com