Isaías 50: Israel é comparado a uma esposa que foi repudiada (‘Sião’). Deus é o marido e os judeus são os filhos que estão no cativeiro. O Monte Sião é o nome de uma colina de Jerusalém (a Cidade de Davi).

Isaiah 50: Israel is compared to a wife who has been repudiated (‘Zion’). God is the husband and the Jews are the children who are in captivity. Mount Zion is the name of a hill in Jerusalem (the City of David).


Isaías capítulo 50




Capítulo 50

O pecado de Israel e seu abandono por não acreditar na capacidade de Deus salvá-los – v.1-3.
• Is 50: 1-3: “Assim diz o Senhor: Onde está a carta de divórcio de vossa mãe, pela qual eu a repudiei? Ou quem é o meu credor, a quem eu vos tenha vendido? Eis que por causa das vossas iniqüidades é que fostes vendidos, e por causa das vossas transgressões vossa mãe foi repudiada. Por que razão, quando eu vim, ninguém apareceu? Quando chamei, ninguém respondeu? Acaso, se encolheu tanto a minha mão, que já não pode remir ou já não há força em mim para livrar? [NVI: ‘Será que meu braço era curto demais para resgatá-los? Será que me falta a força para redimi-los’?] Eis que pela minha repreensão faço secar o mar e torno os rios um deserto, até que cheirem mal os seus peixes; pois, não havendo água, morrem de sede. Eu visto os céus de negridão e lhes ponho pano de saco por sua coberta [NVI: ‘Visto de trevas os céus e faço da veste de lamento a sua coberta’]”.

Aqui, o Senhor toma a terra de Israel (‘Sião’) como o exemplo de uma esposa que foi repudiada. Ele é o marido, e os judeus são os filhos que estão agora no cativeiro. Quando Ele fala ‘a vossa mãe’, Ele está se referindo a Sião. ‘Sião’ significa ‘lugar seco’, ‘banhado de sol’, ou ‘cume’. O Monte Sião é o nome de uma das colinas de Jerusalém e que pela definição bíblica é a Cidade de Davi, e mais tarde se tornou sinônimo da Terra de Israel. Sião (em hebraico ציון – Tzion ou Tsion; em árabe, Ṣuhyūn) era o nome dado especificamente à fortaleza Jebusita que ficava na colina a sudeste de Jerusalém, chamada de Monte Sião, e que foi conquistada por Davi. Após sua morte, o termo Sião passou a se referir ao monte onde se encontrava o Templo de Salomão, e depois, ao próprio templo e aos seus terrenos. Depois disso ainda, a palavra ‘Sião’ foi usada para simbolizar Jerusalém e a terra de Israel.


Monte Sião
Monte Sião


Na Antiguidade, quando um homem visse na sua esposa algo que o desagradasse, ou mais especificamente, se desconfiasse da sua fidelidade conjugal, ele lhe dava um termo de divórcio e a repudiava (Dt 24: 1). E também, quando um homem pobre não tinha dinheiro para pagar seu credor, ele era forçado a vender os filhos como escravos (Ne 5: 5).

Por isso, Deus se dirige aos Seus filhos no cativeiro e diz que Ele não havia repudiado a terra de Israel (‘Sua mãe’) nem seus filhos. Mas eles foram vendidos ao inimigo pelo seu próprio pecado. Mesmo que eles murmurassem e colocassem a culpa do seu infortúnio no Senhor, Ele ainda tinha capacidade para salvá-los.

‘Quando eu vim’ significa ‘primeiro por meus profetas’, pedindo que eles deixassem seus pecados e evitassem sua própria ruína. Por fim, enviou Seu Filho, mas Seu próprio povo não O recebeu (Jo 1: 9-11). Para silenciar as reclamações, Ele lhes dá as provas do Seu poder: “Eis que pela minha repreensão faço secar o mar e torno os rios um deserto, até que cheirem mal os seus peixes; pois, não havendo água, morrem de sede. Eu visto os céus de negridão e lhes ponho pano de saco por sua coberta [NVI: ‘Visto de trevas os céus e faço da veste de lamento a sua coberta’]”. É como Ele dissesse a eles, lembrando-os dos milagres do tempo do Êxodo: “Eu não posso ajudá-los como ajudei seus antepassados, quando eu separei o Mar Vermelho para eles atravessarem a seco e contaminei as águas do rio Nilo com sangue, matando os peixes de sede?”

‘Faço secar o mar e torno os rios um deserto’ também pode significar figuradamente um período de silêncio da Sua parte, ou uma manifestação do Seu descontentamento; um período de provação e secura no relacionamento do Seu povo com Ele. Ele não poderia fazer isso para discipliná-los?

‘Eu visto os céus de negridão e lhes ponho pano de saco por sua coberta’ pode se referir também ao tempo de escravidão no Egito, quando Ele trouxe trevas por três dias sobre aquela terra (Êx 10: 21), ou um período de angústia como resultado do Seu descontentamento, quando parece que Deus se retira e os céus se fecham.

Mas, já que estamos falando sobre Jesus como a figura do Servo que foi rejeitado pelos judeus quando veio em carne, podemos ver que o descontentamento de Deus Pai por causa da morte do Seu Filho na cruz trouxe algumas manifestações que causaram espanto nos soldados romanos que estavam perto da cruz, e creram que Aquele era realmente o Filho de Deus: “Desde a hora sexta até à hora nona, houve trevas sobre toda a terra... Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas; abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos, que dormiam, ressuscitaram; e, saindo dos sepulcros depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos. O centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto e tudo o que se passava, ficaram possuídos de grande temor e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus” (Mt 27: 45; 51-54).

A obediência do Servo; Deus está presente com ele – v. 4-9.
• Is 50: 4-9: “O Senhor Deus me deu língua de eruditos [NVI: ‘uma língua instruída’], para que eu saiba dizer boa palavra ao cansado. Ele me desperta todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que eu ouça como os eruditos [NVI: ‘Ele me acorda manhã após manhã, desperta meu ouvido para escutar como alguém que está sendo ensinado’]. O Senhor Deus me abriu os ouvidos, e eu não fui rebelde, não me retraí [NVI: ‘eu não me afastei’]. Ofereci as costas aos que me feriam e as faces, aos que me arrancavam os cabelos [NVI: ‘que arrancavam minha barba’]; não escondi o rosto aos que me afrontavam e me cuspiam. Porque o Senhor Deus me ajudou, pelo que não me senti envergonhado [NVI: ‘Porque o Senhor, o Soberano, me ajuda, não serei constrangido’]; por isso, fiz o meu rosto como um seixo [NVI: ‘Por isso eu me opus firme como uma dura rocha’] e sei que não serei envergonhado. Perto está o que me justifica [NVI: ‘Aquele que defende o meu nome está perto’]; quem contenderá comigo? Apresentemo-nos juntamente; quem é o meu adversário? Chegue-se para mim. Eis que o Senhor Deus me ajuda; quem há que me condene? Eis que todos eles, como um vestido [NVI: ‘como uma roupa’], serão consumidos; a traça os comerá”.

Como no capítulo 49 (Is 49: 1-7), Isaías pronuncia estas palavras em nome de Cristo. Deus Pai tinha dado a Ele o dom da palavra (Jo 7: 14-18; Mt 7: 29) para poder ensinar, ministrar aos doentes e necessitados, abrir os olhos aos cegos para o entendimento das verdades espirituais, para expulsar demônio com essa palavra de autoridade, e até para argumentar de maneira sábia com os mestres da Lei, em especial os escribas, que procuravam apanhá-lO em algum deslize para condená-lO pelo que saía da Sua própria boca.

‘Manhã após manhã, desperta meu ouvido para escutar como alguém que está sendo ensinado’ – isso significa que Ele estava diariamente atento aos ensinamentos que Seu Pai Lhe dava, pois com a assistência do Espírito Santo Ele desempenharia Seu dever com mais cuidado, mais afinco, superando os ensinamentos e as doutrinas hipócritas de Fariseus, Saduceus e Escribas, a fim de que os que estavam sedentos da verdade pudessem ser saciados. A palavra de conhecimento, entendimento e sabedoria Lhe tinha sido dada para que Ele soubesse dizer boa palavra ao cansado; cansado do pecado, das injustiças, da mesmice da vida, da palavra morta e hipócrita que brotavam da boca dos religiosos e que não resolvia seus problemas; cansado do trabalho pesado sem recompensa, cansado da opressão, cansado de buscar no próprio Deus e em outros deuses a solução para os problemas da sua existência; cansado da falta de resposta às suas súplicas e que só trazia desgosto e decepção. Jesus veio para trazer a libertação desse tipo de cansaço e outros que porventura não foram citados aqui.

Depois, Jesus, o Servo, diz que Deus tinha aberto Seus ouvidos para a Sua vontade eterna: para Ele ser o Redentor da humanidade. Então Ele diz que não se afastou do Seu chamado, não foi rebelde, apesar de saber de todo o sofrimento que passaria. Paulo repete algo parecido em At 26: 19, quando se defende diante do rei Agripa: “Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial”. A ‘visão celestial’ se refere à missão de Paulo de pregar o evangelho aos gentios, que ele recebeu quando se encontrou com Jesus a caminho de Damasco e ficou cego por causa da luz; e depois, quando Ananias reafirmou o chamado e ele voltou a enxergar.

Os próximos versículos de Isaías descrevem as injúrias e as aflições de Jesus até chegar à cruz: “Ofereci as costas aos que me feriam e as faces, aos que me arrancavam os cabelos [NVI: ‘minha barba’]; não escondi o rosto aos que me afrontavam e me cuspiam”. No Sl 129: 3-4 há também uma referência aos açoites: “Sobre o meu dorso lavraram os aradores; nele abriram longos sulcos. Mas o Senhor é justo; cortou as cordas dos ímpios”.

Da mesma forma que Jesus, nós não voltamos atrás no nosso chamado. Em face de qualquer dificuldade que ele traga no nosso caminhar, nós seguimos em frente porque sabemos que ao nosso lado está quem nos justifica, e que não há quem possa acusar um filho de Deus que segue Seus passos e realiza o Seu querer com fidelidade: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica” (Rm 8: 33). Jesus suportou os que O feriram porque sabia que não estava só; o Pai estava ali (“E aquele que me enviou está comigo; não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada” – Jo 8: 29), e era o Pai quem O justificava. Com a ajuda de Deus, quem O poderia envergonhar ou condenar? Ele sabia qual seria o futuro deles: “Porque o Senhor Deus me ajudou, pelo que não me senti envergonhado; por isso, fiz o meu rosto como um seixo [NVI: ‘me opus firme como uma dura rocha’] e sei que não serei envergonhado. Perto está o que me justifica; quem contenderá comigo? Apresentemo-nos juntamente; quem é o meu adversário? Chegue-se para mim. Eis que o Senhor Deus me ajuda; quem há que me condene? Eis que todos eles, como um vestido, serão consumidos; a traça os comerá” (Is 50: 7-9).

Uma exortação para não confiar em nós mesmos, mas em Deus – v. 10-11.
• Is 50: 10-11: “Quem há entre vós que tema ao Senhor e que ouça a voz do seu Servo? Aquele que andou em trevas, sem nenhuma luz, confie em o nome do Senhor e se firme sobre o seu Deus. Eia! Todos vós, que acendeis fogo e vos armais de setas incendiárias, andai entre as labaredas do vosso fogo e entre as setas que acendestes [NVI: ‘Mas agora, todos vocês que acendem fogo e fornecem a si mesmos tochas acesas, vão, andem na luz de seus fogos e das tochas que vocês acenderam’]; de mim é que vos sobrevirá isto, e em tormentas vos deitareis [NVI: ‘Vejam o que receberão da minha mão: vocês se deitarão atormentados’]”.

Aqui o profeta volta a falar em nome de Jesus, do Servo obediente, que também conheceu o que é trevas no momento do abandono de Seu Pai na cruz. Ele diz aos que estão em trevas, aos que não conseguem enxergar a verdade ou que não querem vê-la, para confiar em Deus, ao invés de confiar em si mesmos. Não adianta buscar o falso conforto de quem arranja soluções por seus próprios meios ou recursos. Era como acender uma tocha, que ilumina apenas o ambiente físico onde ela se encontra, mas não consegue iluminar os pensamentos nem o espírito. Quem busca o consolo por si mesmo, recusando a luz que Deus oferece permanecerá em tristeza e tormento porque não consegue ter esperança no seu futuro. Era o que estava acontecendo com o povo cativo na Babilônia. Eles já haviam se cansado do seu Deus, se sentiam abandonados por Ele, mas na verdade eles é que se afastaram dEle por recusarem a ouvir a voz profética; por isso não tinham sequer a esperança de serem libertos outra vez.


• Principal fonte de pesquisa: Douglas, J.D., O novo dicionário da bíblia, 2ª ed. 1995, Ed. Vida Nova.
• Fonte de pesquisa para algumas imagens: wikipedia.org e crystalinks.com

Este texto se encontra no 2º volume do livro:


livro evangélico: O livro do profeta Isaías

O livro do profeta Isaías vol. 1 (PDF)

O livro do profeta Isaías vol. 2

O livro do profeta Isaías vol. 3

The book of prophet Isaiah vol. 1 (PDF)

The book of prophet Isaiah vol. 2

The book of prophet Isaiah vol. 3

Sugestão de leitura:


livro evangélico: Profeta, o mensageiro de Deus

Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)

Prophet, the messenger of God (PDF)

Sugestão para download:


tabela de profetas AT

Tabela dos profetas (PDF)

Table about the prophets (PDF)


Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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