Isaías 43: o Senhor vai livrá-los do jugo da Babilônia. Haverá provas a serem vencidas (‘águas, rios, fogo’), mas Ele sempre estará com eles. O que é o batismo de fogo que a bíblia menciona?

Isaiah 43: the Lord will free them from the yoke of Babylon. There will be trials to be overcome (‘waters, rivers, fire’), but He will always be with them. What is the baptism of fire that the bible mentions?


Isaías capítulo 43




Capítulo 43

Só Deus resgata Israel – v. 1-13.
• Is 43: 1-13: “Mas agora, assim diz o Senhor, que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi [NVI: ‘Eu o resgatarei’]; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque eu sou o Senhor, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; dei o Egito por teu resgate e a Etiópia e Sebá, por ti [NVI: ‘dou o Egito como resgate para livrá-lo, a Etiópia e Sebá em troca de você’]. Visto que foste precioso aos meus olhos, digno de honra, e eu te amei, darei homens por ti e os povos, pela tua vida [NVI: ‘Visto que você é precioso e honrado à minha vista, e porque eu o amo, darei homens em seu lugar, e nações em troca de sua vida’]. Não temas, pois, porque sou contigo; trarei a tua descendência desde o Oriente e a ajuntarei desde o Ocidente. Direi ao Norte: entrega! E ao Sul: não retenhas! Trazei meus filhos de longe e minhas filhas, das extremidades da terra, a todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória, e que formei, e fiz. Traze o povo que, ainda que tem olhos, é cego e surdo, ainda que tem ouvidos. Todas as nações, congreguem-se; e, povos, reúnam-se; quem dentre eles pode anunciar isto e fazer-nos ouvir as predições antigas? Apresentem as suas testemunhas e por elas se justifiquem, para que se ouça e se diga: Verdade é! Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, o meu servo a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que sou eu mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá. Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador. Eu anunciei salvação, realizei-a e a fiz ouvir; deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor; eu sou Deus. Ainda antes que houvesse dia, eu era; e nenhum há que possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá? [NVI: ‘Agindo eu, quem o pode desfazer?’]”.

• Is 43: 1: “Mas agora, assim diz o Senhor, que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi [NVI: ‘Eu o resgatarei’]; chamei-te pelo teu nome, tu és meu”.

O Senhor começa falando para eles não terem medo, pois Ele mesmo os resgatará das mãos do inimigo como fez anteriormente no tempo de Moisés, livrando Seu povo do Egito. ‘Chamei-te pelo teu nome’ é uma expressão que significa ‘chamar alguém para uma missão importante’, ‘para um propósito diferente’, e isso significa que Deus tem uma intimidade maior com essa pessoa, conhece o seu nome e a chama a realizar algo importante, que tem valor para Ele. Apesar de toda a infidelidade de Israel, o Senhor nunca o abandonou, e ainda lhe diz que o conhece pelo nome, pois foi Ele mesmo que o criou. Agora, Ele tem um trabalho importante para que eles façam, e que é mostrar a Sua glória diante dos povos, levar adiante a Sua palavra. O resgate está chegando para eles.

• Is 43: 2: “Quando passares pelas águas (NVI: ‘Quando você atravessar as águas’), eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti”.

“Quando passares pelas águas (NVI: ‘Quando você atravessar as águas’), eu serei contigo”.

Isso tem um paralelismo com o que aconteceu no passado e nos lembra a travessia pelo Mar Vermelho, assim como Noé sobreviveu à catástrofe do dilúvio porque estava dentro da arca, debaixo da proteção de Deus. Espiritualmente falando as águas simbolizaram, tanto para Noé quanto para os hebreus guiados por Moisés, uma grande dificuldade para se separar do mundo, das coisas velhas e encarar o novo, ou seja, ter um novo começo, viver uma nova vida com Deus. Noé e sua família passaram incólumes pelo juízo, e o próprio modo do julgamento contra o pecado daquela geração, paradoxalmente, garantiu seu livramento. Os Hebreus tiveram que passar pelo juízo de Deus sobre o Egito para que vissem do que o Senhor os estava livrando. O tempo de permanência naquela nação durante as dez pragas foi um tempo de preparo para eles, para poderem entender o que Deus queria deles dali para frente. Haveria uma troca de senhores: os hebreus deixariam de servir Faraó e passariam a servir a Deus.

Como nós sabemos, a própria bíblia nos diz que a experiência de Noé pode ser comparada ao batismo nas águas, onde através do arrependimento há uma separação do mundo e um renascimento com Deus (1 Pe 3: 20-21; 1 Co 10: 1-4).

É o que Deus estava falando através de Isaías para aquele povo cativo. As águas seriam o exílio na Babilônia (A bíblia diz que Babilônia habita sobre muitas águas – Jr 51: 13), onde eles passariam pelo julgamento de Deus pelo seu pecado de idolatria, rebeldia, incredulidade e falta de fidelidade a Ele. Da mesma forma, as águas simbolizam um período de grande aflição onde o Senhor age no nosso espírito e na nossa vida julgando o pecado com o intuito de fazer uma separação, isto é, deixar as coisas ruins do passado e se lavar para receber o novo que vem de maneira limpa, santa e pura das Suas mãos para nós.

“Quando, pelos rios (NVI: ‘Quando você atravessar os rios’), eles não te submergirão” – significa novamente um paralelo com o que aconteceu na travessia do rio Jordão. O povo já estava purificado pelo sofrimento que tinha experimentado no deserto. Entretanto, eles precisavam mudar sua maneira de pensar para poderem tomar posse da Terra Prometida. Ao invés de enxergarem a si mesmos como coitados e escravos impotentes, agora teriam que atravessar mais uma prova, mais um desafio, pois o Jordão significa um divisor de águas, uma separação, a separação da mente de Deus da mente do homem, onde a carne, mais uma vez, se entrega a Deus para dar lugar ao Espírito. Em Isaías, os rios seriam para aquele povo uma nova prova de Deus; uma prova para quem voltasse do exílio, pois precisariam deixar de lado a mente de escravo e pensar com a mente de um homem livre que tem a capacidade de reconstruir sua própria vida e tomar posse de sua pátria novamente. Os rios também poderiam simbolizar as provações que eles ainda teriam que passar nas mãos dos persas e dos gregos e de todas as situações do Período Intertestamentário para firmar sua fé Nele e adquirirem não apenas um senso de patriotismo, de unidade entre eles como uma nação, mas também uma prova para serem preparados para a doutrina do Messias. Ele traria ao mundo a maneira de pensar de Deus, não a dos homens.

“Quando passares pelo fogo (NVI: ‘Quando você andar através do fogo’), não te queimarás, nem a chama arderá em ti”. O fogo implica uma prova maior da parte de Deus com o intuito de santificação, purificação, aperfeiçoamento, como ocorre com o ouro ou a prata no processo de refinação limpando o metal de toda a escória. Em Mt 3: 11 João Batista dizia: “Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo”. O batismo de fogo é um batismo de santificação, que coloca o crente em provas mais duras para limpar suas vestes e aumentar sua unção, capacitando-o para vitórias maiores e para poder exercer a autoridade de Deus na terra com mais força. Outras vezes na bíblia esse batismo pode estar se referindo ao juízo de Deus. Pensando evolutivamente, a era do Messias traria um novo desafio para quem se posicionasse do lado de Deus, até mesmo dentro da nação Israelita. Após a morte e a ressurreição de Jesus um novo tempo teve início para a humanidade, a começar pelo ‘fogo’ do Império Romano, que fez dos seguidores do Mestre os mártires da verdade. Também o Cristianismo teve início como uma grande fortaleza, surgindo para mostrar o caminho da luz e o poder do reino de Deus aos que andavam em trevas.

Para os judeus do tempo de Isaías, o fogo poderia ser o símbolo da violência dos caldeus. Nabucodonosor, por exemplo, queimou Jerusalém quando a invadiu; Sadraque, Mesaque e Abede-Nego foram lançados para dentro da fornalha de fogo como um ato de arbitrariedade da parte de Nabucodonosor por eles terem se recusado a adorar sua estátua de ouro. Mas Deus os livrou da morte. Na Babilônia, alguns judeus passariam por provas mais duras, mas o Senhor estaria com eles para livrá-los e para fazê-los prosperar naquela terra, apesar de tudo. A bíblia diz que Zedequias viu seus filhos serem mortos por Nabucodonosor em Ribla, quando a terra de Judá foi invadida, e ele mesmo teve seus olhos vazados e morreu como escravo na Babilônia, segundo a profecia de Jeremias. Entretanto, Joaquim foi liberto do cárcere pelo filho de Nabucodonosor e recebeu uma honra especial entre os cativos (Jr 52: 32-34). Jeremias também escreveu que os babilônios permitiram aos exilados judeus que formassem famílias, construíssem casas, plantassem pomares (Jr 29: 5-7) e consultassem seus próprios líderes e anciãos (Ez 20: 1-44); por isso, muitos deles preferiram ficar na Babilônia após a liberação de Ciro, pois tinham uma vida construída lá. Daniel escapou da cova dos leões e teve uma honra especial diante dos governantes babilônicos e persas; Sadraque, Mesaque e Abede-Nego também. Assim, a profecia de Isaías mostra que apesar dos perigos e do tratamento de Deus com eles, Seu livramento estaria presente também.

Resumindo esse versículo de Isaías (Is 43: 2): o povo recebia de Deus a confirmação de haveria provas a serem vencidas, mas Ele sempre estaria com eles.

• Is 43: 3: “Porque eu sou o Senhor, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; dei o Egito por teu resgate e a Etiópia e Sebá, por ti [NVI: ‘dou o Egito como resgate para livrá-lo, a Etiópia e Sebá em troca de você’]”.

Apenas o Santo de Israel era capaz de prestar auxílio ao Seu povo. Assim como Ele havia entregado o Egito à destruição por causa do mal causado aos judeus no passado, da mesma forma Ele estava disposto a entregar essas nações (o Egito, a Etiópia e Sebá) ao domínio do inimigo para que o Seu povo fosse salvo. Note que na versão ARA, o tempo verbal está no passado perfeito. Na NVI, o tempo verbal está no presente. É como se Ele pudesse fazer uma ‘barganha’ com os babilônios: “Você me entrega o meu povo e eu lhe dou em troca três nações, tudo bem?”

Podemos nos lembrar que Deus livrou Jerusalém das mãos de Senaqueribe (701 AC), quando destruiu seu exército e o fez voltar para Nínive. Sabe-se que depois desta campanha contra Ezequias, ele passou o resto de seu reinado em campanhas militares contra rebeldes no seu império, e morreu em 681 AC pelas mãos de seus dois filhos, Adrameleque e Sarezer. Seu herdeiro, Esar-Hadom (681-669 AC) empregou suas forças contra o Egito (que reconquistou por breve tempo – 669 AC), Etiópia (em Hebraico, Cuxe) e Seba (Sebá – Strong #5434, em hebraico, Cba’iy ou Cba’). Seba se refere a um filho de Cuxe (Gn 10: 6-7) que se estabeleceu ao sudoeste da Etiópia. Os sabeus e os etíopes eram aliados.


Descendentes de Cam e Sem


Esar-Hadom estabeleceu Assurbanipal formalmente como príncipe herdeiro da Assíria, e Samas-sum-ukin como príncipe herdeiro da Babilônia. No início do seu reinado, Assurbanipal (669-627 AC) guerreou contra o Egito e capturou Tebas (‘Nô’ – Naum 3: 8) no ano de 661 AC (Naum 3: 8-10). No seu reinado a Assíria adquiriu a maior extensão territorial, embora em 663 AC tenha começado a mostrar sinais de fraqueza, e tenha sido atacada pelos Medos nesta época (eles a atacaram novamente em 625 AC). Por volta de 652 AC Samas-sum-ukin, irmão de Assurbanipal, se revoltou com o apoio de Elão, por isso Assurbanipal marchou para saquear Susã em 639 AC, e daí por diante, se tornou uma província Assíria. Com o desvio da atenção de Assurbanipal para o leste e livres das incursões do exército Assírio para apoiar seus oficiais e coletores de impostos locais, as cidades-estados do ocidente gradualmente foram se libertando da Assíria. Assurbanipal (669-627 AC), no final do seu reinado, passou o império para as mãos de seu filho Sinsariscum (628-612 AC). Nínive finalmente caiu nas mãos dos caldeus em 612 AC.

Faraó Psamético I (664-610 AC – 26ª dinastia egípcia) se rebelou contra Assurbanipal e libertou a nação egípcia. Iniciou o período de renascimento econômico, social e cultural para o Egito. Ele mesmo estabeleceu a capital em Saís (atual Sa el-Hagar, no oeste do Delta), ao invés de Tebas. Assurbanipal (669-627 AC), no final do seu reinado, com a Assíria já em fase de decadência (por volta de 633 AC), passou o império para as mãos de seu filho Sinsariscum (628-612 AC), pois Nabopolassar (626-605 AC), rei da Babilônia e pai de Nabucodonosor, já se levantava na região da Mesopotâmia. Nínive havia sido atacada em 633 AC pelos Medos. Estes se aliaram aos Babilônios e a atacaram novamente em 625 AC; ela finalmente caiu nas mãos dos caldeus em 612 AC. O Egito, portanto, não chegou a invadir a Palestina. Enquanto Psamético I reinava no Egito, Josias era rei de Judá (640-609 AC).

Psamético I morreu em 610 AC, e seu filho Neco II (ou Wehemib-re), começou a reinar no Egito (610-595 AC). Assistiu ao fim do Império Assírio e à ascensão do Império Neo-Babilônico sob Nabopolassar (626-605 AC). Neco II tentou deter o avanço da Babilônia, aliando-se aos Assírios, mas em Israel ele foi detido por Josias em Megido, cidade no centro norte de Israel (2 Rs 23: 29; 2 Cr 35: 20-22). Em 609 AC, ele derrotou Josias na batalha de Megido e o matou. A batalha decisiva de Neco II contra Nabucodonosor (filho de Nabopolassar) ocorreu em 605 AC, em Carquemis, no norte da Síria. Nabucodonosor derrotou Neco II e os egípcios em Carquemis e Hamate (Jr 46: 2). Neste tempo ele conquistou toda a região de Hati, quando Jeoaquim estava no seu 4º ano de reinado. Ele também tomou o trono em 06 de setembro de 605 AC após a morte do pai. Assim, com a derrota de Neco II, a Babilônia conquistou tudo que pertencia ao rei do Egito (sob Psamético II, filho de Neco II – 595-589 AC), entre o Rio Nilo e o rio Eufrates (2 Rs 24: 7). Hati ficava na Anatólia central, perto da atual Ancara, Turquia. Na Antiguidade, Ancara era conhecida como Ancira e Angorá, por causa da lã de angorá. Angorá pode se referir a certa raça de gatos, cabras ou coelhos, notáveis por seu pêlo comprido e fino. A lã natural era feita com o pêlo de qualquer desses animais. Em sua extensão máxima, a cerca de 1300 AC, o império Hitita compreendia a Anatólia, Líbano e Síria. Os hititas ou heteus são descritos na bíblia como uma das sete nações cananitas, que eram filhos de Canaã, filho de Cam, filho de Noé (Gn 10: 6; 15-18). Hete, um dos filhos de Canaã, gerou os hititas ou heteus, os chamados ‘filhos de Hete’. Eles são mencionados como vivendo em Canaã ou nas suas proximidades desde os tempos de Abraão (2000-1500 AC) até o tempo de Esdras, depois do cativeiro babilônico (450 AC). No tempo de Josué, os hititas ou heteus são citados como habitando ao sul de Canaã perto de Hebrom (Manre – Gn 23: 19), o que, provavelmente, se refere a um grupo de hititas que migrou para lá, uma vez que o império Hitita esteve sempre ao norte como está a Turquia, e nunca abrangeu o sul da Ásia ou da Palestina.

Deus livrou o povo judeu no passado e o livraria novamente das mãos do rei da Babilônia.


Médio Império Assírio

Mapa acima: Oriente Médio no século XIII AC (Período Assírio Médio ou Médio Império Assírio – 1392-934 AC), mostrando o território central da Assíria com as suas duas principais cidades, Assur e Nínive, localizado entre Babilônia e o Império Hitita. Com a ascensão de Adadenirari II (912-891 AC), filho de Assuradã II (939-912 AC), teve início o Período Neo-Assírio (912-608 AC).

Is 43: 4: “Visto que foste precioso aos meus olhos, digno de honra, e eu te amei, darei homens por ti e os povos, pela tua vida [NVI: ‘Visto que você é precioso e honrado à minha vista, e porque eu o amo, darei homens em seu lugar, e nações em troca de sua vida’]”.

Deus nos escolhe como escolheu a Israel; não somos nós que o escolhemos (Jo 15: 16), por isso, a quem Ele escolhe Ele sela como Sua propriedade exclusiva e, portanto, defende. Ele sempre defendeu e sempre vai defender o justo e julgar o perverso. Nosso Deus é Deus de justiça, embora muitas vezes não compreendamos a Sua maneira de julgar. Por isso, Ele estava dizendo ao Seu povo que, por causa do Seu amor por eles e por causa da Sua aliança imutável, Ele faria uma troca. Pela vida e pela liberdade deles, Ele desistiria de outros povos que não tinham e não queriam ter aliança nem comprometimento com Ele. Esse fato, por si só, já testificava contra eles.

• Is 43: 5-7: “Não temas, pois, porque sou contigo; trarei a tua descendência desde o Oriente e a ajuntarei desde o Ocidente. Direi ao Norte: entrega! E ao Sul: não retenhas! Trazei meus filhos de longe e minhas filhas, das extremidades da terra, a todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória, e que formei, e fiz”.

O Senhor continuava a dizer para os filhos de Israel não temerem, pois eles seriam libertados. Todos os exilados viriam do norte e do sul, do oriente e do ocidente, porque Ele daria ordem às nações nos quatro cantos da terra. Ele os libertaria e os traria de volta à sua terra. Ele acrescenta que esse povo carregava o Seu nome; eles tinham sido criados para mostrar a Sua glória, ou seja, para serem testemunhas da Sua majestade e dignidade, pois Ele não era um Deus qualquer. Através do testemunho deles Ele seria honrado e glorificado.

• Is 43: 8: “Traze o povo que, ainda que tem olhos, é cego e surdo, ainda que tem ouvidos”.

O Senhor dá uma ordem a Israel, como um todo, para conclamarem os gentios também, ainda que não entendessem nada e fossem teimosos e surdos às Suas palavras e cegos aos milagres que já tinham sido feitos em prol do povo escolhido. Não só os gentios eram cegos e surdos espiritualmente. Israel também já tinha ouvido isso da boca de Isaías: Is 29: 9-16; Is 42: 18-20 (a cegueira da nação e dos sacerdotes) cf. Jr 5: 21. Tanto judeus quanto gentios não conheciam o Senhor. Entretanto, esse chamado extrapola o tempo em que eles estavam vivendo. O chamado de Deus para se trazer os cegos e os surdos para que tivessem o entendimento aberto para a Sua verdade se refere também ao tempo do Messias, isto é, o chamado estava sendo feito para muitas pessoas em várias gerações que se seguiriam até a vinda do Messias, quando a profecia se cumpriria (ver Mt 11: 3-6: “És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho. E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço”).

• Is 43: 9: “Todas as nações, congreguem-se; e, povos, reúnam-se; quem dentre eles pode anunciar isto e fazer-nos ouvir as predições antigas? Apresentem as suas testemunhas e por elas se justifiquem, para que se ouça e se diga: Verdade é!”

O profeta volta a falar o que já havia falado anteriormente. Deus novamente estava fazendo um desafio aos idólatras para que se reunissem e defendessem seus ídolos. Eles seriam capazes de libertar Israel? (cf. Is 41: 1; 21-24; 28-29). Os adivinhos, os astrólogos e os sábios de várias nações poderiam prever os acontecimentos atuais ou futuros ou mesmo explicar as predições antigas? Ele os desafia a chamar suas testemunhas. Que elas confirmem o que Ele está dizendo; que digam que Suas palavras são verdadeiras; sim, que os judeus foram libertados do cativeiro porque Deus assim o quis.

• Is 43: 10-13: “Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, o meu servo a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que sou eu mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá. Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador. Eu anunciei salvação, realizei-a e a fiz ouvir; deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor; eu sou Deus. Ainda antes que houvesse dia, eu era; e nenhum há que possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá? [NVI: ‘Agindo eu, quem o pode desfazer?’]”.

Deus volta a falar com Seu próprio povo, confirmando que eles são Suas testemunhas; eles podem confirmar que Ele é o Deus verdadeiro, e que tudo o que Ele disse que aconteceria aconteceu. Nenhuma palavra profética deixou de ser cumprida. Israel volta a ser chamado de servo (Is 41: 8), ou seja, Deus os lembra que como servos eles Lhe devem obediência; mais do que isso, que a aliança feita com Ele desde tempos antigos continua de pé. Eles eram Seus mensageiros (Is 42: 19) entre as nações. Quando Sua palavra se cumprir, eles saberão, crerão e entenderão que Deus é sempre o mesmo e que não há outro; e só Nele está a salvação que eles precisam, agora e sempre (At 4: 12). Jesus é a maior prova disso.

‘Ainda antes que houvesse dia, eu era; e nenhum há que possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá? [NVI: ‘Agindo eu, quem o pode desfazer?’]’ – isso diz respeito à Sua eternidade e à Sua autoridade sobre a alma de todo homem.

Ninguém o criou nem o fez nascer (Jo 1: 1-4). Da mesma forma, ninguém acabará com Ele para que Ele deixe de existir. Quando Ele decide agir, quem pode impedi-lo ou desfazer o que Ele já fez? (cf. Jó 23: 13-14). Quem pode dizer não a Ele? Quem pode dizer não ao que Ele fez ou vai fazer? (Ec 8: 4).

‘Agindo eu, quem o impedirá? (quem o pode desfazer?)’ – em hebraico, os verbos usados são:
‘Agir’: hebraico: pa`al – Strong 6466 – fazer, praticar, cometer (o mal), malfeitor, ordenar, trabalhar, trabalhador.
‘Quem o impedirá?’ – Shuwb (impedir) – Strong #7725: voltar atrás, retroceder, reverter, retornar, dizer não, retirar.

Libertação do jugo da Babilônia – v. 14-21.
• Is 43: 14-21: “Assim diz o Senhor, o que vos redime, o Santo de Israel: Por amor de vós, enviarei inimigos contra a Babilônia e a todos os de lá farei embarcar como fugitivos, isto é, os caldeus, nos navios com os quais se vangloriavam [NVI: ‘farei todos os babilônios descerem como fugitivos nos navios de que se orgulhavam’]. Eu sou o Senhor, o vosso Santo, o Criador de Israel, o vosso Rei. Assim diz o Senhor, o que outrora preparou um caminho no mar e nas águas impetuosas, uma vereda; o que fez sair o carro e o cavalo, o exército e a força [NVI: ‘o exército e seus reforços’] – jazem juntamente lá e jamais se levantarão; estão extintos, apagados como uma torcida [NVI: ‘apagados como um pavio’]. Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas [NVI: ‘Esqueçam o que se foi; não vivam no passado’]. Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz [NVI: ‘Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo!’]; porventura, não o percebeis? Eis que porei um caminho no deserto e rios, no ermo. Os animais do campo me glorificarão, os chacais e os filhotes de avestruzes [NVI: ‘as corujas’]; porque porei águas no deserto e rios, no ermo, para dar de beber ao meu povo, ao meu escolhido, ao povo que formei para mim, para celebrar o meu louvor”.

Vamos comentar por partes:
• Is 43: 14-15: “Assim diz o Senhor, o que vos redime, o Santo de Israel: Por amor de vós, enviarei inimigos contra a Babilônia e a todos os de lá farei embarcar como fugitivos, isto é, os caldeus, nos navios com os quais se vangloriavam [NVI: ‘farei todos os babilônios descerem como fugitivos nos navios de que se orgulhavam’]. Eu sou o Senhor, o vosso Santo, o Criador de Israel, o vosso Rei”.

O Senhor confirma a queda de Babilônia pelas mãos dos persas (Ciro, apesar de seu nome não estar escrito aqui), além de reafirmar a Israel que Ele é o seu Deus, e o único que pode prestar auxílio. A redenção do Seu povo estava nos Seus planos eternos, e Ele faria com que os caldeus buscassem uma fuga através dos seus navios que patrulhavam as abundantes águas do Eufrates. Mas Ciro e Dario, o Medo, tinham desviado as águas do rio para poderem entrar na cidade e saqueá-la. Assim, nem mesmo os navios seriam de ajuda para os caldeus naquela hora. Dario, o Medo, era seu tio por parte de mãe, e Ciro o deixou como seu governante na Babilônia.
‘Eu sou o Senhor, o vosso Santo, o Criador de Israel, o vosso Rei’ confirma o senhorio do Senhor sobre Seu povo, além de deixar claro, mais uma vez, que foi Ele quem os criou.

• Is 43: 16-17: “Assim diz o Senhor, o que outrora preparou um caminho no mar e nas águas impetuosas, uma vereda; o que fez sair o carro e o cavalo, o exército e a força [NVI: ‘o exército e seus reforços’] – jazem juntamente lá e jamais se levantarão; estão extintos, apagados como uma torcida [NVI: ‘apagados como um pavio’]”.

Este trecho se refere à libertação do Egito, quando soldados, cavalos e carros de Faraó foram engolidos pelas águas do Mar Vermelho, e morreram todos (Êx 14: 26-31). Deus fala ao Seu povo que eles ficaram ali e nunca mais se levantaram para persegui-los. Eles são como o pavio apagado de uma vela, que não vai mais se acender. Isso quer dizer que ainda que eles ainda se lembrassem desse episódio como a única memória boa que tinham de Deus e de Seus livramentos, isso agora era passado. Estava extinto.

• Is 43: 18-21: “Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas [NVI: ‘Esqueçam o que se foi; não vivam no passado’]. Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz [NVI: ‘Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo!’]; porventura, não o percebeis? Eis que porei um caminho no deserto e rios, no ermo. Os animais do campo me glorificarão, os chacais e os filhotes de avestruzes [NVI: ‘as corujas’]; porque porei águas no deserto e rios, no ermo, para dar de beber ao meu povo, ao meu escolhido, ao povo que formei para mim, para celebrar o meu louvor”.

O livramento de Israel do Egito ficaria registrado na História e na memória dos Israelitas como uma coisa passada. Agora, o Senhor tinha algo novo para eles. Será que eles não conseguiam ver? Ele tinha grandes promessas de bênçãos para o futuro, novos milagres para que esse povo pudesse se alegrar; afinal, eles foram criados para Deus, para celebrar o Seu louvor. Sua libertação da Babilônia seria mais gloriosa do que a libertação do Egito. A lembrança de escassez, de esterilidade e destruição daria lugar a uma visão de vida e fertilidade, à água de consolo e à força, vindas do trono de Deus para o espírito abatido e cansado daquelas pessoas. Até os animais já acostumados a viver em lugares áridos e desabitados sentiriam algo diferente porque beberiam água e poderiam contemplar uma terra mais fértil, pois o Senhor seria favorável para com ela. Ele traria chuva, faria nascer a plantação e conseqüentemente, haveria alimento e água para todos, tanto homens quanto animais. Até os animais perceberiam que Deus se tornava favorável para com Seu povo de novo e derramava Suas bênçãos; isso sem falar da água espiritual que Ele derramaria nos seus corações, reavivando a fidelidade deles e a sede pela Sua palavra.

A misericórdia do Senhor e a infidelidade de Israel – v. 22-28.
• Is 43: 22-28: “Contudo, não me tens invocado, ó Jacó, e de mim te cansaste, ó Israel [NVI: ‘você tenha ficado exausto por minha causa, ó Israel’]. Não me trouxeste o gado miúdo [NVI: ‘ovelhas’] dos teus holocaustos, nem me honraste com os teus sacrifícios; não te dei trabalho [NVI: ‘Não o sobrecarreguei’] com ofertas de manjares, nem te cansei com incenso. Não me compraste por dinheiro cana aromática, nem com a gordura dos teus sacrifícios me satisfizeste, mas me deste trabalho com os teus pecados e me cansaste com as tuas iniqüidades [NVI: ‘ofensas’]. Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro. Desperta-me a memória; entremos juntos em juízo; apresenta as tuas razões, para que possas justificar-te [NVI: ‘vamos discutir a sua causa. Apresente o argumento para provar sua inocência’]. Teu primeiro pai pecou, e os teus guias prevaricaram contra mim [NVI: ‘seus porta-vozes se rebelaram contra mim’]. Pelo que profanarei os príncipes do santuário [NVI: ‘os líderes do templo’]; e entregarei Jacó à destruição e Israel, ao opróbrio [NVI: ‘zombaria’]”.

Vamos analisar os primeiros versículos:
• Is 43: 22-24: “Contudo, não me tens invocado, ó Jacó, e de mim te cansaste, ó Israel [NVI: ‘você tenha ficado exausto por minha causa, ó Israel’]. Não me trouxeste o gado miúdo [NVI: ‘ovelhas’] dos teus holocaustos, nem me honraste com os teus sacrifícios; não te dei trabalho [NVI: ‘Não o sobrecarreguei’] com ofertas de manjares, nem te cansei com incenso. Não me compraste por dinheiro cana aromática, nem com a gordura dos teus sacrifícios me satisfizeste, mas me deste trabalho com os teus pecados e me cansaste com as tuas iniqüidades [NVI: ‘ofensas’]”.

Como se trata de uma profecia, ou seja, de algo que ainda não aconteceu (como o exílio na Babilônia, por exemplo), pressupõe-se que neste trecho houve uma mudança temporal. Vamos explicar melhor: Isaías estava vivo quando escreveu esta profecia; muito provavelmente no final da sua vida, talvez já no reinado de Manassés, filho de Ezequias. Como dissemos em alguns capítulos anteriores, no reinado de Manassés houve um retrocesso religioso, pois ele tomou um caminho contrário à vontade de Deus e destruiu todo benefício que tinha sido conquistado pela reforma religiosa do seu pai, Ezequias. A partir o capítulo 40 de Isaías, as profecias são dirigidas a um povo que já está cativo na Babilônia, portanto, foram escritas quase um século antes do evento da queda de Jerusalém. Mas, se colocarmos uma cronologia nesta atual profecia, especialmente sobre este trecho acima (Is 43: 22-24), podemos notar que o profeta Isaías ainda estava vivo, o jugo assírio ainda pesava sobre a Palestina e sobre a maioria das nações do oriente ao seu redor; e todos estavam sendo advertidos por Deus por causa da crescente idolatria que os afastava Dele. É uma razão para se pensar que esta parte da profecia não dizia respeito ao povo cativo na Babilônia, pois em terra estrangeira e idólatra eles não poderiam fazer a adoração a Deus como sempre tinham feito, com os sacrifícios nas horas e dias determinados por Ele. Na verdade, Isaías pode estar falando para o povo da sua época que insistia em não ouvi-lo ou, no máximo, estava deixando a profecia para um futuro mais próximo da história de Israel, onde os reis e o povo já haviam se dobrado completamente aos ídolos (como aconteceu no período profético de Jeremias, quase sessenta anos depois dessas palavras).

Por que estou dizendo isso?
Porque nos versículos 27-28 está escrito: “Teu primeiro pai pecou, e os teus guias prevaricaram contra mim [NVI: ‘seus porta-vozes se rebelaram contra mim’]. Pelo que profanarei os príncipes do santuário [NVI: ‘envergonharei os líderes do templo’]; e entregarei Jacó à destruição e Israel, ao opróbrio [NVI: ‘à zombaria’]”.

Isso significa que, por causa do que eles estavam fazendo hoje, o Senhor, num futuro próximo, entregaria tanto sacerdotes principais (‘líderes do templo’) como os demais sacerdotes levitas (‘seus porta-vozes’) e o povo de Israel à vergonha do exílio. O verbo está no futuro. Se Ele iria entregá-los à zombaria e à destruição é porque, teoricamente, eles ainda não haviam sido exilados.

Assim, podemos concluir que Isaías repete aqui (Is 43: 22-24) uma advertência que já havia feito antes sobre largar a idolatria e voltar a adorar a Deus com o coração, com a devoção de antes. E o mais interessante é que no capítulo 1 do livro de Isaías a queixa de Deus era a mesma que a de agora: “De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? – diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais cevados e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecer perante mim, quem vos requereu o só pisardes os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e também as Festas da Lua Nova, os sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar iniqüidade associada ao ajuntamento solene. As vossas Festas da Lua Nova e as vossas solenidades, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer” (Is 1: 11-14).

O trecho que estamos analisando (Is 43: 22-24) diz primeiro que Deus via a hipocrisia do culto deles. Eles já tinham se cansado do Senhor e nem o invocavam mais, pois preferiam invocar os ídolos e oferecer sacrifícios a eles. E Deus também estava cansado deles. O povo já fazia os sacrifícios como se fosse um fardo excessivo, e Ele diz que não tinha dado nenhum fardo a eles; não tinha planejado aquele tipo de adoração para cansá-los. Eles, sim, é que estavam cansando e sobrecarregando a Deus com seus pecados.

A NVI tem uma tradução mais fácil de ser entendida: “Contudo, você não me invocou, ó Jacó, embora você tenha ficado exausto por minha causa, ó Israel. Não foi para mim que você trouxe ovelhas para holocaustos, nem foi a mim que você honrou com seus sacrifícios. Não o sobrecarreguei com ofertas de cereal, nem o deixei exausto com exigências de incenso. Você não me comprou nenhuma cana aromática, nem me saciou com a gordura de seus sacrifícios. Mas você me sobrecarregou com seus pecados e me deixou exausto com suas ofensas”.

Quando lemos a frase ‘Não foi para mim que você trouxe ovelhas para holocaustos, nem foi a mim que você honrou com seus sacrifícios’ podemos pensar: se não foi para Ele que eles estavam trazendo as ovelhas e os sacrifícios, para quem, então? Poderia ser para os sacerdotes já corrompidos pelo pecado e que faziam daquilo um ritual sem significado espiritual nenhum, sem amor; senão, seriam sacrifícios oferecidos a deuses estranhos. O que importa é que o Senhor não estava exigindo nada que eles não pudessem fazer, não estava querendo vê-los exaustos. Entretanto, Ele já estava exausto e sobrecarregado de tanta iniqüidade.

• Is 43: 25-28: “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro. Desperta-me a memória; entremos juntos em juízo; apresenta as tuas razões, para que possas justificar-te [NVI: ‘vamos discutir a sua causa. Apresente o argumento para provar sua inocência’]. Teu primeiro pai pecou, e os teus guias prevaricaram contra mim [NVI: ‘seus porta-vozes se rebelaram contra mim’]. Pelo que profanarei os príncipes do santuário [NVI: ‘os líderes do templo’]; e entregarei Jacó à destruição e Israel, ao opróbrio [NVI: ‘zombaria’]”.
Opróbrio significa: degradação, baixeza, afronta, infâmia, injúria.

O Senhor era o único que poderia apagar as transgressões deles por amor a Ele mesmo, não porque eles tinham feito alguma coisa para merecer isso. E quando Ele perdoa, Ele esquece. Deus prossegue chamando Seu povo para uma conversa, a fim de discutir essa causa e chegar a uma conclusão. Eles não teriam argumento forte o bastante.

Quando se fala Teu primeiro pai pecou, podemos pensar nos antepassados daquele povo. Como eles eram pecadores, assim também seus progenitores o foram, até mesmo o melhor deles. O Senhor entregaria tanto sacerdotes principais (‘líderes do templo’) como os demais sacerdotes levitas (‘seus guias’, ‘seus porta-vozes’) e o povo de Israel à vergonha do exílio. Em hebraico, a palavra ‘guias’ [NVI: ‘porta-vozes’] quer dizer intérpretes (Luwts, Strong #3887: intérprete, professor, intercessor, embaixador); e ‘príncipes’ [NVI: ‘líderes’] se refere aos líderes religiosos mais altos (1 Cr 24: 5), como o sumo sacerdote e os sacerdotes da linhagem Aarônica [Príncipe = Sar, Strong #8269: uma pessoa principal (de qualquer posição ou classe): capitão, governante, chefe, general, governador, guardião, senhor, mestre, príncipe, mordomo]. Os sacerdotes eram os intercessores do povo junto a Deus; eram os intérpretes (da lei), pois cabia a eles interpretar a palavra de Deus para o povo, ensiná-los (guiá-los) no caminho correto, mas não o fizeram; pelo contrário, prevaricaram contra o Senhor, se rebelaram contra Ele e levaram Israel ao erro (da mesma forma que os mestres da lei no tempo de Jesus). Prevaricar significa: faltar ao dever, torcer a justiça, agir ou proceder mal, perverter, cometer adultério. Eles julgaram as causas de maneira incorreta, torcendo a justiça, perverteram a lei e adulteraram a palavra pura de Deus, criando tradições de homens. Os mestres da lei (no tempo de Jesus) eram chamados de Rabi, ou seja, mestre, professor. Isaías diz aqui que tanto os sacerdotes como o povo haviam transgredido, por isso não tinham razão para se considerarem inocentes. Portanto, Deus diz que por causa de tudo isso Ele envergonhará os líderes do templo e entregará Israel à zombaria e à destruição.


• Principal fonte de pesquisa: Douglas, J.D., O novo dicionário da bíblia, 2ª ed. 1995, Ed. Vida Nova.
• Fonte de pesquisa para algumas imagens: wikipedia.org e crystalinks.com

Este texto se encontra no 2º volume do livro:


livro evangélico: O livro do profeta Isaías

O livro do profeta Isaías vol. 1 (PDF)

O livro do profeta Isaías vol. 2

O livro do profeta Isaías vol. 3

The book of prophet Isaiah vol. 1 (PDF)

The book of prophet Isaiah vol. 2

The book of prophet Isaiah vol. 3

Sugestão de leitura:


livro evangélico: Profeta, o mensageiro de Deus

Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)

Prophet, the messenger of God (PDF)

Sugestão para download:


tabela de profetas AT

Tabela dos profetas (PDF)

Table about the prophets (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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