O que Jesus falou sobre o perdão? Qual a importância dele? Os versículos bíblicos nos explicam sobre o perdão e a não ferir as pessoas. Compartilho minha experiência pessoal.

What Jesus said about forgiveness? What is its importance? Biblical verses explain to us about forgiveness and not to hurt people. I share my personal experience.


Fale um pouco sobre perdão

Introdução

As pessoas geralmente perguntam: Como faço para perdoar? O que a bíblia diz sobre o perdão? O que Jesus falou sobre o perdão? Qual a importância do perdão? Qual o poder do perdão para cura da alma? Na verdade, elas estão apenas raciocinando sobre os sentimentos, sobre a área emocional. Entretanto, o livro que escrevi há muitos anos e que dirige este estudo (“Perdão versus Restituição” – link para dowload no final da página) nasceu de experiências pessoais profundas na área espiritual (em especial com meu ministério) e que não se restringiram simplesmente a palavras e a comportamentos errados humanos com o intuito de retardar meu caminhar. Foi muito além disso. Assim, ele foi escrito para pessoas com uma sensibilidade diferente, justamente por sentir o mundo espiritual com mais intensidade e conhecer as sutilezas dele.

Quando falamos de certas coisas espirituais, principalmente da sensibilidade e dos diferentes dons do Espírito Santo dados para algumas pessoas, muitos podem julgar e achar que é um exagero, uma fantasia ou que, na verdade, um verdadeiro crente não pode sentir tal coisa. Mas não é verdade. Existem coisas mais profundas a aprender.

Muitos ministérios fazem com que os membros pensem que o perdão é a palavra mágica para todos os milagres. É e não é; depende do caso. Depende da intensidade da ferida que foi feita e da sua procedência. Estou falando que há feridas espirituais bem mais profundas do que aquelas geradas apenas por palavras ou atitudes humanas descontroladas e passageiras. O perdão o (a) liberta das cadeias do diabo em relação a quem o (a) feriu, ou seja, fecha a brecha para a destruição não ser maior, mas não quebra, por si só, as maldições de sentença que foram lançadas, nem devolve o que foi assolado ou roubado, muito menos soluciona as retaliações sofridas pelas brechas de intercessão. Por exemplo: um estupro pode ser perdoado e as feridas emocionais e espirituais curadas (a sensação interior de virgindade e pureza é renovada por Deus); todavia, um hímen físico não poder ser reconstruído (a não ser por um milagre proposital dEle, mas não é o comum de acontecer).

Uma pessoa pode ser roubada materialmente pela cobiça e pela ganância de outras, mas o que lhe foi tirado não é reconstruído nem restituído pelo perdão aos ladrões. A restituição vem depois por outros meios, quando Deus lhe ensinar Suas estratégias de guerra e com a sua própria disposição interior de reconstruir, mas não com o perdão em si. A pessoa perdoa, fica livre da acusação e da opressão espiritual e emocional do diabo, sua alma fica em paz; porém, vai ter que quebrar as maldições de sentença que possam estar envolvidas no caso e trabalhar materialmente para ‘reerguer seus muros’. De alguma forma, sua alma clama pela restituição do que lhe foi injustamente roubado. Isso é humano e real. É muito diferente de uma entrega voluntária ao Senhor de algum bem emocional ou material que Ele nos pediu para Lhe dar.

Um crente fiel pode ter seu ministério literalmente interrompido pela palavra de maldição ou impedimento proferida por um líder como uma autoridade espiritual sobre ele, mas o trauma espiritual causado por ela chega até a afetar o fluir da unção que essa ovelha tinha antes. Na verdade, a unção não é perdida, pois os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis (Rm 11: 29), mas a ferida da alma a impede de fluir, e a própria defesa inconsciente da pessoa que foi ferida não permite que o coração seja tocado tão facilmente pelo Espírito de Deus. Em resumo, a ferida da alma dói, pois a memória ainda guarda a lembrança da situação. Por isso, mesmo tendo consciência racional do que se passa, a parte emocional necessita da cura divina.

O perdão sara a ferida da mágoa em relação ao líder, mas não quebra por si só a maldição de sentença que foi liberada, dando a Satanás a legalidade de erguer obstáculos naquela vida. Se o líder não se deu conta do mal que fez ou se os dois não mais se encontraram, cabe à vítima fazer força para quebrá-la sozinha: no mundo espiritual, lançando uma palavra ungida, às vezes até dependendo da unção de outro líder; e com grande esforço pessoal, tomar atitudes práticas que verdadeiramente vão quebrar aquela maldição e trazer o sonho novamente à realidade. Se as partes envolvidas nesses exemplos tiverem o Espírito Santo e não forem seres tão carnais pode ser mais fácil. Entretanto, quando um é crente e o outro é um ímpio rebelde, as coisas podem ser bem mais difíceis.

Algumas das situações bastante dolorosas que requerem o trabalho do perdão são a rejeição (inclusive por um sonho que temos, mas não apoiado por ninguém) e a traição, seja por amizades ou a traição conjugal. Às vezes, esse trabalho demora anos, dependendo de cada caso, mas com a direção do Espírito Santo é possível. No final da página eu coloco uma estratégia que aprendi com o Senhor e que foi efetiva na minha vida numa determinada situação. Compartilho com você e espero que você também tenha vitória.

Vamos ler um pouco a Palavra:

Não é pecado se irar, e sim se irar sem motivo

perdão – Mt 5:22-26

A bíblia diz:
• Mt 5: 22-26: “Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo. Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo”.

Não é pecado se irar, e sim se irar sem motivo [como está escrito acima], deixando uma mágoa desnecessária no coração do irmão. Todos os rituais religiosos deixam de ter valor quando não há uma reconciliação verdadeira, pois os dois estarão presos em correntes espirituais e emocionais. É necessário reconhecer o erro e pedir perdão. E é aconselhável liberá-lo para que ocorra uma libertação real.

Completando a explicação desses versículos com o texto de O sermão do monte parte 1, quando Jesus diz: “Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento” – seu irmão significa também um seguidor de Cristo. Não se deve ficar irado com um irmão sem motivo, ou seja, por erros pessoais. Esse ato pode levar alguém a um julgamento. A raiva só é justificada quando a honra de Deus está em jogo ou quando alguém está sendo injustiçado. ‘Irar’ neste texto, em grego, é orgizó (Strong #3710 – ὀργίζω), que significa: irritar, provocar, ficar com raiva; e se origina do verbo ‘orge’: provocar ou enfurecer, ou seja, (passivamente) ficar exasperado; ficar com raiva (ira).

Depois Jesus fala: “... e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal;...” – ‘Insulto’, em grego: ῥακά (rhaka – Strong #G4469) significa: vazio, tolo, sem valor (como um termo de difamação total). Em aramaico é rōq (de origem caldéia ‘reyq’ רֵק – Strong #H7386), que significa: vazio, vão, inútil, mais especificamente, ‘cabeça vazia’, um ‘estúpido’ que age de forma presunçosa e impensada. Era um termo de reprovação usado pelos judeus no tempo de Jesus, como uma palavra de desprezo e abuso. Jesus disse que aqueles que usavam essa palavra estavam em risco de julgamento pelo Sinédrio, a mais alta corte do país, por difamação.

Depois, Ele segue dizendo: “... e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo” – ‘tolo’ (móros, μωρός – Strong #G3474), que significa: estúpido, tolo (adj.), tolo ou tolice (subst.), originado de ‘musterion’: enfadonho ou estúpido (como se estivesse calado), desatento (mostrando uma falta imprudente de cuidado ou atenção), estúpido, ‘cabeça dura’; mais do que apenas um ‘burro’, ‘móros’ significa um tolo moral que deveria estar morto, e expressa o desejo de que ele estivesse. Isso sugere uma maldição, como que desejando que Deus entregue o amaldiçoado ao inferno. Então, Jesus disse que aquele que proferir tal maldição corre o risco do fogo do inferno (geenna – γέεννα – Strong #1067, um lugar debaixo da terra, um lugar de punição para o mal, lugar ou estado de punição eterna).

Resumindo: A raiva contém as sementes do assassinato, a linguagem abusiva contém o espírito do assassinato e a maldição implica o próprio desejo de matar. O progressivo agravamento dos crimes exige três graus de punição: o julgamento, o concílio (Sinédrio) e o fogo do inferno. No Dia do Juízo, Jesus lidará com os pecados de acordo com a severidade.

perdão – Mt 18:21-22

Perdoar setenta vezes sete

• Mt 18: 21-22: “Então, Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que sete vezes, mas até setenta vezes sete”.
• Lc 17: 3-5: “Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: estou arrependido, perdoa-lhe. Então, disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé”.
• Mt 18: 15-20: “Se teu irmão pecar [contra ti], vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus. Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”.

Como eu falei antes, é necessário reconhecer o erro e pedir perdão. E é aconselhável perdoar para que ocorra uma libertação real. Mas... e se o irmão nunca vier pedir perdão porque o seu orgulho não lhe permite ver que errou? (Aqui, eu não estou falando de medidas disciplinares de igreja, em relação a membros que cometem pecados graves contra a doutrina de Cristo, como alguns interpretam este último texto de Mt 18: 15-20, inclusive excomunhão. Estou falando de casos pessoais entre dois irmãos em Cristo). Infelizmente é uma libertação incompleta. Quem perdoa se desliga do mal, mas quem não acha que errou e não quer pedi-lo nem recebê-lo continua preso nas próprias cadeias que criou. Também é incompleta no âmbito emocional porque sem o reconhecimento do erro e sem o pedido de perdão verbal e direto para quem foi ferido, não há verdadeira reconciliação, tampouco cura. Outro comentário aqui é que Jesus não nos proibiu de tomar satisfação pelas coisas erradas que nos fazem. Ele nos deu o exemplo de como tomar uma atitude prática. O crente covarde acha que tudo se resolve na oração, fingindo-se de santo, achando que nada aconteceu e se enganando, aceitando algo que não é bom. Quem não dá ouvidos à palavra de Deus e não quer se corrigir, já demonstrou que é gentio e publicano, como disse Jesus. Isso nos remete ao próximo item:

perdão – 2 Tm 4:1-5

A prática da exortação, da admoestação e da repreensão

A bíblia diz:
• 1 Ts 5: 14: “Exortamo-vos, também irmãos, a que admoesteis os insubmissos [NVI: advirtam os ociosos], consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos [pacientes] para com todos”.
• 1 Tm 4: 12: “Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza”.
• 2 Tm 4: 1-5: “Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino; prega a palavra, insta [NVI: esteja preparado], quer seja oportuno, quer não [NVI: a tempo e fora de tempo], corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Porque haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério”.
• Tt 2: 15: “Dize estas coisas; exorta e repreende também com toda a autoridade. Ninguém te despreze”.

A prática da exortação, da admoestação, do consolo, do amparo e do respeito continua valendo. Mesmo que sejamos mais jovens que outros na fé, Jesus continua a corrigir Seus filhos. O orgulho dos mais idosos ou de certos líderes em não receber a correção de Deus prejudica a Obra. Por que viver ferindo os irmãos, jogando sempre sobre eles o fardo de ter que liberar perdão (sozinhos, em oração, é claro)? Por que não se corrigir? Por que achar que só a ‘vítima’ vai ter que ser tratada por Deus e não, igualmente, o ‘instrumento da ferida?’ É muita hipocrisia de crente pensar que pode tudo, não respeitar os outros e ainda viver com uma roupa de bonzinho, achando que já é capaz de perdoar todo mundo ou que é imune às feridas emocionais, ao contrário dos demais mortais. Por que querer ocupar uma terra que pertence a outro, ou seja, usar um dom que não tem, ao invés de ser humilde e deixar quem sabe fazer as coisas?

perdão – Lc 6:37-38

Não julgar impensadamente, sem a clara revelação do Espírito Santo; cuidar da língua

A bíblia diz:
• Mt 12: 33-37: “Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração. O homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau tesouro tira coisas más. Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado” [Lc 6: 45: O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração].
• Lc 6: 37-38: “Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados; dai e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”.
• Rm 14: 10-12: “Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus. Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus. Assim, pois, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus”.
• Gl 6: 7-8: “Não vos enganeis: De Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá a vida eterna”.
• 2 Co 5: 10: “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” [Vamos nos lembrar que a língua faz parte do corpo].
• Tg 3: 5-10: “Assim, também a língua, pequeno órgão, se gaba de grandes coisas. Vede como uma fagulha põe em brasas tão grande selva! Ora, a língua é fogo; é mundo de iniqüidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, não só põe em chama toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno. Pois toda espécie de feras, de aves, de répteis e de seres marinhos se doma e tem sido domada pelo gênero humano; a língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero. Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma só boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não é conveniente que estas coisas sejam assim”.
• Hb 7: 7: “Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior”.

Aqui entram os maus frutos da carne daqueles que se acham tão espirituais que julgam a vida e o ministério de todo mundo e andam na soberba da ‘atividade para o reino de Deus’ com o objetivo de construir verdadeiros ‘impérios’. Eles desmerecem os mais fracos, humilhando-os, rejeitando-os, envergonhando-os e, com uma única palavra, trancando as portas para os que querem crescer. Que tipo de semeadura é essa? Pôr empecilho no caminho de alguém é atitude cristã? Ser pedra de tropeço a alguém tem a aprovação de Deus? É atitude de um líder espiritual? O perdão do irmão, no recôndito do seu quarto, chorando a Deus, vai reconstruir uma fé e uma esperança destruída? Competir pela aprovação de homens dá capacitação para fazer o que Deus quer? Será que todos estão realmente preparados para estar onde estão?

perdão – Lc 12:49-53

Jesus traz fogo e dissensão à terra

A bíblia diz:
• Lc 12: 49-53: “Eu vim para lançar fogo sobre a terra e bem quisera que já estivesse a arder. Tenho, porém, um batismo (ele falava da cruz) com o qual hei de ser batizado; e quanto me angustio até que o mesmo se realize! Supondes que vim para dar paz à terra? Não, eu vo-lo afirmo; antes divisão. Porque, daqui em diante, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois, e dois contra três. Estarão divididos pai contra filho, filho contra pai; mãe contra filha, filha contra mãe; sogra contra nora, e nora contra sogra”.

Jesus não é o Príncipe da paz? Por que, então, diz que veio trazer divisão? Ele veio trazer a paz para os que a querem, para todos os que estão dispostos a estar em harmonia com o Seu projeto. Infelizmente, muitos não estão; por isso as famílias estão divididas. A Sua própria família na Terra está dividida por contendas, disputa de poder, preconceitos, orgulho de achar que pode tudo, sabe tudo e é auto-suficiente. Simplesmente porque se tem mais dinheiro e apoio humano, isso por si só é sinal de bênção exclusiva do Altíssimo? Prega-se muito, profetiza-se muito, fala-se muito e nega-se muito essa verdade, pois o comportamento atual do crente, em geral, testifica a falta de comunhão verdadeira com Jesus.

perdão – Lc 23:33-38

Jesus perdoou aqueles que o colocaram na cruz

A bíblia diz:
• Mt 27: 24-25: “Vendo Pilatos que nada conseguia, antes, pelo contrário, aumentava o tumulto, mandando vir água, lavou as mãos perante o povo, dizendo: estou inocente do sangue deste [justo]; fique o caso convosco! E o povo todo respondeu: Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos”.
• Lc 23: 33-38: “Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem como aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda. Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Então repartindo as vestes dele, lançaram sortes. O povo estava ali e a tudo observava. Também as autoridades zombavam e diziam: Salvou os outros; a si mesmo se salve, se é, de fato, o Cristo de Deus, o escolhido. Igualmente os soldados o escarneciam e, aproximando-se, trouxeram-lhe vinagre, dizendo: Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo. Também sobre ele estava esta epígrafe [em letras gregas, romanas e hebraicas]: ESTE É O REI DOS JUDEUS”.
• Jo 20: 19-23: “Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! E, dizendo isto, lhes mostrou as mãos e o lado. Alegraram-se, portanto, os discípulos, ao verem o Senhor. Disse-lhes, pois, Jesus, outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Se de alguns perdoardes os pecados são-lhes perdoados; se lhos retiverdes serão retidos [NVI: Se perdoarem os pecados de alguém, estarão perdoados; se não os perdoarem, não estarão perdoados]”.

Jesus perdoou os que o colocaram na cruz, mas eles mesmos (Seu próprio povo) rejeitaram Seu perdão, por isso continuam debaixo de maldição [“E o povo todo respondeu: Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos”]. Ele também reafirmou aos apóstolos: “Se de alguns perdoardes os pecados são-lhes perdoados; se lhos retiverdes serão retidos”. Nós podemos liberar o perdão para os que nos ferem, mas cabe a eles recebê-lo para quebrar suas próprias cadeias. Se receberem Jesus como Seu Senhor, eles também receberão o perdão de Deus.

Aqui eu gostaria de explicar que certas frases ditas por Jesus se referem a perdoar coisas banais e terrenas que as pessoas nos fazem, e outras que dizem respeito a coisas mais sérias que nos fazem e que estão envolvidas com a infração da lei de Deus e a salvação de almas. Na oração do Pai-Nosso (Mt 6: 9-15) e no texto de João escrito acima (Jo 20: 23), quando Jesus aparece para os Seus discípulos após Sua ressurreição, nós podemos ver ensinamentos interessantes.

Na oração do Pai Nosso, Jesus nos ensina a pedir pelas nossas necessidades materiais (“o pão nosso de cada dia, dá-nos hoje”), além do que nos fala sobre o perdão (“e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores” – dívidas, transgressões ou ofensas, em algumas traduções).

Jesus nos lembra que devemos pedir ao Pai que perdoe as nossas dívidas ou ofensas (a palavra ofensa não significa apenas transgressão, pecado, mas também insulto e afronta) porque quando desobedecemos aos Seus mandamentos, nós o ferimos e o ofendemos pelo nosso pecado, o que gera uma dívida no mundo espiritual, que é a brecha aberta por onde Satanás pode nos tocar. Portanto, ao pedirmos a Ele que nos perdoe as ofensas, Seu sangue nos cobre e as nossas dívidas são pagas, fechando nossas brechas. Em Mt 6: 12b (“e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”), o vocábulo dívidas, em grego, opheilemata ou opheiléma (ὀφείλημα, Strong #g3783), é o vocábulo que designa nossos pecados como aquelas coisas que nos tornam culpados e nos carregam de dívidas perante Deus e que jamais podemos saldar, senão o Seu Filho. Opheiléma significa: uma dívida, ofensa, pecado; algo devido, ou seja, (figurativamente) devido moralmente, uma falha. Como visto acima, dívida (ofensa, em algumas traduções) significa: pecado, transgressão, ofensa, insulto, afronta. E em Jo 20: 23 (‘Pecados’, em nossas versões bíblicas), a palavra grega é hamartias (ἁμαρτία, Strong #g266), que tem o significado principal de “errar o alvo”; daí: (a) a culpa, pecado, (b) uma falha, a falha (em um sentido ético), ato pecaminoso; e, portanto, “agir incorretamente” e “quebrar a lei de Deus”. Em Mt 6: 14-15 (“Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”), a palavra grega traduzida como ofensa é paraptomata ou paraptóma (paraptōmata, παραπτώματα ou paraptóma παράπτωμα Strong #g3900 = queda (cair longe), lapso, escorregão, passo em falso; portanto: queda, falha, ofensa, pecado, transgressão.

Uma coisa interessante é que Jesus faz uma ligação diretamente proporcional entre sermos perdoados por Deus e liberarmos o perdão também para aqueles que nos devem algo. “Assim como nós temos perdoado aos nossos devedores” ou “pois também nós perdoamos [verbo no presente do indicativo] a todo o que nos deve” não significa que devemos pedir perdão à base do perdão com que tivemos perdoado a outrem, ou seja, na mesma quantidade ou qualidade que conseguimos perdoar alguém. Só podemos receber perdão pela graça. Mas, a fim de podermos orar a Deus pedindo perdão, com sinceridade e sem qualquer hipocrisia, devemos estar livres de qualquer sentimento de ódio e vingança. Somente quando Deus nos tiver dado a graça para verdadeiramente perdoar nossos devedores é que estaremos preparados para fazer uma oração verdadeira. O perdão aqui não está ligado ao sentimento, mas à nossa vontade de obedecer ao mandamento do Senhor e usar a força da nossa palavra para abrirmos os caminhos uns dos outros (já tendo nós mesmos sido perdoados por Ele); só assim Sua ação abençoadora será completa: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”. Em outras palavras, a disposição ao perdão dentro de nós nos aproxima do caráter de Deus, portanto, podemos sentir também o Seu perdão quando nos achegamos a Ele com os nossos problemas e pecados. Por outro lado, sem a vontade de perdoar o semelhante, o acesso ao Pai em oração é bloqueado. Se Deus nos perdoou por coisas muito maiores na cruz, por que não perdoarmos nossos irmãos por coisas mais simples? (Mt 18: 15; 21-22). Se liberarmos o perdão, vidas serão liberadas, mas se os retivermos, não só os outros deixarão de ter a chance de serem perdoados por Deus, como nós não teremos igualmente a liberação das nossas vidas, espiritualmente falando.

Há um comentário importante aqui. Em Jo 20: 23 Jesus disse aos Seus discípulos, após Sua ressurreição, quando apareceu a eles: “Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes [os pecados], são retidos” (ARA). Na NVI está escrito: “Se perdoarem os pecados de alguém, estarão perdoados; se não os perdoarem, não estarão perdoados”. Os discípulos sabiam que as palavras de Jesus não lhes davam poder para perdoar pecados (At 8: 22), pois somente Deus pode fazer isso (Mc 2: 7; Lc 5: 21). Nem os apóstolos ou a Igreja tem poder de perdoar qualquer pecado que seja ou negar perdão a qualquer indivíduo; em outras palavras: julgar se alguém vai ser salvo ou não pelos pecados que cometeu. O que Jesus estava falando era sobre a responsabilidade que Ele estava dando à Sua Igreja de anunciar o evangelho em todo o mundo, a fim de que todo aquele que nEle crer possa encontrar o perdão de Deus (cf. Mt 16: 19 – as chaves do reino dos céus – abrir a porta da evangelização), como João Batista veio preparar os corações para a salvação. Porém, nós podemos ver, tanto no AT como no NT, algumas passagens onde servos de Deus, debaixo de uma forte unção do Espírito Santo, proferiram palavras fortes de julgamento de Deus: Jeremias, por exemplo, profetizando a morte do falso profeta Hananias (Jr 28: 15-17); Ezequiel contra os chefes do povo (Ez 11: 1-13), e a morte de Pelatias, enquanto ele profetizava; Pedro, com Ananias e Safira (At 5: 1-11); Paulo, com Elimas, o mágico (At 13: 4-12).

perdão – explicação final

Explicação final

Quero terminar explicando uma das estratégias mais usadas por Satanás para voltar a tocar em feridas. É a mesma que o Espírito de Deus usa para curá-las. O paralelismo mais fácil de entender é com um computador. Vamos supor que há uma pasta com o seu nome e, dentro dela, outras pastas com as diferentes áreas da sua vida. Dentro de cada uma, há vários arquivos. Ao tocar em um deles, muitos necessitam ser mexidos, por isso, dá a impressão de voltar tudo à tona (o ‘velho homem’ volta a se manifestar). Isso quer dizer que, enquanto os arquivos defeituosos não forem consertados e arrumados pelo Espírito de Deus, precisamos continuar a trabalhar naquela área. Quando estiver tudo certo, a pasta poderá ser aberta sem problemas, pois está limpa de lixos e de arquivos temporários inconvenientes.


perdão – explicação final


Agora que você tem consciência de tudo isso, libere perdão, mas saiba: se você não puder mais conversar com as respectivas pessoas porque já se foram ou porque continuam num patamar carnal tão deplorável que nem sabem que estão sendo usadas pelo diabo, libere o perdão assim mesmo, tendo a consciência de que quem perdoa é Deus, pelo Seu sangue vertido na cruz do Calvário, não você; você só é um canal para deixar liberado o perdão para essas vidas na terra. Cabe a elas pegá-lo ou não. Depois, mesmo que você tenha sofrido debaixo de maldições de sentença (‘pragas’) lançadas por alguma figura de autoridade ou das maldições hereditárias decorrentes dos erros dos antepassados, lembre-se do que foi dito: quebre-as em voz alta em nome de Jesus e expulse-as para o abismo em Seu nome. As bocas dos leões serão caladas a fogo para sempre. Jesus já nos libertou delas. Após essa etapa peça perdão a Ele também e o Seu consolo, e entenda que certas coisas, principalmente materiais que foram perdidas, não vão voltar mais, pelo menos do mesmo jeito. Vão ser restituídas de outra forma, no tempo de Deus. Ainda que você esteja se esforçando física, emocional e espiritualmente para quebrar barreiras que não foram erguidas por você, continue firme, porque a glória desta última casa será maior do que a da primeira. Ninguém poderá tirar o seu trono e a sua coroa, nem imitar seu dom. A sua restituição será dobrada, como foi a de Jó. É Jesus que vai fazer justiça e é o poder do Seu Espírito que vai restituí-lo (a). Que a paz e a bênção do Senhor estejam sobre tua vida!

perdão – uma experiência de libertação

Uma experiência pessoal de libertação

Aqui eu gostaria de compartilhar com você uma experiência que tive com o Espírito Santo, onde Ele me ensinou uma estratégia de perdão. Antes da experiência espiritual que relatei no início da página, e que foi inspiração para o livro “Perdão versus Restituição”, quando eu decidi deixar minha carreira profissional secular para assumir o ministério, houve muita oposição por parte de algumas pessoas, e que me deixavam com medo, pois sua atitude se tornou bem agressiva e contrária a me apoiar. Eu tinha comprado um CD da Pastora Ludmila Ferber (Adoração Profética I – Os sonhos de Deus) com aquele louvor “O Perdão”. Eu ouvia todas as músicas, mas minha alma se recusava a ouvir a faixa “O Perdão”. Então, ouvi de repente o Espírito Santo me dizer: “Sente-se e ouça três vezes”. Achei muito estranho aquilo, e de maneira muito malcriada eu lhe disse: “Tá bom. Se você é capaz de fazer tudo, perdoe você, porque eu não tenho vontade alguma”. Mas obedeci e me sentei no chão, como eu fazia quando criança. Eu ouvi o louvor uma e duas vezes. Quando terminei de ouvir pela terceira vez, uma frase saiu da minha boca e só pode ter saído da boca de Deus. Eu falei: “É, Senhor, tu perdoaste quem não merecia!” De repente eu vi uma grande cruz dourada na minha frente, vazia, sem Jesus nela, e atrás dela estavam todas as pessoas que tinham ódio de mim pela minha escolha e estavam me afrontando. O Espírito Santo me disse: “Agora converse com uma por uma”. Eu conversei com elas como se estivessem realmente na minha frente. Pedi perdão por contrariá-las e não fazer a vontade delas; e liberei perdão por me ferirem daquela forma, rejeitando o meu chamado, que havia sido tão buscado por mim por tanto tempo. Quando terminei tudo e as lágrimas secaram, meu coração se acalmou e eu me senti em paz. No dia seguinte eu teria que ir até aquele lugar e sei que as encontraria lá. A recepção realmente não foi calorosa. Palavras e atitudes violentas dificultaram a conversa. Fugi dali, pois quase fui agredida. Na rua, eu chorei pela dureza daqueles corações, mas estava ilesa das setas de acusação e cobrança do inimigo. Acabei seguindo o meu caminho e as deixei nas mãos de Deus, que tudo pode fazer para mudar uma vida.

Assim, se você está passando por uma difícil situação, onde não consegue liberar o perdão, fique só com o Senhor. Fale com Ele diante da cruz, exponha sua dificuldade e peça Sua direção. Apenas abra sua boca e libere o perdão para essas vidas, por obediência à vontade e ao mandamento do Senhor, mesmo que sua alma diga “não”. É a primeira etapa da sua cura. O Espírito Santo vai trabalhar com você até que o perdão chegue aos seus sentimentos. Ele pode todas as coisas. Seja livre, em nome de Jesus!

Este texto se encontra no livro:


livro evangélico: Perdão x Restituição

Perdão x Restituição (PDF)

Forgiveness versus Restitution (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

▲ Início  

BRADESCO PIX:$ relacionamentosearaagape@gmail.com

E-mail: relacionamentosearaagape@gmail.com