Explicação do livro de Oséias, um profeta pré-exílico. Seu relacionamento com Gômer, sua esposa infiel, refletia o relacionamento adúltero de Israel para com Deus. Foi uma época de instabilidade política e o exílio era o castigo de Israel.

Explanation of the book of Hosea, a pre-exilic prophet. His relationship with Gomer, his unfaithful wife, reflected Israel’s adulterous relationship with the Lord. It was a time of political instability, and exile was Israel’s punishment.


Explicação do livro de Oséias 1–5




Oséias, profeta de Israel, do reino do norte, exerceu seu ministério profético de 755 a 715 AC. Seu nome, Oséias (em hebraico, Hoshea, הושע, Strong #1954), significa ‘salvador, libertador’. O livro conta o amor de Oséias por Gômer, sua esposa infiel (Os 1: 1; Os 3: 5), que ilustra o amor de Deus por nós, mesmo quando Lhe somos infiéis. Jeroboão II (782-753 AC) foi um rei ímpio cujo domínio produziu uma sociedade materialista, imoral e injusta. Os seis reis que se seguiram nos próximos trinta anos contribuíram para a queda de Israel em 722 AC. Oséias anuncia a corrupção, o orgulho e a idolatria de Israel (Os 2: 8; 13; 16-17; Os 4: 2; 8: 14). Também é contra as alianças políticas com potências estrangeiras que provocam dependência, exploração econômica e opressão (Os 7: 8-12; Os 8: 9-10); denuncia os golpes de Estado que preservam interesses de uma pequena minoria (Os 7: 3-7), a confiança no poder militar e nas riquezas (Os 8: 14; Os 10: 13), todo tipo de injustiça e as violências (Os 4: 1-2; Os 6: 7-10; Os 7: 1; Os 10: 12-13). O profeta repreende principalmente as classes dominantes da sociedade: os reis corruptos e os sacerdotes ignorantes e cobiçosos, que levaram o povo à ruína. Também critica a hipocrisia religiosa: os sacrifícios e os rituais externos (Os 6: 6), sem devoção. Ele descreve a certeza do julgamento (Os 9: 1; Os 10: 5), o triunfo do amor e da misericórdia de Deus (Os 11: 1-11; Os 14: 1-9) e a infidelidade e a rebelião de Israel que resultarão em julgamento e destruição (Os 11: 12; Os 13: 16).

Seu livro mostra seu amor pela nação e pela humanidade, assim como seu amor pela esposa, Gômer, uma prostituta, filha de Diblaim. Gômer (Gn 10: 2) significa ‘completo, perfeição’. Essa relação familiar refletia a relação ‘adúltera’ que Israel tinha para com o Senhor, adorando os falsos deuses. Seu sofrimento se transformou num espelho de sofrimento de Deus, expresso no grito: “Como te deixaria, ó Efraim?” (Os 11: 8). Como todos os seus irmãos do passado, Oséias encontrou a paz no Senhor através do seu sofrimento, ou seja, no desencontro com a esposa encontrou Deus. A época do seu exercício profético foi um período de instabilidade política (mais ou menos sete reis estiveram no poder), sendo que Israel vacilava entre a Assíria e o Egito, menos em direção a Deus (Os 5: 13; Os 7: 11; Os 12: 1). Porém, a vacilação jamais poderia salvar a nação, que terminou com a queda de Samaria, em 722 AC. Oséias deixou bem claro o que Deus pedia ao povo (Os 6: 6: ‘Hesedh’ ou ‘Chesed’, ‘misericórdia’). No passado, a misericórdia de Deus tinha chamado Israel (Os 11: 1). No presente, Sua misericórdia era a esperança de Israel, que estava sem direção moral (Os 5: 4; Os 11: 7) e precisava de uma conversão sincera. No fim, o amor de Deus por Seu povo seria mais bem sucedido do que o do profeta para com Gômer. Tanto Oséias quanto Amós apresentam o exílio como algo que aguardava Israel no futuro como castigo pelo seu pecado.


Profeta Oséias

Capítulo 1 – O casamento de Oséias, símbolo da infidelidade de Israel

Aqui a bíblia descreve o nome dos filhos de Oséias:
1) Jezreel [Yizre’e’el (Os 1: 4), que significa: ‘Deus semeia’; um contraste com o símbolo desse nome que seria a condenação de Israel quanto à casa real, pois Jezreel era uma cidade de Issacar onde o exército acampou antes da batalha de Gilboa; também foi o lugar da tragédia de Nabote e sua vinha; ali Jorão, o rei, foi assassinado por Jeú como foi profetizado por Elias para exterminar a casa de Acabe; portanto, Jezreel era um símbolo do juízo de Deus sobre a nação, além de ser um prenúncio do Dia do Juízo final: Os 1: 11]. Jezreel simbolizava a queda da casa real de Israel.
2) Desfavorecida (Os 1: 6, Lo-Ruama) = ‘Deus não terá misericórdia’ ou ‘não amada’.
3) Lo-Ami (Os 1: 9, ‘Não-Meu-Povo’), o que mostra o descontentamento de Deus com todo o Seu povo, a ponto de rejeitá-lo como Seu povo (Lo-Ami).
Gômer foi deixada sozinha pelo profeta até que não mais se apegasse à sua idolatria e concupiscência do passado. Era a mesma disciplina que YHWH estava usando, abandonando aqueles que não toleravam Suas condições até que despertassem para a realidade espiritual. A falta de conhecimento que Israel tinha dEle resultara em todas as formas de iniqüidade. Oséias comprou Gômer de volta de seu possuidor, como segunda esposa ou concubina (Os 3: 2-3).

• Os 1: 1-3: “Palavra do Senhor, que foi dirigida a Oséias, filho de Beeri, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel. Quando, pela primeira vez, falou o Senhor por intermédio de Oséias, então, o Senhor lhe disse: Vai, toma uma mulher de prostituições e terás filhos de prostituição, porque a terra se prostituiu, desviando-se do Senhor [NVI: porque a nação é culpada do mais vergonhoso adultério por afastar-se do Senhor]. Foi-se, pois, e tomou a Gômer, filha de Diblaim, e ela concebeu e lhe deu um filho”.

Oséias exerceu seu ministério profético de 755 a 715 AC, abrangendo o reinado de quatro reis de Judá e sete reis de Israel. Jeroboão II (782-753 AC) foi um rei ímpio cujo domínio produziu uma sociedade materialista, imoral e injusta. Na época de Jeroboão II (2 Rs 14: 23-29), a opressão da Síria tinha diminuído sobre Israel devido às vitórias que Deus tinha dado a Jeoás, o pai de Jeroboão II (2 Rs 13: 22-25), e este resolveu estender suas fronteiras (2 Rs 14: 25) e a desenvolver um comércio lucrativo, o que criou uma poderosa classe de negociantes em Samaria. Mas a riqueza não era distribuída equitativamente entre o povo. Permanecia nas mãos dos negociantes ricos. A opressão contra os pobres era comum (Am 2: 6). Os ricos eram de coração endurecido e indiferente para com as aflições dos famintos (Am 6: 3-6). A justiça se inclinava para os que podiam pagar subornos mais elevados (Am 2: 6; Am 8: 6). Nos períodos de seca (Am 4: 7-9) os pobres só podiam obter recursos entre os agiotas (Am 5: 11; Am 8: 4-6) a quem eram obrigados a hipotecar suas terras e suas pessoas, até seus entes queridos.

Mas como um pai pune seus filhos quando é preciso (Dt 8: 5; Jó 5: 17; Pv 3: 12; Hb 12: 6-7; Ap 3: 19), Ele os puniria pode causa do que fizeram, pelos seus pecados (2 Rs 17: 7-23): temeram a outros deuses, ao invés de temer o Senhor; andaram nos estatutos das nações pagãs e nos costumes estabelecidos pelos reis de Israel (Jeroboão I – 1 Rs 12: 25-33); edificaram para si altos idólatras; levantaram colunas e postes-ídolos para adorar; queimaram incenso em todos os altos; cometeram ações perversas para provocarem o Senhor à ira e serviram os ídolos; fizeram para si imagens de fundição, dois bezerros; fizeram um poste-ídolo, e adoraram todo o exército do céu, e serviram a Baal; queimaram a seus filhos e a suas filhas como sacrifício, deram-se à prática de adivinhações e criam em agouros. Por isso, Ele rejeitou a toda a descendência de Israel, e os entregou nas mãos dos assírios, que os despojaram, e os expulsou da Sua presença.

• v. 2b-3: ‘Vai, toma uma mulher de prostituições e terás filhos de prostituição, porque a terra se prostituiu, desviando-se do Senhor. Foi-se, pois, e tomou a Gômer, filha de Diblaim, e ela concebeu e lhe deu um filho’.
O casamento do profeta retrata as relações infiéis de Israel com seu Deus (Os 1: 1 – Os 3: 5).
‘Uma mulher de prostituições’ – isso indica que Gômer era uma prostituta quando Oséias se casou com ela, ou que ela viria a tornar-se uma prostituta após se casar com Oséias. Os filhos nascidos dela poderiam não ser de Oséias.

• Os 1: 4-5: “Disse-lhe o Senhor: Põe-lhe o nome de Jezreel, porque, daqui a pouco, castigarei, pelo sangue de Jezreel, a casa de Jeú e farei cessar o reino da casa de Israel [NVI: castigarei a dinastia de Jeú por causa do massacre ocorrido em Jezreel, e darei fim ao reino de Israel]. Naquele dia, quebrarei o arco de Israel no vale de Jezreel”.

Jezreel [Yizre’e’el (Os 1: 4) significa: ‘Deus semeia’, um contraste com o símbolo desse nome que seria a condenação de Israel quanto à casa real, pois Jezreel era uma cidade de Issacar onde Jorão, o rei de Israel, foi assassinado por Jeú como foi profetizado por Elias para exterminar a casa de Acabe; portanto, Jezreel era um símbolo do juízo de Deus sobre a nação].

‘Castigarei, pelo sangue de Jezreel, a casa de Jeú e farei cessar o reino da casa de Israel’ – Em 841 AC, por ordem de Deus, Jeú destruiu toda a casa de Acabe e Jezabel (1 Rs 19: 16-17; 1 Rs 21: 1-16; 1 Rs 21: 21-24; 2 Rs 9: 16; 24; 27; 2 Rs 10: 6-7; 11). Então, ele recebeu de Deus uma palavra: seus descendentes até a quarta geração sentariam no trono de Israel (2 Rs 10: 30; 2 Rs 14: 8; 2 Rs 15: 12): Jeú → Jeoacaz → Jeoás → Jeroboão II → Zacarias. Jezreel simbolizava a queda da casa real de Israel.
‘Quebrarei o arco de Israel’ – significa destruir o poder militar (1 Sm 2: 4; Sl 46: 9; Jr 49: 35).

• Os 1: 6-7: “Tornou ela a conceber e deu à luz uma filha. Disse o Senhor a Oséias: Põe-lhe o nome de Desfavorecida [NVI: Lo-Ruama], porque eu não mais tornarei a favorecer a casa de Israel, para lhe perdoar [NVI: pois não mais mostrarei amor para com a nação de Israel, não ao ponto de perdoá-la]. Porém da casa de Judá me compadecerei e os salvarei pelo Senhor, seu Deus, pois não os salvarei pelo arco, nem pela espada, nem pela guerra, nem pelos cavalos, nem pelos cavaleiros”.

‘Desfavorecida’, em hebraico, Lo-Ruama, significa: ‘Deus não terá misericórdia’ ou ‘não amada’, pois o Senhor não teria mais misericórdia de Israel por causa dos seus pecados. Entretanto, Ele disse que se compadeceria da casa de Judá.

‘Os salvarei pelo Senhor, seu Deus, pois não os salvarei pelo arco, nem pela espada, nem pela guerra, nem pelos cavalos, nem pelos cavaleiros’ – se refere ao salvamento milagroso de Judá durante o cerco de Senaqueribe, em 701 AC, quando seu exército foi completamente dizimado pelo anjo do Senhor (2 Rs 19: 32-36; 2 Cr 32: 21-22; Is 37: 33-37).

• Os 1: 8-9: “Depois de haver desmamado a Desfavorecida [NVI: Lo-Ruama], concebeu e deu à luz um filho. Disse o Senhor a Oséias: Põe-lhe o nome de Não-Meu-Povo [NVI: Lo-Ami], porque vós não sois meu povo, nem eu serei vosso Deus”.

Lo-Ami (Os 1: 9) significa: ‘Não-Meu-Povo’, e mostra o descontentamento de Deus com eles, a ponto de rejeitá-los como Seu povo.

• Os 1: 10-11: “Todavia, o número dos filhos de Israel será como a areia do mar, que se não pode medir, nem contar; e acontecerá que, no lugar onde se lhes dizia: Vós não sois meu povo, se lhes dirá: Vós sois filhos do Deus vivo. Os filhos de Judá e os filhos de Israel se congregarão, e constituirão sobre si uma só cabeça, e subirão da terra [NVI: e se levantarão da terra], porque grande será o dia de Jezreel”.

Apesar do que o Senhor estava dizendo para Oséias, Ele não rejeitaria Seu povo eternamente, pois seria fiel á promessa feita a Abraão (Gn 22: 17) e Jacó (Gn 28: 14; Gn 32: 12). É interessante que a família de Rebeca, ao despedi-la de casa, quando ela partiu para Canaã para ser esposa de Isaque, a abençoou com a mesma bênção (Gn 24: 60).

‘Vós sois filhos do Deus vivo. Os filhos de Judá e os filhos de Israel se congregarão, e constituirão sobre si uma só cabeça, e subirão da terra, porque grande será o dia de Jezreel’ – aqui se refere à vinda de Jesus, que seria uma só cabeça sobre eles, unindo Israel e Judá sob Seu governo (cf. Os 3: 5). Jezreel significa: ‘Deus planta’, ‘Deus semeia’, o que significa que Ele mesmo seria responsável por plantar a nova semente da Sua palavra no coração do Seu povo (Os 2: 23; Os 3: 5), que passaria a buscá-lo e adorá-lo como seu Rei.

Capítulo 2

• Os 2: 1: “Chamai a vosso irmão Meu-Povo e a vossa irmã, Favor [NVI: e a suas irmãs ‘Minhas Amadas’]”.

O concerto de Deus com Seu povo seria novamente restaurado, e Seus filhos e filhas teriam outros nomes: ‘Meu-Povo’ e ‘Favor’ ou ‘Minhas Amadas’, aqui chamados de irmãos e irmãs do profeta.

Os 2: 2-23 – A infidelidade do povo e a fidelidade de Deus:

• Os 2: 2-5: “Repreendei vossa mãe, repreendei-a, porque ela não é minha mulher, e eu não sou seu marido, para que ela afaste as suas prostituições de sua presença e os seus adultérios de entre os seus seios; para que eu não a deixe despida, e a ponha como no dia em que nasceu, e a torne semelhante a um deserto, e a faça como terra seca, e a mate à sede, e não me compadeça de seus filhos, porque são filhos de prostituições [NVI: são filhos de adultério]. Pois sua mãe se prostituiu; aquela que os concebeu houve-se torpemente [NVI: está coberta de vergonha], porque diz: Irei atrás de meus amantes, que me dão o meu pão [NVI: comida] e a minha água, a minha lã e o meu linho, o meu óleo e as minhas bebidas”.

Deus fala a Oséias sobre a terra de Israel a quem chama de esposa, e pede para que ele a repreenda pela sua idolatria (‘suas prostituições’), antes que Ele tire dela a Sua proteção e a deixe sozinha e envergonhada publicamente (‘despida’), sem um Deus para protegê-la, e retire dela todo o seu sustento de água (uma terra estéril), e mate seus habitantes (‘filhos’). Deus continua reprovando Israel, que, como uma mulher adúltera, seguiu outros deuses e atribuía a eles o seu pão, sua água e todas as bênçãos dos rebanhos e da lavoura (‘minha lã e o meu linho, o meu óleo e as minhas bebidas’). Essa reação do povo israelita, da nação de Israel, era semelhante ao que Gômer fizera com Oséias. Portanto, seu casamento instável ainda era um reflexo das relações de Israel com seu Deus.

• Os 2: 6-7: “Portanto, eis que cercarei o seu caminho com espinhos; e levantarei um muro contra ela, para que ela não ache as suas veredas [NVI: a cercarei de tal modo que ela não poderá encontrar o seu caminho]. Ela irá em seguimento de seus amantes, porém não os alcançará; buscá-los-á, sem, contudo, os achar; então, dirá: Irei e tornarei para o meu primeiro marido, porque melhor me ia então do que agora”.

A partir daqui até o v. 13, o Senhor dá à terra de Israel a justa retribuição pela sua traição.
‘Cercarei o seu caminho com espinhos; e levantarei um muro contra ela, para que ela não ache as suas veredas’ – antecipa o exílio, quando os israelitas se separariam dos seus ídolos, em especial de Baal.
‘Ela irá em seguimento de seus amantes, porém não os alcançará; buscá-los-á, sem, contudo, os achar’ – o povo tentará voltar às suas antigas práticas, mas para onde eles vão, não conseguirão achar seus antigos deuses.
‘Irei e tornarei para o meu primeiro marido’ – se refere ao retorno para o Deus verdadeiro.

• Os 2: 8-9: “Ela, pois, não soube que eu é que lhe dei o trigo, e o vinho, e o óleo, e lhe multipliquei a prata e o ouro, que eles usaram para Baal. Portanto, tornar-me-ei, e reterei, a seu tempo, o meu trigo e o meu vinho, e arrebatarei a minha lã e o meu linho, que lhe deviam cobrir a nudez”.

Deus fala ao profeta que Israel precisava reconhecer quem era o seu abençoador, quem lhe dava o trigo, o vinho, o óleo, a prata e o ouro. Por isso, Ele removeria deles as bênçãos da natureza, da lavoura e dos rebanhos, para que eles pudessem se dar conta disso. As necessidades da nação não seriam supridas.

• Os 2: 10-13: “Agora, descobrirei as suas vergonhas aos olhos dos seus amantes, e ninguém a livrará da minha mão. Farei cessar todo o seu gozo, as suas Festas de Lua Nova, os seus sábados e todas as suas solenidades [NVI: suas festas anuais, suas luas novas, seus dias de sábado e todas as suas festas fixas]. Devastarei a sua vide e a sua figueira, de que ela diz: Esta é a paga que me deram os meus amantes; eu, pois, farei delas um bosque [NVI: um matagal], e as bestas-feras do campo [NVI: os animais selvagens] as devorarão. Castigá-la-ei pelos dias dos baalins, nos quais lhes queimou incenso, e se adornou com as suas arrecadas [NVI: se enfeitou com anéis] e com as suas jóias, e andou atrás de seus amantes, mas de mim se esqueceu, diz o Senhor”.

A partir de agora Deus envergonharia Seu povo, fazendo com que sua alegria cessasse, assim como as suas festas, pois as vides e as figueiras não dariam seu fruto, e Israel seria punido por causa das inúmeras vezes que queimou incenso aos falsos deuses e se enfeitou para celebrar suas festas e seus sacrifícios, se esquecendo do Senhor. Isso era para que eles percebessem que não eram seus falsos deuses que lhes concediam prosperidade em troca de adoração.

A Festa da Lua Nova (Nm 28: 11; 14; 1 Sm 20: 5; 18; 24; Is 66: 23; 2 Cr 8: 13), assim como o Sábado (Êx 23: 12; Êx 35: 1-3), eram dias sagrados, quando as ocupações normais eram proibidas, pois eram dias de descanso. O mês (yerah ou yare’ach = lua) tinha início (Nm 10: 10) quando o crescente da lua nova era visto pela primeira vez ao pôr-do-sol. Assim, a Festa da Lua Nova comemorava a entrada dos meses.
A palavra ‘arrecadas’ ou ‘pendentes’ ou ‘argolas’ refere-se a anéis usados nas orelhas (Gn 35: 4; Ex 32: 2-3) ou no nariz (Gn 24: 47; Is 3: 21; Ez 16: 12), muito comum naquela época entre as mulheres.

• Os 2: 14-17: “Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração [NVI: vou levá-la para o deserto e falar-lhe com carinho]. E lhe darei, dali, as suas vinhas e o vale de Acor (cf. Is 65: 10; Js 7: 24-26) por porta de esperança [NVI: Ali devolverei a ela as suas vinhas, e farei do vale de Acor uma porta de esperança]; será ela obsequiosa como nos dias da sua mocidade [NVI: Ali ela me responderá como nos dias de sua infância] e como no dia em que subiu da terra do Egito. Naquele dia, diz o Senhor, ela me chamará: Meu marido e já não me chamará: Meu Baal. Da sua boca tirarei os nomes dos baalins, e não mais se lembrará desses nomes [NVI: seus nomes não serão mais invocados]”.

Aqui (v. 14-17), o Senhor começa a falar sobre a restituição da nação de Israel. Primeiro, Ele fala que terá de levá-la ao deserto, onde falará com ela. Isso se refere ao exílio ou a um período de privação espiritual muito grande, que pode ser comparado à peregrinação no deserto do tempo de Moisés.

‘E lhe darei, dali, as suas vinhas e o vale de Acor por porta de esperança’ ou ‘Ali devolverei a ela as suas vinhas, e farei do vale de Acor (cf. Is 65: 10; Js 7: 24-26) uma porta de esperança’ – em terra estrangeira, eles se lembrariam de suas vinhas (símbolo de prosperidade, paz, e do favor divino; também um símbolo do povo escolhido que foi tirado do Egito e plantado numa terra prometida por Deus) e teriam suas mentes abertas para entender que longe do Senhor só havia aflição, mas se eles o buscassem, mesmo naquele lugar de opressão, Ele lhes mostraria o Seu favor, e renovaria neles a esperança de poder voltar à sua terra e reconstruir suas vidas, sendo restituídos de tudo o que perderam. Quando nos lembramos do que Jeremias escreveu em relação ao cativeiro na Babilônia (Jr 29: 4-7), nós podemos ver que os babilônios permitiram que os exilados judeus formassem famílias, construíssem suas casas, cultivassem pomares e pudessem consultar os seus próprios chefes e anciãos (Ez 20: 1-44); dessa forma, eles aprenderam a viver em comunidade. Além da agricultura, alguns judeus se dedicaram ao comércio, a fim de terem sua sobrevivência. Por isso, muitos se acostumaram naquela terra e não quiseram voltar a Israel, mesmo após a liberação de Ciro. Mas em se tratando da Assíria, parece que não houve isso, pois o comportamento dos assírios foi outro para com os exilados. Os assírios tinham métodos bem cruéis de tratarem seus prisioneiros; usavam de tortura e mutilação e matavam-nos por muito pouca coisa e sem necessidade alguma. Eles eram conhecidos por decapitar os povos vencidos, fazendo pirâmides com seus crânios; também crucificavam ou empalavam os prisioneiros, arrancavam seus olhos e os esfolavam vivos.

Assim, o termo Vale de Acor (cf. Is 65: 10; Js 7: 24-26) parece ter sido bem empregado, lembrando-os do pecado de Acã (Js 7: 24-26), e da disciplina que Ele teve que exercer para manter os israelitas no caminho correto, a fim de tomarem posse da Terra Prometida. Depois de terem tomado Jericó, os israelitas, sob o comando de Josué, tentaram tomar a cidade de Ai, mas foram vencidos, feridos e perseguidos pelos seus cidadãos. Isso porque Acã tinha escondido uma boa capa babilônica, duzentos siclos de prata (dois quilos e trezentos gramas) e uma barra de ouro de cinqüenta siclos (quinhentos e setenta e cinco gramas) na terra, no meio de sua tenda. Acã significa: o que dá trabalho, perturbador, e deriva de Acor ou Acar, em hebraico, derivado do verbo cãkhar = afligir, perturbar, causar transtorno, atribular. Portanto, Acar (‘ãkhar) significa: homem da tribulação. Como punição de Deus, ele, sua família, seu gado, sua tenda e seus pertences foram queimados no vale de Acor. E todo o Israel os apedrejou e os queimou. Isso foi necessário para limpar a nação da mancha do pecado gerada pela desobediência e pela rebeldia de um homem. Portanto, o Vale de Acor seria conhecido como ‘o vale da tribulação’ ou ‘o vale da aflição’.

O vale de Acor (Js 7: 24-26; Is 65: 10; Os 2: 25), na fronteira de Judá (Js 15: 7), é provavelmente o Wadi Qelt, localizado 1,6 km ao sul de Jericó. No Wadi Qelt pode-se ver hoje um monastério do Cristianismo Bizantino, chamado de Monastério de São Jorge, construído em 340 EC e destruído pelos persas em 614 EC (a dinastia Sassânida: 224–651). Foi novamente reconstruído e abandonado no século XII e finalmente reconstruído e habitado por monges Greco-Ortodoxos no século XIX. Seu nome em árabe é Mar Jaras.


Monastério de São Jorge, no Wadi Qelt em Israel
O Vale de Acor no Wadi Qelt em Israel

Monastério de São Jorge, no Wadi Qelt em Israel
Detalhes do Monastério de São Jorge


O que Deus falava para os israelitas cativos na Assíria é que aquele vale de aflição seria transformado numa porta de esperança quando os exilados passassem por ele ao retornar para a terra de Canaã, como no passado ele tinha sido uma porta de esperança para quem estava entrando na terra da promessa de Deus.
Quando a bíblia fala ‘dali’ ou ‘ali’ pode significar também: ‘a partir do momento do seu arrependimento’, ou seja, do arrependimento de Israel. Para o Israel arrependido, depois de passar pelo vale de Acor (pela tribulação e angústia), haverá uma porta de esperança, que talvez possa ser interpretada também como a primeira vinda de Jesus, que trouxe a Seu povo desesperançado, uma nova chance e uma nova esperança de redenção (cf. Jr 31: 31-34).

‘Será ela obsequiosa como nos dias da sua mocidade e como no dia em que subiu da terra do Egito’ ou ‘Ali ela me responderá como nos dias de sua infância’ – significa uma regeneração da nação no seu relacionamento com o Senhor, em pureza, quando Ele a tirou da terra do Egito. Para Ele, ela era pura naquela época. Portanto, no ‘deserto’, no exílio na Assíria (ou no deserto espiritual), Deus a purificaria de sua idolatria e ela o ouviria e Lhe responderia novamente.
‘Naquele dia’ – o dia do seu arrependimento.
‘Naquele dia, diz o Senhor, ela me chamará: Meu marido e já não me chamará: Meu Baal. Da sua boca tirarei os nomes dos baalins, e não mais se lembrará desses nomes [NVI: seus nomes não serão mais invocados]’ – Em Gn 18: 3, nós podemos ver que Abraão usou uma palavra comum no sentido de servos e patrões ou senhores, que foi ’adhon (‘senhor, amo’, ‘mestre’) ou ’adhoni ou ‘adni’ (‘meu senhor’). Entretanto, havia outra palavra comum para ‘senhor’ ou ‘marido’, que era baal (‘senhor, possuidor, amo, marido’), usada pelas mulheres para chamar seus maridos: meu ‘baal’, i.e., meu senhor, meu marido. Mas a palavra ‘senhor’ era também usada para os falsos deuses de Canaã, Fenícia, Síria, Mesopotâmia e todas as regiões ao redor, especialmente Baal. Quando os israelitas entraram em Canaã notaram que cada trecho da terra tinha sua própria deidade, seu ‘dono’ ou ‘senhor’. Assim sendo, havia muitos baals; e o plural hebraico be‘âlïm aparece em português como ‘baalins’ (1 Rs 18: 18). O Deus hebreu era o ‘Senhor’ ou ‘marido’ dos israelitas, e, portanto, chamavam-no de ‘baal’, e isso levou a uma grande confusão entre a adoração ao único Deus vivo e verdadeiro e os rituais de Baal, pelo que se tornou essencial chamar o Senhor por um nome diferente, como ’ish (איש – Os 2: 16-17), que significa ‘marido’ ou ‘homem’. Por isso, a orientação de Deus nesse versículo. Israel chamaria a Deus de ‘Meu Marido’ (’ish), não mais de ‘meu Baal’, ‘meu senhor’, como a nação costumava chamar a este falso deus. O Senhor não admitiria ser chamado pelo nome de um deus pagão.

• Os 2: 18: “Naquele dia, farei a favor dela aliança com as bestas-feras do campo, e com as aves do céu, e com os répteis da terra; e tirarei desta o arco, e a espada, e a guerra e farei o meu povo repousar em segurança [NVI: Naquele dia, em favor deles farei um acordo com os animais do campo, com as aves do céu e com os animais que rastejam pelo chão. Arco, espada e guerra, eu os abolirei da terra, para que todos possam viver em paz]”.

O Senhor garante que haverá paz, e os animais selvagens (v. 12) não mais devorarão as videiras e as figueiras. Haverá paz na terra, quando o Senhor resolver agir e libertá-los do exílio. Exércitos hostis não invadirão mais o território israelita.
‘Naquele dia’ – pode ser no dia do retorno do exílio, após o arrependimento de Israel, ou nos dias do evangelho, que o Senhor já estava preparando para que Seu povo o conhecesse e pudesse viver em paz com Deus.

• Os 2: 19-20: “Desposar-te-ei comigo para sempre; desposar-te-ei comigo em justiça, e em juízo, e em benignidade, e em misericórdias [NVI: com justiça e retidão, com amor e compaixão]; desposar-te-ei comigo em fidelidade, e conhecerás ao Senhor”.

Desposar alguém significa se comprometer com essa pessoa. A união de Deus com Sua nação a quem Ele chama de esposa será uma aliança de fidelidade, justiça, retidão, amor e compaixão. E será uma aliança eterna. Num relacionamento sincero e amoroso, Seu povo conhecerá o Senhor, não de uma maneira intelectual, mas emocional e espiritual, no coração, através das novas experiências com Ele (cf. Jr 31: 34).

• Os 2: 21-23: “Naquele dia, eu serei obsequioso [NVI: Naquele dia eu responderei], diz o Senhor, obsequioso aos céus, e estes, à terra [NVI: Responderei aos céus, e eles responderão à terra]; a terra, obsequiosa ao trigo, e ao vinho, e ao óleo; e estes, a Jezreel [NVI: e a terra responderá ao cereal, ao vinho e ao azeite, e eles responderão a Jezreel]. Semearei Israel para mim na terra e compadecer-me-ei da Desfavorecida; e a Não-Meu-Povo direi: Tu és o meu povo! Ele dirá: Tu és o meu Deus!”

‘Naquele dia’ – os dias do evangelho: graça, renovação da aliança de Deus com Seu povo. Ele fará com que os céus enviem a chuva para a terra, e a terra faça germinar as sementes da videira, do trigo e da oliveira. Mais do que bênçãos naturais e materiais, Ele lhes dará a bênção de ter renovada a sua aliança com Ele, e eles passarão a ser Seu povo e Ele será o seu Deus e se compadecerá deles.
‘Semearei Israel para mim na terra’ – Deus os multiplicará na terra como sementes que são semeadas. Jezreel significa ‘Deus semeia’, por isso a palavra foi usada aqui como um símbolo dessa semeadura, como símbolo de Israel.

Capítulo 3 – A longanimidade de Deus

• Os 3: 1-2: “Disse-me o Senhor: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo e adúltera, como o Senhor ama os filhos de Israel, embora eles olhem para outros deuses e amem bolos de passas [NVI: O Senhor me disse: Vá, trate novamente com amor sua mulher, apesar de ela ser amada por outro e ser adúltera. Ame-a como o Senhor ama os israelitas, apesar de eles se voltarem para outros deuses e de amarem os bolos sagrados de uvas passas]. Comprei-a, pois, para mim por quinze peças de prata [NVI: cento e oitenta gramas, ou ‘quinze siclos’; 1 siclo equivalia a aproximadamente 12 g] e um ômer e meio de cevada [264,30 litros, ou 330 litros em medida americana; ômer era uma medida para secos; 1 ômer = 176,2 litros ou 220 litros em medida americana]”.

Ainda neste capítulo, o casamento do profeta retrata as relações de Israel com seu Deus.
O Senhor falou a Oséias para reconquistar Gômer, dando a entender a Sua intenção de redimir Israel. Se ele a comprou significa que ela era propriedade de outro homem.

‘Comprei-a, pois, para mim por quinze peças de prata’, ou seja, quinze siclos de prata, metade do preço de um escravo (Êx 21: 32). A compra de Gômer por Oséias simbolizou o grande amor de Deus, que o move a buscar reconciliação até mesmo quando, para isso, Ele tem de humilhar-se (Fp 2: 8). A única diferença entre o preço que Oséias pagou por Gômer e o que Jesus pagou por nós foi o valor da ‘compra’. O preço que Ele pagou pela nossa vida foi bastante alto. Ele nos comprou das mãos do diabo com Sua própria vida, pois para Ele nós valemos mais do que o preço de um escravo.
‘Bolos de passas’ ou ‘bolos sagrados de uvas passas’ deviam ser usados, provavelmente, na adoração aos deuses da fertilidade dos cananeus.

• Os 3: 3-4: “... e lhe disse: tu esperarás por mim muitos dias; não te prostituirás, nem serás de outro homem; assim também eu esperarei por ti. Porque os filhos de Israel ficarão por muitos dias sem rei, sem príncipe [NVI: sem líder], sem sacrifício, sem coluna [NVI: sem colunas sagradas], sem estola sacerdotal ou ídolos do lar”.

Essa espera que Oséias estava falando em relação a Gômer representava o exílio de Israel, quando a nação não teria mais líder, nem chance de realizar os sacrifícios aos seus deuses. As colunas de pedra eram usadas pelos cananeus em sua adoração a Baal e a outros deuses (1 Rs 14: 23; 2 Rs 3: 2; 2 Rs 10: 26-27; 2 Rs 17: 10).
A estola sacerdotal, o éfode, era a vestimenta usada pelo sumo sacerdote (Êx 28: 4-30).
Ídolos do lar (hebraico: Teraphim ou Traphiym – Strong#8655: ídolo familiar, imagem (de um ídolo); idolatria) eram ídolos (Gn 31: 19; 35; Jz 17: 5; 2 Rs 23: 24) usados na prática da adivinhação.

• Os 3: 5: “Depois, tornarão os filhos de Israel, e buscarão ao Senhor, seu Deus, e a Davi, seu rei; e, nos últimos dias, tremendo, se aproximarão do Senhor e da sua bondade [NVI: Virão tremendo atrás do Senhor e das suas bênçãos]”.

‘Davi, seu rei’ – uma referência a Jesus. Para os judeus, a figura do Messias era a do Messias davídico, por isso todos os profetas se referem a Jesus dessa forma, ainda que eles não entendessem que Deus traria Sua salvação de outro jeito; mas Deus sabia, e é isso o que importa, e Ele usava essa visão presente no meio do Seu povo ao se referir ao Seu Filho.
‘Nos últimos dias’ – nos tempos do Messias, no tempo do evangelho, quando os que cressem se aproximariam de Jesus e da Sua bondade, pois necessitavam de Suas bênçãos. ‘Virão tremendo’ expressa a reverência e o temor de Deus no coração dos judeus contritos.
Muitos profetas se referiram a Jesus, o Messias, o Filho de Davi: ‘tronco de Jessé’ ou ‘ a raiz de Jessé’ (Is 11: 1-10); ‘Renovo justo’ (Jr 23: 5); Renovo de justiça (Jr 33: 15). Outros chamam o Messias de Davi (Jr 30: 9; Ez 34: 23-24; Ez 37: 24-25).
O Reino do Norte (Israel) rejeitou o reinado de Davi (o Reino do Sul – Judá) em sua rebeldia contra Roboão (1 Rs 12: 16-19). O retorno de Israel para Deus envolveria a união entre Israel e Judá, com o reconhecimento da dinastia de Davi estabelecida pelo Senhor.

Capítulo 4 – A corrupção geral de Israel

A partir daqui, Oséias denuncia a corrupção, o orgulho e a idolatria de Israel (4: 1 – 7: 16; 8: 4). Então, por suas más ações, Israel é reprovado diante de Deus.

• Os 4: 1-2: “Ouvi a palavra do Senhor, vós, filhos de Israel, porque o Senhor tem uma contenda com os habitantes da terra [NVI: o Senhor tem uma acusação contra vocês que vivem nesta terra], porque nela não há verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus. O que só prevalece é perjurar, mentir, matar, furtar e adulterar, e há arrombamentos e homicídios sobre homicídios [NVI: Só se vêem maldição, mentira e assassinatos, roubo e mais roubo, adultério e mais adultério; ultrapassam todos os limites! E o derramamento de sangue é constante]”.

‘O Senhor tem uma contenda’ – contenda se refere a uma reclamação formal que acusa Israel de infringir o concerto com Deus.
‘Porque nela não há... conhecimento de Deus’ – não o conhecimento intelectual, mas o reconhecimento da Sua autoridade como o Senhor que fez a aliança com Israel. Mais do que isso, a revelação pessoal do Seu caráter, a informação revelada sobre Sua pessoa e sobre Suas intenções para com eles.
Perjurar significa ‘quebrar um juramento’, ‘jurar falso’, o que pode se referir ao mau uso do nome do Senhor em juramentos e em blasfêmias (Êx 20: 7). Mas Oséias lista outros pecados que parecem ser os mais freqüentes: mentir, matar, furtar e adulterar [NVI: Só se vêem maldição, mentira e assassinatos, roubo e mais roubo, adultério e mais adultério; ultrapassam todos os limites! E o derramamento de sangue é constante].

• Os 4: 3-6: “Por isso, a terra está de luto [ou ‘está seca’], e todo o que mora nela desfalece, com os animais do campo e com as aves do céu; e até os peixes do mar perecem. Todavia, ninguém contenda, ninguém repreenda; porque o teu povo é como os sacerdotes aos quais acusa [NVI: Mas, que ninguém discuta, que ninguém faça acusação, pois sou eu quem acusa os sacerdotes]. Por isso, tropeçarás de dia, e o profeta contigo tropeçará de noite [NVI: Vocês tropeçam dia e noite, e os profetas tropeçam com vocês]; e destruirei a tua mãe. O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos”.

Por causa de tudo aquilo, a terra estará seca e estéril, e os animais morrerão de fome, os animais terrestres, as aves e os peixes.
Então, o Senhor fala para que ninguém questione ou acuse os sacerdotes porque o povo é igual a eles, e quem pode acusá-los é Ele. Os sacerdotes e os profetas tropeçam dia e noite por causa da sua negligência em relação à lei. Eles fracassaram no ensino verdadeiro dela e, por isso, o povo não tinha o conhecimento de Deus.
‘destruirei a tua mãe’ – Deus destruirá a nação rebelde que se recusa a ouvi-lo e rejeita Seus mandamentos e Sua correção.
‘também eu me esquecerei de teus filhos’ – se refere à destruição da linhagem sacerdotal.

• Os 4: 7-9: “Quanto mais estes se multiplicaram, tanto mais contra mim pecaram; eu mudarei a sua honra em vergonha. Alimentam-se do pecado do meu povo e da maldade dele têm desejo ardente [NVI: e têm prazer em sua iniqüidade]. Por isso, como é o povo, assim é o sacerdote; castigá-lo-ei pelo seu procedimento e lhe darei o pago das suas obras [NVI: Portanto, castigarei tanto o povo quanto os sacerdotes por causa dos seus caminhos, e lhes retribuirei seus atos]”.

Quanto mais numerosos fossem os sacerdotes, mais pecado haveria, por isso, o Senhor transformaria sua honra em vergonha. Eles estimulavam o pecado e sentiam prazer com isso. O sacerdócio era uma grande honra, mas os sacerdotes ímpios de Israel manchavam esta honra.
‘Alimentam-se do pecado do meu povo’ significa não apenas o prazer no erro moral dos israelitas, mas os sacerdotes aceitavam a carne dos sacrifícios hipócritas dos adoradores por causa da sua ganância e cobiça (Os 6: 9; Os 8: 11-13).
O povo e os sacerdotes eram iguais, ‘farinha do mesmo saco’. Não havia diferença nenhuma entre o nível moral dos sacerdotes e dos leigos. Eles seriam castigados, todos. Na verdade, os filhos de Israel andaram em todos os pecados que Jeroboão I tinha cometido (1 Rs 12: 25-33). Com medo de que o povo voltasse a adorar em Jerusalém e retornasse para Roboão, o rei de Israel fez dois bezerros de ouro e disse ao povo que aqueles eram os deuses que os fizeram sair do Egito. E pôs um em Betel e o outro, em Dã. Também fez santuários nos altos e, dentre o povo, constituiu sacerdotes que não eram dos filhos de Levi. Ali se queimava incenso. A seu bel-prazer instituiu uma festa no 15º dia do 8º mês, igual à festa dos Tabernáculos que se fazia em Judá, e sacrificou no altar em Betel e em Dã. O povo e os reis de Israel seguiram o seu exemplo por dois séculos.
Eram esses os sacerdotes idólatras que ministravam em Israel, não mais os sacerdotes levitas instituídos por Deus, pois a bíblia diz que estes fugiram para Roboão quando Jeroboão I começou a fazer suas reformas religiosas e os expulsou de Israel para que não mais ministrassem ao Senhor (2 Cr 11: 13-17).

• Os 4: 10-11: “Comerão, mas não se fartarão; entregar-se-ão à sensualidade, mas não se multiplicarão, porque ao Senhor deixaram de adorar. A sensualidade, o vinho e o mosto tiram o entendimento [NVI: eles comerão, mas não terão o suficiente; eles se prostituirão, mas não aumentarão a prole, porque abandonaram o Senhor para se entregarem à prostituição, ao vinho velho e ao novo, prejudicando o discernimento do meu povo]”.

Não haveria bênçãos sobre eles porque haviam abandonado o Senhor. Não se fartariam com o alimento e, ainda que se entregassem à sensualidade, não gerariam descendência, pois não era Baal que lhes daria isso. Haviam se entregado ao vinho, que lhes tirava o discernimento das coisas espirituais e, conseqüentemente, o povo também ficava privado desse entendimento. Neste versículo, a luxúria se refere à prostituição associada à adoração a Baal, assim como o vinho era empregado na adoração a ele.

• Os 4: 12-14: “O meu povo consulta o seu pedaço de madeira, e a sua vara lhe dá resposta [NVI: de um pedaço de pau recebem resposta]; porque um espírito de prostituição os enganou, eles, prostituindo-se, abandonaram o seu Deus. Sacrificam sobre o cimo dos montes e queimam incenso sobre os outeiros, debaixo do carvalho, dos choupos [NVI: estoraque; NIV: ‘poplar’, álamo] e dos terebintos, porque é boa a sua sombra; por isso, vossas filhas se prostituem, e as vossas noras adulteram. Não castigarei vossas filhas, que se prostituem, nem vossas noras, quando adulteram, porque os homens mesmos se retiram com as meretrizes e com as prostitutas cultuais sacrificam [NVI: porque os próprios homens se associam a meretrizes e participam dos sacrifícios oferecidos pelas prostitutas cultuais], pois o povo que não tem entendimento corre para a sua perdição”.

Oséias fala aqui da prostituição espiritual a que se referiu antes. Os israelitas consultavam os ídolos e achavam que estavam recebendo as respostas às suas perguntas. ‘Sua vara’ se refere aos ídolos de madeira que o povo consultava. O espírito de prostituição de que ele fala era a índole à idolatria, que os afastava de Deus e os fazia sacrificar no alto dos montes e queimar incenso aos ídolos sobre os montes e debaixo dos carvalhos e dos terebintos. Os ídolos consistiam em pilares de pedra e postes de madeira. Na adoração a Baal se usava o vinho, assim como a adivinhação, os sacrifícios e os ritos sexuais. Havia a prostituição cultual junto com a prostituição espiritual a que o profeta se refere. Mas Deus diz que não castigaria as mulheres por causa disso, uma vez que os homens também adulteravam com as meretrizes. O povo não tinha entendimento.

‘Debaixo do carvalho, dos choupos e dos terebintos’ – as palavras em hebraico usadas aqui são: ’allown (carvalho; Strong #437), libneh (choupo ou álamo; Strong #3839) e ’elâ (elah; Strong #424), traduzida na KJV como ‘olmo’ (olmeiro), ou nas versões em português, como ‘terebinto’ ou ‘carvalho’. Na verdade, a tradução ‘olmo’ ou ‘olmeiro’ para o terebinto é errada. O olmeiro não é árvore nativa da Palestina, mas é mais freqüente na Península Ibérica. Em hebraico, a palavra usada para terebinto pode ser a mesma para ‘carvalho’, ou seja, ‘allâ, ’allôn (ou ’allown) e ’elâ. Pode ser traduzida também como tília, mas a tília não cresce no Oriente Médio atualmente, onde os versículos da bíblia estão descrevendo agora. A tília ou a árvore é nativa do norte da Europa e Ásia. O terebinto, sim, está presente nas colinas quentes e secas da Palestina, mas também é nativa da região do Mediterrâneo como Marrocos, Portugal e Ilhas Canárias; presente também na Turquia e na Síria. O terebinto (Pistacia therebinthus ou Pistacia terebinthus ou Pistacia palaestina), como descrito em Is 6: 1-13, é uma árvore decídua, pequena, de até seis metros de altura, parecendo um arbusto, e que tem flores. Suas folhas têm de dez a vinte centímetros de comprimento, e suas flores são de cor púrpura avermelhada, que desabrocham na primavera. Seus frutos pequenos são carnosos, com o tamanho de cinco a sete centímetros de comprimento, e cuja cor varia do vermelho ao negro quando estão maduros. A resina da planta tem um odor forte e penetrante, de onde se extrai a terebintina, possivelmente a mais antiga fonte deste composto. A terebintina é um solvente muito usado na preparação de tintas, vernizes e polidores. O terebinto é uma árvore isolada, ou seja, não cresce em bosques. Na Antiguidade eram comuns as práticas idólatras debaixo de terebintos.


Terebinto – árvore Terebinto
Terebinto (Pistacia terebinthus ou Pistacia palaestina) / Flor do Terebinto – wikipedia.org


O carvalho (cf. Is 3: 13; Is 61: 3) é uma árvore do gênero Quercus, que tem vinte e quatro espécies na Palestina. O carvalho era a árvore favorita sob cujas sombras os israelitas se assentavam (1 Rs 13: 14) ou sepultavam seus mortos (Gn 35: 8; 1 Cr 10: 12, onde está escrito ‘arvoredo’) ou ídolos, como fez Jacó, que enterrou os ídolos do seu clã ao sair de Siquém para Betel: Gn 35: 2; 4. Sua madeira, embora dura, não era empregada em construção. Era usada na fabricação de remos (Ez 27: 6) e de imagens de escultura (Is 44: 14-15). Basã era região repleta de carvalhos (Is 2: 13; Ez 27: 6; Zc 11: 2). Algumas espécies são perenemente verdes, mas a maioria muda de folhas anualmente (Is 6: 13). É uma árvore vigorosa, de madeira dura, que vive muitos séculos. Portanto, simboliza poder, força, longevidade, estabilidade e determinação.


Carvalho – árvore
Carvalho (Quercus pedunculata B.) – wikipedia.org


Quanto à palavra choupo ou álamo (KJV; NIV), a palavra hebraica é libhneh ou libneh (Strong #3839), que significa: algum tipo de árvore esbranquiçada, talvez o estoraque; álamo ou choupo. Entretanto, não parece ser o caso do estoraque aqui, a árvore da qual se extraía a goma aromática para se fazer o incenso sagrado usado no Tabernáculo, pois a palavra hebraica para estoraque é nãtãph (Êx 30: 34), a Styrax officinalis (uma das cento e trinta espécies do gênero Styrax, distribuído em toda a Palestina). Populus L. é um gênero ao qual pertencem cerca de 40 espécies arbóreas ou arbustivas da família Salicaceae (à qual também pertence o salgueiro), vulgarmente conhecidas como choupos ou álamos. O álamo fornece uma sombra densa, e quando plantada formando bosques bem poderia servir para os ritos pagãos mencionados em Os 4: 13. A frase escrita em Os 14: 5 (‘lançará as suas raízes como o cedro do Líbano’) é traduzida na versão em inglês (RSV) como: ‘lançará raízes como o álamo’. Na ARA é traduzida como choupo. É uma árvore característica das florestas do hemisfério norte, mas também presentes nas regiões mais temperadas, geralmente ao longo de rios ou em áreas pantanosas. As folhas caem no inverno e, em algumas espécies, tornam-se amarelas antes de caírem. Essas árvores têm raízes invasivas, podendo perfurar as tubulações de água. As raízes muitas vezes dão origem a novas árvores e, por essa razão, essas espécies podem sobreviver a incêndios.


Choupos ou Álamos
Choupos ou álamos – wikipedia.org


• Os 4: 15-16: “Ainda que tu, ó Israel, queres prostituir-te [NVI: Embora você adultere, ó Israel], contudo, não se faça culpado Judá [NVI: que Judá não se torne culpada]; nem venhais a Gilgal e não subais a Bete-Áven [Nota NVI: significa ‘casa da impiedade’, um nome para Betel, que significa ‘casa de Deus’], nem jureis, dizendo: Vive o Senhor [NVI: E não digam: Juro pelo nome do Senhor]. Como vaca rebelde, se rebelou Israel; será que o Senhor o apascenta como a um cordeiro em vasta campina? [NVI: Como pode o Senhor apascentá-los como cordeiros na campina?]”.

Israel havia se tornado culpado, mas o Senhor advertia a Judá para não seguir o exemplo de seus irmãos do norte, tampouco vir para adorar em Gilgal ou Betel (aqui chamado pelo nome pejorativo de Bete-Áven, ‘casa da iniqüidade’ ou ‘casa da impiedade’), pois nestes lugares estavam os santuários idólatras. Com a rebeldia de Israel o Senhor não mais poderia tratá-los como um rebanho de cordeiros na campina; eles haviam se tornado muito independentes para serem guiados pela Sua mão.

Gilgal, que desde o início da entrada nos israelitas na terra de Canaã foi um grande centro para as ações de justiça de Deus (Js 4: 20; Js 5: 9-10; Js 14: 6; Jz 2: 1; 1 Sm 7: 16; 1 Sm 15: 12; 22-23; 26-31; 33-35; 2 Rs 2: 1; Mq 6: 5), agora havia se tornado um centro de adoração idólatra, ligada a Betel por uma estrada importante (2 Rs 2: 1-2). Não só Oséias repreendia Gilgal (Os 4: 15; Os 9: 15; Os 12: 11), mas também Amós (Am 4: 4; Am 5: 5).
Gilgal e Betel eram centros de adoração criados por Jeroboão I (desde a época da separação da nação em dois reinos) e seguidos por todos os demais reis de Israel. Betel, Gilgal, Berseba se tornaram centros de cultos corruptos. Betel ficava na tribo de Efraim; Gilgal, no território de Manassés do oeste, próximo à fronteira de Efraim; e Berseba, ao sul, no território de Simeão. Quanto a Dã, onde estava o outro bezerro de ouro de Jeroboão I, ficava ao norte de Israel, na tribo de Naftali.

• Os 4: 17-19: “Efraim está entregue aos ídolos; é deixá-lo. Tendo acabado de beber, eles se entregam à prostituição; os seus príncipes amam apaixonadamente a desonra. O vento os envolveu nas suas asas; e envergonhar-se-ão por causa dos seus sacrifícios [NVI: Um redemoinho os varrerá para longe, e os seus altares lhes trarão vergonha]”.

Efraim, uma das maiores tribos de Israel, é mencionada neste versículo para representar todo o Reino do Norte.
‘É deixá-lo’ – uma expressão de frustração ou resignação de quem não tem mais o que fazer para mudar alguém ou alguma situação. Isso refletia a rebeldia de Israel a Deus.
‘O vento os envolveu nas suas asas’ ou ‘Um redemoinho os varrerá para longe’ – simboliza o vento do juízo divino afastando-os para o exílio e envergonhando-os por causa de sua idolatria.

Capítulo 5 – Repreensão contra sacerdotes e príncipes

Oséias continua denunciar a corrupção, o orgulho e a idolatria de Israel (4: 1 – 7: 16; 8: 4), pelo que Israel é reprovado diante de Deus.

• Os 5: 1: “Ouvi isto, ó sacerdotes; escutai, ó casa de Israel; e dai ouvidos, ó casa do rei, porque este juízo é contra vós outros, visto que fostes um laço em Mispa e rede estendida sobre o Tabor [o monte Tabor]”.

O profeta começa convocando o povo, a casa do rei e os sacerdotes para ouvi-lo, porque o juízo de Deus é para todos eles. Pelo seu comportamento idólatra e injusto, os líderes, especialmente os sacerdotes, aprisionavam almas como caçadores pegavam passarinhos em suas armadilhas, pois promoveram adoração pagã nos montes altos de Israel.

O Monte Tabor é um monte na planície de Jezreel a 562 metros acima do nível do mar, de frente para o Mediterrâneo e a sudoeste do mar da Galiléia. Um santuário idólatra foi estabelecido ali nos dias de Oséias (Os 5: 1) e, por isso, ele diz que Israel foi ‘rede estendida sobre o Tabor’.

Mispa é uma aldeia em Gileade a leste do Jordão, e que alguns autores acham que se trata de Ramote-Gileade, mas ainda sem comprovação. É diferente da cidade de Mispa em Benjamim (Js 18: 26) perto de Gibeão e Ramá (1 Rs 15: 22). Benjamim fazia parte do reino de Judá, o reino do sul.

• Os 5: 2: “Na prática de excessos, vos aprofundastes; mas eu castigarei a todos eles [NVI: Os rebeldes estão envolvidos em matança. Eu disciplinarei todos eles]”.

Os rebeldes provavelmente eram os líderes e sacerdotes que haviam se rebelado contra Deus ao rejeitar Seus mandamentos. A matança ou os excessos talvez se refira aos seus atos de violência ou aos sacrifícios pagãos. O Senhor não deixaria isto passar impune.

• Os 5: 3-4: “Conheço a Efraim, e Israel não me está oculto; porque, agora, te tens prostituído, ó Efraim, e Israel está contaminado [NVI: Israel se corrompeu]. O seu proceder não lhes permite voltar para o seu Deus, porque um espírito de prostituição está no meio deles [NVI: no coração deles], e não conhecem ao Senhor”.

O profeta volta a usar a palavra ‘prostituição’ para se referir à adoração idólatra daquele povo e de seus líderes, e diz que Deus os conhece profundamente, conhece sua índole voltada à idolatria, e por isso eles estão contaminados. Eles não conhecem ao Senhor.

• Os 5: 5-7: “A soberba de Israel, abertamente, o acusa [NVI: testifica contra eles]; Israel e Efraim cairão por causa da sua iniqüidade, e Judá cairá juntamente com eles. Estes irão com os seus rebanhos e o seu gado à procura do Senhor, porém não o acharão; ele se retirou deles. Aleivosamente se houveram contra o Senhor [NVI: Traíram o Senhor], porque geraram filhos bastardos; agora, a Festa da Lua Nova os consumirá com as suas porções [NVI: Agora suas festas de lua nova os devorarão, tanto a eles como as suas plantações]”.

‘Aleivosamente se houveram contra o Senhor, porque geraram filhos bastardos’ – aleive ou aleivosia significa deslealdade, traição, fraude, injúria. Num ato de traição contra o Senhor os filhos de Judá passaram a adorar deuses estranhos e se esqueceram dEle, por isso a expressão ‘filhos bastardos’, porque Deus deixara de ser Pai deles.

A Festa da Lua Nova, comemorando a entrada dos meses, seria para eles todos, agora, um momento de aflição, não de regozijo. ‘Porções’ se refere às suas plantações (NVI), suas terras, que por permissão de Deus seriam invadidas por animais selvagens e exércitos invasores, que a devorariam (Os 2: 11-12; Os 11: 6).
Nesta fase da profecia, Oséias não menciona apenas o erro de Israel, condenando a si mesmo, mas diz que Judá seguiu seu exemplo (2 Rs 17: 19), por isso podemos pensar que os reis de Israel a que Oséias estava se dirigindo poderiam ser Peca ou Oséias, contemporâneos de Acaz, quando Judá absorveu os atos de idolatria do reino do norte e de seus vizinhos, como a Síria.

O que se sabe, pelo relato bíblico é que nos dias de Acaz, ele fez altares em todos os lugares de Jerusalém e Judá (2 Cr 28: 24-25; 2 Rs 16: 4) e queimou seu próprio filho em sacrifício (2 Rs 16: 3; 2 Cr 28: 3). Urias (2 Reis 16: 10; 11; 15-16) era o sacerdote que, a mando de Acaz, havia construído o altar idólatra (2 Rs 16: 10-12) que este tinha visto em Damasco quando foi se encontrar com Tiglate-Pileser III, sendo intimado a pagar-lhe tributo. Isso levou à adoração de divindades sírias dentro do templo de Jerusalém (2 Cr 28: 23); ele ajuntou os utensílios do templo e os fez em pedaços, fechando suas portas e fazendo um altar idólatra igual ao que viu em Damasco e colocando na Casa do Senhor (2 Cr 28: 24). O altar de bronze que estava diante do Senhor ele removeu da frente da casa, do lugar entre o seu altar e a casa do Senhor, e colocou-o no lado norte do seu altar; e fez sacrifícios no novo altar (2 Rs 16: 10-18). Além do que o rei fez altares em todos os lugares de Jerusalém e Judá (2 Cr 28: 24-25; 2 Rs 16: 4). Por isso, não apenas Peca e Rezim vieram contra ele. Os Edomitas invadiram Judá e levaram presos em cativeiro. Também os filisteus (2 Cr 28: 18) invadiram o sul de Judá e tomaram algumas aldeias, porque o Senhor humilhou Acaz, principalmente, por causa de seus pecados de idolatria (2 Cr 28: 17-19).

• Os 5: 8-15 – É provável que esta passagem se refira ao período da guerra Siro-Efraimita (734-732 AC – 2 Rs 16: 5-9; Is 7: 1-9), quando Israel lutou para se tornar independente do domínio sírio, mas fracassou.

• Os 5: 8-9: “Tocai a trombeta em Gibeá e em Ramá tocai a rebate! Levantai gritos em Bete-Áven! Cuidado, Benjamim! Efraim tornar-se-á assolação no dia do castigo; entre as tribos de Israel, tornei conhecido o que se cumprirá”.

‘Tocai a rebate’ – um toque de trombeta avisando de um ataque e convocando os soldados para uma batalha (Nm 10: 9).
Gibeá era um cidade em Benjamim, e se tornou famosa como o lugar de nascimento de Saul (1 Sm 10: 26), ‘Gibeá de Saul’ (1 Sm 11: 4; Is 10: 29). Pode ser identificada com o sítio arqueológico de Tell el-Ful, que fica a cerca de quinze quilômetros ao norte de Jerusalém.
Ramá aqui é a cidade do território de Benjamim, também ao norte de Jerusalém. Ramá de Benjamim ficava perto de Betel, na área de Gibeom (Js 18: 25). Ramá, mencionada aqui em Os 5: 8, é a mesma Ramá de Isaías 10: 29 e Jeremias 31: 15 (cf. Mt 2: 18). Pode ser identificada com Er-Ram, a oito quilômetros ao norte de Jerusalém, perto do túmulo de Raquel (Gn 35: 19; Jr 31: 15 (cf. Mt 2: 18); 1 Sm 10: 2). Bete-Áven se refere a Betel, em Efraim.

O profeta afirma que estava fazendo conhecido a eles o que sucederia. Avisa a Benjamim que Efraim se tornara uma assolação pelo exército inimigo, e que buscava invadir Judá, provavelmente Tiglate-Pileser III, que conquistou três regiões de Israel entre 734-732 AC: Zebulom, Naftali e Galiléia. Damasco foi capturada em 732 AC e foi reduzida a cidade subsidiária dentro da província Assíria de Hamate. Também reduziu o reino do norte de Israel à região montanhosa de Efraim, sendo Samaria sua capital. Além de ter matado Rezim, rei da Síria, Tiglate-Pileser III confirmou o reino a Oséias, que matou Peca (2 Rs 15: 29; 2 Rs 17: 1), deixando-o governar em Samaria. O rei assírio pretendia vir a Judá e, em seguida, invadir Jerusalém. Mesmo que não tivessem entrado na Cidade Santa (Is 37: 6-7; 33-35) os assírios vieram e destruíram grande parte das terras de Judá (2 Rs 18: 13; 2 Cr 32: 1-2; Is 8: 8; 36: 1-3).

O Senhor afirmou que o julgamento anunciado seria um decreto inalterável.

• Os 5: 10-11: “Os príncipes de Judá são como os que mudam os marcos; derramarei, pois, o meu furor sobre eles como água [NVI: como uma inundação]. Efraim está oprimido e quebrantado pelo castigo, porque foi do seu agrado andar após a vaidade [NVI: esmagado pelo juízo, porque decidiu ir atrás de ídolos]”.

‘Os marcos’ eram pedras colocadas pelos proprietários de terra para demarcar os limites da sua propriedade. Se um ladrão decidia se apossar da terra de alguém era só mudar os marcos de lugar. A lei proibia isso, porque invadir a terra de alguém era uma violação de direitos, e acarretaria julgamento por parte de Deus (Dt 19: 14; Dt 27: 17; Jó 24: 2; Pv 22: 28; Pv 23: 10; 1 Rs 21: 16-19).
‘Os príncipes de Judá são como os que mudam os marcos’ – se refere em especial a Acaz e seus cortesãos, que derrubaram toda ordem política e a religião de seus ancestrais para servirem a outros deuses também, e pior ainda, invadindo o templo do Senhor e colocando ali os deuses de Damasco (2 Cr 28: 23). Ele ajuntou os utensílios do templo e os fez em pedaços, fechando suas portas (2 Cr 28: 24) e fazendo um altar idólatra igual ao que viu em Damasco e colocando na Casa do Senhor. O altar de bronze que estava diante do Senhor ele removeu da frente da casa, do lugar entre o seu altar e a casa do Senhor, e colocou-o no lado norte do seu altar; e fez sacrifícios no novo altar (2 Rs 16: 10-18). Além do que o rei fez altares em todos os lugares de Jerusalém e Judá (2 Cr 28: 24-25; 2 Rs 16: 4). Também queimou seus próprios filhos em sacrifício (2 Rs 16: 3; 2 Cr 28: 3), segundo as abominações dos pagãos. Por isso, não apenas Peca e Rezim vieram contra ele. Os Edomitas invadiram Judá e levaram presos em cativeiro. Também os filisteus (2 Cr 28: 18) invadiram o sul de Judá e tomaram algumas aldeias, porque o Senhor humilhou Acaz, principalmente, por causa de seus pecados de idolatria (2 Cr 28: 17-19).

‘Efraim está oprimido e quebrantado pelo castigo, porque foi do seu agrado andar após a vaidade [NVI: esmagado pelo juízo, porque decidiu ir atrás de ídolos]’ – o reino do norte foi assolado pelos assírios.

• Os 5: 12-13: “Portanto, para Efraim serei como a traça e para a casa de Judá, como a podridão. Quando Efraim viu a sua enfermidade, e Judá, a sua chaga, subiu Efraim à Assíria e se dirigiu ao rei principal, que o acudisse [NVI: e mandou buscar a ajuda do grande rei]; mas ele não poderá curá-los, nem sarar a sua chaga”.

A traça rói as roupas. Da mesma forma o Senhor destruiria Israel, as tribos do norte. Desde o tempo de Jeroboão I, já vinha fazendo isso.
E como a podridão, Ele agiria destruindo o reino de Judá. Isso significa: consumindo secretamente.
As duas nações se corromperam buscando alianças políticas para se livrar dos invasores, mas acabaram pior do que estavam antes.
‘Efraim viu a sua enfermidade,... subiu Efraim à Assíria’ – No tempo de Menaém ele deu a Pul, rei da Assíria (Tiglate-Pileser III), 1.000 talentos de prata para que este o ajudasse a consolidar seu reino, e o inimigo deixou a terra (2 Rs 15: 19-20). Sua enfermidade significa uma fraqueza, como um consumo, ameaçando de morte.
‘E Judá, a sua chaga’ – No tempo de Acaz, para se livrar da invasão de Rezim, da Síria, e de Peca, de Israel, aquele fez aliança com Tiglate-Pileser III. Assim, o rei assírio subiu contra Damasco e matou Rezim. Em troca dos favores que Tiglate-Pileser lhe havia prestado, Acaz tomou a prata e o ouro do templo, da casa real e da casa dos príncipes e os deu ao rei assírio (2 Rs 16: 7-9; 2 Cr 28: 20-21), mas depois, foi intimado a pagar tributo a este.

• Os 5: 14-15: “Porque para Efraim serei como um leão e como um leãozinho, para a casa de Judá [NVI: e como um leão grande para Judá]; eu, eu mesmo, os despedaçarei e ir-me-ei embora; arrebatá-los-ei, e não haverá quem os livre. Irei e voltarei para o meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha face; estando eles angustiados, cedo me buscarão, dizendo:...”.
O Senhor será como um leão que despedaça tanto Israel como Judá por causa de sua traição. Depois, o Senhor se retirará deles até que haja arrependimento e o busquem. Quando eles tiverem angustiados, eles o buscarão. Esse versículo dá seqüência com o capítulo 6, cujo título é ‘Conversão insincera’.

Este texto se encontra no 1º volume do livro:


livro evangélico: Os profetas menores

Os profetas menores vol. 1 (PDF)

Os profetas menores vol. 2

Os profetas menores vol. 3

The minor prophets vol. 1 (PDF)

The minor prophets vol. 2

The minor prophets vol. 3

Sugestão de leitura:


livro evangélico: Profeta, o mensageiro de Deus

Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)

Prophet, the messenger of God (PDF)

Sugestão para download:


tabela de profetas AT

Tabela dos profetas (PDF)

Table about the prophets (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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