Obadias (profeta de Judá; 605-583 AC – durante o exílio na Babilônia) fala sobre o julgamento de Edom, pois ele ajudou a Babilônia a saquear Judá e entregou os judeus em suas mãos. Obadias prega o julgamento universal, e a restauração de Israel.
Obadiah (prophet of Judah; 605-583 BC – during the exile) talks about the judgment against Edom, for he helped the Babylonians plunder Judah and delivered the Jews into their hands. Obadiah preaches universal judgment and the restoration of Israel.
Obadias (‘Obhadhyãhii ou ‘Obhadhyâ = ‘servo de YHWH’ ou ‘adorador de YHWH’) provém da mesma raiz hebraica de Obede (‘que adora a YHWH’), e profetizou entre 605 e 583 AC (no tempo do exílio) e foi profeta de Judá. Na verdade, há pouquíssimas informações a respeito de Obadias. Fala sobre a rixa entre Israel e Edom (parente distante de Israel por meio de Esaú), pois quando a nação de Judá foi invadida e conquistada pela Babilônia, Edom não só lhe negou ajuda como ajudou o inimigo a saqueá-la, entregando os habitantes de Judá em suas mãos. Deus condenou os edomitas pela arrogância e pela traição, portanto, seriam julgados pela sua desumanidade para com Israel (Ob 10-11). Obadias prega, além do julgamento de Edom, o julgamento universal e a restauração da nação escolhida.
Obadias inicia sua profecia dizendo que recebeu uma visão da parte do Senhor a respeito de Edom. Obadias é considerado como um profeta exílico, assim como Jeremias foi um profeta pré-exílico e exílico, portanto, muitas de suas profecias estão de acordo com este (Jr 49: 7-22, onde profetiza contra os edomitas).
• Ob 1-9 – O castigo vindouro de Edom: “Visão de Obadias. Assim diz o Senhor Deus a respeito de Edom: Temos ouvido as novas do Senhor, e às nações foi enviado um mensageiro que disse: Levantai-vos, e levantemo-nos contra Edom, para a guerra (cf. Jr 49: 14). Eis que te fiz pequeno entre as nações; tu és mui desprezado [NVI: Veja! Eu tornarei você pequeno entre as nações. Será completamente desprezado!]. A soberba do teu coração te enganou, ó tu que habitas nas fendas das rochas, na tua alta morada, e dizes no teu coração: Quem me deitará por terra? Se te remontares como águia [NVI: Ainda que você suba tão alto como a águia] e puseres o teu ninho entre as estrelas, de lá te derribarei, diz o Senhor. Se viessem a ti ladrões ou roubadores de noite (como estás destruído!), não furtariam só o que lhes bastasse? Se a ti viessem os vindimadores, não deixariam pelo menos alguns cachos? Como foram rebuscados os bens de Esaú! [NVI: Entretanto, como Esaú foi saqueado!] Como foram esquadrinhados os seus tesouros escondidos! Todos os teus aliados te levaram para fora dos teus limites; os que gozam da tua paz te enganaram, prevaleceram contra ti [NVI: enganam você e o sobrepujarão os seus melhores amigos]; os que comem o teu pão puseram armadilhas para teus pés; não há em Edom entendimento. Não acontecerá, naquele dia, diz o Senhor, que farei perecer os sábios de Edom e o entendimento do monte de Esaú? Os teus valentes, ó Temã, estarão atemorizados, para que, do monte de Esaú, seja cada um exterminado pela matança”.
• v. 1: “Visão de Obadias. Assim diz o Senhor Deus a respeito de Edom: Temos ouvido as novas do Senhor, e às nações foi enviado um mensageiro que disse: Levantai-vos, e levantemo-nos contra Edom, para a guerra (cf. Jr 49: 14; Sl 137: 7-9)”.
Obadias ouviu a profecia de Jeremias a respeito de Edom, e soube que um embaixador foi enviado aos povos vizinhos para ajuntá-los em guerra contra Edom. Deveria ser um diplomata de alguma nação inimiga dos edomitas.
• v. 2: “Eis que te fiz pequeno entre as nações; tu és mui desprezado [NVI: Veja! Eu tornarei você pequeno entre as nações. Será completamente desprezado!]” (cf. Ml 1: 3-4).
Como todos os profetas, Obadias usou aqui o tempo verbal no pretérito para uma situação que ocorreria num futuro próximo. Com a destruição decretada por Deus, Edom teria seus limites bastante reduzidos e chegaria a ser destruído por completo. Os profetas Amós e Jeremias predisseram a destruição de Bozra (capital de Edom) por Nabucodonosor em 581 AC. O povo de Edom definitivamente foi destruído por Tito em 70 DC.
• v. 3: “A soberba do teu coração te enganou, ó tu que habitas nas fendas das rochas, na tua alta morada, e dizes no teu coração: Quem me deitará por terra?”
Em Is 34: 5-17; Is 63: 1-6; Jr 49: 7-22; Ez 25: 12-14; Ez 35: 1-15; Am 1: 11-12 também há profecia contra Edom. Foi um povo que, exceto na época de Davi, sempre esteve em guerra contra Israel. Josafá, rei de Judá, venceu na terra de Edom, os moradores do monte Seir, Moabe e os filhos de Amom (2 Cr 20: 22) com a ajuda do Senhor, pois ao colocar os levitas adiante do exército, esses povos acabaram por guerrear entre si e mataram-se uns aos outros. Esaú ou Edom é descendente de Isaque, filho de Abraão e Sara. Edom (Gn 36: 19) foi o irmão de Jacó, e habitou em Seir, uma montanha que antes pertencia a Seir, o horeu (Gn 36: 8- 9; Gn 36: 20); por isso, Edom é freqüentemente chamado de Seir.
Edom confiava demais na proteção de suas fortalezas nas montanhas. Seir é uma cadeia de montanhas rochosas, que se estende na direção norte-sul, com uma largura de mais ou menos vinte e quatro a trinta de dois quilômetros, com rochas que atingem uma altura de seiscentos e quinze metros, sendo que alguns picos chegam a mil e oitocentos metros. Nesta cadeia de montanhas havia (e ainda há) um grande planalto rochoso onde estava a cidade edomita de Sela. Essa fortaleza na rocha só podia ser alcançada através de uma ravina estreita, uma fenda de um quilômetro e meio de comprimento entre as pedras, e que, em alguns pontos é tão estreita que é possível tocar as duas paredes laterais, apenas abrindo-se os braços. Edom achava que nenhum inimigo conseguiria derrubar suas defesas, que aquela era uma região inexpugnável. Por isso, sua altivez era muito grande e, por causa dela, o Senhor diz que o rebaixaria.
As inscrições assírias mostram que Edom se tornou estado vassalo da assíria em 736 AC no reinado de Tiglate-Pileser III (745-727 AC). Edom foi destruído cinco anos depois do cativeiro de Judá por Nabucodonosor, ou seja, em 581 AC. Depois, caiu nas mãos dos persas (539 AC) e no séc. III AC foi dominado pelos Nabateus (uma das tribos árabes), que acabaram por empurrar os habitantes de Edom para o sul da Judéia, e que mais tarde, foi chamado Iduméia. Judas Macabeu os subjugou (séc. II AC) e João Hircano I (séc. II-I AC) os obrigou a circuncidar-se para poderem ser incorporados pelo povo judeu. Herodes, o grande, descendia dos edomitas. O povo de Edom definitivamente foi destruído por Tito em 70 DC. Bozra foi a capital do povo de Edom, e cujo rei foi Jobabe (Gn 36: 33; 1 Cr 1: 44). Bozra significa ‘curral de ovelhas’ ou ‘aprisco de ovelhas’, indicando que era uma cidade de pastores no sudeste do Mar Morto, na terra de Edom. Hoje ela é uma pequena cidade da Jordânia no estado de Tafilah, chamada de Buseirah.
• ‘A soberba do teu coração te enganou, ó tu que habitas nas fendas das rochas, na tua alta morada’ – a palavra ‘rochas’ neste versículo, no original em hebraico é Sela ou has-sela ou Cela` (Strong #5553), com o simples significado de ‘rocha ou penedo, pedra, pedregoso’, ou seja, qualquer lugar rochoso; uma rocha escarpada; rocha áspera, forte, fortaleza (lugar de defesa). Outros versículos bíblicos são também traduzidos como Sela ou has-sela ou Cela` (Strong #5553), como um substantivo simples:
• Is 42: 11, onde está escrito ‘rochas’ – ARA;
• Jz 1: 36, onde está escrita a palavra ‘Sela’ como o limite dos amorreus – ARA;
• 2 Cr 25: 12, onde está escrito ‘penhasco’ – ARA;
Mas há uma Sela (Selá ou Selah) específica (Strong #5554), um antigo povoado edomita, hoje chamado de Petra (uma cidade arqueológica da Jordânia). Os versículos bíblicos que se referem a este lugar são:
• 2 Rs 14: 7 – Strong #5554 – Cela`, Sela, a cidade rochosa da Iduméia (Selah ou Petra) – tomada por Amazias, rei de Judá, quando feriu os edomitas no vale do Sal. Ele trocou o nome da cidade para Jocteel.
• Is 16: 1 – Strong #5554 – Cela`, Sela, a cidade rochosa da Iduméia (Selah ou Petra) – quando Isaías fala para os edomitas enviarem tributo a Sião.
• v. 4: “Se te remontares como águia [NVI: Ainda que você suba tão alto como a águia] e puseres o teu ninho entre as estrelas, de lá te derribarei, diz o Senhor”.
‘Se te remontares como águia’ se refere à altura das cavernas de Edom, que serviam como um refúgio. Mesmo que os edomitas tentassem fugir do castigo de Deus e por mais altos que eles se colocassem nas montanhas para fugir de seus inimigos, até ali o Senhor os alcançaria e os derrubaria. A altitude da terra de Edom se tornou uma metáfora do seu espírito soberbo e altivo.
• v. 5: “Se viessem a ti ladrões ou roubadores de noite (como estás destruído!), não furtariam só o que lhes bastasse? Se a ti viessem os vindimadores, não deixariam pelo menos alguns cachos?” – ladrões e roubadores ou vindimadores dizem respeito aos despojadores de Edom. Deus diz que até mesmo os despojadores de Edom deixariam ficar alguma coisa, mas Ele não deixaria ficar nada deles, depois do Seu juízo ser consumado.
• v. 6: “Como foram rebuscados os bens de Esaú! [NVI: Entretanto, como Esaú foi saqueado!] Como foram esquadrinhados os seus tesouros escondidos!” – o profeta exclama como que confirmando a assolação que eles sofreriam e como seriam despojados dos seus tesouros, até os mais escondidos. Nabucodonosor realmente tomou posse de todos os reinos ao ocidente do Eufrates e levou todos os tesouros que encontrou em todos eles.
• v. 7: “Todos os teus aliados te levaram para fora dos teus limites; os que gozam da tua paz te enganaram, prevaleceram contra ti [NVI: enganam você e o sobrepujarão os seus melhores amigos]; os que comem o teu pão puseram armadilhas para teus pés; não há em Edom entendimento”.
Podemos pensar que os antigos aliados de Edom eram Moabe e os filhos de Amom, pelo menos nos tempos de Josafá (2 Cr 20: 22). Mas não se fala na História que eles expulsaram Edom de sua terra. Edom se rebelou contra Jeorão, o filho de Josafá (2 Rs 8: 20-22; 2 Cr 21: 8-10). Os filisteus também se rebelaram contra Jeorão durante seu reinado, mas não eram aliados dos edomitas. Nos dias de Acaz, os edomitas invadiram Judá e apoderaram-se dos cativos israelitas (2 Cr 28: 17) e ainda receberam prisioneiros israelitas capturados por Tiro e Gaza (Am 1: 6; 9). Durante o período pós-exílio, sob governo Persa (Aquemênida), Petra, por exemplo, permaneceu sob domínio de Edom, o que nos faz pensar eles ainda estavam no seu local de origem, a sudeste do Mar Morto.
Em relação aos seus aliados que os traíram, pode-se cogitar nas tribos árabes do Neguebe, que os expulsaram de sua terra no século V AC, ou os Nabateus (uma das tribos árabes), que em 312 AC obrigaram os edomitas a se mudarem para o sul da Palestina, região que passou a ser chamada Iduméia, nome derivado dos Edomitas ou Idumeus. No período dos Macabeus, eles já tinham perdido seu território.
• v. 8-9: “Não acontecerá, naquele dia, diz o Senhor, que farei perecer os sábios de Edom e o entendimento do monte de Esaú? Os teus valentes, ó Temã, estarão atemorizados, para que, do monte de Esaú, seja cada um exterminado pela matança”.
Temã era filho de Elifaz, e neto de Esaú (Gn 36: 9-11; 1 Cr 1: 36), e talvez tenha dado seu nome ao distrito ao norte de Edom (Jr 49: 20; Ez 25: 13; Am 1: 12; Ob 8-9). Seus habitantes eram famosos por causa de sua sabedoria (cf. Jr 49: 7). Elifaz, o temanita, foi um dos consoladores de Jó (Jó 2: 11). Um príncipe de Temã é nomeado entre os chefes de Edom (Gn 36: 15; 42; 1 Cr 1; 53), e Husã (Husão) foi um de seus primeiros governantes (Gn 36: 34). Habacuque, em sua visão, viu Deus, o Santo, vindo de Temã (Hc 3: 3). Embora a localização exata de Temã permaneça desconhecida, há fortes evidências a favor da cidade Jordaniana de Ma‘an. Havia muitas nascentes de água na região, e isso a tornava atraente para as caravanas entre a Península Arábica e o Levante.
O que o profeta fala aqui é que no dia que o Senhor decretar para sua destruição, a sabedoria dos seus sábios não valerá nada. Temã é usado aqui como um sinônimo de Edom (Jr 49: 7; Am 1: 12). Temã não apenas tem sabedoria, mas também valentia. Mas a habilidade dos seus guerreiros não livraria os Edomitas da destruição. A sentença do seu extermínio já havia sido dada.
• Ob 10-14 – A alegria de Edom com a dor e o sofrimento de Israel: “Por causa da violência feita a teu irmão Jacó, cobrir-te-á a vergonha, e serás exterminado para sempre. No dia em que, estando tu presente, estranhos lhe levaram os bens, e estrangeiros lhe entraram pelas portas e deitaram sortes sobre Jerusalém, tu mesmo eras um deles [NVI: você fez exatamente como eles]. Mas tu não devias ter olhado com prazer para o dia de teu irmão, o dia da sua calamidade [NVI: Você não devia ter olhado com satisfação o dia da desgraça de seu irmão]; nem ter-te alegrado sobre os filhos de Judá, no dia da sua ruína; nem ter falado de boca cheia, no dia da angústia; não devias ter entrado pela porta do meu povo, no dia da sua calamidade; tu não devias ter olhado com prazer para o seu mal, no dia da sua calamidade; nem ter lançado mão nos seus bens, no dia da sua calamidade; não devias ter parado nas encruzilhadas, para exterminares os que escapassem; nem ter entregado os que lhe restassem [NVI: os sobreviventes], no dia da angústia”.
Os edomitas se alegraram quando Nabucodonosor invadiu Judá e Jerusalém (586 AC) e entregou a ele seus irmãos e o ajudou a saquear seus bens. Esteve junto com os estrangeiros quando eles lançaram sortes sobre Jerusalém e seus prisioneiros e seus pertences. Edom se riu da desgraça de Judá, sentiu prazer com ela, e aproveitou a oportunidade para roubá-lo e exercitar a maledicência e a afronta. Não só roubou seus irmãos, mas ajudou a matar os que fugiam dos babilônios. Por causa da violência que usou contra os judeus, Edom será envergonhado e exterminado.
‘No dia da sua calamidade’ – A invasão de Nabucodonosor.
• Ob 15-21 – Restauração e felicidade de Israel / o julgamento do Senhor sobre Edom
• Ob 15-16 (o anúncio do Dia do Senhor sobre todos): “Porque o Dia do Senhor está prestes a vir sobre todas as nações; como tu fizeste, assim se fará contigo; o teu malfeito tornará sobre a tua cabeça. Porque, como bebestes no meu santo monte, assim beberão, de contínuo, todas as nações; beberão, sorverão e serão como se nunca tivessem sido [NVI: Beberão até o fim, e serão como se nunca tivessem existido]”.
Obadias fala agora sobre o Dia do Senhor, ou seja, o dia do Seu juízo, que virá sobre todas as nações, e virá também sobre Edom. E o que Edom plantou, ele colherá. Seu mau intento cairá sobre sua cabeça. O dia do Senhor é um termo muito usado pelos profetas para indicar o dia do juízo de Deus (Am 5: 18; 20).
‘Beberão’ – se refere ao cálice da ira de Deus do qual as nações terão de beber (Jr. 25: 15-28) por causa da sua impiedade e também por causa do mal que fizeram a Jerusalém.
• Ob 17-18 (o anúncio da preservação de Israel): “Mas, no monte Sião, haverá livramento [NVI: Mas no monte Sião estarão os que escaparam]; o monte será santo (Zc 8: 3); e os da casa de Jacó possuirão as suas herdades [NVI: a sua herança]. A casa de Jacó será fogo, e a casa de José, chama, e a casa de Esaú, restolho; aqueles incendiarão a este e o consumirão; e ninguém mais restará da casa de Esaú, porque o Senhor o falou”.
Obadias fala sobre os remanescentes, os que retornaram depois do cativeiro. Judá foi castigado pelo seu pecado e viu o Monte Sião ser destruído. Porém, como a ira de Deus não dura para sempre, eles verão o Seu livramento, voltarão e possuirão sua herança. No AT ‘santidade’ significa a separação para Deus (Dt. 7: 6; Jr. 1: 5), separação de tudo o que é impuro (Lv 20: 7; Lv 21: 6; Lv 22: 9). Os que foram libertados pelo Senhor seriam povo de Deus e teriam de ser purificados da idolatria que provocou a destruição da nação. Para nós, não é diferente. Nós nos separamos do mundo para servirmos Jesus, o qual colocou sobre nós o Seu selo de Senhor e Salvador. Da mesma forma, nós não devemos tocar mais no que é impuro, ou seja, no pecado mundano que cometíamos antes de nos convertermos a Cristo.
‘Os da casa de Jacó’ eram os judeus exilados que retornariam do cativeiro e possuiriam novamente a terra de seus antepassados.
‘A casa de Jacó será fogo, e a casa de José, chama’ – se refere aos filhos de Judá e aos filhos de Israel (a nação do norte e do sul), que no Dia do Senhor seriam senhores sobre a casa de Edom (Esaú), por isso, está escrito que ‘a casa de Esaú será restolho’. Os primeiros seriam instrumentos de Deus para execução do juízo divino sobre Edom. Do ponto de vista físico, podemos dizer que isso foi cumprido no tempo de Judas Macabeu e João Hircano. Judas Macabeu os subjugou e tomou posse do território da Iduméia (séc. II AC), e João Hircano I (séc. II-I AC) os obrigou a circuncidar-se para poderem ser incorporados pelo povo judeu.
Pensando do ponto de vista espiritual, onde Edom se refere aos inimigos de Deus, então, no Dia do Senhor, ou seja, no Dia do Julgamento, Seu povo, Sua igreja, julgará seus inimigos.
• Ob 19-21 (Israel retomará toda a sua terra): “Os de Neguebe possuirão o monte de Esaú, e os da planície, aos filisteus; possuirão também os campos de Efraim e os campos de Samaria; e Benjamim possuirá a Gileade. Os cativos do exército dos filhos de Israel [NVI: Os israelitas exilados] possuirão os cananeus até Sarepta, e os cativos de Jerusalém, que estão em Sefarade, possuirão as cidades do Sul [NVI: as cidades do Neguebe]. Salvadores hão de subir ao monte Sião [NVI: Os vencedores subirão ao monte Sião], para julgarem o monte de Esaú [NVI: para governar a montanha de Esaú]; e o reino será do Senhor”.
Isso significa que as fronteiras de Israel do tempo de Davi seriam restauradas. Neguebe (em hebraico: ‘seco’) é um deserto bem ao sul de Israel, próximo à península do Sinai e do Mar Mediterrâneo e que só experimenta vida quando as chuvas enchem os leitos dos seus ribeiros secos. Os rios se enchem com as águas e as plantas e animais são dessedentados. Neguebe fazia fronteira com Edom ao leste.
A terra dos filisteus, na planície costeira (‘Sefelá’), também seria ocupada novamente, incluindo as cidades de Gate, Ecrom, Asdode, Asquelom e Gaza (Todas essas regiões fazem parte do território atual de Israel, exceto Gaza). Judá e Filístia sempre lutaram muito por essa região desde o início da história de Israel. Mas Judá, no final, prevalecerá contra as terras disputadas com a Filístia (Sf 2: 4-7).
Indo para o norte, Obadias fala dos campos de Efraim e dos campos de Samaria. Os limites se estenderiam até a Fenícia (terra dos cananeus), em Sarepta (1 Rs 17: 8-24 – em hebraico, צרפת ̣ Ṣārĕfát, ou Tsarephath ou Tsarfát; Σάρεπτα, Sárepta, em Grego), atualmente conhecida por Sarafande (Sarafand, em Francês). Fica localizada entre Tiro e Sidom sobre a costa do Mediterrâneo. Foi inicialmente uma colônia de Sidom. Depois, no século VIII AC, passou a ser posse de Tiro. Obadias profetizou que, no Dia do Senhor, aqueles dentre os filhos de Israel que foram deportados por Sargom após a queda de Samaria, possuiriam a Fenícia até Sarepta. A tribo de Benjamim atravessaria o Jordão e retomaria a terra de Gileade.
As três regiões (Efraim, Samaria e Gileade), que sofreram um influxo considerável de estrangeiros por causa do domínio de assírios e babilônios, voltariam para as mãos dos israelitas. No período romano, Samaria e Efraim (localizado no território de Samaria) constituíam a província da Judéia. Gileade (a leste do Jordão), nos tempos de Jesus também fez parte da província da Judéia, abrangendo o território de Peréia, Traconites e Ituréia (Lc 3: 1), que era governada por Filipe, o tetrarca. Depois, esses territórios foram novamente perdidos por Israel. Hoje, a região a leste do Jordão é ocupada pela Jordânia e, ao nordeste, pelas colinas de Golã, que embora sob ocupação israelense desde 1967, é considerada internacionalmente como território Sírio (2/3 ocidentais são controlados por Israel e 1/3 oriental é controlado pela Síria). Nos tempos de Jesus esta área era chamada de Gaulanitis, e fazia parte da tetrarquia de Filipe. No século XVI foi conquistada pelo Império Otomano. Em 1918 foi possessão da França e em 1946 passou a ser domínio da Síria. Depois de 1973, 5% do território ficou com a Síria, e o resto com Israel.
Sefarade – localização não identificada. Pode ser a terra de Separda (um país do oriente aliado à Média), e que os persas chamavam Sparda. Ficava ao sul de Urmia (que hoje é a maior cidade da província do Irã, no oeste do Azerbaijão) e adjacente à Média. Pode se referir à Espanha, o que explica o motivo pelo qual os judeus espanhóis são chamados Sefarditas (Hebr.: no singular, sefaradi; no plural, sefaradim). A palavra tem origem na denominação hebraica para designar a Península Ibérica ou Espanha (Sefarad, ספרד). Outra sugestão dada pelos estudiosos é por causa da Vulgata Latina, que escreve Bosphoro, uma localização na Anatólia, atual Turquia. Também é aventada a possibilidade de ter sido a cidade de Sardes, cujo nome Lídio nativo é Sfard.
‘Salvadores hão de subir ao monte Sião para julgarem o monte de Esaú [NVI: Os vencedores subirão ao monte Sião para governar a montanha de Esaú]’ – ‘salvadores’ (ARA) ou ‘Vencedores’ (NVI) é uma palavra traduzida pela Septuaginta como ‘aqueles que foram salvos’. Em hebraico original está escrito ‘salvadores’ (yasha` – Strong #3467). Na Bíblia de Jerusalém está escrito ‘os vitoriosos’, isto é, aos exilados que voltaram tornarão a governar em Jerusalém sobre a terra de Edom: “E eles sairão vitoriosos do monte Sião, para julgarem a montanha de Esaú. E a realeza será de Yahweh!”
‘O reino será do Senhor’ – os exilados que retornassem ficariam sob o governo do próprio Deus. Essa visão de Obadias, onde Deus seria o total Rei de Israel e que do Monte Sião Ele governaria o mundo, era compartilhada por outros profetas, como Zc 14: 9-11. Embora não tenha ocorrido fisicamente no período pós-exílico, isso ocorreu na primeira vinda de Cristo, pois com Seu reino espiritual trazido a Israel, todos os outros deuses adorados no passado por eles e pelos povos idólatras deixaram de existir. O ministério de Jesus e o evento da cruz deixaram claro o Seu governo na alma de todos os que creram e que crêem, e dos que virão a crer nEle, independente do regime de governo humano.
Observando o perfil profético de Obadias, podemos tirar a conclusão de que ele proclamou a impiedade do seu povo e o conclamou mais uma vez à aliança e ao compromisso com o Senhor, reforçando neles a idéia do inevitável juízo divino sobre todo o tipo de pecado. Mesmo tendo vivido muito tempo depois de outros irmãos que trouxeram a Israel a mesma mensagem de YHWH, e que foi rejeitada e desobedecida, esse profeta obedeceu à voz do Altíssimo para exortar novamente o Seu povo; ele não desistiu de clamar, continuou a profetizar a Palavra de justiça, juízo, misericórdia e restauração, como uma forma de dizer que o Criador sempre nos dá uma nova chance de reavaliar a nossa vida, de repensar sobre as nossas atitudes e de exercer nosso livre-arbítrio, escolhendo entre a salvação e a punição. Por isso, o profeta de Deus não deve desistir de exortar, mesmo já tendo proclamado a mesma mensagem anteriormente, até que Ele execute aquilo que prometeu. Deve também chamar seus irmãos à aliança e à comunhão com seu Criador, assumindo o perfeito compromisso de ser Seu instrumento na terra. Muitas vezes, é o exemplo de vida do profeta a melhor maneira de testemunhar que o que prega é real e verdadeiro e de poder revelar ao mundo o seu Deus.
Os profetas menores vol. 1 (PDF)
The minor prophets vol. 1 (PDF)
Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)
Prophet, the messenger of God (PDF)
Table about the prophets (PDF)
Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti
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