Santificação e renovação espiritual são necessárias para que possamos ser uma nova criatura em Cristo. Deus nos mostra esse processo dinâmico na natureza. É tempo de reciclar, limpar e renovar. A águia nos ensina sobre a renovação. O que é sorte?

Sanctification and spiritual renewal are necessary so that we can be a new creature in Christ. God shows us this dynamic process in nature. It’s time to recycle, clean and renew. The eagle teaches us about renewal. A brief comment about luck.


Santificação e renovação espiritual




Quando nascemos de novo, iniciamos um processo de crescimento espiritual dirigido pelo próprio Espírito de Deus e que nos levará ao aperfeiçoamento da nossa salvação (Fp 2: 12). Isso requer esforço da nossa parte. Não adianta nada caminhar com Ele sem se deixar mudar interiormente. Deus nos mostra esse processo dinâmico em todos os reinos da natureza para entendermos que precisamos acompanhar o mover do Seu Espírito e aperfeiçoar nosso ser.

O que é reciclar?

Reciclar é atualizar, reintroduzir num ciclo algo que já tinha sido descartado, reaproveitar algo, entretanto, acrescentando melhoramentos. Nascemos, aprendemos, erramos, conhecemos Jesus, nos convertemos e, então, descobrimos que muitas coisas no nosso interior precisam ser mudadas. Precisamos reformular nossos conceitos para sermos úteis como servos de Deus. Necessitamos de uma reciclagem. Vamos aos textos:

• Gn 8: 22: “Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite”. Na bíblia, Deus criou o mundo e disse ao homem que haveria ciclos na natureza, como as estações climáticas, por exemplo, para que todas as espécies fossem beneficiadas. O que seria de nós se só uma estação climática prevalecesse?

• Jó 11: 16: “Pois te esquecerás dos teus sofrimentos e deles só terás lembrança como de águas que passaram”. Quando Deus cura nossas feridas, só nos lembramos delas como de águas que passaram. Quando Ele nos perdoa, todas as acusações do inimigo deixam de existir.

• Ec 3: 1-8; 11; 15: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de guerra e tempo de paz... Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até o fim... O que é já foi, e o que há de ser também já foi; Deus fará renovar-se o que se passou”. Há tempo para tudo, o que quer dizer que o tempo nos ensina o que é reciclagem.

• Is 55: 10-11: “Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei”. A palavra que sai da boca de Deus é como o ciclo da água: segue seu caminho, realiza seu trabalho e volta à origem. A Palavra age assim no nosso interior e realiza a nossa transformação. Isso não é uma verdade apenas na vida emocional e espiritual; na material, também. O dinheiro, por exemplo, é como a água que deve ser liberada e atingir seus propósitos. Cada um de nós é, por assim dizer, um ponto de parada desse ciclo. Se recebermos uma quantia, ela deverá ser utilizada corretamente (liberada) para que outras pessoas possam ser abençoadas. Nós gastamos esse dinheiro, sabendo que mais tarde receberemos outra quantia por outras vias. Caso as pessoas queiram apenas receber, reter para si, mas não abençoam outras com ele, o ciclo se quebra e gera escassez e morte em muitos semelhantes, da mesma maneira que a falta de água traz um grande transtorno para o ecossistema. Esse dinheiro deixou de ser reciclado. Se mantivermos as nossas convicções passadas, de antes de convertidos, e não as trocarmos pela palavra pura de Deus, jamais poderemos dizer que temos uma nova vida, pois nossa mente não foi reciclada.

• Mt 19: 21: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me”. Quando Jesus disse isso ao jovem rico, Ele não estava pensando em fazer dele um mendigo; apenas o estava orientando a se reciclar, jogar fora a avareza e dar prioridade aos valores do reino de Deus.

• Lc 6: 37-38: “Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados; dai e dar-se-vos á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”. Isso significa reciclar os valores espirituais (julgamento), emocionais (perdão) e materiais (doação).

• Jo 3: 8: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito”. O Espírito de Deus se move como o vento, por isso Seus filhos recebem a mesma capacidade de se mover para qualquer lugar onde Ele os dirigir. O Espírito Santo nos orienta sempre no que devemos fazer. Não há rotina com Ele.

• Jo 15: 1-5: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado; permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira verdadeira, vós sois os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”. Se Deus nos “poda” periodicamente para podermos dar fruto, por que, então, nós impediríamos esse trabalho de reciclagem espiritual? Se Ele nos dá o exemplo, por que não faríamos a mesma coisa com aquilo que é da nossa responsabilidade fazer?

Tudo isso diz respeito a reciclar.

Limpar

Quando falamos sobre limpar, estamos nos referindo a jogar fora o que não serve mais; deixar vazio o que estava entulhado; tirar a sujeira do corpo, da alma e do espírito, assim como das nossas casas, dos nossos locais de trabalho, dos nossos e-mails, dos nossos relacionamentos etc. Por isso, o mesmo espírito de liberação e desprendimento está envolvido, pois onde há apego e avareza nada pode transformado.

• Dt 23: 14: “Porquanto o Senhor, teu Deus, anda no meio do teu acampamento para te livrar e para entregar-te os teus inimigos; portanto, o teu acampamento será santo [limpo], para que ele não veja em ti coisa indecente e se aparte de ti”.

• Sl 46: 4: “Há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo”. Rio fala de águas correntes, portanto, da palavra de Deus que vem para nos dessedentar e nos limpar. Água, nos rituais antigos, era usada para purificação. É o Espírito de Deus que nos santifica, por isso Jesus disse: “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15: 3)... “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17: 17).

• Sl 51: 7: “Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo que a neve”. Hissopo foi a planta onde foi aspergido o sangue do cordeiro para ser passado nas portas das casas dos filhos de Israel no Egito, a fim de protegê-los do Destruidor. Foi num galho de hissopo que a Jesus foi oferecido vinagre para beber, quando estava na cruz. Ele o bebeu e disse: “Está consumado”. Assim, a humanidade foi limpa da lepra do pecado. Por isso, o hissopo está relacionado à purificação e à santificação. Davi, após ter pecado com Bate-Seba, implorou ao Senhor que o purificasse e o lavasse da mancha do pecado. Assim, quando pecamos, devemos pedir perdão ao Senhor e que o Seu sangue venha nos purificar das marcas do nosso erro.

• Ec 9: 8: “Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte o óleo sobre a tua cabeça”. Deus sempre deu ênfase à limpeza das nossas vestes espirituais e à unção (óleo) do Seu Espírito sobre nossa vida. Assim, poderemos ser reconhecidos como Seus filhos.

• Mt 18: 18-20: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus. Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”. Embora estes versículos se refiram a outro contexto, também podemos usá-lo da seguinte forma: através da nossa palavra (“ligar e desligar”) limpamos nossa vida das maldições, das cadeias das trevas e nos ligamos ao trono de Deus e às Suas bênçãos.

• Mt 21: 12-13: “Tendo Jesus entrado no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam; também derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores”. Jesus se preocupou com a limpeza na Casa de Deus, afastando dela todo tipo de impiedade. Que nós possamos nos preocupar também com a limpeza física e espiritual do templo do Senhor, o que se refere tanto ao nosso templo interior quanto à igreja.

• Lc 3: 15-17: “Estando o povo na expectativa, e discorrendo todos no seu íntimo a respeito de João, se não seria ele, porventura, o próprio Cristo, disse João a todos: Eu, na verdade, vos batizo com água, mas vem o que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. A sua pá, ele a tem na mão, para limpar completamente a sua eira e recolher o trigo no seu celeiro; porém, queimará a palha em fogo inextinguível”. O batismo de João Batista era o batismo de arrependimento, onde as pessoas eram lavadas da sua vida de pecado, preparando-se para receber a palavra de Jesus. Explicando de outra forma: o batismo de João convencia o homem da necessidade do arrependimento e preparava os corações para a  vinda do Messias (Mt 3: 2; 6; 11). Quem recebia esse batismo estava reconhecendo-se pecador diante de Deus. O batismo de Jesus Cristo (‘o batismo nas águas’) purificava do pecado e conferia o novo nascimento, ou seja, a vida eterna (Mt 28: 19; Jo 5: 21; 24) – At 19: 1-7.

• Lc 5: 12-16 (cf. Mt 8: 1-4 / Mc 1: 40-45): “Aconteceu que, estando ele numa das cidades, veio à sua presença um homem coberto de lepra; ao ver a Jesus, prostrando-se com o rosto em terra, suplicou-lhe: Senhor, se quiseres, podes purificar-me. E ele, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E, no mesmo instante, lhe desapareceu a lepra. Ordenou-lhe Jesus que a ninguém o dissesse, mas vai, disse, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o sacrifício que Moisés determinou, para servir de testemunho ao povo. Porém o que se dizia a seu respeito cada vez mais se divulgava, e grandes multidões afluíam para o ouvirem e serem curadas de suas enfermidades. Ele, porém, se retirava para lugares solitários e orava”.
Com uma simples palavra Jesus purificou aquele leproso e o liberou para ter uma vida digna. Por que guardar pecado, mágoa, rancor, ódio, ressentimento, experiências ruins, pesos que pertencem a outros, falta de perdão, maus relacionamentos, fingimentos, hipocrisia, inimizade com o próximo e com Deus? Jesus veio para nos limpar de tudo isso.

• Lc 7: 36-50: “Convidou-o um dos fariseus para que fosse jantar com ele. Jesus, entrando na casa do fariseu, tomou lugar à mesa. E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento; e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhes os pés e os ungia com o ungüento. Ao ver isto, o fariseu que o convidara disse consigo mesmo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora. Dirigiu-se Jesus ao fariseu e lhe disse: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. Ele respondeu: Dize-a, Mestre. Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro, cinqüenta. Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes ambos. Qual deles, portanto, o amará mais? Respondeu-lhe Simão: Suponho que aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe: Julgaste bem. E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta, com bálsamo, ungiu meus pés. Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. Então, disse à mulher: Perdoados são os teus pecados. Os que estavam com ele à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este que até perdoa pecados? Mas Jesus disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz”.
Aquela mulher reconheceu seu erro, sua necessidade de ser curada e tocada por Jesus. Foi até Ele com ousadia, humilhou-se, foi limpa e abençoada. Quando somos limpos por Ele, a Sua paz enche a nossa vida.

• Lc 14: 33 (Lc 9: 23-24): “Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo”. Quando aceitamos realmente o chamado de Deus, temos que estar dispostos a limpar nossa vida e renunciar a tudo o que a nossa carne estava acostumada para que Ele nos faça renascer.

• Jo 7: 37-39: “No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado”. Quando cremos em Jesus com todas as nossas forças, Seu Espírito passa a fluir em toda a Sua plenitude, nos dando vida e nos transformando num canal de bênçãos para os nossos irmãos.

• Ap 22: 10-11: “Disse-me ainda: Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo. Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se”.

• Ap 22: 13-14: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras [no sangue do Cordeiro], para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas”.

Renovar

Depois que entendemos a necessidade de reciclar, ou seja, de não deixar nada estagnado em nossa vida, e aprendemos a nos limpar do “lixo” interior, é tempo de nos renovar, isto é, vivermos como nova criatura, termos uma nova aparência, uma nova maneira de experimentar as coisas de Deus, começar tudo outra vez de uma forma melhor.

• Lm 3: 22-23: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se a cada manhã. Grande é a tua fidelidade”.
• Jó 14: 7-9: “Porque há esperança para a árvore, pois mesmo cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus rebentos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e no chão morrer o seu tronco, ao cheiro das águas, brotará e dará ramos como a planta nova”. Mesmo que, muitas vezes, nossos sonhos pareçam mortos, ao “cheiro das águas” (‘o Espírito Santo’), eles se renovarão.
• Sl 103: 1-5: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nem um só de teus benefícios. Ele é quem perdoa todas as tuas iniqüidades; quem sara todas as tuas enfermidades; quem da cova redime a tua vida e te coroa de graça e misericórdia; quem farta de bens a tua velhice, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia”.


Águia

A águia

A águia simboliza a espiritualidade, a renovação, a majestade, a capacidade de ver longe e ser livre. A águia experimenta um processo de renovação física após atingir quarenta anos de idade, muito semelhante ao trabalhar de renovação do Espírito Santo em nós. É a ave que possui maior longevidade, chegando a viver setenta anos. Entretanto, por volta dos quarenta anos, se quiser continuar a viver, precisa passar por um processo de renovação. Ela começa a sentir que suas penas estão ficando velhas, que seu bico já não está tão afiado e forte quanto antes, que suas garras já estão enfraquecendo e, então, decide tomar uma atitude drástica. Esse processo tem início com a interrupção das suas atividades rotineiras como seus vôos, sua caça e suas aventuras. Então, voa alto até os penhascos. Ali, sozinha e isolada, ela começa, por si mesma, o trabalho de renovação, traumático, e que exige muita coragem, mas que, por fim, vai lhe dar de volta a força e a grandeza que pareciam estar perdidas. A águia começa a arrancar com o bico as suas penas, uma por uma, até que esteja inteiramente depenada e desfigurada. Depois disso, percebendo seu bico fraco, impotente e cheio de crostas, ela o esfrega fortemente na rocha deixando-o “em carne viva”. Por último, são as garras; ela faz o mesmo processo que fez com o bico, batendo suas unhas com violência sobre a rocha várias vezes até que aquela camada envelhecida e calosa seja arrancada e fique, igualmente, em “carne viva”. Todavia, após esse processo de autoflagelação começam a nascer penas novas, bonitas e brilhantes; cresce um bico novo; as garras começam a brotar com todo vigor e ela fica completamente renovada e revitalizada. Ela ganha uma nova aparência e desce das alturas para dar continuidade à sua existência. A águia simboliza quem conseguiu descobrir o segredo maior da vida e passou pelo processo de renovação interior, superando o ‘eu’ e conseguindo, finalmente, se ver livre dos jugos e fardos carnais que impedem alguém de atingir a verdadeira espiritualidade e comunhão com Deus. Ela não deixa de ter sua vida normal como qualquer animal, pois vive da caça, porém, sabe “subir” quando é necessário, para ficar acima das coisas pequenas. Sem essa transformação, acabam-se, praticamente, suas chances de sobrevivência.

Nós somos chamados pelo Espírito de Deus a nos renovar de tempos em tempos para podermos subir às alturas espirituais que Ele quer nos levar.

• Sl 126: 1-6: “Quando o Senhor restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha. Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua, de júbilo; então, entre as nações se dizia: Grandes coisas o Senhor tem feito por eles. Com efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós; por isso, estamos alegres. Restaura, Senhor, a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe. Os que com lágrimas semeiam, com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes”. Neguebe (em hebraico: seco) é um deserto bem ao sul de Israel, próximo à península do Sinai e do Mar Mediterrâneo e que só experimenta vida quando as chuvas enchem os leitos dos seus ribeiros secos. Os rios se enchem com as águas, as plantas são regadas e os animais, dessedentados. Assim, quando Deus vem restaurando as áreas mortas da nossa vida, podemos experimentar a alegria da Sua presença como vencedores que fomos ao passar pelo nosso deserto pessoal.

• Mt 9: 16-17: “Ninguém põe remendo de pano novo em veste velha; porque o remendo tira parte da veste, e fica maior a rotura. Nem se põe vinho novo em odres velhos; do contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho, e os odres se perdem. Mas põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam”. Deus não pode nos dar algo novo antes de nos despojarmos do que é velho (crenças erradas, preconceitos, falsas doutrinas, vícios, pecados e obras da carne que impedem Seu amor de fluir).

• Mc 10: 32-34: “Estavam eles de caminho, subindo para Jerusalém, e Jesus ia adiante dos seus discípulos. Estes se admiravam e o seguiam tomados de apreensões. E Jesus, tornando a levar à parte os doze, passou a revelar-lhes as coisas que lhe deviam sobrevir, dizendo: Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas; condená-lo-ão à morte e o entregarão aos gentios; hão de escarnecê-lo, cuspir nele, açoitá-lo e matá-lo; mas, depois de três dias, ressuscitará”. A maior obra de renovação de Deus se deu na cruz, através do Seu Filho. Ele renovou em nós a esperança na vida eterna pelo sacrifício do Seu sangue, restaurando a nossa comunhão com o Pai, e ressuscitou dos mortos para nos mostrar que a nossa fé nEle não é vã. Tudo se cumprirá como foi prometido.

• Lc 3: 21-22: “E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o foi Jesus; e estando ele a orar, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo”. Jesus nos deu o exemplo de como “nascer de novo”. Ele se limpou da sua vida passada como um simples homem, e renasceu no Espírito para cumprir Sua missão como Salvador do mundo. Nós, igualmente, nos limpamos dos pecados do “velho homem” e nascemos como filhos de Deus.

• Lc 22: 15-20 (Mt 26: 26-28, Mc 14: 22-24; 1 Co 11: 23-26): “E disse-lhes: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento. Pois vos digo que nunca mais a comerei, até que ela se cumpra no reino de Deus. E, tomando um cálice, havendo dado graças, disse: Recebei e reparti entre vós; pois vos digo que, de agora em diante, não mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus. E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós”. Deus sempre esteve disposto a renovar Sua aliança com os homens, agora na pessoa do Seu próprio Filho. Da mesma forma, Ele nos estimula a renovar nossa aliança de amor com Ele e com os irmãos.

• Jo 12: 24: “Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto”. Jesus nos deu o exemplo de que a frutificação espiritual se inicia com a morte do “eu”. Quando morremos para nós e vivemos para Ele, encontramos a verdadeira VIDA.

• Rm 12: 1-2: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.

• 2 Co 5: 17: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”.

• Ap 21: 5: “E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras”. Com Jesus, tudo se renova.


arregaçar as mangas e renovar

Um breve comentário sobre sorte

Todo mundo quer ter sorte. Mas, o que é sorte? Ela existe? A palavra hebraica para ‘sorte’ é ‘mazal’, geralmente fazendo parte de uma expressão bastante conhecida: ‘mazal tov’ (neste texto isso está comentado melhor). A expressão ‘mazal tov’ ou ‘mazel tov’ (no iídiche – antigo dialeto do alemão medieval) é usada no hebraico moderno para expressar congratulações para qualquer ocasião ou evento significante ou festivo (desde a obtenção de uma carteira de motorista, um aniversário, ou o término de engajamento no serviço militar). Também pode ser dita após uma prova muito difícil ser superada.

Mas ‘mazal’ significa ‘constelação’ ou ‘destino’ ou ‘uma gota do alto’, ou seja, a tradução literal da expressão ‘mazel tov’ é: ‘uma boa e favorável constelação zodiacal’, pois está ligada à palavra ‘mmazzâloth’ (planetas), ou ‘Mazzaroth’ (‘constelações’ do zodíaco).

Embora com esse significado, a expressão ‘mazal tov’ não é usada da mesma forma que se fala ‘boa sorte’ em Português. Na verdade, a expressão em hebraico indica que um bom evento ocorreu. Para os judeus, a melhor forma de traduzi-la é: ‘Congratulações’, ‘Parabéns’, ‘fico feliz por esta coisa boa que aconteceu a você’. Para eles esta palavra é diferente de ‘boa sorte’ (‘tenha sucesso’), como nós usamos em Português. A expressão ‘boa sorte’, no sentido de ‘tenha sucesso’, no hebraico é: B’hatzlacha.

Para os judeus, segundo a Mishná e o Talmude, as constelações no céu dirigem o destino dos indivíduos e das nações, por isso, o significado literal de ‘mazal tov’ é ‘uma gota do alto’, pois, segundo esse raciocínio, os astros ‘pingam’ sua influência sobre os homens, por isso seu o significado original como ‘destino’, ‘sorte’ (boa ou má). Mais tarde, o destino e a sorte de alguém, determinados pelos astros, foram ligados à fortuna (ou dinheiro). Este sempre foi um deus e as pessoas fizeram de tudo para tê-lo, associando-o à felicidade. Por isso, Deus condenou certas práticas pagãs no meio do Seu povo:

• Is 65: 11-12: “Mas a vós outros, os que apartais do Senhor, os que vos esqueceis do meu santo monte, os que preparais mesa para a deusa Fortuna [NVI, Sorte; Fortuna era uma divindade babilônica] e misturais vinho para o deus Destino [em hebraico, a palavra usada é Mniy, transliterado como Meni, um deus pagão, responsável pelo destino, e que agia através de números, como um jogo de números ou jogo de azar], também vos destinarei à espada, e todos vos encurvareis à matança; porquanto chamei, e não respondestes, falei, e não atendestes; mas fizestes o que é mau perante mim e escolhestes aquilo em que eu não tinha prazer”.

Não existe sorte nem destino. O que existe é a vontade de Deus aliada ao livre-arbítrio do homem. Por isso, são desnecessários os amuletos para nos trazer sorte.

A sorte (pagã) de que falamos acima não tem nada a ver com as pedras encontradas nas vestes do sacerdote do AT – Êx 28: 30 (Arão); 1 Sm 23: 6; 9-14 (Davi e Abiatar). O sacerdote do AT tinha duas pedrinhas no peitoral das suas vestes: o Tumim e o Urim. Eram dois objetos achatados por meio dos quais a vontade de Deus era consultada. Os dois tinham de um lado escrita a palavra Urim, derivada de ’ãrar (amaldiçoar); de outro estava escrita a palavra Tumim de tãmam (ser perfeito). Se ao lançar as sortes, as duas faces do Urim ficassem para cima, significava um ‘não’ de Deus. Se fossem os dois Tumim, significava ‘sim’, e se fosse um Urim e outro Tumim, significava ‘sem resposta’. Como no AT não havia a distribuição do Espírito Santo sobre todas as pessoas, somente sobre o líder, com o qual Deus falava pessoalmente (no caso, Moisés, irmão de Arão), as consultas a Ele eram feitas pelo sacerdote através desses dois objetos. Mas somente aos sacerdotes isso era delegado. Depois da vinda de Jesus, o Espírito Santo começou a falar com todos os Seus filhos (At 1: 23-26 – aqui é a única vez no NT que se menciona a sorte (sorteio) como meio de escolha divina; At 13: 1-3 – aqui já havia profetas, por meio dos quais o Espírito Santo falava). O mais importante para nós, hoje, é que devemos consultar o Senhor sempre, em todas as circunstâncias das nossas vidas, e ouvir com clareza a voz do Seu Espírito em nosso coração para podermos tomar a direção correta.


Sol da Justiça

Este texto se encontra no livro:


livro evangélico: Reciclar, limpar, renovar

Reciclar, limpar, renovar (PDF)

Recycle, clean, renew (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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