Estudo bíblico sobre o amor Ágape, o amor de Deus, o amor incondicional, de entrega total, de desprendimento, vivido pelo Pai e pelo Filho. Jesus o ensinou a Pedro no Mar da Galiléia (Jo 21: 15-19) ao lhe perguntar: “Simão, filho de João, tu me amas?”

Biblical study on Agape love, the love of God, the unconditional love, of total surrender, of detachment, experienced by the Father and the Son. Jesus taught it to Peter at the Sea of Galilee (Jn. 21: 15-19) by asking him: “Simon son of John, do you love me?”


O amor Ágape




Chegamos à terceira etapa, que é o Ágape, o amor de Deus, o amor incondicional, de entrega total, de desprendimento, vivido pelo Pai e pelo Filho e ensinado a nós pelo Espírito Santo. A bíblia diz que Jesus é a Palavra, o Verbo; diz também que aqueles que o amam verdadeiramente guardam Sua Palavra. Exercer o Ágape é deixar totalmente de lado as nossas vontades carnais para que a vontade de Deus prevaleça por meio da palavra do Seu Filho agindo livremente em nós. Por isso, o Ágape não é isento de emoções ou sentimentos, pois agir de acordo com a Palavra não é só verbalizá-la ou profetizá-la sobre a vida de alguém, mas vivê-la em sua plenitude, muitas vezes, sofrendo e tendo compaixão pelos que estão na tribulação, sentindo suas necessidades e experimentando a alegria de poder supri-los com o que está ao nosso alcance. Assim, quem se aproxima de nós vai sentir a presença de Jesus (Gl 2: 20: “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim”) e, mais do que isso, beber da água viva que flui do nosso interior. Ele disse: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (Jo 7: 38).

Podemos ver o Ágape demonstrado por Jesus em vários textos bíblicos:
• Jo 3: 16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
• Is 53: 4-7: “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca”.
• Is 53: 11-12: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si. Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu”.
• 1 Co 6: 20: “Porque fostes comprados por preço [a vida de Jesus Cristo]. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo”.
• 1 Pe 2: 24: “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados”.
• 1 Jo 3: 16: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu sua vida por nós; e devemos dar a nossa vida pelos irmãos”.
• 1 Jo 4: 10: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados”.
• 1 Jo 4: 19: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro”.

O amor de Deus extrapola nossa compreensão, pois Ele o associa à obediência, à entrega e à doação, como está escrito em Jo 15: 13-14: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando”. Também disse: “Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (Jo 14: 23).


Jesus morreu por nós


Jesus deu tudo, que foi Sua própria vida, e é este amor que Ele derrama em nossos corações pelo Espírito Santo, para que possamos também estar disponíveis em Suas mãos e, assim, suprir as necessidades de todos aqueles a quem Ele deseja abençoar e resgatar. Além disso, Seu amor é algo forte e firme que nos preserva do mal e nos estimula a caminhar e a superar limites. Deus deu tudo por aqueles que nada mereciam. E o Seu amor é o amor de se dar sem limites, o amor que correu risco sem ter certeza de êxito, um amor que se fez (e se faz) vulnerável à possibilidade de que Seus filhos o desprezassem (ou desprezem) e lhe voltassem (ou voltem) as costas. O grito de abandono na cruz mostra Sua amorosa disposição de se identificar com os rejeitados humanos. Tem igual importância o sofrimento do Pai pela morte do Filho quanto o sofrimento do Filho pelo afastamento do Pai (orfandade). Seu amor foi exposto ao sofrimento da perda para que nós pudéssemos ganhá-lo e tê-lo sempre à nossa disposição. Em outras palavras: Deus, como Pai, sabe o que é a dor de perder um filho e, como Filho, conhece a dor de não ter Pai. Por isso, qualquer que seja a nossa dor ou a nossa necessidade, podemos ter a certeza que Jesus é a pessoa mais capacitada a preencher nossos espaços vazios e nos restaurar e refazer. Ele está acima de toda a rejeição que o diabo tenta lançar sobre a nossa vida, pois Seu amor é infinitamente mais forte e mais poderoso para nos defender e suprir. Assim, através do sacrifício da cruz podemos confiar nas boas intenções de Deus a nosso respeito, mesmo que o inimigo tenha tentado nos provar o contrário. A bíblia diz que Deus é amor e que os Seus pensamentos para nós são de paz e não de mal (Jr. 29: 11). A Sua vontade para nós é sempre boa, agradável e perfeita.

• Jo 13: 34-35: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros”.
• Jo 15: 12-13: “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos”.
• 1 Jo 4: 18: “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor”.

Pedro, tu me amas?

Nós aprendemos muito com as experiências dos nossos irmãos do passado. Pedro foi um deles. Experimentou tanto o amor Philleo, como o Ágape, pois ao negar Jesus, ele se deparou com a limitação do seu amor de amigo; e ao ser tratado pelo Mestre na praia da Galiléia, após Sua ressurreição, passou a entender o desafio que Ele lhe propunha, que era amar Suas ovelhas com o Ágape. Vamos ao texto:

• Jo 21: 15-19: “Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me [Grego: agapas me] mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo [Grego: sy oidas hoti philō]. Ele lhe disse: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a perguntar-lhe pela segunda vez: Simão, filho de João, tu me amas [Grego: agapas me]? Ele lhe respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo [Grego: sy oidas hoti philō]. Disse-lhe Jesus: Pastoreia as minhas ovelhas. Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas [Grego: phileis me]? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas [Grego: phileis me]? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes de todas as coisas, tu sabes que eu te amo [Grego: su ginoskeis hoti philō]. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres. Disse isto para significar com que gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus. Depois de assim falar, acrescentou-lhe: segue-me”.

A estratégia de Jesus foi surpreendente, pois da mesma forma que Pedro o negara diante de uma fogueira acesa, o Senhor também estava diante de uma e, de igual maneira porque o tinha negado três vezes, Pedro ouviu por três vezes a pergunta do Mestre: — “Pedro, tu me amas?” Aqui vamos ver três orientações diretas de Jesus ao Seu discípulo:
1) Na primeira pergunta a palavra usada por Jesus, em grego, para “amas” ou “amor” é Ágape. Jesus perguntou a Pedro: — “Você me ama com o amor divino com que eu o amo?” Pedro respondeu que sim e Jesus lhe respondeu: — “Apascenta os meus cordeiros”. Isso queria dizer: — “Dá o melhor dos sustentos (apascenta) aos meus filhinhos (cordeiros), aos menores, aos mais novos na fé”.
2) Pela segunda vez, o Senhor lhe perguntou: — “Pedro, tu me amas?”; a mesma palavra usada da primeira vez (Ágape) e a mesma resposta do discípulo: — “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Jesus lhe responde novamente: — “Pastoreia as minhas ovelhas”, ou seja, cuida, disciplina, ensina, exorta, corrige (pastoreia) as ovelhas mais velhas e experimentadas que trago a ti, as que já conhecem a minha palavra.
3) Pela terceira vez o Senhor pergunta: — “Pedro, tu me amas?” Só que desta vez a palavra em grego não é Ágape, mas Philleo, por isso Pedro chorou e reconheceu sua falha e sua necessidade profunda de cura, pois não foi capaz de amar Jesus como amigo. Jesus lhe respondeu: — “Apascenta as minhas ovelhas”, ou seja, — “dá o melhor dos meus sustentos às minhas ovelhas maiores, porque elas também precisam do meu amor”.

Seu amor humano falhara e aí ele descobriu que, se nem o amor humano conseguia ter, como conseguiria amar alguém com o amor de Deus e pastorear uma Igreja? Era necessária uma quantidade muito maior de amor provinda da capacitação divina através do Espírito Santo, pois só ela seria forte para levá-lo à mesma doação e entrega com que Jesus o tinha amado. Por isso, o Senhor, no início dos evangelhos, repete os dois mandamentos maiores da Lei: “Amai a Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” e “Amai o teu próximo como a ti mesmo”. Porém, mais tarde, na última ceia, diz: “Novo mandamento vos dou: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, ou seja, com o Ágape, um desafio maior do que o primeiro, pois eles já estavam preparados para subir mais este degrau, depois de caminharem três anos ao Seu lado sendo preparados para o ministério. Ao tocar na ferida profunda do coração de Pedro, na sua carência básica, Jesus o restaurou, mostrando a ele que todo o amor que precisava estava sendo derramado sobre o seu ser e, por isso, o Senhor confiava nele para lhe entregar a liderança da Sua Igreja. Ao semear este amor, sua força aumentaria e conseguiria enfrentar a morte na cruz, anos depois, como Jesus enfrentou. A única coisa com que ele deveria se preocupar no momento era seguir o Mestre, de verdade, não mais com indecisão, mas na certeza de que era agora uma nova criatura e, após o Pentecostes, não haveria mais barreiras para o seu trabalho. Jamais sentiria medo de nada porque o amor de Deus, o Ágape, de que estaria revestido, lançaria fora todo o medo.

Para se fazer a obra de Deus é necessário algo além do que o amor humano para nos sustentar na nossa caminhada, pois este é limitado e depende muito das emoções, por envolver o “gostar”, ou seja, a afinidade humana natural por uns e a pouca afinidade por outros. O gostar é humano, o amar é divino. Em outras palavras: “o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26: 41), como disse Jesus anteriormente no Getsêmani. O espírito é forte para receber as ordens divinas e obedecer, pois está revestido pelo Espírito Santo, porém a carne precisa se fortalecer da mesma maneira, imbuir-se do Espírito de Deus, se deixar ser tocada e limpa para que o Ágape possa fluir completo. O Ágape é incondicional, não depende da nossa vontade, mas da própria Palavra em ação sem acepção de pessoas, apenas para que a justiça de Deus já realizada na cruz seja feita também entre os homens, gostando ou não deles. Por isso é difícil o exercício do Ágape, pois o líder tem que tratar com pessoas que muitas vezes não gosta (com o amor humano, de amigo), mas precisam de libertação, de cura e de cuidados, sendo novinhas no evangelho (cordeiros) ou não (ovelhas). Só Deus pode colocar esse tipo de amor no nosso ser e isso leva toda uma vida para ser aperfeiçoado; o que não se pode fazer é desistir. Só somos líderes quando temos o Ágape, pois é o tipo de amor que traz o poder de Deus para vencer as trevas, uma vez que se trata do próprio Deus em ação. Pedro pode não ter se achado capaz a princípio, mas começou a experimentar essa força após o Pentecostes quando foi batizado no Espírito Santo como os demais companheiros, recebendo unção para a Obra.

Este texto se encontra no livro:


livro evangélico: As três faces do amor

As três faces do amor (PDF)

The three faces of love (PDF)

Sugestão de leitura:


livro evangélico: Vem!

Vem! (Romance) PDF

Come! (Novel) PDF



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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