Estudo evangélico sobre o batismo nas águas, seu objetivo e seu paralelo com as alianças do AT. Quais os seus benefícios para nós? Além do batismo nas águas, temos o direito ao batismo com o Espírito Santo.

Evangelical study on water baptism, its objective and its parallel with the covenants in the OT. What are its benefits for us? In addition to water baptism, we have the right to baptism with the Holy Spirit.

Batismo Evangélico




“Havia entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos [em grego: ‘vitória do povo, conquistador do povo’], um dos principais dos judeus. Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele. A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez? Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo. O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito. Então, lhe perguntou Nicodemos: Como pode suceder isto? Acudiu Jesus: Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas? Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que temos visto; contudo, não aceitais o nosso testemunho. Se, tratando de coisas terrenas, não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais? Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do Homem [que está no céu]. E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (Jo 3: 1-15).

Nicodemos era um fariseu, um mestre da Lei, mas algo dentro dele já o tinha movido a se informar mais a respeito da doutrina pregada por Jesus, por isso o procurou de noite, provavelmente, às escondidas, por causa dos colegas. Ele se admirava dos milagres que o Senhor fazia e sabia que só um homem de Deus poderia fazê-los. Porém, a sua mente não estava ainda totalmente aberta para entender algumas coisas espirituais. Foi, então, que Jesus lhe disse: “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. O que Ele estava dizendo é que se ele quisesse compreender mais sobre os mistérios do reino de Deus, teria que nascer de novo, ou seja, recomeçar espiritualmente tudo outra vez e estar disposto a conhecer uma nova maneira de pensar. A força do Espírito Santo precisava atuar plena e livremente em sua alma. Nicodemos não compreendeu e insistiu, perguntando se um homem poderia voltar ao ventre materno. Então, o Senhor lhe explicou outra vez: “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo. O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito”. O que o Senhor queria lhe dizer com isso é que havia uma diferença muito grande entre nascer como ser humano de carne e nascer do Espírito, por ação divina. O que Nicodemos precisava fazer era acreditar que Jesus era o Filho de Deus que tinha vindo ao mundo para salvá-lo dos seus pecados e que ele, Nicodemos, era um pecador necessitando do Seu perdão para poder receber a salvação. Nicodemos já conhecia o batismo de arrependimento pregado por João Batista, entretanto, como fariseu, era muito difícil aceitar que era pecador como todos os homens. Jesus prosseguiu falando um pouco sobre as características daqueles que nasciam de novo (“nascer da água”) e recebiam o Espírito Santo. Ele usou a palavra ‘vento’, que em grego também significa ‘espírito’; disse que ninguém sabe de onde vem o vento nem para onde vai e que sopra onde quer. Isso simboliza a liberdade que os filhos de Deus têm de se movimentar na terra, pois são impulsionados pelo próprio Espírito Santo a estar onde Ele quer e a fazer o que Ele deseja.


Nicodemos conversa com Jesus


Nascer do Espírito é se deixar tomar pela força do Espírito de Deus provocando uma verdadeira transformação interior como ocorreu com os discípulos após o Pentecostes. Em outras palavras, é mudar radicalmente o jeito de ser, recebendo todo o poder que Deus tem para derramar e ser um instrumento em Suas mãos para realizar o mesmo que Jesus veio fazer entre nós: ensinar, libertar, trazer entendimento da Palavra etc., em suma, destruir as obras do diabo. João Batista pregava o batismo de arrependimento, onde as pessoas que entendiam que eram pecadoras, se arrependiam dos seus pecados, eram mergulhadas no Jordão e, com a purificação no seu espírito, estavam preparadas para receber o Messias e começar uma nova história com Deus.

Algumas informações teológicas sobre batismo

O termo batismo, na bíblia, é originado da palavra grega, baptisma (βαπτισμα), o sufixo (ma) enfatiza que ocorreu a imersão (imergiu), βαπτίζειν (baptizein, ‘imergir’). Na bíblia, se encontram o substantivo ‘batismo’ (baptisma, em Grego) e as palavras correspondentes aos diferentes tempos verbais do verbo ‘batizar’.

O termo ‘Batismo’ é a transliteração do grego βαπτισμω (baptismō) para o latim (baptismus), conforme se vê na Vulgata em Cl 2: 12. Este substantivo também se apresenta como βαπτισμα (baptisma) e βαπτισμός (baptismós), sendo derivado do verbo βαπτίζω (baptizō; baptizó), o qual pode ser traduzido por ‘batizar, imergir (ele imerge, ele batiza), banhar, lavar, derramar, cobrir ou tingir’, conforme utilizado no Novo Testamento e na Septuaginta.

Baptisma significa ‘derramamento’, ‘entrar nas águas’, ‘ser conservado nas águas’, ‘sensação de permanência’, ‘submerso várias vezes’, ‘mergulhar’, ‘imergir’, ‘ser imerso’. Podemos ver essa palavra grega em:

• Mc 16: 16: “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado”. Em Grego: o pisteusas kai baptistheis sôthêsetai o de apistêsas katakrithêsetai

Note que ‘baptistheis’ é o particípio passado do verbo baptizō; baptizó (βαπτίζω – Strong #907: Batizar, mergulhar, submergir, mas fala especificamente do mergulho cerimonial; usado apenas (no Novo Testamento) para a ablução cerimonial, especialmente da ordenança do batismo cristão). Então, quem crer será salvo; e quem crê em Jesus se batiza nas águas como uma ordenança Sua. Não é o batismo que salva, é a fé nEle, mas a imersão nas águas é o símbolo externo dessa fé, que traz a salvação.

• 1 Pe 3: 18-22: “18 Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito, 19 no qual, também foi e pregou aos espíritos em prisão, 20 os quais noutro tempo, foram desobedientes quando a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca, na qual poucos, a saber, oito pessoas, foram salvos, através da água, 21 a qual, figurando o batismo, agora também vos salva, não sendo a remoção da imundícia da carne, mas a indagação de uma boa consciência para com Deus, por meio da ressurreição de Jesus Cristo; 22 o qual, depois de ir para o céu, está à destra de Deus, ficando-lhe subordinados anjos, e potestades, e poderes”.
Aqui foi feito um paralelo com Noé, comparando a arca com o nosso espírito que deve permanecer imerso no Espírito de Deus para manter a salvação. Em Grego (v. 21): o kai êmas antitupon nun sôzei baptisma ou sarkos apothesis rupou alla suneidêseôs agathês eperôtêma eis theon di anastaseôs iêsou christou

• Gl 3: 27: “porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes”. O batismo aqui se refere a permanecer nEle através do Espírito. Em Grego: osoi gar eis christon ebaptisthête christon enedusasthe

• Mt 3: 11: “Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo”. Em Grego: egô men baptizô umas en udati eis metanoian o de opisô mou erchomenos ischuroteros mou estin ou ouk eimi ikanos ta upodêmata bastasai autos umas baptisei en pneumati agiô kai puri.

O batismo de João Batista era o batismo de arrependimento, onde as pessoas eram lavadas da sua vida de pecado, preparando-se para receber a palavra de Jesus. Explicando de outra forma: o batismo de João convencia o homem da necessidade do arrependimento e preparava os corações para a  vinda do Messias (Mt 3: 2; 6; 11). Quem recebia esse batismo estava reconhecendo-se pecador diante de Deus. O batismo de Jesus Cristo (‘o batismo nas águas’) purificava do pecado e conferia o novo nascimento, ou seja, a vida eterna (Mt 28: 19; Jo 5: 21; 24) – At 19: 1-7.

Jesus também foi batizado nas águas antes de iniciar Seu ministério, se despojando do pecado da carne. Depois do batismo nas águas, o Espírito Santo veio sobre Ele:

• Mt 3: 13-17: “Por esse tempo, dirigiu-se Jesus da Galiléia para o Jordão, a fim de que João o batizasse. Ele, porém, o dissuadia, dizendo: Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim? Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o admitiu. Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”.

• Mc 1: 9-11: “Naqueles dias, veio Jesus de Nazaré da Galiléia e por João foi batizado no rio Jordão. Logo ao sair da água, viu os céus rasgarem-se e o Espírito descendo como pomba sobre ele. Então, foi ouvida uma voz dos céus: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo”.


Jesus é batizado nas águas


• Lc 12: 50: “Tendo, porém, um batismo com o qual hei de ser batizado; e quanto me angustio até que o mesmo se realize!” Em Grego: baptisma de echô baptisthênai kai pôs sunechomai eôs ou telesthê

Jesus estava aqui se referindo ao Seu “batismo de sangue” na cruz do Calvário. Lembremo-nos que o verbo βαπτίζω (baptizō; baptizó) pode ser traduzido por ‘batizar, imergir (ele imerge, ele batiza), banhar, lavar, derramar, cobrir ou tingir’.

• At 19: 5: “Eles, tendo ouvido isso, foram batizados em o nome do Senhor Jesus”. Aqui se refere ao batismo nas águas, o batismo de arrependimento e novo nascimento (cf. At 2: 38; At 8: 16; At 10: 48). Em Grego: akousantes de ebaptisthêsan eis to onoma tou kuriou iêsou

• Rm 6: 3-14: “Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? 4 Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela Glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. 5 Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição, sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem morreu está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos. Sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas quanto a viver, vive para Deus. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros de seu corpo no pecado, como instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça. Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei e sim da graça”.

Refere-se ao batismo nas águas: “Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela Glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida”.
Em Grego (v. 4): sunetaphêmen oun autô dia tou baptismatos eis ton thanaton ina ôsper êgerthê christos ek nekrôn dia tês doxês tou patros outôs kai êmeis en kainotêti zôês peripatêsômen

• Cl 2: 12: “tendo sido sepultados juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos”. Refere-se ao batismo nas águas. Em Grego: suntaphentes autô en tô baptismati en ô kai sunêgerthête dia tês pisteôs tês energeias tou theou tou egeirantos auton ek tôn nekrôn

• At 1: 22: “... começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição”. Em Grego: arxamenos apo tou baptismatos iôannou eôs tês êmeras ês anelêphthê aph êmôn martura tês anastaseôs autou genesthai sun êmin ena toutôn

• At 10: 37: “Vós conheceis a palavra que se divulgou por toda a Judéia, tendo começado desde a Galiléia, depois do batismo que João pregou”. Em Grego: umeis oidate to genomenon rêma kath olês tês ioudaias arxamenon apo tês galilaias meta to baptisma o ekêruxen iôannês

• At 13: 24: “... havendo João, primeiro, pregado a todo o povo de Israel, antes da manifestação dele, batismo de arrependimento”. Em Grego: prokêruxantos iôannou pro prosôpou tês eisodou autou baptisma metanoias [arrependimento] panti tô laô israêl

• At 18: 25: “Era [Apolo] ele instruído no caminho do Senhor; e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus, conhecendo apenas o batismo de João”. Em Grego: outos ên katêchêmenos tên odon tou kuriou kai zeôn tô pneumati elalei kai edidasken akribôs ta peri tou kuriou epistamenos monon to baptisma iôannou

• At 19: 3-4:
3 “Então, Paulo perguntou: Em que, pois, fostes batizados? Responderam: no batismo de João”.
4 “Disse-lhes Paulo: João realizou batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que vinha depois dele, a saber, em Jesus”.

Em Grego:
3 eipen te pros autous eis ti oun ebaptisthête oi de eipon eis to iôannou baptisma
4 eipen de paulos iôannês men ebaptisen baptisma metanoias [arrependimento] tô laô legôn eis ton erchomenon met auton ina pisteusôsin tout estin eis ton christon iêsoun

• At 22: 16: “E agora, por que te demoras? Levanta-te, recebe o batismo e lava os teus pecados, invocando o nome dele” [Paulo conta sua conversão]. Em Grego: kai nun ti melleis anastas baptisai kai apolousai tas hamartias [pecados] sou epikalesamenos [invocando] to onoma tou kuriou

• Ef 4: 4-5: “há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo”.

Em Grego:
4 en sôma kai en pneuma kathôs kai eklêthête en mia elpidi tês klêseôs umôn
5 eis kurios mia pistis en baptisma


Batismo nas águas – o novo nascimento em Cristo

Paralelo com as alianças

Paralelo com o pacto de Noé: lavar-se do pecado.
Noé e sua família passaram incólumes pelo juízo, e o próprio modo do julgamento contra o pecado, paradoxalmente, garantiu seu livramento. Textos sobre isso: Gn 6: 8; Gn 6: 18; Gn 7–8 (relatam a entrada de Noé e sua família na arca, o Dilúvio, Noé e sua família saindo da arca e o altar erguido a Deus por Noé); 1 Pe 3: 18-22.

Semelhantemente, o crente passa pelo julgamento contra o pecado sendo lavado pelo sangue de Cristo e experimentando o poder da Sua ressurreição. Sua morte representa para nós o estabelecimento do novo pacto e da nossa entrada pessoal nos seus benefícios.

Paralelo com o pacto Abraâmico: centraliza-se na circuncisão (circuncisão do coração):
Circuncidar o coração significa: estar aberto para a ação do Espírito de Deus, revivificação divina.
Textos: Dt 10: 16; Rm 2: 29; Gn 17: 9-14 (o Senhor institui a circuncisão); Cl 2: 13 (fala da morte pelo pecado e da incircuncisão da carne).

Portanto, a morte decorrente do pecado é comparada à incircuncisão, ou seja, falta total de conhecimento da obra renovadora de Deus. A circuncisão significava revivificação divina, portanto, o que a circuncisão era no pacto com Abraão, o batismo é para o cristão. Por isso, a bíblia usa muitas vezes a palavra selo. Selo significa: ‘aquilo que é possuído com segurança, algo que está completo, sinal de autenticidade e autoridade’. Em Rm 4: 11-13, a circuncisão é chamada de selo. Em 2 Co 1: 21-22 e Ef 1: 13 a palavra selo, provavelmente, se refere ao batismo, uma interpretação baseada no emprego do verbo ‘ungir’ em At 10: 38, referindo-se ao batismo de Jesus.

Paralelo com o pacto Mosaico: libertação do diabo e separação para Deus.
• 1 Co 10: 1-4: “Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar, tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés. Todos eles comeram de um só manjar espiritual e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo”. A ceia do Senhor foi prefigurada no beber da Rocha (v. 4) e o batismo foi prefigurado no mar (batismo de arrependimento) e na nuvem (batismo no Espírito Santo). O batismo israelita simbolizava a separação; a passagem pelo mar os separou dos egípcios; a nuvem os separou para Deus (batismo no Espírito). Pedro apresenta o batismo como a liberação do crente do julgamento e a transição para o reino de Deus (1 Pe 3: 20-22).

Bênçãos associadas ao batismo

1) O batismo nas águas realiza em nós o novo nascimento (nosso espírito é recriado e recebemos uma nova mente: a de Deus). O arrependimento traz a remissão dos pecados: Mc 1: 4; Mt 3: 2; 6, onde Jordão significa: divisor de águas, mentalidade nova, mudar e renovar a mente, ser limpo da lepra [pecado], separação entre a mente do homem e a mente de Deus; At 2: 38; Hb 10: 22. Tt 3: 5 fala sobre salvação e regeneração do nosso espírito, ou seja, pelo batismo nas águas nosso espírito é recriado e, assim, nossa alma será trabalhada pela ação do Espírito Santo em nós: “não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo”.

2) O despojamento do corpo da carne e o sepultamento do pecado (negamos a nossa natureza carnal e nos assumimos como seres espirituais; a nossa velha vida é “enterrada” e ressurgimos para a vida eterna, como Jesus na Sua ressurreição): Rm 6: 1-14 (O texto fala que fomos livres do pecado pela graça de Deus através do batismo, simulando Sua morte, ou seja, no batismo sepultamos nossa carne para podermos ‘ressuscitar’ ao sair da águas, como Jesus ressuscitou ao sair do túmulo. Agora temos uma nova vida, uma vida de santidade).

3) A circuncisão do nosso coração (derrubar a barreira ao fluir do Espírito Santo):
Cl 2: 11-12: “Nele [Jesus], também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo, tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos”. Circuncidar o coração significa: estar aberto para a ação do Espírito de Deus, vivificação divina.

4) Além de recebermos o Espírito Santo como um selo de propriedade exclusiva de Jesus sobre nós, o batismo nas águas nos habilita a recebermos o batismo no Espírito:

• Jo 3: 5: “Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da água [Ele queria dizer: conversão e batismo de arrependimento] e do Espírito não pode entrar no reino de Deus”.
Isso é algo profundo que precisamos entender. Não é o batismo que salva, e sim a confissão de Jesus como Senhor e Salvador (Rm 10: 9-10). Porém, sem o batismo essa salvação não é completa, pois não há o selo do Espírito capacitando a pessoa a tomar verdadeiramente posse do reino de Deus; em outras palavras, sem o selo ela não tem autoridade para repreender demônios nem para realizar curas ou milagres. Outros textos:

• At 2: 38-39: “Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus chamar”. O batismo nas águas nos habilita a recebermos o batismo no Espírito Santo. O Espírito é dom prometido, tanto para nós, que viemos após os apóstolos, como para todos os que vierem depois de nós.

• At 10: 47: “Porventura, pode alguém recusar água, para que não sejam batizados estes que, assim como nós, receberam o Espírito Santo?” Aqui as pessoas foram batizadas antes, por determinação divina, no Espírito Santo, depois foram batizadas águas.

• 2 Co 1: 22: “que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nosso coração”. O batismo nas águas garante a presença eterna do Espírito Santo em nós.

• Gl 3: 27: “porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes”. Somos revestidos da presença de Cristo através do batismo.

• Tt 3: 5: “não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo”. Isso significa que nossas boas obras não compram a salvação, nem garantem a presença do Espírito em nós. É pela misericórdia e pela graça de Deus e pela nossa fé.

5) Garante-nos a condição de filhos de Deus, nos dá entrada no Seu reino e participação ativa nele (filiação divina e autoridade espiritual):

• Mt 3: 17: “E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. O batismo nos torna filhos de Deus no momento em que entregamos nossa vida para Jesus.

• Mt 28: 19: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.

• Jo 3: 3-5: “A isto respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer de novo, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez? Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus”.

Note aqui alguns detalhes importantes. Quando o Senhor diz que “quem não nascer da água”, Ele está falando do batismo nas águas que traz a presença do Espírito em nós e permite que entremos no reino de Deus. Mas quando fala, no versículo anterior sobre “nascer de novo”, Ele se refere à ação do Espírito em nós de uma forma mais forte e constante, trazendo transformação, ou seja, nos fazendo ver realmente o reino de Deus na nossa vida e a vida de Deus em nós, Sua vida plena e abundante.

• At 8: 14-25: “Ouvindo os apóstolos, que estavam em Jerusalém, que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João; os quais, descendo para lá, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo; porquanto não havia ainda descido sobre nenhum deles, mas somente haviam sido batizados em o nome do Senhor Jesus. Então, lhes impunham as mãos, e recebiam estes o Espírito Santo. Vendo, porém, Simão [o mágico, At 8: 9-13] que, pelo fato de imporem os apóstolos as mãos, era concedido o Espírito [Santo], ofereceu-lhes dinheiro, propondo: Concedei-me também a mim este poder, para que aquele sobre quem eu impuser as mãos receba o Espírito Santo. Pedro, porém, lhe respondeu: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus. Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, da tua maldade e roga ao Senhor; talvez te seja perdoado o intento do coração; pois vejo que estás em fel de amargura e laço de iniqüidade. Respondendo, porém, Simão lhes pediu: Rogai vós por mim ao Senhor, para que nada do que dissestes sobrevenha a mim. Eles, porém, havendo testificado e falado a palavra do Senhor, voltaram para Jerusalém e evangelizavam muitas aldeias dos samaritanos”.

O texto acima fala das vidas que foram conquistadas para o reino de Deus e de quantas delas receberam o Espírito Santo pela imposição das mãos dos apóstolos. Fala também que Simão, vendo que eles receberam de Deus esse poder, quis comprar o dom, mas foi repreendido por Pedro, pois a participação na Obra não se consegue por dinheiro, e sim pela fé na graça salvadora de Jesus e pelo amor a Ele. Simão, segundo a bíblia, tinha aderido à fé e se batizado nas águas (At 9: 13; será que havia se convertido de verdade?), porém, o Senhor não lhe havia concedido o batismo no Espírito Santo, pois conhecia as verdadeiras intenções do seu coração. Isso nos faz pensar que não é só batismo nas águas que nos capacita a fazer a Obra de uma maneira mais profunda, mas a força do batismo do Espírito Santo.

Quando nos batizamos, passamos a fazer parte do Corpo de Cristo:
• Rm 8: 14-17: “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez atemorizados, mas recebestes o Espírito de adoção, baseados no qual clamamos Aba Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados”.
• 1 Co 12: 13: “Pois em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito”. Isso quer dizer que quando nos batizamos, passamos a fazer parte do Corpo de Cristo.

Resumindo, o batismo nas águas realiza em nós:

O novo nascimento (nosso espírito é recriado), o despojamento do corpo da carne (negamos a nossa natureza carnal e nos assumimos como seres espirituais), o sepultamento do pecado (a nossa velha vida é ‘enterrada’ e ressurgimos para a vida eterna, como Jesus na Sua ressurreição – Rm 6: 3-4; Cl 2: 11-12), a circuncisão do nosso coração (derrubar a barreira ao fluir do Espírito Santo), nos garante a condição de filhos de Deus, nos dá entrada no Seu reino e participação ativa nele (filiação divina e autoridade espiritual), assim como nos separa definitivamente do mundo (nosso dono passa a ser Jesus, pois o selo do Seu sangue está em nós).


Batismo com o Espírito Santo

O batismo com o Espírito Santo

Após o batismo nas águas, necessitamos de uma “força extra” vinda de Deus para podermos superar as provas e vencermos o diabo, por isso, o Senhor nos batiza com o Espírito Santo, nos conferindo não apenas Sua força espiritual como também dons, que vão nos levar a patamares maiores de unção e de conhecimento do Pai.

Em At 1: 8, Jesus diz aos apóstolos: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”.
E em Lc 24: 49 ele diz: “Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder”.
Essa palavra “poder”, aqui, vem do grego “dunamis” [δύναμις, ou dunamei, δυναμει – Strong #g1411; poder para realizar milagres, obra poderosa, maravilhosa, poder físico, força, poderio, habilidade, eficácia, energia; no plural: ações poderosas, ações mostrando poder (físico), obras maravilhosas – Lc 24: 49], e isso nos é concedido pelo Espírito Santo.

Portanto, o batismo no Espírito Santo nos reveste com uma força extra para realizarmos a obra de Deus na terra. Jesus foi batizado também com o Espírito, para seguir para o deserto e ser tentado por quarenta dias. Só assim, aprovado por Deus, pôde iniciar Seu ministério e ir para a cruz.

Em At 2: 1-41 vemos o batismo no Espírito Santo (Pentecostes) capacitando os discípulos para o ministério que Jesus já tinha separado para eles. A ação do Espírito foi tão marcante ali e nos dias que se seguiram que em At 4: 13 está escrito: “Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se; e reconheceram que haviam eles estado com Jesus”. Essa é só uma referência sobre a transformação que ocorreu após o batismo dos apóstolos. Todo o livro de Atos reflete as conseqüências desse ato espiritual.

A característica do batismo com o Espírito é o falar em línguas estranhas (At 2: 1-13; At 10: 44-46; At 19: 6).

Embora a bíblia descreva os apóstolos falando em línguas conhecidas de outras nações daquela época (At 2: 9-11a), existe também o orar em “línguas estranhas” ou “língua de anjos” (como se fala na igreja), onde o nosso espírito conversa com Deus em uma língua que só nós dois entendemos (1 Co 14: 2); ou quando Ele desejar que outros irmãos sejam edificados na igreja, Ele também concede o dom de interpretação de línguas (1 Co 12: 10; 30). E em 1 Co 14, todo o capítulo, mas com enfoque ao versículo 4, Paulo fala que o orar em línguas edifica o nosso espírito. Devemos realmente orar em línguas para que nosso espírito fale com o Pai e assim seja fortalecido.

Batize-se nas águas e não deixe que o diabo o roube deste benefício colocando mentiras na sua cabeça, dizendo que você não está preparado para se batizar porque fuma, bebe, tem vícios etc. Quem vai prepará-lo é o próprio Espírito Santo. Você não pode fazer nada para se melhorar ou para se tornar digno dEle. Portanto, não perca tempo, obedeça ao mandamento do Senhor, pois o batismo é uma ordenança de Deus para todos os Seus filhos, não opção.

Em Lc 11: 13 está escrito: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” Quando Jesus falou essas palavras, o Espírito Santo ainda não havia sido dado (Jo 7: 39, pois só veio no Pentecostes). Embora o Espírito Santo venha habitar em nós no momento da nossa conversão (Ef 1: 13), Ele vai nos enchendo com dons e poder (1 Co 12: 1; 4-11) de acordo com o Seu chamado para cada um de nós e com o nosso exercício de fé e disposição de servir a Deus. Isso é incontestável (At 8: 14-17; At 19: 6; At 10: 44-48). Tanto é que nos deixou a ordenança no batismo nas águas, mas o batismo no Espírito Santo, com dons e poder, é prerrogativa de Deus, pois Ele conhece os corações dos Seus filhos, e sabe como eles vão usar Seus dons (Lembre-se de Simão, o mágico em Samaria). Por isso, acho válido continuar pedindo, sim, o derramamento dos dons espirituais para servir ao Senhor de maneira mais completa. Eu sou prova viva do que significa “Batismo com o Espírito Santo” e porque é necessária essa força na nossa vida cristã.

Portanto, se você entendeu o que foi explicado no texto sobre Nicodemos, peça também o batismo no Espírito Santo e o Senhor vai lhe conceder. Assim você estará apto para prosseguir na sua jornada. Amém?

Este texto se encontra nos livros:


livro evangélico: Ensinos, curas e milagres

Ensinos, curas e milagres (PDF)

Teachings, healings and miracles (PDF)


livro evangélico: Jamais falte óleo sobre tua cabeça

Jamais falte óleo sobre tua cabeça (PDF)

Never be lacking oil on your head (PDF)


Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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