Estudo sobre a primeira multiplicação de pães e peixes realizada por Jesus. Na 1ª multiplicação dos pães sobraram doze cestos grandes; na 2ª, sete cestos. Um denário romano equivalia a uma dracma grega, ou seja, o salário de um dia de um trabalhador.

Teachings about the first multiplication of loaves and fish carried out by Jesus. In the 1st multiplication of the loaves, 12 large baskets remained; in the 2nd, 7 baskets. A Roman denarius was equivalent to a Greek drachma, that is, a wage for a day’s work.


A primeira multiplicação de pães e peixes


“Voltaram os apóstolos à presença de Jesus e lhe relataram tudo quanto haviam feito e ensinado. E ele lhes disse: Vinde repousar um pouco à parte, num lugar deserto: porque eles não tinham tempo nem para comer, visto serem numerosos os que iam e vinham. Então, foram sós no barco para um lugar solitário. Muitos, porém, os viram partir e, reconhecendo-os, correram para lá, a pé, de todas as cidades, e chegaram antes deles. Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E passou a ensinar-lhes muitas coisas. Em declinando a tarde, vieram os discípulos a Jesus e lhe disseram: É deserto este lugar, e já avançada a hora; despede-os para que, passando pelos campos ao redor e pelas aldeias, comprem para si o que comer. Porém ele lhes respondeu: Dai-lhes vós mesmos de comer. Disseram-lhe: Iremos comprar duzentos denários de pão para lhes dar de comer? E ele lhes disse: Quantos pães tendes? Ide ver! E, sabendo-o eles, responderam: Cinco pães e dois peixes. Então, Jesus lhes ordenou que todos se assentassem, em grupos, sobre a relva verde. E o fizeram, repartindo-se em grupos de cem em cem e de cinqüenta em cinqüenta. Tomando ele os cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos ao céu, os abençoou; e, partindo os pães, deu-os aos discípulos para que os distribuíssem; e por todos repartiu também os dois peixes. Todos comeram e se fartaram; e ainda recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe. Os que comeram dos pães eram cinco mil homens” (Mc 6: 30-44).

Por onde Jesus passava, sempre havia um grande número de pessoas que o seguiam e que a bíblia descreve como “uma multidão” ou “multidões”; isso, com certeza, porque todos queriam receber cura, instrução e bênçãos de toda sorte. Como é descrito no texto que lemos acima, todos pareciam ovelhas que não têm pastor. Jesus não as enxotava, pelo contrário, as recebia e as alimentava em todos os sentidos. Por isso, ao ouvir falar dele, se dirigiam para onde Ele estivesse. Sabendo para onde o barco estava indo, as pessoas correram e chegaram antes dele. Isso quer dizer que, quando sabemos que a unção de Deus está para ser derramada sobre a nossa vida ou quando recebemos uma palavra profética de que Ele vai fazer um milagre que nos beneficia, devemos estar alertas e “correr”, a fim de que ao derramar Ele a bênção, nós possamos recebê-la. Isso é estar sempre alertas e vigilantes aos sinais do Espírito Santo para podermos “comer o melhor dessa terra”, como diz Is 1: 19: “Se quiserdes, e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra”.


Jesus multiplicou os pães e peixes

Ensinamentos

Neste texto, em especial, o Senhor quis dar uma grande lição de amor incondicional e fé aos discípulos. Ele tinha alimentado aquele povo espiritualmente durante todo o dia, provavelmente, caminhando entre a multidão também para curá-la e não demonstrava contrariedade por isso. Assim, esperou até o fim do dia, pois como Filho de Deus que era, sabia que mais cedo ou mais tarde teriam fome. Os discípulos, embora caminhando todos os dias com Ele, ainda não tinham a mente aberta para compreender Suas atitudes; faltava-lhes mais fé, ainda pensavam mais nas coisas da carne do que nas coisas de Deus. Estavam cientes da necessidade de alimento daquele povo, mas não conseguiram se lembrar que estavam diante Daquele que tudo podia prover. Este foi um momento de teste para a fé dos discípulos. Como homens, estavam conscientes das suas limitações e da responsabilidade que tinham diante de si e quiseram se ver livres dela de uma forma mais prática: despedir o povo para suas casas. Provavelmente, se surpreenderam quando Jesus lhes disse: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Como? Tanto é que fizeram cálculos rápidos avaliando aquela necessidade em duzentos denários de pão. Um denário romano equivalia a uma dracma grega, ou seja, era uma moeda de prata compatível com o salário de um dia que um trabalhador braçal recebe (o que em nossa moeda brasileira de hoje poderia equivaler a US$ 10.00). Duzentos denários seriam uma grande quantia de dinheiro. Mesmo assim seria insuficiente para alimentar cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças (normalmente excluídas das contagens em qualquer censo). Logo, Jesus perguntou: — “Quantos pães tendes?” Então a situação pareceu mais incapacitante ainda, pois tinham apenas cinco pães e dois peixes. Jesus os dividiu em grupos de cinqüenta e cem e os fez assentar sobre a relva. Os números cinco e dez eram importantes no sistema decimal empregado na Palestina. O número zero, quando acrescentado a outro poderia indicar multiplicação, de certa forma; por exemplo, o número um transmite o conceito de unidade e o caráter sem paralelo de Deus, assim como a unidade entre Cristo e o Pai, a união entre os crentes e Deus e a unidade que existe entre os crentes. Colocando o número zero ao seu lado, pode significar “bastante vezes”, da mesma forma que cem equivale a um número grande, e mil ou dez mil, a um número infinitamente grande. O número dez também pode significar o primeiro número de um começo maior, algo completo ou fidelidade, além de ser considerado por alguns como o número da Igreja. O número cinco tem o significado espiritual do cumprimento fiel das promessas de Deus referentes aos cinco livros do Pentateuco (Torá), ou seja, os fatos ocorridos como predestinação divina. Podemos pensar que o número dois significa o número da aliança feita com o povo escolhido, colocada nas duas tábuas da lei dadas a Moisés, entretanto, pode significar também os dois povos com os quais o Senhor fez aliança: os judeus e os gentios. Falando de uma maneira simbólica: ao trazerem ao Senhor os cinco pães, os discípulos estavam mostrando que as promessas dadas a eles eram ainda insuficientes para fartá-los nas suas necessidades. Ao multiplicar os cinco pães, o Senhor quis mostrar que Suas promessas são infinitas e serão todas cumpridas a ponto de satisfazer multidões. Ao trazer os dois peixes (= almas, vidas), os discípulos estariam mostrando a Jesus que Seu povo, embora seco e morto espiritualmente, precisando de Sua vida, ainda mantinha a aliança com Deus. Ao pegar em Suas mãos os dois peixes, Jesus estava profeticamente multiplicando a bênção divina e renovando a aliança com judeus e gentios, Seu outro aprisco, como Ele mesmo disse em Jo 10: 16. Os grupos divididos de cem em cem nos lembram a unidade que Ele quer ver no meio da Sua Igreja, multiplicada pelo amor com que Ele mesmo nos supre e nos lembrando do Seu vitorioso sacrifício que nos resgatou do pecado e nos deu vida eterna. A multiplicação do alimento mostrou aos Seus discípulos que é possível fazê-lo sobejar quando se dá com amor, ou seja, quando damos o nosso insuficiente para Deus com amor, Ele multiplica nossa oferta e faz sobejar nosso suprimento. Ele também os ensinou a repartir com outros o que se tem.


Jesus multiplicou os pães e peixes


Outro ensinamento interessante é que Jesus fez a multidão se assentar sobre a relva. Isso para nós significa que, quando nos aquietamos e entregamos nossa causa diante dEle, reconhecendo a nossa carência, Ele começa a agir a nosso favor, multiplicando o nosso suprimento. A agitação não nos deixa ver os milagres de Deus, pois estamos tumultuados e preocupados, procurando uma maneira de fazer as coisas por nós mesmos. Indo mais além, quando nos assentamos em unidade com aqueles que também crêem Nele como a fonte do milagre, aí, sim, estamos prontos para ver o impossível acontecer em nossas vidas. A nossa fé em ação faz aumentar a fé dos nossos irmãos.

Por que será que só havia pães e peixes para alimentá-los? Praticamente falando, o pão era e ainda é o alimento mais fácil de carregar e de servir, pois uma vez que foi amassado e cozido, pode ser levado para onde uma pessoa for e não é necessário se fazer mais nada com ele, teoricamente, para alimentar de maneira rápida alguém que esteja com fome. Na época, o pão era feito com vários cereais como a cevada, a espelta (espécie de trigo de qualidade inferior), o trigo (altamente apreciado) e, raramente, a aveia. Os pães asmos, sem fermento, eram de uso exclusivo para a época da Páscoa. O pão era o artigo forte da alimentação dos Israelitas. Os peixes que foram levados a Jesus, provavelmente já estavam um pouco secos por estarem debaixo do sol, mas também era o alimento mais provável de se encontrar junto com os pães, uma vez que Jesus e os discípulos não estavam muito distantes do Mar da Galiléia (é só ver o seguimento do capítulo, quando Jesus despede a multidão e sobe ao monte para orar ao Pai, voltando a encontrar com eles no famoso episódio em que caminha sobre o mar). Simbolicamente falando, eles estavam de posse do alimento certo, pois pão fala de aliança, comunhão e intimidade com Deus, além de ser também um símbolo do corpo de Jesus morto na cruz pelos nossos pecados. Peixes simbolizam almas, vidas para o reino de Deus. Isso quer dizer que o Senhor os alimentou com Sua própria vida (alma), avivando neles a comunhão com Ele e os ensinando que Ele é suficiente para alimentar a todos os que O buscam, não permitindo que ninguém passe fome. Ao multiplicar os peixes, Ele ensinou a todos que, se eles se dispusessem a se entregar a Ele e à Sua obra, mesmo se sentindo meio “secos” e aparentemente “mortos”, Ele os transformaria em alimento para outras vidas igualmente secas e carentes da Sua palavra e da comunhão com o Pai.

Foi Jesus que multiplicou os pães e depois os deu aos Seus discípulos para que os distribuíssem entre o povo. Isso quer dizer que não somos nós a fonte do milagre, e sim o Senhor; nós somos apenas veículos para que esse chegue a outras pessoas. Não fomos nós que escrevemos a bíblia ou criamos o mundo pela palavra; nossa parte é apenas pregá-la e proclamá-la. A força e o milagre já estão “embutidos” nela.


O milagre da multiplicação dos pães O milagre da multiplicação dos pães


A bíblia fala que comeram e se fartaram e ainda sobejaram doze cestos cheios. Doze é o número da eleição divina, o número do nosso chamado. Esse ensinamento nos diz que, mesmo alimentando multidões com a Palavra, Seus eleitos terão sempre a sua porção, a sua recompensa. O que lhes pertence jamais será tirado, e o que deram a outros receberão multiplicado. Os discípulos deram o pouco e o Senhor lhes devolveu o muito. Eles distribuíram pedaços de pão entre o povo e sobrou para cada um deles um cesto cheio de alimento. Por isso, Paulo repete as palavras de Jesus: “Mais bem-aventurado é dar do que receber”. Dar nos faz parecidos com Deus.

Em último lugar, no v. 43-44 está escrito: “e ainda recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe. Os que comeram dos pães eram cinco mil homens” (Mc 6: 43-44). Aqui, a palavra “cestos”, em grego é “kophinos” (Strong #g2894), ou seja, um cesto grande (cf. Mt 14: 20; Mc 6: 43; Lc 9: 17; Jo 6: 13), ao contrário da segunda multiplicação de peixes (Mc 8: 8; Mt 15: 36-37), onde está escrita a palavra “spuris” (Strong #g4711), ou seja, um cesto pequeno, um cesto menor trançado, uma cesta trançada, quando os que comeram dos pães foram quatro mil homens. “Spuris” deriva de “speiro” (como tecido, entrelaçado); um cesto ou lancheira. Na primeira multiplicação dos pães sobraram doze cestos grandes; na segunda, sete cestos. Você pode notar que a primeira multiplicação ocorreu no território de Israel, enquanto a segunda foi em território gentio, Decápolis. Marcos deixa isso mais claro (Mc 7: 31 e Mc 8: 10). Os judeus foram alimentados e sobraram doze cestos grandes cheios; doze, o número dos escolhidos, dos eleitos. Os gentios foram igualmente alimentados e sobraram sete cestos pequenos (Mc 8: 8-9; Mt 15: 37-38). Podemos interpretar isso da seguinte forma: o povo escolhido já estava sendo trabalhado, “semeado” por Deus há muito mais tempo que os gentios, desde Abraão; portanto, tinham mais a dar em troca, mais para dar do conhecimento e da palavra de Deus às outras nações. Os gentios estavam conhecendo o Deus verdadeiro há menos tempo que os judeus e, portanto, tinham menos frutos ainda a dar; mas com certeza, já estavam nos planos de salvação de Deus. Mais tarde, em Mt 21: 43, pela obstinação e dureza dos seus corações, e por rejeitarem os ensinamentos de Jesus é que Ele fala: “Portanto, vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos”.

Este texto se encontra no livro:


livro evangélico: Ensinos, curas e milagres

Ensinos, curas e milagres (PDF)

Teachings, healings and miracles (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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