Estudo sobre a oferta da viúva pobre que colocou duas pequenas moedas no gazofilácio e foi elogiada por Jesus. Como eram as caixas de oferta no templo e a quanto equivalia o quadrante?

Study on the offering of the poor widow who put two small copper coins (or two lepta) in the temple treasury and was praised by Jesus. What were the offering boxes like in the temple? Two lepta represented one quadrans.


A oferta da viúva pobre


“Assentado diante do gazofilácio, observava Jesus como o povo lançava ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depositavam grandes quantias. Vindo, porém, uma viúva pobre, depositou duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante. E chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o fizeram todos os ofertantes. Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento” (Mc 12: 41-44 cf. Lc 21: 1-4 – ARA).

A ARA é a única versão bíblica que menciona a palavra ‘Gazofilácio’.

As outras versões da bíblia escrevem ‘tesouro’ ou ‘tesouro do templo’ ou ‘arca do tesouro’, pois em inglês a palavra ‘gazofilácio’ não existe, nem mesmo na versão de King James.
A palavra ‘Gazofilácio’ (em Português) vem do grego: ‘Gazophulakion’ ou ‘Gazophilakeion’ (γαζοφυλάκιον, Strong g#1049), que quer dizer: sala do tesouro (literalmente), tesouro, casa do tesouro, isto é, um átrio do templo para as caixas de coleta. Por isso, no AT, a bíblia, quando se refere ao templo, fala que vários reis de Judá deram ao inimigo o que havia nos tesouros do templo [1 Rs 15: 18 – rei Asa; 2 Rs 12: 18 – rei Joás; 2 Rs 14: 14 – Jeoás, rei de Israel, tomou os tesouros das mãos de Amazias, rei de Judá; 2 Rs 16: 7-8 – rei Acaz; 2 Rs 18: 15-16 – rei Ezequias]. Na versão bíblica ARA você vai encontrar a palavra ‘gazofilácio’ (‘Gazophulakion’) três vezes: Mc 12: 41; 43; Lc 21: 1; Jo 8: 20.

A bíblia fala que Jesus se colocou no átrio das mulheres no pátio exterior do templo, onde havia o gazofilácio. Este consistia em treze caixas de oferta em forma de trombeta, sendo duas para o imposto do templo (½ siclo – atual e do ano anterior; 1 siclo equivale a 11,5 gramas ou 20 geras – Êx 30: 13) e onze para as ofertas voluntárias (9 para as ofertas obrigatórias dos adoradores e 2 para ofertas voluntárias), ou seja, as ofertas (seu equivalente em dinheiro) para o holocausto e para oferta pelo pecado, oferta de aves, oferta pela culpa, oferta do nazireu, do leproso purificado, contribuições para a madeira usada no templo, contribuições para o incenso, contribuições para os utensílios de ouro do templo e as ofertas voluntárias (caritativas). A trombeta, era de prata batida. Para os judeus, a trombeta era símbolo de convocação. A palavra usada para trombeta de prata batida era haçõçerâ ou Chatsotsrah (Strong #2689), a mesma palavra usada em Nm 10: 2; 8; 9; 10, quando Deus ordenou a Moisés que usasse este instrumento para convocar o povo e levantar acampamento.

Outras vezes, no Antigo Testamento, foi usada a trombeta de chifre de carneiro (shôphãr), que conclamava o povo para que se arrependesse dos seus maus caminhos e se voltasse para o Senhor. A palavra shôphãr (שׁוֹפָר – Strong #7782, Js 6: 4; 5; 20), em hebraico, significa: uma corneta (como dando um som claro) ou uma corneta curva: corneta, trompete, trombeta, clarim; e vem da raiz hebraica sh-f-r (שפר), e significa ‘melhorar, reformar, recuperar’. Mas o substantivo, o shofar (שופר), quer dizer um chifre corroído de um carneiro. Tradicionalmente, os sefarditas usam um chifre curto, os asquenazitas preferem um chifre mais longo e curvado. O shofar só pode fazer um único som, com tons mais agudos ou graves dependendo da força do sopro do homem encarregado de tocá-lo, o Baal Tokêa, comprimindo seus lábios.

Ali, em frente ao gazofilácio, Jesus observava as pessoas darem suas ofertas e pagarem o imposto do templo. Ele via os ricos lançarem suas ofertas nele. De repente, veio uma viúva pobre e, em uma das trombetas de ofertas voluntárias, depositou duas moedas (2 lepta; lepta é o plural de lepton) correspondentes a um quadrante: uma moeda romana de cobre correspondente a 1/64 do denário ou dracma, que eram moedas de prata, romana e grega, respectivamente, equivalentes ao salário de um dia de um trabalhador braçal. No caso, o quadrante equivalia a centavos no nosso dinheiro. Ela não percebia estar sendo observada, mas Jesus disse aos discípulos: — “Verdadeiramente vos digo que esta viúva pobre deu mais do que todos. Porque todos estes deram como oferta aquilo que lhes sobrava; esta, porém, da sua pobreza deu tudo aquilo o que possuía, todo o seu sustento”.


A viúva pobre e o gazofilácio


O ensinamento para nós, embora pareça simples e único, exemplifica o comportamento que o Senhor deseja ver na vida de todo o cristão: a entrega total a Ele. Essa viúva parecia dar valor às coisas de Deus antes de a si mesma, pois o que ela depositou ali foi o seu sustento, ou seja, o que tinha; mais ou menos parecido com a viúva do Antigo Testamento que acolheu o profeta Elias em sua casa, mas foi logo dizendo: — “Tão certo como vive o Senhor, teu Deus, nada tenho cozido; há somente um punhado de farinha numa panela e um pouco de azeite numa botija; e, vês, aqui, apanhei dois cavacos e vou preparar esse resto de comida para mim e para o meu filho; comê-lo-emos e morreremos”. Por obediência ao profeta, ela fez os bolos e, primeiro, deu um a ele. Dessa forma, experimentou o milagre de ver seu alimento ser suficiente para mantê-los (ela, seu filho e Elias) por muitos dias. A viúva que depositou as moedas no gazofilácio poderia estar preocupada com o que haveria de comer mais tarde ou no dia seguinte e, se não recebesse ajuda de algum lugar, pereceria. Entretanto, ela sabia que havia alguém maior que ela, Deus, e que aquele dinheiro Lhe pertencia, por isso, o entregou no templo. Pelo visto, vivia pela fé no suprimento divino. O mais interessante é que Jesus não a impediu de ofertar por causa da sua pobreza, pois queria dar mais uma lição aos discípulos e aos judeus que o ouviram falar dela. Certamente, Ele oraria ao Pai e o Pai a proveria de qualquer forma, pois ela tinha sido fiel. Não se sabe exatamente se estava sendo cumprido o mandamento da Lei que ordenava ao povo sustentar com os dízimos o levita, o estrangeiro, o órfão e a viúva (Dt 26: 12-13 cf. Dt 14: 28-29).

Assim, a atitude de um verdadeiro cristão é a de se entregar incondicionalmente nas mãos do Senhor sem se preocupar com as coisas da terra como os ímpios se preocupam, pois para estes, as coisas visíveis são a sua segurança. Para o cristão, a segurança está em Deus e esta atitude de fé e reverência, muitas vezes, pode parecer loucura para os que não entendem os mistérios espirituais. Essa mulher era pobre e viúva (que, em grego, significa: destituída). Isso quer dizer que nada tinha como apoio material nem emocional, entretanto, parecia manter ainda a parte espiritual intacta pela sua fé no Senhor. E com certeza, Ele a honrou.

Este texto se encontra no livro:


livro evangélico: Ensinos, curas e milagres

Ensinos, curas e milagres (PDF)

Teachings, healings and miracles (PDF)


Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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