As partes principais da armadura de Deus (Ef 6: 10-17) são: o cinturão da verdade, a couraça da justiça, as sandálias do evangelho da paz, o escudo da fé, o capacete da salvação e a espada do Espírito.
The main parts of the armor of God (Eph. 6: 10-17) are: the belt of truth, the breastplate of righteousness, the shoes of the gospel of peace, the shield of faith, the helmet of salvation, and the sword of the Spirit.
Paulo, embora judeu de nascimento e estudioso da lei mosaica, tinha cidadania romana; portanto, conhecia os costumes e a disciplina militar desse povo. Ao se converter a Jesus e começar a passar lutas pela causa do evangelho, o Espírito Santo o fez escrever sobre essa armadura que habilitaria o crente em todas as épocas a se proteger espiritualmente dos ferimentos causados por Satanás.
O texto bíblico diz: “Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra a ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz [NVI: ‘e tendo os pés calçados com a prontidão do evangelho da paz’; NSRV-Inglês: ‘Como sapatos para os vossos pés, calçai tudo o que irá tornar-vos prontos para anunciar o evangelho da paz’]; embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Ef. 6: 10-17).
Paulo inicia dizendo para sermos fortalecidos na força do poder de Deus, o que nos faz pensar que a armadura não é algo produzido na força da nossa alma, em especial da nossa mente, mas dependente da ação divina, através do Seu Espírito. Com o decorrer da explanação veremos que a armadura é o próprio Jesus, através de cada atitude de amor que tomou a nosso favor. Paulo também fala que a nossa luta não é contra as pessoas ou as coisas naturais da vida, e sim contra demônios, por isso precisamos da armadura, pois ela nos defende do invisível. As feridas feitas pelo diabo na nossa alma e no nosso espírito são feias e, muitas vezes, até parte da nossa armadura fica danificada, refletindo nas fragilidades e nos sintomas espirituais, emocionais e físicos que nos esforçamos para tirar de nós e restabelecer nosso bem-estar. A armadura vai se fortalecendo à medida que deixamos a palavra de Deus entrar e agir no nosso interior, à medida que vamos nos entregando cada vez mais à ação do Espírito Santo. Outra coisa que ele diz é que o objetivo da armadura é nos ajudar a resistir ao diabo e às suas ciladas nos momentos de tribulação e guerra e fazer-nos inabaláveis e vencedores. Também coloca várias vezes a expressão “estar firme”; isso quer dizer que apesar de tudo, um guerreiro deve permanecer sempre firme e aprumado, de pé.
A primeira parte da armadura é o cinturão da verdade. O verbo ‘cingir’ significa: ‘rodear, cercar, prender ou ligar em volta, ornar em roda, pôr à cinta, unir-se, apertar-se, chegar-se, aproximar-se’. O cinturão romano era uma espécie de saia de couro presa ao cinto e que protegia o soldado desde a cintura até os joelhos. Dessa maneira, evitavam-se os ferimentos em todo o abdome, órgãos genitais e coxas, assim como a região lombar. Algumas vezes, lâminas de metal eram colocadas sobre o couro para aumentar a resistência aos ataques. O cinturão era perfeitamente ajustado, não deveria ficar frouxo de forma alguma, por isso o termo cingir (apertar). Igualmente, o crente deve cingir-se com a verdade da palavra de Deus como um cinturão que vem a protegê-lo dos ataques de Satanás no seu físico, nas suas emoções e nos seus relacionamentos. Essa verdade é Jesus, a Palavra Viva, que resiste às mentiras do maligno.
A segunda parte da armadura que é descrita é a couraça da justiça, um pouco diferente de uma simples cota de malha. A cota de malha ou a couraça era de bronze para os líderes e couro para os soldados, regra geral para a proteção do corpo. Em 1 Sm 17: 5 é descrita a armadura de Golias; ele era uma exceção, pois não era líder, apenas um campeão do exército filisteu; todavia sua armadura era de bronze. A shiryôn era realmente uma couraça que protegia não apenas o peito como também as costas. Fazia parte da armadura dos trabalhadores de Neemias (Ne 4: 16). Em outras partes da bíblia são descritas outras cotas de malhas que consistiam em pequenas placas de ferro costuradas a um fundo de couro. O equivalente grego chama-se thõrax = couraça. Para nós, cristãos, significa que a justiça conquistada na cruz através de Jesus é a couraça que protege nossos sentimentos do ódio e da injustiça. A justiça conquistada na cruz é a ligação do homem com Deus através do arrependimento e do perdão dos pecados; é o Seu amor maior em ação que nos estimula a desejar para os que estão perdidos a mesma coisa que nós já conquistamos que é a justificação dos nossos pecados e o direito de estarmos em Sua presença, em resumo, a vida eterna. A couraça da justiça impede que todos os sentimentos ruins do diabo nos afastem da presença do amor de Deus. Quando Jesus já estava morto, o soldado romano perfurou o Seu lado com uma lança, isto é, o coração de Jesus foi traspassado pela lança, representada pelas nossas transgressões e pela ação de ódio e violência do adversário, a fim de que pudéssemos estar protegidos dos dardos inflamados que ele tenta lançar sobre nós. Quando estamos debaixo do amor e da justiça de Deus na pessoa de Jesus, somos protegidos e guardados do mal.
A terceira parte descrita na armadura são as sandálias do evangelho da paz. As sandálias eram de couro com um solado grosso com pregos que permitia a caminhada no deserto protegendo os pés do soldado de serpentes, escorpiões e pedras afiadas, que poderiam causar ferimentos sérios. As caneleiras protegiam as pernas entre os joelhos e o tornozelo, sendo mencionadas apenas uma vez nas Escrituras (1 Sm 17: 6 = miçhâ). Golias usava caneleiras de bronze. É possível que a palavra hebraica, em realidade, signifique um tipo de bota. Paulo diz para calçarmos nossos pés com as sandálias do evangelho da paz. Isso quer dizer que a palavra de paz e boas novas deve dirigir nossos passos e nossa caminhada pela vida para não errarmos o caminho, não sermos feridos pelas pedras do inimigo nem mordidos por serpentes e escorpiões. Por isso, a bíblia diz: “Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia boas novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: o teu Deus reina!” (Is 52: 7). As sandálias são símbolo de autoridade, ocupação e bênção material. Novamente, a vestimenta aqui é Jesus que nos calça com Sua palavra de força, ousadia e determinação. Está escrito que todo o lugar que pisarmos com a planta do nosso pé será nosso (Js 1: 3).
O escudo da fé é a quarta parte da armadura. Os israelitas possuíam duas variedades de escudo. O maior (hebr., çinnâ ou tsinnah – Strong #6793, também traduzido por pavês; Ez 38: 4; Sl 35: 2) era usado para cobrir o corpo inteiro, tendo a forma oval ou retangular como uma porta (o termo grego thyreos se deriva de thyra = porta). O pavês era usado pela infantaria pesadamente armada (2 Cr 14: 8), e, no caso de Golias, havia um escudeiro especial (1 Sm 17: 7). O escudo menor (broquel ou escudo, mâghen; Ez 38: 4 – Strong #4043; broquel = escudo antigo, redondo e pequeno) era levado pelos arqueiros. Normalmente, eram feitos de madeira ou de vime trançado recoberto de couro, pois podiam ser queimados (Ez 39: 9). O couro era ungido com azeite antes das batalhas para preservá-lo ou para torná-lo reluzente (Is 21: 5). Ocasionalmente o bronze era o material empregado para a sua feitura (1 Rs 14: 27). Os romanos, semelhantemente, usavam os escudos grandes em guerras maiores, pois, caso fossem mortos em combate, voltavam deitados neles. O escudo da fé para o cristão é Jesus que nos cerca por trás e por diante e nos faz aparar os dardos da derrota, da desistência e das ameaças do inimigo ao nosso avançar. Ao ressuscitar, Jesus mostrou que nada é impossível para Ele derrotar, nem a morte, e isso foi um incentivo à nossa fé nEle e em tudo o que Ele pretende realizar na nossa vida. Foram Suas as palavras: “Os impossíveis dos homens são possíveis para Deus” (Lc 18: 27).
* SPQR é um acrônimo (ou seja, uma sigla formada pelas letras iniciais de uma expressão com mais de uma palavra) para a frase latina: ‘Senatus Populusque Romanus’. A tradução é: ‘O Senado e o Povo Romano’.
O capacete da salvação é a quinta parte da armadura. O termo grego é perikephalaia. Nos primeiros tempos o capacete (hebr. Kôbha) aparentemente se restringia aos reis ou líderes proeminentes. Assim, o rei Saul deu a Davi o seu próprio capacete de bronze (1 Sm 17: 38). Pelo tempo de Uzias, todos os soldados hebreus recebiam capacetes (2 Cr 26: 14) que, provavelmente, eram feitos de couro. Esse era o material usado até que o latão (um amálgama de cobre e zinco) ou bronze (um amálgama marrom-amarelado de cobre com até 1/3 de estanho) se tornou também comum. Entre os romanos e os gregos no tempo de Herodes, havia capacetes dos dois materiais. O capacete não só protegia o crânio, bem como as orelhas, os olhos (pois alguns tinham uma espécie de viseira) e também parte do nariz e maxilares. Seguros da nossa salvação em Cristo, nossa mente está protegida dos sofismas do inimigo e das vozes tentadoras que insistem em nos tirar do caminho do Senhor. Jesus é a nossa salvação. Em Is 59: 17 está escrito: “Vestiu-se de justiça, como de uma couraça, e pôs o capacete da salvação na cabeça; pôs sobre si a vestidura da vingança e se cobriu de zelo, como de um manto”. Há uma referência ao capacete também em 1 Ts 5: 8: “Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a esperança da salvação”.
A última parte da armadura é a espada (herebh). A lâmina reta era feita de ferro (1 Sm 13: 19) e, algumas vezes, tinha dois fios (Sl 149: 6 e Hb 4: 12). Era pendurada no cinto do lado direito do portador e, usualmente, protegida por uma bainha. A bíblia fala que a espada do Espírito é a palavra de Deus; novamente a palavra simbolizando Jesus em ação na nossa vida. Somente a Palavra pode criar algo de bom, decepando as ervas daninhas da nossa terra e cortando os laços de passarinheiro e as cordas da aflição com que o inimigo tenta nos prender. Só a espada de Deus pode aparar as espadas afiadas que tentam nos ferir. Por isso, muitas vezes, na bíblia, o Senhor disse que estava colocando Suas palavras na boca dos Seus servos, como aconteceu com Jeremias, Isaías, Ezequiel e outros profetas. Foi o próprio Jesus que disse: “Assentai, pois, em vosso coração de não vos preocupardes com o que haveis de responder; porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir, nem contradizer todos quantos se vos opuserem” (Lc 21: 14-15)... “E, quando vos entregarem, não cuideis em como ou o que haveis de falar, porque, naquela hora, vos será concedido o que haveis de dizer, visto que não sois vós os que falais, mas o Espírito de vosso Pai é quem fala em vós” (Mt 10: 19-20 cf. Lc 12: 12).
Algo interessante pode ser encontrado na literatura a respeito de armas e armaduras. A armadura é associada ao vocábulo maddim (‘armadura’, 1 Sm 17: 38. Maddim é o plural de mad, Strong #4055, מדיו; derivada de madad), que tem um aspecto defensivo, ao passo que a arma é associada ao vocábulo nesheq (‘armas’, 2 Rs 10: 2, והנשׁק – Strong #5402), que tem um aspecto ofensivo. Isso nos faz pensar que Deus nos deu todas as armas, as defensivas e as ofensivas, para destruir as do diabo. Em 2 Co 10: 3-6 está escrito: “Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas; anulando nós, sofismas e toda a altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo, e estando prontos para punir toda desobediência, uma vez completa a vossa submissão”. E em 2 Co 6: 7 está escrito: “na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, quer ofensivas, quer defensivas”. Em grego, ambos os versículos escrevem a palavra ‘hoplon’ (οπλων – Strong #g3696), correspondente ao hebraico ‘nesheq’.
Eu gostaria de repetir aqui o que coloquei no começo: a armadura não é algo produzido na força da nossa alma, em especial da nossa mente, mas dependente da ação divina, através do Seu Espírito. Em outras palavras, a armadura é uma cobertura espiritual, pois se trata do próprio Jesus em nós, Sua palavra viva agindo com poder.
Muitas vezes, sentimos certas coisas e não sabemos explicar; pensamos ser o diabo nos tocando, mas são apenas sentimentos distorcidos da nossa alma; são sentimentos humanos mal trabalhados dentro de nós e que precisam ser esclarecidos por Deus quanto à sua origem para que possamos tomar a atitude mais conveniente, como: pedir perdão, pedir ajuda ao Senhor para transformar comportamentos e até aprender coisas novas. Todo ser humano tem uma tendência natural, como aconteceu no Éden, de transferir aos outros a responsabilidade de suas atitudes, por isso o alvo mais fácil é Satanás. Aí passamos a expulsar espírito disso ou daquilo, quando, na realidade, são emoções mal controladas ou obras da carne. Davi entendia disso, portanto, conversava com sua alma e a aquietava (Sl 62: 5-6; Sl 131: 2-3; Sl 116: 7, este último não confirmado como sendo da autoria de Davi). Ele, com certeza, não desconhecia a existência do diabo, mas sua maior preocupação era estar no centro da vontade de Deus e limpo diante dEle. Tudo em nós está totalmente debaixo do controle do Espírito Santo e, se acharmos que tudo é espírito maligno, as trevas passam a ter uma dimensão muito maior do que realmente têm. Se exagerarmos nas nossas orações e na nossa preocupação com a proteção espiritual, nós colocaremos tantas couraças que nos esqueceremos de louvar e agradecer ao Senhor pelo Seu amor derramado todo o dia sobre nossas vidas. Isso tudo traz uma sobrecarga muito grande à alma, gerando problemas que não teriam necessidade. É o Seu Espírito que nos dá discernimento se alguma coisa é gerada por espírito maligno ou se é nossa alma que está impressionada por algo. Na verdade, as obras da carne têm uma parcela significativa sobre nosso ser e sobre o que nos cerca. Reconhecer nossa fraqueza, nossa falta de conhecimento sobre alguma coisa, nossa carência de Deus e nossa total dependência da Sua misericórdia é que nos faz verdadeiros vencedores.
Uma das emoções que tocam nossa alma é o medo. Certa vez ouvi um comentário sobre o medo, numa pregação. Em inglês, a palavra é FEAR. Se imaginarmos que é uma sigla, teremos: F = falsa; E = expectativa; A = aparência; R = realidade. Portanto, o medo é uma falsa expectativa com aparência de realidade. Dessa forma, vindo da alma ou do diabo, de qualquer forma é uma mentira. O amor de Deus lança fora todo o medo. Viver debaixo do Seu amor nos guarda e protege do medo. Então, não ceda ao medo.
• 1 Jo 4: 8; 18: “Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor... No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor”.
Se você não tinha conhecimento da armadura ou não tinha certeza do que ela significa como proteção de Deus na sua vida, esteja certo de que Ele o está revestindo, hoje, para ser um guerreiro e conquistar todas as bênçãos que já foram separadas para você. Talvez você tenha se sentido frágil e desprotegido até agora, mas desse momento em diante, você começará a sentir a força e a ousadia do Senhor em seu ser e todos os seus inimigos estarão sob seus pés. Aleluia!
Jamais falte óleo sobre tua cabeça (PDF)
Never be lacking oil on your head (PDF)
Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti
PIX: relacionamentosearaagape@gmail.com