Aprendizados com a história de vida do personagem bíblico Sansão, o juiz de Israel, consagrado a Deus como Nazireu desde o ventre materno, mas quebrou o voto quando contou o segredo de sua força a Dalila. Libertou Israel dos filisteus.

Lessons from the life story of the biblical character Samson, the judge of Israel, consecrated to God as a Nazirite since his mother’s womb, but broke the vow when he told the secret of his strength to Delilah. He freed Israel from the Philistines.


Personagens bíblicos – Sansão




Textos de referência: Juízes 13–16

Resumo:

Sansão, em hebraico, Shimshôn, é proveniente de ‘shemesh’, ‘sol’; portanto, significa: ‘pequeno sol’. Nasceu por volta de 1090 AC (Jz 13: 1) no início da opressão dos filisteus, que se prolongou por quarenta anos. Iniciou sua carreira em torno de 1075 AC quando os filisteus capturaram a arca e incendiaram Ebenézer (1 Sm 4: 1-22, enquanto em Siló ou em Mispa julgava Samuel como profeta) e julgou Israel por vinte anos (1075–1055 AC).

Seu pai se chamava Manoá (= descanso, quietude), da tribo de Dã, e morava em Zorá. Sua mãe era estéril, até que o Anjo do Senhor lhe apareceu e lhe disse que ela conceberia e seu filho seria consagrado a Deus desde o ventre materno para ser um Nazireu. Nazireu vem do hebraico nãzïr (vinha), derivado de nãzar: ‘separar, consagrar, abster-se’, comparada com a palavra nezer: ‘diadema, coroa de Deus’, algumas vezes identificada com os cabelos compridos dos Nazireus. Embora na lei de Moisés se fale sobre o Nazireado (Nm 6: 1- 21), a origem da prática é pré-mosaica e obscura (semitas e outros povos primitivos). Existiam três regras a serem respeitadas pelo nazireu:

1) Renunciar ao vinho e bebidas tóxicas, vinagre, uvas, passas e tudo o que provém da vinha, desde as sementes até as cascas (Nm 6: 3-4), para manter sua integridade e santidade e não ser possuído por qualquer espírito que não o de Deus (Pv 20: 1; Lv 10: 9-11). Assim, se aproximava dEle de modo mais digno. O significado espiritual para nós dessa abstinência é renunciar às paixões carnais e aos descontroles emocionais, se submetendo ao controle do Espírito Santo.

2) Não cortar os cabelos (Nm 6: 5). Os cabelos, para os judeus daquela época, simbolizavam a sede da vida, assim como a vinha (nãzïr = vinha não podada – Lv 25: 5; 11; no final do período do voto os cabelos eram queimados sobre o altar – Nm 6: 18-19). Para nós o significado espiritual desta prática é não sair da cobertura espiritual de Deus, mas ter consciência da Sua proteção e da presença do Seu Espírito.

3) Não se aproximar de qualquer cadáver (Nm 6: 6), até mesmo no caso de parentes e isso se aplicava também ao sumo sacerdote (Arão não pôde chorar a morte dos seus filhos Nadabe e Abiú que foram mortos pelo Senhor por queimar incenso no altar sem Sua ordem, nem ir ao enterro, pois era o sumo sacerdote: Lv 10: 6-7). Outras referências: Lv 21: 1-4; 10-12. Para nós, o significado disso é não voltar a tocar no que é velho, nas coisas passadas.


Nazireu


O Nazireado era normalmente praticado para se conseguir certos favores da parte de Deus. Alguns faziam o voto temporário (no mínimo por trinta dias, como no caso de Paulo – At 18: 18; At 21: 23-24); outros o fizeram como voto vitalício: Samuel, Sansão, João Batista.

Os pais de Sansão receberam, então, esta orientação da parte do Senhor. Mais tarde, Sansão violou os votos em algumas situações, como veremos adiante. Deus também disse a Manoá e sua esposa que seu filho começaria a livrar Israel do poder dos filisteus.

Sansão cresceu e Deus o abençoou, até que o Espírito do Senhor passou a agir através dele.

Sansão viu uma mulher filistéia em Timna e se apaixonou. Pediu aos seus pais que falassem aos pais dela de forma a ser ela sua esposa. Isso foi orientação do Senhor, que procurava ocasião contra os filisteus. Ao ir com os pais a Timna para pedi-la em casamento, Sansão se deparou com um leão novo que vinha ao seu encontro e, pela força do Espírito do Senhor, rasgou o animal ao meio. Depois de alguns dias, quando se daria o casamento, encontrou dentro da carcaça do leão morto por ele um enxame de abelhas com mel, que ele comeu, assim como seus pais, sem saberem de onde provinha. Aqui ele violou um dos votos do Nazireado que era a proibição de tocar em cadáver (Jz 14: 8).

Seu banquete (Mishteh) de casamento também foi uma violação aos votos de nazireado, pois foi um banquete com vinho (Mishteh, Jz 14: 10: “vayyêredh 'âbhiyhu 'el-hâ'ishâh vayya`as shâm shimshonmishteh kiy kên ya`asu habbachuriym”, ou seja, “Descendo, pois, seu pai à casa daquela mulher, fez Sansão ali um banquete; porque assim o costumavam fazer os moços”). Em hebraico, ‘mishteh’ tem o significado de ‘beber, bebida, um banquete ou festa, geralmente com muita bebida’; vinho = ‘yayin’; banquete de vinho = mishtêhhayyayin, o mesmo tipo de banquete (banquete do vinho) dado por Ester a Assuero e Hamã (Et 5: 6; Et 7: 2; Et 7: 7) e por Assuero aos nobres da Pérsia (Et 1: 3; 5 cf. Et 1: 7-8). Apresentou aos trinta homens que estavam com ele um enigma para ser decifrado nos sete dias das bodas e ele daria em troca trinta vestes festivais (“Do comedor saiu comida e do forte saiu doçura” – Jz 14: 14). Pressionando sua mulher, eles conseguiram que ela obtivesse de Sansão a resposta do enigma e ela contou aos homens (“Que coisa há mais doce do que o mel e mais forte do que o leão?” – Jz 14: 18). Quando eles a declararam a Sansão, ele descobriu a traição e foi à cidade de Asquelom (Cidade filistéia); matando trinta cidadãos, despojou-os das vestes festivais e deu-as aos convidados que declararam a resposta ao seu enigma. Sua noiva foi dada como esposa ao seu padrinho de casamento.

O casamento de Sansão foi um sadiga, no qual a mulher permanece morando com os pais e o marido a visita de vez em quando. Passou-se um tempo e Sansão foi visitar a esposa; então, soube que ela tinha sido dada a outro. Ficou furioso e saiu, tomando trezentas raposas e, ateando fogo em suas caudas, as largou na seara dos filisteus, destruindo suas vinhas, seus olivais e cereais. Em represália, os filisteus queimaram sua esposa e seu pai. Sansão, por sua vez, os matou e se escondeu na fenda de uma rocha em Etã. O povo de Judá sofria por causa de todas essas coisas, por isso três mil homens desceram até Etã e prenderam Sansão com cordas para o entregarem aos filisteus (Jz 15: 11). Tomado pelo Espírito do Senhor (Jz 15: 14) ele rompeu as cordas e com uma queixada de jumento feriu mil dos seus inimigos. Sentiu sede e clamou ao Senhor. Este feriu a cavidade da rocha e dela saiu água. Sansão recobrou alento e reviveu e aquele lugar ficou conhecido como En-Hacoré, que quer dizer: fonte do que clama.

Em hebraico, a locução ‘se apoderou’ ou ‘se apossou’ (cf. Jz 14: 6; 19; Jz 15: 14) significa ‘apressou-se sobre’, ou seja, o Espírito de Deus veio rapidamente sobre ele. O mesmo está escrito sobre Davi, quando Samuel o ungiu. Em 1 Sm 16: 12-13 está escrito: “Então, mandou chamá-lo e fê-lo entrar. Ele era ruivo, de belos olhos e boa aparência. Disse o Senhor: Levanta-te e unge-o, pois este é ele. Tomou Samuel o chifre do azeite, e o ungiu no meio dos seus irmãos; e daquele dia em diante, o Espírito do Senhor se apossou de Davi. Então, Samuel se levantou e foi para Ramá”.

Depois, Sansão foi a Gaza e coabitou com uma prostituta, violando mais uma vez seu voto de Nazireado (Jz 16: 1 – renunciar às paixões carnais e descontrole emocional). Os inimigos o esperavam até que amanhecesse para prendê-lo, mas depois da meia-noite Sansão se levantou e foi até a porta da cidade e a arrancou com as folhas, as ombreiras e a tranca, levando-a para Hebrom. Essa foi uma das maiores humilhações que os filisteus poderiam sofrer, pois a porta da cidade era símbolo do poder nacional. Na Antiguidade, a porta da cidade era o centro das atividades comerciais e jurídicas.

Pela quarta vez, Sansão violou os votos de Nazireado ao se apaixonar por Dalila, mulher filistéia que morava no vale de Soreque, perto de Timna. Os príncipes dos filisteus a persuadiram a fazer com que Sansão lhe contasse o segredo de sua força. Por três vezes ele a enganou e os inimigos não puderam pegá-lo, até que ele lhe falou sobre seu voto de Nazireado (Jz 16: 17) e sobre a força que estava ligada ao comprimento do seu cabelo. Com isso, ela o traiu recebendo mil e cem siclos de prata (aproximadamente doze quilos, seiscentos e cinqüenta gramas) de cada príncipe dos filisteus. Eles vazaram os olhos de Sansão e o colocaram para virar um moinho no cárcere. Seu cabelo começou a crescer de novo e, durante este período, teve tempo também de deixar vir o arrependimento ao seu coração.

Os príncipes dos filisteus se reuniram para oferecer um grande sacrifício ao seu deus Dagom e para se alegrarem pela vitória sobre Israel por prenderem Sansão. Este foi chamado do cárcere para diverti-los. Três mil homens e mulheres estavam no templo de Dagom. Sansão clamou ao Senhor para que pela última vez lhe desse força para se vingar dos filisteus. O Senhor lho concedeu e ele, se agarrando às duas colunas que sustentavam a casa, a derrubou, matando os filisteus que lá estavam e morrendo também com eles. Foi sepultado no sepulcro de Manoá, seu pai.

Aprendizados importantes com Sansão

1) Como já foi falado sobre as proibições pertinentes ao voto de Nazireado, Deus nos orienta a nos abster das paixões da carne, estar debaixo do domínio do Seu Espírito e não tocar mais naquilo que não nos traz mais vida, ou seja, no pecado e no que já ficou para trás.

2) Deus pode tornar fértil aquilo que era estéril quando tem um grande projeto a ser cumprido: a esposa de Manoá não foi a primeira mulher estéril na bíblia a conceber depois da visitação do Senhor. Ele tinha um projeto para a vida deles através de Sansão, por isso transformou a maldição em bênção fazendo a mulher gerar um filho que, desde o ventre já seria consagrado a Deus. Há uma semelhança muito grande entre o caso de Sansão e sua mãe e o caso de Samuel e João Batista, que foram Nazireus por voto vitalício e nasceram de mulheres estéreis transformadas em férteis pelo Senhor: Ana e Isabel. Da mesma forma na nossa vida, quando Ele tem um grande projeto, pode transformar algo que aparentemente estava seco e sem vida em algo frutífero para que o Seu poder seja manifestado.

3) O que Deus projeta para nossa vida sempre é luz: Sansão significa ‘pequeno sol’ e, pela maneira milagrosa como foi gerado, por ser sua mãe estéril, foi um projeto ousado de Deus para livrar Seu povo do cativeiro, pois tinha pecado novamente e feito o que era mau aos Seus olhos. Sansão foi projetado por Deus para ser uma pequena luz para aquela geração. Da mesma forma, o apóstolo João fala sobre João Batista em Jo 1: 6-9: “Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João. Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele. Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem”. Paulo fala em alguma das suas epístolas que nós, que somos da luz, devemos andar como filhos da luz (Ef 5: 8). Jesus também disse que nós somos a luz do mundo (Mt 5: 14-16) e que as nossas boas obras devem ser vistas pelos homens para que glorifiquem ao Pai que está no céu. Por isso, quando Deus nos escolhe e nos chama para sermos dEle, passamos a ser pequenos sóis para que o mundo o conheça.

4) Levar a sério a escolha e o compromisso com Deus: Sansão sabia de sua separação desde o ventre materno como Nazireu e, provavelmente, foi criado na disciplina do Nazireado como tinha sido orientado a Manoá. Entretanto, não levou a sério aqueles votos e por quatro vezes deixou sua carne ser levada por suas paixões; abandonou o compromisso com o Senhor, o que lhe custou a visão e a vida, pois o Espírito de Deus tinha se retirado dele. Ao desvendar o seu segredo para Dalila, ele rompeu completamente seu voto e sua aliança e o Senhor o abandonou (Jz 16: 4-20). Isso quer dizer que romper o relacionamento com Deus acarreta perda de força, pois a chama do Espírito vai se apagando, enquanto a carne prevalece. Isso é uma escolha consciente, um exercício do nosso livre-arbítrio. Pode ser que, em alguns casos, por esgotamento espiritual depois de uma luta muito prolongada, a sensibilidade espiritual fique temporariamente embotada, como aconteceu com Elias depois que destruiu os profetas de Baal e se confrontou com Acabe, e até pode parecer que o Espírito de Deus tenha se retirado; entretanto, no caso de Sansão, sua fraqueza humana sobrepujou o compromisso do seu espírito. Podemos tirar, também, outra conclusão das experiências de Sansão, no caso da luta com o leão novo que veio ao seu encontro: na bíblia, leão significa: poder, liderança, além da manifestação de poderes ou influências sobre nós. Ele tinha se envolvido com uma mulher não israelita, o que era mau para Deus. Relegou a Sua orientação e a orientação dada pelos pais, a fim de obedecer às suas próprias paixões, o que o deixou suscetível a influências, como vimos a partir da sua festa de casamento. Embora esta fraqueza tenha sido permitida pelo Senhor para realizar Seus planos contra os filisteus, o que podemos perceber é que as paixões carnais tornam o homem sujeito às más influências e, se ele não reagir e destruí-las, não conseguirá se livrar delas. Sansão destruiu o leão pelo poder do Espírito sobre ele. É o poder de Deus que destrói nossos inimigos.

5) Quando Deus destrói o que nos era prejudicial, podemos desfrutar de Sua abundância: Sansão destruiu o leão e pôde comer o mel. Assim, quando passamos por uma luta, mas conseguimos sair vitoriosos, podemos saborear o gosto da nossa recompensa. Aquilo que parecia invencível e destruidor já não existe e Deus coloca Sua bênção no lugar.

6) Se esconder no coração de Deus: Etã significa: firme, fortaleza, lugar de feras. Depois que Sansão destruiu a seara dos filisteus com as raposas e se vingou deles por terem matado sua esposa e seu sogro, se refugiou na fenda de uma rocha em Etã. Quer dizer que após uma luta, quando precisamos refazer nossas forças, ou quando pecamos e precisamos de perdão, devemos buscar o abrigo no Senhor. É no coração de Deus que encontramos não só o perdão que precisamos, mas a proteção contra os que querem nos destruir.

7) Quando clamamos, Ele nos responde: podemos ver uma ação semelhante de Deus suprindo Sansão, quando o dessedentou fazendo jorrar água da rocha em En-Hacoré. A Rocha em nossa vida é Jesus, e Seu Espírito é a água que mata nossa sede, nos fazendo recobrar alento e nos enchendo de vida. Sansão clamou e Deus o ouviu e o socorreu.

8) O arrependimento nos coloca novamente debaixo da proteção do Senhor, como aconteceu quando o cabelo de Sansão começou a crescer novamente e ele pôde, pela última vez, se vingar dos filisteus. Não teve vitória por causa do cabelo, mas, provavelmente, porque sem a visão física que lhe acarretava concupiscência, teve tempo para olhar para dentro de si e se arrepender do seu pecado. Aí, Deus o cobriu novamente com Seu manto e com Sua força.


Sansão

Vídeo de ensino

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Sansão

Este texto se encontra no livro:


livro evangélico: Curso para ensino bíblico – nível 1

Curso para Ensino Bíblico – nível 1 (PDF)

Biblical Teaching Course – first level (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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