Isaías 65: Deus responde a oração de Isaías, fala sobre o chamado dos gentios e a vinda do Messias como uma nova criação (‘novos céus e nova terra’), preparando a alma deles para a dispensação da graça.

Isaiah 65: God answers Isaiah’s prayer, talks about the calling of the Gentiles and the coming of the Messiah like a new creation (‘new heavens and new earth’), preparing their souls for the dispensation of grace.


Isaías capítulo 65




Em Is 65: 1-7; 11-12, o tema ‘idolatria’ se repete, e a profecia parece ser dirigida ao povo que ainda está em Israel, antes do cativeiro na Babilônia, pois não poderiam subir aos altos para prestar culto idólatra, nem oferecer sacrifícios debaixo de terebintos ou carvalhos estando em cativeiro em terra estranha. Por isso, presume-se que todas essas práticas estavam sendo realizadas em Israel mesmo.

Capítulo 65

A resposta de Deus: rejeitados os rebeldes; o chamado dos gentios – v. 1-7.
• Is 65: 1-7: “Fui buscado pelos que não perguntavam por mim [NVI: ‘Fiz-me acessível aos que não perguntavam por mim’]; fui achado por aqueles que não me buscavam; a um povo que não se chamava do meu nome, eu disse: Eis-me aqui, eis-me aqui. Estendi as mãos todo dia a um povo rebelde, que anda por caminho que não é bom, seguindo os seus próprios pensamentos; povo que de contínuo me irrita abertamente, sacrificando em jardins e queimando incenso sobre altares de tijolos; que mora entre as sepulturas e passa as noites em lugares misteriosos [NVI: ‘povo que vive nos túmulos e à noite se oculta nas covas’]; come carne de porco e tem no seu prato ensopado de carne abominável [NVI: ‘carne impura’]; povo que diz: Fica onde estás, não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu [NVI: ‘Afasta-te! Não te aproximes de mim, pois eu sou santo!’] És no meu nariz como fumaça de fogo que arde o dia todo. Eis que está escrito diante de mim, e não me calarei; mas eu pagarei, vingar-me-ei, totalmente, das vossas iniqüidades [NVI: ‘mas lhes darei plena e total retribuição’] e, juntamente, das iniqüidades de vossos pais [NVI: ‘como pelos pecados dos seus antepassados’], diz o Senhor, os quais queimaram incenso nos montes e me afrontaram nos outeiros [NVI: ‘nas colinas’]; pelo que eu vos medirei totalmente a paga devida às suas obras antigas [NVI: ‘eu os farei pagar pelos seus feitos anteriores’]”.

Deus declara ao profeta que está chamando um povo que antes não conhecia o Seu nome, mas que virá a conhecer, pois o Seu povo israelita o provocou demais com suas obras de idolatria. O que Isaías estava dizendo setecentos anos antes do nascimento de Jesus era realmente uma declaração ousada e impopular, como disse o apóstolo Paulo [Rm 10: 3; Rm 10: 19 (cf. Dt 32: 21); Rm 10: 20-21; 1 Co 10: 22]. Entretanto, não será destruída e rejeitada toda a nação; ainda haverá alguns remanescentes que serão salvos (Is 65: 8-16).

‘Fui buscado pelos que não perguntavam por mim [NVI: ‘Fiz-me acessível aos que não perguntavam por mim’]; fui achado por aqueles que não me buscavam; a um povo que não se chamava do meu nome, eu disse: Eis-me aqui, eis-me aqui’ – este versículo fala claramente sobre o chamamento dos gentios, que virão a se converter a Jesus nos tempos do Evangelho, pois terão o coração mais aberto à Sua doutrina e não virão a questioná-lo como os judeus constantemente o faziam, tentando se justificar quando citavam as Escrituras. A primeira frase significa, mais especificamente, que Deus decidiu se manifestar a eles, se tornar acessível a eles, os gentios. Isaías tinha dito ao Senhor na sua oração (Is 63: 19): ‘Tornamo-nos como aqueles sobre quem tu nunca dominaste e como os que nunca se chamaram pelo teu nome’, ou seja, os que não se chamavam pelo nome de Israel, a quem o Senhor chamava de Jesurum, meu amado, meu Servo. Nós vimos em Is 63: 19 que esta frase do profeta denota o afastamento e a falta de intimidade com Deus que eles sentiam, como se jamais tivessem sido Seu povo, e sim, como os ímpios, que não eram chamados pelo Seu nome. O Deus de Israel agora se voltava para os gentios, os quais seriam chamados pelo Seu nome, pelo nome de Jesus, pelo nome de Cristo, Cristãos.

‘Estendi as mãos todo dia a um povo rebelde, que anda por caminho que não é bom, seguindo os seus próprios pensamentos’ – isso mostra as tentativas de Deus de chamar Seu povo para poder ajudá-los, abençoá-los, conduzi-los pelo caminho correto. Mesmo assim, com as exortações proféticas e com a própria mão de Deus estendida para eles, os judeus rejeitaram o Senhor, por isso eles estão sendo rejeitados: pela rebeldia, pela teimosia, pela idolatria com que irritam a Deus.

‘Povo que de contínuo me irrita abertamente, sacrificando em jardins e queimando incenso sobre altares de tijolos’ – o Senhor diz que a provocação é aberta, diante do Seu rosto, sem tomar conhecimento da Sua onipresença e onisciência. Eles sacrificavam nos jardins dedicados aos ídolos; e o faziam continuamente, em altares de tijolos, quando o Senhor havia dito a Moisés qual era o tipo de altar que Ele queria que Seu povo levantasse: “Um altar de terra [ou seja, de ‘barro’] me farás e sobre ele sacrificarás os teus holocaustos, as tuas ofertas pacíficas, as tuas ovelhas e os teus bois; em todo lugar onde eu fizer celebrar a memória do meu nome, virei a ti e te abençoarei. Se me levantares um altar de pedras, não o farás de pedras lavradas; pois, se sobre ele manejares a tua ferramenta, profaná-lo-ás. Nem subirás por degrau ao meu altar, para que a tua nudez não seja ali exposta” (Êx 20: 24-26).


O Altar de pedras
O altar de pedras toscas


Ele não queria pedras lavradas porque era costume dos povos idólatras o manejo de ferramentas de ferro, e sobre eles eram inscritas superstições dos ídolos, como as inscrições cuneiformes da Babilônia e dos cananeus, que colocavam telhados planos com tijolos em suas casas, e altares ali, onde eles queimavam incenso ao sol (2 Rs 23: 12, Jr 19: 13). Na época de Moisés, Israel só manejava instrumentos e ferramentas de bronze. O manejo de ferramentas e armas de ferro só ocorreu no reinado de Davi, que importou a técnica dos filisteus. Não se subia por degraus para que a nudez dos sacerdotes não fosse exposta. Por isso, em Êx 27: 1-8 e Êx 38: 1-7 (no Tabernáculo) a bíblia descreve o altar do holocausto de madeira de acácia e coberto de bronze, medindo cinco côvados de comprimento, cinco côvados de largura e três de altura (aproximadamente 2,5 m x 2,5 m x 1,5 m), com chifres (pontas erguidas) em cada canto, que serviam para amarrar os animais do sacrifício. Porém, mais tarde, no templo de Salomão, a bíblia descreve o altar de bronze onde eram feitos os holocaustos com outras medidas: 9 metros de comprimento, 9 metros de largura e 4,5 metros de altura (2 Cr 4: 1). Aí, sim, era necessário o uso de uma escada ou uma rampa para poder subir até ele. Muito provavelmente era uma escada, uma vez que Ezequiel menciona escadas (Ez 43: 17) na descrição do altar do templo que ele visualizou (Ez 43: 13-17); e ele, como sacerdote, se lembrava do primeiro templo. Os degraus estavam voltados para o oriente. Quanto à precaução sobre a nudez do sacerdote não ser exposta, era por causa do seu ofício sagrado, para não despertar em ninguém nenhum tipo de sentimento contrário à reverência ao Senhor, caso suas vestes balançassem com o vento ou, se os degraus estivessem a uma maior distância uns dos outros, o que o obrigaria a dar grandes passos; assim as partes do corpo ficariam expostas. As túnicas de linho eram longas e soltas, do cinto para baixo. Por isso, o Senhor falou para Moisés que os Levitas deveriam usar os calções de linho, que se estendiam da cintura até os joelhos (Êx 39: 28; Êx 28: 42-43; Lv 16: 4). Os calções ficavam escondidos pela túnica. É interessante que os calções de linho (roupa de baixo) eram permitidos naquela época apenas aos sacerdotes, não aos homens do povo.


O Altar de bronze ou altar do holocausto


‘Que mora entre as sepulturas e passa as noites em lugares misteriosos [NVI: ‘povo que vive nos túmulos e à noite se oculta nas covas’]’ – nos túmulos eles consultavam demônios, ou praticavam necromancia (Is 8: 19; 1 Sm 28: 7-8; 14-15), o que foi proibido deste o início pelo Senhor (Dt 18: 11-12). ‘lugares misteriosos’ ou ‘covas’ eram onde os pagãos adoravam seus ídolos, e dormiam muitas vezes nesses ‘recintos consagrados’ para comunicações divinas nos sonhos.

‘Come carne de porco e tem no seu prato ensopado de carne abominável [NVI: ‘carne impura’]’ cf. Is 66: 17 – Deus havia dado aos israelitas certas regras alimentares; entre elas, era proibido comer carne de porco (Lv 11: 7; Dt 14: 8), o que os povos pagãos faziam constantemente. Agora, Seu próprio povo rebelde seguia essas regras e isso era abominável para Ele. Os suínos foram usados pela primeira vez em sacrifícios. A imagem das abominações idólatras era o pecado mais repugnante aos olhos de Deus e a mais prevalente no tempo de Isaías, apesar de Israel praticar a idolatria em todas as épocas.

‘Povo que diz: Fica onde estás, não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu [NVI: ‘Afasta-te! Não te aproximes de mim, pois eu sou santo!’]’ – o povo vivia de rituais e, por isso, se achava mais santo do que outros povos não judeus, mas eram rituais que o Senhor não havia ordenado. Entretanto, o Senhor se desagradava deles todos e dizia agora: ‘És no meu nariz como fumaça de fogo que arde o dia todo’. A hipocrisia misturada com o orgulho, tanto do povo quanto dos sacerdotes, tornava seus sacrifícios com animais e suas ofertas de incenso repugnantes ao Senhor, ainda que fossem feitas dentro do templo. Eles faziam uma dupla adoração.

É interessante que, quando vamos para a versão em inglês (KJV), existe um comentário após o versículo acima. Está escrito: ‘nariz’ ou ‘raiva’. Em hebraico, as narinas dilatadas expiram a fumaça da ira do Senhor (Sl 18: 8).

A palavra ‘nariz’, em hebraico é ’aph (ףא – Strong #639), que significa: o nariz ou a narina; o rosto de uma pessoa; testa, face; conter-se; reprimir-se; ira; a manifestação externa da respiração rápida na paixão, na ira ou na raiva. Vem da raiz primitiva: ’anaph (Strong #599), que significa: respirar forte, respirar fundo, ou seja, enfurecido; estar bravo; indignada; desagradado. Assim, o versículo exprime a respiração forte de Deus como uma expressão da Sua ira ou indignação em relação a tudo aquilo.

• Is 65: 6-7: “Eis que está escrito diante de mim, e não me calarei; mas eu pagarei, vingar-me-ei, totalmente, das vossas iniqüidades [NVI: ‘mas lhes darei plena e total retribuição’] e, juntamente, das iniqüidades de vossos pais [NVI: ‘como pelos pecados dos seus antepassados’], diz o Senhor, os quais queimaram incenso nos montes e me afrontaram nos outeiros [NVI: ‘nas colinas’]; pelo que eu vos medirei totalmente a paga devida às suas obras antigas [NVI: ‘eu os farei pagar pelos seus feitos anteriores’]”.

O Senhor diz que Ele não está alheio a essas coisas. Elas estão escritas diante dEle como as crônicas dos reis ficavam registradas. Ele se lembra dos seus pecados e vai puni-los. E Ele os punirá não apenas pelos pecados deles, mas pelos pecados dos seus antepassados, pois fizeram a mesma coisa: ‘queimaram incenso nos montes e me afrontaram nos outeiros [NVI: ‘nas colinas’]’. Os pecados continuaram (Is 57: 7; Os 4: 13; Ez 18: 1-32; Ez 20: 27-28), e teriam que ser limpos até o fim.

Um remanescente fiel será salvo – v. 8-10.
• Is 65: 8-10: “Assim diz o Senhor: Como quando se acha vinho [NVI: ‘suco’] num cacho de uvas, dizem: Não o desperdices, pois há bênção nele [NVI: ‘Não o destruam, pois ainda há algo bom’], assim farei por amor de meus servos e não os destruirei a todos. Farei sair de Jacó descendência e de Judá, um herdeiro que possua os meus montes [NVI: ‘quem receba por herança as minhas montanhas’]; e os meus eleitos herdarão a terra e os meus servos habitarão nela [NVI: ‘Os meus escolhidos as herdarão, e ali viverão os meus servos’]. Sarom servirá de campo de pasto de ovelhas, e o vale de Acor, de lugar de repouso de gado, para o meu povo que me buscar”.

Aqui o Senhor faz a distinção entre aqueles de Israel que amam a Deus (Is 65: 8 cf. Is 66: 5) e aqueles que Lhe desobedecem. A palavra ‘vinho’ no versículo 8 se refere ao vinho novo ou mosto. O termo ‘vinho novo’ ou ‘mosto’ (hebraico, tïrôsh; Strong #8492) significa: mosto ou suco fresco de uva (como espremido); por implicação (raramente) vinho fermentado; vinho novo, vinho doce; e representa os primeiros sucos que escorrem antes e logo depois do lagar ser pisado. Pisadas as uvas no lagar, corria o sumo para uma cuba. A esse sumo chamavam ‘vinho novo’ – e os judeus bebiam-no nesse estado (Antes de terminada a fermentação). Essa palavra nunca se refere à bebida fermentada, mas sempre ao produto não-fermentado da videira, tal como o suco ainda no cacho de uvas (Is 65: 8), ou o suco doce de uvas recém-colhidas (Dt 11: 14; Pv 3: 10; Jl 2: 24). Tïrôsh (שורית) aparece 37 vezes no Antigo Testamento.

Essas uvas no cacho representavam os judeus que permaneceram fiéis a Deus, as uvas boas, a vinha frutífera. Essa resposta consola o profeta em sua oração do capítulo anterior, suplicando a aliança de Deus com os descendentes de Abraão.

‘Assim farei por amor de meus servos’ – isso se refere a Abraão, Isaque e Jacó, os patriarcas desse povo; ou, então, todos os Seus ungidos do passado, que fizeram a Sua vontade e permaneceram firmes na Sua palavra.

‘Farei sair de Jacó descendência e de Judá, um herdeiro que possua os meus montes [NVI: ‘quem receba por herança as minhas montanhas’]’ – ‘Farei sair de Jacó descendência’ se refere aos remanescentes fiéis dos judeus; ‘e de Judá, um herdeiro que possua os meus montes’ se refere a Jesus, o Messias, descendente da tribo de Judá, o herdeiro legal de todas as coisas e pessoas do Pai (Hb 1: 2), do qual somos co-herdeiros do reino de Deus (Rm 8: 17). Ele, o herdeiro, possuirá os montes. ‘Os meus montes’ ou ‘as minhas montanhas’ representam as montanhas da Judéia, ou mais especificamente, as colinas de Jerusalém, onde está o monte Sião e o templo. Nós vimos em outros capítulos de Isaías que o reinado do Messias traria muitos povos ao monte de Sião (Is 2: 2). A descendência (ou sementes) são os que se tornam servos de Deus, através do poder da Sua graça, e servem-no alegre e voluntariamente.

‘E os meus eleitos herdarão a terra e os meus servos habitarão nela [NVI: ‘Os meus escolhidos as herdarão, e ali viverão os meus servos’]’ – ‘os meus eleitos’, ou seja, os escolhidos de Deus segundo a eleição da graça, o Israel de Deus, que possuirá a Terra Santa (Rm 9: 29; Rm 11: 4-5).

‘Sarom servirá de campo de pasto de ovelhas, e o vale de Acor, de lugar de repouso de gado, para o meu povo que me buscar’ – Sarom é a maior planície costeira da parte norte da Palestina à beira do Mediterrâneo, ao sul do Monte Carmelo. Fica entre os extensos pantanais do baixo curso do rio Zarqa (Nahr az-Zarqa ou Nahal Taninim) ao norte (marca o extremo sul do Monte Carmelo), e o vale de Aijalom e Jope no sul, ou seja, até o rio Jarcom (em hebraico: Yarqon), no sul, no limite norte de Tel Aviv. O rio Zarqa (em árabe, Nahr az-Zarqā, ‘o rio azul’) é comumente identificado com o Rio Jaboque descrito na bíblia (atualmente o rio está altamente poluído). O rio Jarcom é o limite natural entre Sarom e a Filístia. A extensão da planície de Sarom é de oitenta quilômetros de Norte a Sul, e sua largura é de quatorze ou dezesseis quilômetros de leste a oeste. Há milhares de anos, os riachos escavaram parcialmente uma valeta longitudinal no lado leste em direção ao Jordão, e os vales dessa valeta tendiam a ser pantanosos. Por isso, no que tange à ocupação humana, apenas na fronteira sul de Sarom é que a terra era mais apropriada para ser povoada, sendo claro que a maior parte de Sarom jamais foi colonizada pelos israelitas. Por muito tempo permaneceu um deserto (Is 33: 9), sendo usado apenas como pastagem (1 Cr 5: 16; Is 65: 10). Nos tempos bíblicos a área norte era densamente coberta de carvalhos (Quercus infectoria), sendo hoje um dos mais ricos distritos agrícolas de Israel, plantado com bosques de laranjeiras. Não havia fertilidade na região pantanosa.


Planície de Sarom
Planície de Sarom

Acor era um vale a leste de Israel, do lado oeste do rio Jordão e um pouco ao norte do Mar Morto (nas campinas de Jericó), onde Acã foi apedrejado e queimado junto com sua família e bens, no tempo de Josué, por ter roubado o despojo de Jericó, que era proibido aos israelitas (Josué 7: 20-21; 24-26). Acã significa: ‘o que dá trabalho’, ‘perturbador’, e deriva de Acor ou Acar, em hebraico, derivado do verbo cãkhar = afligir, perturbar, causar transtorno, atribular; portanto, Acar (‘ãkhar) significa: homem da tribulação. Isso quer dizer que aquilo que causou uma calamidade, se tornará alegria e prosperidade para o povo que buscar a Deus.

O vale de Acor (Js 7: 24-26; Is 65: 10; Os 2: 25), na fronteira de Judá (Js 15: 7), é provavelmente o Wadi Qelt, localizado 1,6 km ao sul de Jericó. No Wadi Qelt pode-se ver hoje um monastério do Cristianismo Bizantino, chamado de Monastério de São Jorge, construído em 340 EC e destruído pelos persas em 614 EC (a dinastia Sassânida: 224–651). Foi novamente reconstruído e abandonado no século XII e finalmente reconstruído e habitado por monges Greco-Ortodoxos no século XIX. Seu nome em árabe é Mar Jaras.


Monastério de São Jorge, no Wadi Qelt em Israel
O Vale de Acor no Wadi Qelt em Israel

Monastério de São Jorge, no Wadi Qelt em Israel
Detalhes do Monastério de São Jorge


Julgamentos sobre os ímpios e bênçãos sobre os que são de Deus – v. 11-16.
• Is 65: 11-16: “Mas a vós outros, os que vos apartais do Senhor, os que vos esqueceis do meu santo monte, os que preparais mesa para a deusa Fortuna [NVI: ‘deusa Sorte’] e misturais vinho para o deus Destino, também vos destinarei à espada, e todos vos encurvareis à matança [NVI: ‘e todos vocês se dobrarão para a degola’]; porquanto chamei, e não respondestes, falei, e não atendestes; mas fizestes o que é mau perante mim e escolhestes aquilo em que eu não tinha prazer. Pelo que assim diz o Senhor Deus: Eis que os meus servos comerão, mas vós padecereis fome; os meus servos beberão, mas vós tereis sede; os meus servos se alegrarão, mas vós vos envergonhareis; os meus servos cantarão por terem o coração alegre, mas vós gritareis pela tristeza do vosso coração e uivareis pela angústia de espírito [NVI: ‘quebrantamento de espírito’]. Deixareis o vosso nome aos meus eleitos por maldição [NVI: ‘Vocês deixarão seu nome como uma maldição para os meus escolhidos’], o Senhor Deus vos matará e a seus servos chamará por outro nome [NVI: ‘mas aos seus servos dará outro nome’], de sorte que aquele que se abençoar na terra, pelo Deus da verdade é que se abençoará [NVI: ‘Quem pedir bênção para si na terra, que o faça pelo Deus da verdade’]; e aquele que jurar na terra, pelo Deus da verdade é que jurará; porque já estão esquecidas as angústias passadas e estão escondidas dos meus olhos [NVI: ‘Porquanto as aflições passadas serão esquecidas e estarão ocultas aos meus olhos’]”.

• Is 65: 11-12: “Mas a vós outros, os que vos apartais do Senhor, os que vos esqueceis do meu santo monte, os que preparais mesa para a deusa Fortuna [NVI: ‘deusa Sorte’] e misturais vinho para o deus Destino, também vos destinarei à espada, e todos vos encurvareis à matança [NVI: ‘e todos vocês se dobrarão para a degola’]; porquanto chamei, e não respondestes, falei, e não atendestes; mas fizestes o que é mau perante mim e escolhestes aquilo em que eu não tinha prazer” – a deusa Fortuna [NVI, Sorte] era uma divindade babilônica; o deus Destino [em hebraico, a palavra usada é Mniy, transliterado como Meni] é um deus pagão, responsável pelo destino, e que agia através de números, como um jogo de números ou jogo de azar. Colocava-se um copo para ele contendo uma mistura de vinho e mel, especialmente no Egito, no último dia do ano.

Sião era o monte sagrado do Senhor, e as pessoas o tinham esquecido por causa de deuses estrangeiros. Por isso, o Senhor estava zangado e já havia decretado sua destruição. Como eles tinham se encurvado para ídolos, se encurvariam para serem degolados. O que eles tinham feito não trazia prazer a Deus.

• Is 65: 13-14: “Pelo que assim diz o Senhor Deus: Eis que os meus servos comerão, mas vós padecereis fome; os meus servos beberão, mas vós tereis sede; os meus servos se alegrarão, mas vós vos envergonhareis; os meus servos cantarão por terem o coração alegre, mas vós gritareis pela tristeza do vosso coração e uivareis pela angústia de espírito [NVI: ‘quebrantamento de espírito’]” – os fiéis, que sempre tiveram seu consolo e total contentamento em Deus, serão abençoados, mas os ímpios serão destituídos de tudo o que precisam, e gritarão e uivarão na sua angústia. Ninguém sabe quando esta profecia foi cumprida. Pode-se cogitar um teor apocalíptico nela, ou pode-se tratar da justiça espiritualmente trazida pelo Messias em Sua primeira vinda, ou ainda um juízo de Deus que acontece na vida dos ímpios na terra, fazendo-os experimentar algum tipo de provação pelos seus atos perversos.

• Is 65: 15-16: “Deixareis o vosso nome aos meus eleitos por maldição [NVI: ‘Vocês deixarão seu nome como uma maldição para os meus escolhidos’], o Senhor Deus vos matará e a seus servos chamará por outro nome [NVI: ‘mas aos seus servos dará outro nome’], de sorte que aquele que se abençoar na terra, pelo Deus da verdade é que se abençoará [NVI: ‘Quem pedir bênção para si na terra, que o faça pelo Deus da verdade’]; e aquele que jurar na terra, pelo Deus da verdade é que jurará; porque já estão esquecidas as angústias passadas e estão escondidas dos meus olhos [NVI: ‘Porquanto as aflições passadas serão esquecidas e estarão ocultas aos meus olhos’]” – isso quer dizer que ser chamado de ‘judeu’ seria vergonhoso, como uma maldição, pois lembraria a todos a rejeição de Deus por causa da infidelidade e da maldade dos judeus incrédulos. Ao passo que os judeus tementes a Deus e aceitando Jesus como o Messias passariam a ser chamados da mesma forma que os gentios, de Cristãos, o novo nome dos filhos da dispensação da graça de Deus (At 11: 26).

‘De sorte que aquele que se abençoar na terra, pelo Deus da verdade é que se abençoará’ – significa o próprio nome do Messias; portanto, seriam todos abençoados em o nome de Jesus, o Deus da verdade, não em nome de outros deuses, pois Deus era fiel em Suas promessas (Jo 1: 17; 2 Co 1: 19-20; Ap 3: 14).

Novos céus e nova terra – v. 17-25.
• Is 65: 17-25: “Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas. Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio [NVI: ‘no que vou criar’]; porque eis que crio para Jerusalém alegria e para o seu povo, regozijo. E exultarei por causa de Jerusalém e me alegrarei no meu povo, e nunca mais se ouvirá nela nem voz de choro nem de clamor. Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem, e quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado. Eles edificarão casas e nelas habitarão; plantarão vinhas e comerão o seu fruto. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque a longevidade do meu povo será como a da árvore [NVI: ‘Pois o meu povo terá vida longa como as árvores’], e os meus eleitos desfrutarão de todo as obras das suas próprias mãos. Não trabalharão debalde [NVI: ‘Não labutarão inutilmente’], nem terão filhos para a calamidade [NVI: ‘infelicidade’], porque são a posteridade bendita do Senhor, e os seus filhos [NVI: ‘seus descendentes’] estarão com eles. E será que, antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei. O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor”.

• Is 65: 17-18: “Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas. Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio [NVI: ‘no que vou criar’]; porque eis que crio para Jerusalém alegria e para o seu povo, regozijo” – a era do Messias poderia ser comparada à criação de novos céus e nova terra (Is 65: 17 cf. Is 51: 16). Não haverá lembrança das coisas passadas porque a nova dispensação será gloriosa. A igreja será renovada, como que habitando em um mundo novo. E o que o Senhor criou para o Seu povo, os Seus escolhidos, é alegria e regozijo. O Messias e Seus escolhidos herdarão a terra renovada, da mesma forma que será conosco após a segunda vinda de Cristo (Is 51: 16; Is 66: 22; Ez 21: 27; Sl 2: 8; Sl 37: 11; 2 Pe 3: 13; Hb 12: 26-28; Ap 7: 17; Ap 21: 1; 4-5).

• Is 65: 19-20: “E exultarei por causa de Jerusalém e me alegrarei no meu povo, e nunca mais se ouvirá nela nem voz de choro nem de clamor. Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem, e quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado” – o clamor da opressão não será mais ouvido diante do trono de Deus para aqueles que foram libertos pelo sangue do Seu Filho, pois agora terão outro dono; não têm mais que sofrer a opressão do inimigo. O Messias trará a longevidade e o perdão; mais do que isso, a vida eterna, pois aos Seus olhos a vida e a morte passam a ter outro sentido. Sua vontade sempre prevalecerá sobre todos os que carregam Seu selo; e Sua bênção sobre eles prolonga seus dias físicos e dá a vida eterna à alma e ao espírito. Mesmo caindo em pecado, o homem tem sempre a chance de ser limpo e reatar a sua comunhão com Deus através do perdão de Jesus. Quem está debaixo da Sua bênção não vive mais debaixo de maldição. Na Nova Jerusalém espiritual tudo será novo e as promessas para o corpo físico contidas neste versículo serão totalmente cumpridas (Ap 7: 17; Ap 21: 4-5).

• Is 65: 21-23: “Eles edificarão casas e nelas habitarão; plantarão vinhas e comerão o seu fruto. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque a longevidade do meu povo será como a da árvore [NVI: ‘Pois o meu povo terá vida longa como as árvores’], e os meus eleitos desfrutarão de todo as obras das suas próprias mãos. Não trabalharão debalde [NVI: ‘Não labutarão inutilmente’], nem terão filhos para a calamidade [NVI: ‘infelicidade’], porque são a posteridade bendita do Senhor, e os seus filhos [NVI: ‘seus descendentes’] estarão com eles” – o Senhor promete mais uma vez a longevidade ao Seu povo, assim como a justiça em relação ao seu trabalho (cf. Is 62: 9; Dt 28: 12), removendo o roubo e trazendo a frutificação e a prosperidade em tudo o que fizerem. Isso não só diz respeito à área espiritual, mas à área material também. ‘Os seus filhos estarão com eles’ significa que a descendência dos justos também será abençoada.

• Is 65: 24-25: “E será que, antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei (cf. Is 58: 9). O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor” (cf. Is 11: 6-9) – tanto no AT como no NT Deus deixa claro que está atento à oração sincera dos Seus filhos. E aqui em Isaías, Ele fala que antes que clamem, Ele lhes responderá (cf. Dn 9: 20-21). Foi o que Jesus disse no NT: o Pai sabe do que temos necessidade antes que peçamos a Ele, e sabe que precisamos de todas as coisas materiais na terra para vivermos bem (Mt 6: 8; 32-33); por isso, Ele diz para colocarmos o Seu reino em primeiro lugar e todas as coisas nos serão acrescentadas. Quando pensamos nas Suas coisas em primeiro lugar, abrimos a comunicação total com o Seu trono, e Ele, que tudo vê, nos supre até naquilo que não estamos pedindo.

‘Pó será a comida da serpente’ – a maldição permanecerá na serpente (Gn 3: 14; Mq 7: 17), ou seja, não no animal em si, mas no que ele simboliza.
‘O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi’ – não haverá competição ou desavença no reino de Deus, nem sede de conquista ou disputa de poder. Os fortes e fracos, os mais impulsivos ou assertivos, viverão em pé de igualdade com os mansos e mais quietos. Haverá paz e concordância. ‘Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor’ – não haverá destruição no templo do Senhor, no meio da Sua igreja. Embora Ele tenha planejado assim para a era messiânica, essa paz permaneceu apenas por algum tempo dentro de Sua própria igreja recém-nascida (cf. At 20: 29-31; 1 Co 3: 3; 1 Co 4: 6-7; 1 Co 5: 6-7; 1 Co 11: 18-19), que sofreu severa perseguição por parte de romanos e outros povos por muitos anos, e até hoje enfrenta lutas. Mas a palavra de Deus permanece: “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt 24: 13). E no final dos tempos, quando estivermos na nossa morada celestial, tudo se fará novo e os santos do Altíssimo possuirão o reino (Dn 7: 18). Fora da Nova Jerusalém ficarão todos os que não estiverem de acordo com a paz e o amor de Deus: Ap 21: 8; Ap 22: 15; Pv 6: 16-19.


• Principal fonte de pesquisa: Douglas, J.D., O novo dicionário da bíblia, 2ª ed. 1995, Ed. Vida Nova.
• Fonte de pesquisa para algumas imagens: wikipedia.org e crystalinks.com

Este texto se encontra no 3º volume do livro:


livro evangélico: O livro do profeta Isaías

O livro do profeta Isaías vol. 1 (PDF)

O livro do profeta Isaías vol. 2

O livro do profeta Isaías vol. 3

The book of prophet Isaiah vol. 1 (PDF)

The book of prophet Isaiah vol. 2

The book of prophet Isaiah vol. 3

Sugestão de leitura:


livro evangélico: Profeta, o mensageiro de Deus

Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)

Prophet, the messenger of God (PDF)

Sugestão para download:


tabela de profetas AT

Tabela dos profetas (PDF)

Table about the prophets (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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