Isaías 57: a idolatria é condenada mais uma vez. Há também uma mensagem de paz para os que se arrependem. Mas para os ímpios não há paz.

Isaiah 57: Idolatry is condemned once again. There is also a message of peace for those who repent. But there is no peace for the wicked.


Isaías capítulo 57




Em Is 57: 14-19; Is 59: 9-15 e Is 65: 1-7; 11-12, o tema ‘idolatria’ se repete, e a profecia parece ser dirigida ao povo que ainda está em Israel, antes do cativeiro na Babilônia, pois não poderiam subir aos altos para prestar culto idólatra, nem oferecer sacrifícios debaixo de terebintos ou carvalhos estando em cativeiro em terra estranha. Por isso, presume-se que todas essas práticas estavam sendo realizadas em Israel mesmo.

Em Is 66: 1-5, a profecia parece ser endereçada aos judeus pós-exílio desde o período da construção do segundo templo até os judeus do período da vinda de Cristo, quando o medo de cair novamente na idolatria e, conseqüentemente, sofrer com a ira de Deus, os levou, em especial os sacerdotes e os mestres da Lei (como já havia no tempo de Jesus), ao outro pólo: a religiosidade, onde as minúcias da Lei eram observadas (Mt 23: 23-24) e onde o templo físico era mais valorizado do que o seu templo interior.

Capítulo 57

Condenada a idolatria de Israel – v. 1-13.
• Is 57: 1-13: “Perece o justo, e não há quem se impressione com isso; e os homens piedosos são arrebatados sem que alguém considere nesse fato; pois o justo é levado antes que venha o mal e entra na paz [NVI: ‘homens piedosos são tirados, e ninguém entende que os justos são tirados para serem poupados do mal’]; descansam no seu leito os que andam em retidão [NVI: ‘Aqueles que andam retamente entrarão na paz; acharão descanso na morte’]. Mas chegai-vos para aqui, vós, os filhos da agoureira [NVI: ‘filhos de adivinhas’], descendência da adúltera [NVI: ‘prole de adúlteros’] e da prostituta. De quem chasqueais? Contra quem escancarais a boca e deitais para fora a língua? [NVI: ‘De quem vocês estão zombando? De quem fazem pouco caso? E para quem mostram a língua?’] Porventura, não sois filhos da transgressão, descendência da falsidade, que vos abrasais na concupiscência junto aos terebintos [NVI: ‘carvalhos’], debaixo de toda árvore frondosa, e sacrificais os filhos nos vales e nas fendas dos penhascos? [NVI: ‘debaixo de penhascos salientes’] Por entre as pedras lisas dos ribeiros está a tua parte; estas, estas te cairão em sorte [NVI: ‘Os ídolos entre as pedras lisas dos vales são a sua porção; são a sua parte’]; sobre elas também derramas a tua libação e lhes apresentas ofertas de manjares. Contentar-me-ia eu com estas coisas? Sobre monte alto e elevado pões o teu leito; para lá sobes para oferecer sacrifícios. Detrás das portas e das ombreiras pões os teus símbolos eróticos [NVI: ‘seus símbolos pagãos’], puxas as cobertas, sobes ao leito e o alargas para os adúlteros [NVI: ‘subiu nele e o deixou escancarado’]; dizes-lhes as tuas exigências, amas-lhes a coabitação e lhes miras a nudez [NVI: ‘fez acordo com aqueles cujas camas você ama, e dos quais contemplou a nudez’]. Vais ao rei [Moloque, Milcom ou Malcom, deus amonita, adorado com o sacrifício de crianças; era chamado de rei pelos seus adoradores] com óleo [NVI: ‘azeite de oliva’] e multiplicas os teus perfumes; envias os teus embaixadores [ou ‘seus ídolos’, no original] para longe, até à profundidade do sepulcro [NVI: ‘ao fundo do poço’; em hebraico, ‘sheol’: sepultura, profundezas, pó, morte]. Na tua longa viagem te cansas, mas não dizes: É em vão [NVI: ‘Não há esperança!’]; achas o que buscas; por isso, não desfaleces [NVI: ‘Você recuperou as forças, e por isso não esmoreceu’]. Mas de quem tiveste receio ou temor, para que mentisses e não te lembrasses de mim, nem de mim te importasses? Não é, acaso, porque me calo, e isso desde muito tempo, e não me temes? [NVI: ‘Não será por que há muito estou calado que você não me teme?’] Eu publicarei essa justiça tua; e, quanto às tuas obras, elas não te aproveitarão [NVI: ‘elas não a beneficiarão’]. Quando clamares, a tua coleção de ídolos que te livre! Levá-los-á o vento; um assopro os arrebatará a todos, mas o que confia em mim herdará a terra e possuirá o meu santo monte”.

O Senhor está falando com o Seu povo sobre o quanto Ele já está enojado com a idolatria que eles praticam. Ele compara esses atos com o de uma prostituta, e chama os adoradores de ídolos de adúlteros. No primeiro versículo, Ele fala sobre os justos a quem Ele protege, levando-os para junto dEle para que não sofram com o juízo que Ele vai derramar sobre os ímpios e perversos. No seu leito de morte eles descansarão até o dia da ressurreição, quando eles terão sua recompensa. Depois, Ele se volta para os adoradores de falsos deuses. Deus chama os idólatras de ‘filhos da agoureira’ [NVI: ‘filhos de adivinhas’], ‘descendência da adúltera’ [NVI: ‘prole de adúlteros’] e da ‘prostituta’, pois não podem ser considerados da descendência de Abraão. Deus já está cansado da zombaria do Seu próprio povo que o provoca, colocando ídolos em altares nas fendas das rochas ou debaixo de grandes árvores (2 Rs 17: 10), oferecendo-lhes sacrifícios. Ou fazem os seus altares em um lugar aberto, nos montes (‘lugares altos’), e ali se entregam à adoração idólatra como uma adúltera impudente que não se preocupa se seu marido vai vê-la ou não. Ou ainda sacrificam nos vales, como costumavam a fazer no vale de Hinom ao sul de Jerusalém, onde se queimavam cadáveres de criminosos. Josias, por exemplo, queimou os ossos dos sacerdotes idólatras do tempo de Jeroboão (2 Rs 23: 15-20; 1 Rs 12: 28-32; 1 Rs 13: 2), pois no mesmo vale eram também oferecidos sacrifícios humanos a Moloque [Milcom ou Malcom], o deus dos amonitas (2 Rs 17: 17; 31; 2 Rs 23: 10; 2 Cr 28: 2-3; 2 Cr 33: 6-7; Jr 19: 1-6) ou Quemos (deus Moabita), adorado com o sacrifício de crianças. O significado de ‘Hinom’ é desconhecido; alguns sugerem: ‘Ben Hinom’, filho de Hinom [por causa do termo grego para o vale: Geenna – ge (vale de) hinnõm (Hinom)], dando a entender que é um nome próprio (2 Cr 28: 3; 2 Rs 23: 10 – ‘vale dos filhos de Hinom’). Em Jr 7: 32 e Jr 19: 6 o nome é alterado pelo profeta para ‘vale da matança’. É chamado de ‘Vale de Tofete’ (‘local de fogo, local de queima’ ou ‘local de torra’, ‘torrefação’) pelos Cananeus (Jr 7: 31-32; Jr 19: 12); em hebraico: ‘lugar de chama ou aborrecimento’, ‘fornalha’. As pedras lisas dos ribeiros eram pedras abobadadas que eles usavam para fazer sombra, ou já eram abóbadas escuras em rochas, convenientes para os sacrifícios idólatras. Aqui neste texto de Isaías, ‘o rei’ se refere a Moloque, Milcom ou Malcom, deus amonita adorado com o sacrifício de crianças; era chamado de ‘rei’ pelos seus adoradores. Reis de Judá ofereceram seus próprios filhos como sacrifício a esses deuses estranhos, provocando a ira de Deus (Acaz e Manassés, por exemplo).

‘Detrás das portas e das ombreiras pões os teus símbolos eróticos [NVI: ‘seus símbolos pagãos’]’ – onde os pagãos colocavam seus deuses domésticos, protetores das suas casas, da mesma forma que a Mezuzá (Dt 6: 9; Dt 11: 20) foi dada para ser colocada nos batentes das portas com a palavra de Deus para que eles a guardassem sempre na memória.

‘Puxas as cobertas, sobes ao leito e o alargas para os adúlteros [NVI: ‘subiu nele e o deixou escancarado’]; dizes-lhes as tuas exigências, amas-lhes a coabitação e lhes miras a nudez [NVI: ‘fez acordo com aqueles cujas camas você ama, e dos quais contemplou a nudez’]’ – significa a multiplicação de deuses e altares, convidando-os para dentro de sua vida e adorando-os. ‘Puxas as cobertas’ – Ele compara esses comportamentos todos à de uma prostituta, pois a aliança com os ídolos é uma violação à aliança deles com Deus (Êx 19: 5-8; Êx 23: 32).

‘Vais ao rei [Moloque], com óleo [NVI: ‘azeite de oliva’] e multiplicas os teus perfumes’ – diz respeito ao ídolo que eles vieram adorar, perfumado com óleo, como as prostitutas levam presentes aos seus amantes para conseguir vantagens (Os 12: 1; Ez 16: 33). Em Am 5: 26, o ídolo (Sicute) também é chamado de ‘rei’.

‘Envias os teus embaixadores [ou ‘seus ídolos’, no original] para longe, até à profundidade do sepulcro [NVI: ‘ao fundo do poço’; em hebraico, ‘sheol’: sepultura, profundezas, pó, morte]’ – quando o profeta fala ‘embaixadores’, ele se refere aos ídolos que o povo leva às nações vizinhas em busca de novos ídolos ou para corromper outros povos com os seus, levando muitas pessoas à morte espiritual por causa da idolatria (‘ao fundo do poço’; em hebraico, ‘sheol’).

‘Na tua longa viagem te cansas, mas não dizes: É em vão [NVI: ‘Não há esperança!’]; achas o que buscas; por isso, não desfaleces [NVI: ‘Você recuperou as forças, e por isso não esmoreceu’]’ – a devoção a esses ídolos é tamanha que as pessoas não poupam esforços para realizar a sua adoração. Eles se cansam na caminhada, mas renovam suas forças para chegar até o lugar onde devem oferecer os sacrifícios. Ou, então, essa frase se refere à jornada espiritual dessas pessoas na busca de deuses estranhos (Jr 2: 23-24), dos quais elas não desistem (Jr 2: 25; Jr 18: 12). A diligência delas é inútil, pois estão sendo enganadas. É a mesma diligência mencionada em Is 44: 12, ao falar do artífice que faz o ídolo e que fica sem comer, sem beber e até desfalece, mas não desiste até acabar a obra de escultura.

Por causa de toda a teimosia, rebeldia e irreverência, Deus não ouvirá o clamor deles no dia da angústia. Sua ira será violenta e repentina, e os ídolos serão consumidos.

Mensagem de paz para os arrependidos – v. 14-19.
• Is 57: 14-19: “Dir-se-á: Aterrai, aterrai, preparai o caminho, tirai os tropeços do caminho do meu povo. Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito (arrependido) e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos [NVI: ‘para dar novo ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito’]. Pois não contenderei para sempre, nem me indignarei continuamente; porque, do contrário, o espírito definharia diante de mim, e o fôlego da vida, que eu criei. Por causa da indignidade da sua cobiça, eu me indignei e feri o povo; escondi a face e indignei-me, mas, rebelde, seguiu ele o caminho da sua escolha. Tenho visto os seus caminhos e o sararei; também o guiarei e lhe tornarei a dar consolação, a saber, aos que dele choram. Como fruto dos seus lábios criei a paz, paz para os que estão longe e para os que estão perto, diz o Senhor, e eu o sararei”.

O Senhor primeiro falou sobre a idolatria de Israel e a reprovou, mas Sua disposição é sempre ter misericórdia para com os que se arrependem do seu erro. Por isso, o texto aparece em seqüência, e a palavra parece ser dirigida a quem pode endireitar o caminho espiritual deste povo pecaminoso, ou seja, profetas e sacerdotes, começando por si mesmos, endireitando a sua própria vida espiritual, refazendo a sua aliança com Deus, para depois mostrar ao povo o caminho correto diante do Senhor. Ele fala: ‘tirai os tropeços do caminho do meu povo’, ou seja, a superstição, a idolatria e a impiedade. A profecia parece ser dirigida ao povo que ainda está em Israel, pois não poderiam subir aos altos para prestar culto idólatra, nem oferecer sacrifícios debaixo de terebintos ou carvalhos estando em cativeiro em terra estranha. Por isso, presume-se que todas essas práticas estavam sendo realizadas em Israel mesmo.

A raiz de idolatria no coração deste povo precisava ser extirpada. Ela estava presente até antes da saída deles do Egito; era coisa antiga, e Deus conhecia isso. Tanto é que o cativeiro ocorreu por causa dos pecados da nação, entre eles, a idolatria. Da mesma forma que João Batista foi enviado para preparar o caminho do Messias, o Senhor fala com aqueles que têm nas mãos, hoje, o poder de ministrar Sua palavra e ensinar a verdade às pessoas e repreender os que estão no erro para que se arrependam e sejam salvos.

Deus disse que habita no alto, no santo lugar, mas também nos corações arrependidos e humildes de espírito que temem o Seu nome. A estes, Ele renova e dá forças para retomar sua caminhada com Ele, vencendo as tentações da carne e derrubando as barreiras das trevas. Ele reconhece que esteve irado com o Seu povo, mas essa ira não vai durar para sempre. Para aqueles que foram humilhados sob a mão de Deus e que choram pelos seus pecados e pelos dos outros, Ele virá com misericórdia e consolo. E o fruto desse arrependimento será a paz; uma paz que só pode vir de Deus, não de homens. Essa paz está reservada para o Seu povo (‘os que estão perto’) e para os gentios (‘os que estão longe’).

Deus trata Seus filhos da maneira como eles se comportam diante Dele: “Para com o benigno, benigno te mostras; com o íntegro, também íntegro. Com o puro, puro te mostras; com o perverso, inflexível. Porque tu salvas o povo humilde, mas os olhos altivos, tu os abates” (Sl 18: 25-27). Até mesmo Jesus se comportou dessa maneira. Mostrou misericórdia e compaixão para com o pecador arrependido, mas deixou muito clara a Sua autoridade com os altivos e orgulhosos mestres da lei, que tentavam sabotar Sua doutrina e Sua missão, afastando o povo da verdade do evangelho. Ao morrer na cruz, Ele deixou o caminho aberto para todos aqueles que sentem a necessidade de perdão e reconciliação com Deus. Mas os que insistem em seus caminhos perversos, Ele permite que sigam seu livre-arbítrio porque vai chegar o dia do acerto de todas as coisas.

Para os ímpios não há paz – v. 20-21.
• Is 57: 20-21 (cf. Isaías 48: 22): “Mas os perversos são como o mar agitado, que não se pode aquietar, cujas águas lançam de si lama e lodo. Para os perversos, diz o meu Deus, não há paz”.

Suas mentes estão inquietas, sempre ansiosas e preocupadas com suas próprias concupiscências e paixões, com culpa e com o temor da vingança divina. Sua má consciência os atormenta e, portanto, eles nunca encontram o descanso. A paz é um fruto do Espírito Santo: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gl 5: 22-23). Ela é resultado de uma entrega que nos leva à harmonia de propósito com Ele e nos faz desejar o que Ele deseja; é a certeza de que tudo se resolve porque Ele é Deus. A paz nos torna parecidos com Jesus, pois passamos a ver que com Ele dentro de nós nada mais nos ameaça.

Nas bem-aventuranças Jesus disse: “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus”. Para haver paz na nossa alma é necessário extirpar a outra natureza em nós (a natureza do diabo em nossa carne) e cultivar Jesus no nosso coração. Fazer a paz é ficar do lado de Deus. Os pacificadores são chamados filhos de Deus, pois se assemelham a Ele. Para levarmos a paz a alguém, é preciso conquistar, antes de tudo, a paz dentro do nosso próprio ser, isto é, estarmos harmonizados com o projeto divino para nós. É não haver mais brigas entre a nossa carne, o nosso espírito e o Espírito Santo. De certa forma, é algo que decorre da mansidão, do fato de nos entregarmos inteiramente ao moldar do Senhor em nós.


• Principal fonte de pesquisa: Douglas, J.D., O novo dicionário da bíblia, 2ª ed. 1995, Ed. Vida Nova.
• Fonte de pesquisa para algumas imagens: wikipedia.org e crystalinks.com

Este texto se encontra no 3º volume do livro:


livro evangélico: O livro do profeta Isaías

O livro do profeta Isaías vol. 1 (PDF)

O livro do profeta Isaías vol. 2

O livro do profeta Isaías vol. 3

The book of prophet Isaiah vol. 1 (PDF)

The book of prophet Isaiah vol. 2

The book of prophet Isaiah vol. 3

Sugestão de leitura:


livro evangélico: Profeta, o mensageiro de Deus

Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)

Prophet, the messenger of God (PDF)

Sugestão para download:


tabela de profetas AT

Tabela dos profetas (PDF)

Table about the prophets (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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